(La processione del cavallo di Troia - Tiepolo)
Há alguns anos atrás, é muito provável que no Brasil as pessoas nem soubessem que a Venezuela existisse; os poucos que sabiam, tinham dificuldades para localiza-la no mapa e praticamente ninguém sabia que se tratava de um país rico em petróleo e de importância estratégica para os EUA - uma quantidade ainda menor de gente era capaz de criticar o sistema venezuelano, a farsa democrática que tinha sido estabelecida ali com o pacto de Punto Fijo. Hoje, parte das camadas pequeno-burguesas brasileiras, em cima das teses sectárias da mídia corporativa nacional, se colocam na posição de especialistas em Venezuela, mesmo que ainda encontrem dificuldade para encontra-la no mapa
Quando Hugo Chávez chegou ao poder ameaçando a cômoda condição na qual os americanos e a elite local - entenda-se, um bando de administradores coloniais - se encontravam por meio da aterradora proposta de reformas sociais, ele se tornou o bode expiatório da vez. Com suas virtudes e defeitos, Chávez promoveu avanços econômicos em seu país, mas os erros chavistas sempre foram multiplicados por mil enquanto seus acertos e méritos, muitas vezes foram escondidos ou negados
Na campanha onde pleiteou permitir seguidas reeleições para a Presidência da República, um erro ao meu ver, ele foi simplesmente bombardeado pela mídia latino-americana e brasileira, sendo taxado como até como ditador - mesmo que ele tenha submetido a proposta a votação popular, quando poderia comodamente tê-la submetido ao parlamento que lhe é francamente favorável.
Como já tratado nesse blog, Lula se elegeu numa conjuntura interna de fracasso do Governo FHC - e das políticas alinhadas ao Consenso de Washington - e numa conjuntura externa onde os EUA miravam seu alvo no Oriente Médio e não tinham mais como manter o controle total e completo sobre o nosso continente - isso sem falar no início do processo de crise na economia americana. Pela primeira vez na história, a correlação de forças políticas na região pendeu para a esquerda e os EUA tiveram de aceitar, cedendo os anéis para não ter os dedos cortados. Por mais que certos setores da esquerda critiquem a moderação Lulista - algumas vezes merecidamente, em outras nem tanto -, o simples não-alinhamento automático com os EUA é encarado por Washington com um certo incômodo sim.
Há alguns anos atrás, é muito provável que no Brasil as pessoas nem soubessem que a Venezuela existisse; os poucos que sabiam, tinham dificuldades para localiza-la no mapa e praticamente ninguém sabia que se tratava de um país rico em petróleo e de importância estratégica para os EUA - uma quantidade ainda menor de gente era capaz de criticar o sistema venezuelano, a farsa democrática que tinha sido estabelecida ali com o pacto de Punto Fijo. Hoje, parte das camadas pequeno-burguesas brasileiras, em cima das teses sectárias da mídia corporativa nacional, se colocam na posição de especialistas em Venezuela, mesmo que ainda encontrem dificuldade para encontra-la no mapa
Quando Hugo Chávez chegou ao poder ameaçando a cômoda condição na qual os americanos e a elite local - entenda-se, um bando de administradores coloniais - se encontravam por meio da aterradora proposta de reformas sociais, ele se tornou o bode expiatório da vez. Com suas virtudes e defeitos, Chávez promoveu avanços econômicos em seu país, mas os erros chavistas sempre foram multiplicados por mil enquanto seus acertos e méritos, muitas vezes foram escondidos ou negados
Na campanha onde pleiteou permitir seguidas reeleições para a Presidência da República, um erro ao meu ver, ele foi simplesmente bombardeado pela mídia latino-americana e brasileira, sendo taxado como até como ditador - mesmo que ele tenha submetido a proposta a votação popular, quando poderia comodamente tê-la submetido ao parlamento que lhe é francamente favorável.
Ironicamente, Álvaro Uribe, mandatário colombiano, também conseguiu o direito a concorrer ao terceiro mandato - sequer efetuando uma consulta popular - e a mídia corporativa brasileira se fez de desentendida. Agora estamos diante de outro problema, o aumento da presença militar americana na Colômbia por meio de novas bases com as bençãos de Uribe. Há quem levante teses das mais variadas, mas uma coisa suficientemente óbvia para mim é que ninguém instala bases militares para fazer a paz. Isso causou toda essa celeuma entre os líderes da região e o Presidente colombiano que nos últimos dias se prestou a fazer uma peregrinação pelo continente para se explicar.
Há um claro e justificado desconforto dos líderes da região em relação a isso e, por mais que se faça uma exercício de contorcionismo lógico para falar no risco de uma invasão venezuelana, o que está claro é que o cavalo de tróia montado na Colômbia é a maior ameaça ao Brasil em décadas.
Como já tratado nesse blog, Lula se elegeu numa conjuntura interna de fracasso do Governo FHC - e das políticas alinhadas ao Consenso de Washington - e numa conjuntura externa onde os EUA miravam seu alvo no Oriente Médio e não tinham mais como manter o controle total e completo sobre o nosso continente - isso sem falar no início do processo de crise na economia americana. Pela primeira vez na história, a correlação de forças políticas na região pendeu para a esquerda e os EUA tiveram de aceitar, cedendo os anéis para não ter os dedos cortados. Por mais que certos setores da esquerda critiquem a moderação Lulista - algumas vezes merecidamente, em outras nem tanto -, o simples não-alinhamento automático com os EUA é encarado por Washington com um certo incômodo sim.
O Governo Obama, por sua vez, nasce de um movimento interno nos EUA, onde o fracasso do governo Bush resulta na troca de comando da gestão do Governo local. Para a América Latina, isso impacta num primeiro momento de distensão e num segundo de reorganização estratégica da relação americana com os países da região - como se manifesta no supostamente inexplicável caso hondurenho e no fortalecimento da militarização da Colômbia. Obviamente, 2010 será um ano onde se verá com mais clareza essa política, afinal, teremos eleições no Brasil - e eleições no Brasil são sempre um bom momento para se alterar o panorama das coisas na América Latina. Aí, entenderemos o que é política da administração Obama para a AL e o que é fruto de atropelos de certos setores dos EUA que se autonomizaram na prática.
Medo, muito medo.
ResponderExcluirPrimorosa análise, Hugo,
ResponderExcluirIrretocável, não dá nem pra acrescentar nada, pois o essencial está dito:
- A classe média ignorante que, sem nem saber onde fica a Venezuela, embarca na da mídia;
- O bando de "administradores coloniais" co-responsáveis pelas veias abertas da America Latina;
- E, sobretudo, a geopolítica das relações Colômbia-EUA-Brasil sob o prisma atual, encerrada na frase definitiva: “ninguém instala bases militares para fazer a paz”.
Quem leu o nonsense sobre o caso queo Alon twitou nos ultimos dias sabe que, como analistade politica internacional, voce da de dez nele.
Anônimo,
ResponderExcluirSim, dá muito medo.
Maurício,
Obrigado, eu me esforço e a blogosfera abre esse espaço para nós, reles mortais, expormos nossas bobagens - que, às vezes, são menos bobas do que as que lemos em certos cantos e recantos superestimados...
abraços