Plenário da ONU |
Nunca na história deste planeta uma mulher fez o discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU. A mulher em questão, aliás, foi Dilma Vana Rousseff, Presidenta da República Federativa do Brasil. E foi um belo discurso. Dilma foi precisa ao enfocar a gravidade da crise mundial, saudar a ascensão da Primavera Árabe, tocar no problema de gênero e, sobretudo, exortar o reconhecimento do Estado Palestino.
Tudo isso, justo no dia em que se debate, na Câmara, a Comissão de Verdade, destinada a esclarecer o obscuro período da Ditadura Militar, do qual a própria Dilma foi vítima direta. Grande parte do prestígio de Dilma se deve à herança bendita de seu antecessor, Luis Inácio Lula da Silva, que lhe legou um país próspero economicamente, mais justo socialmente e enxergado como interlocutor de respeito pela comunidade internacional.
E é o Brasil o país que assume a postura mais lúcida e ousada, dentre as grandes nações, em relação à crise econômica mundial e, por ser precisamente o mais democrático em meio ao BRIC - grupo formado por Brasil, Rússia, Índia e China -, é em torno de nós que qualquer projeto mais libertário - incutido, por incrível que pareça, nas assombrosas máquinas governamentais do Ocidente - pode, ainda, florescer.
A responsabilidade do país no mundo crescerá. O Brasil e o mundo precisam disso. O ponto é que precisamos resolver muitas coisas internamente para sonharmos em resolver qualquer coisa fora daqui.
Seja as necessárias reformas institucionais - a saber, aquilo contido na Reforma Política e na Comissão Nacional de Verdade - e as demandas econômicas presentes: o Brasil está exposto à crise econômica, mas tem uma oportunidade histórica de não só retomar o crescimento como reverter assimetrias tais como a questão dos juros, para a qual tem o aval do FMI.
No plano externo, o Brasil precisa ter muito além de um mero elogio à Palestina e uma condenação de uso da força contra a Primavera Árabe, é preciso que se reverter o refluxo dos últimos meses, sob a batuta do hesitante chanceler Patriota.
O Brasil, que era apenas um grande e esquecido país há menos de dez anos, pode ser o ovo do qual eclodirá um novo modelo de sociedade para o mundo em globalização, mas precisará ter a coragem de enfrentar seus demônios interiores.
P.S.: O projeto de lei que instaura a Comissão Nacional da Verdade foi aprovado há pouco no plenário da Câmara e, agora, caminha para o Senado. É um item importantíssimo do âmbito interno brasileiro. Voltaremos a debater a questão com mais profundidade nos próximos dias assim como a questão da Reforma Política.
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