sexta-feira, 20 de maio de 2011

Revoluções: Amanhã tem Zizek em São Paulo

Hoje foi o primeiro dia do seminário Revoluções: uma política do sensível, no Sesc Pinheiros. Tivemos uma abertura bastante mediana com Emir Sader e, depois, uma palestra interessante com Klemens Gruber (ao vivo) e Alexander Kluge (por vídeo conferência) - que se tornou divertidamente tragicômica pelos erros da tradução simultânea alemão-português e a falta de foco dos debatedores. Vladimir Safatle teve uma boa fala, embora eu considero que sua perspectiva decididamente hegeliana de estética não consiga captar o que interessa quando tratamos da função revolucionária da arte - o idealismo coloca o sensível a camisa de força da razão, na qual a consciência dita as regras. Infelizmente, perdi a palestra da professora Marilena Chauí. Amanhã, teremos a cereja do bolo do seminário: a presença às 17 horas do filósofo esloveno Slavoj Zizek (foto), um dos maiores pensantes da atualidade em relação a quem eu discordo de inúmeros pontos - talvez por considerar que o pós-estruturalismo já resolveu vários problemas ligados à ausência de uma teoria da subjetividade satisfatória em Marx -, mas admiro em tantos outros - a tenacidade no debate e a denúncia permanente das falácias da democracia representativa contemporânea.

4 comentários:

  1. A apresentação do Stiegler foi excelente!

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  2. Pela tuitagem da Boitempo e pelo título da palestra, tive essa impressão da fala do Safatle também. Mas gostaria que v. desenvolvesse mais, se tiver tempo. Abração meu caro!

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  3. Diego: foi a melhor palestra de ontem em termos de conteúdo, sem dúvida.

    Alexandre: Olha, se levarmos em consideração Spinoza e todo o debate sobre a imanência que a filosofia contemporânea promove, creio que leitura safatliana de estética é tão...batida. Ainda mais em um seminário que se presta a debater a revolução pela perspectiva de uma política do sensível: eu, na minha infinita ignorância, olhava para o Safatle e ficava aflito com aquele (longo) discurso no qual ele tentava explicar o sensível por meio de alguma causa presente na consciência - creio que a questão, definitivamente, não passa por aí, né mesmo?

    Mas acho que faltou em boa parte das falas do seminário, até pela formação intelectual de boa parte dos presentes, - tirando a vídeo-conferência de Kluge e a fala de Stiegler - uma reflexão sobre o afeto - o buraco é muito mais embaixo, estamos para muito além do debate levantado pela Escola de Frankfurt.

    abraços

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  4. Tô contigo: o modelo artístico da Escola de Frankfurt são as vanguardas - e duvido que uma vanguarda possa ter lugar hoje. A questão passa, a meu ver, por pensar justamente o "lado afetivo" da arte, a sua vertente sensorial, dos efeitos que produz. É claro que a Teoria estética adorniana continua válida, mas como uma espécie de pulga na orelha a nos lembrar das limitações da posição da arte na modernidade (separada em uma esfera autônoma), e não como um guia de ação por assim dizer. É preciso pensar a arte (ou o sensível como um todo) para além desse aprisionamento (e acho até que Rancière tenta fazer isso, com a idéia de que toda política implica uma certa "partilha do sensível", conceito, que, aliás, guiava - ou deveria guiar - o seminário; não sei se concordo inteiramente com Rancière, mas ficar no adornianismo não dá mais, com certeza). Abraços

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