Robespierre vai ao cadafalso |
O réquiem do revolucionário se aproxima,
cabeça ainda erguida por pescoço de véspera degolado,
é árido e frio o clima
e ainda há quem lhe pergunte qual o seu lado.
Na mente, lembranças, rancores, tremores
de andanças, amores, temores
danças, cores, odores
lanças, dores e clamores.
Sabe bem que não se vive pela morte
mas se morre pela vida
e só haveria culpa numa jornada torpe
na qual se caminhasse pela dívida
Caminha o revolucionário
passo a passo para a guilhotina,
eis aí o seu irônico calvário:
uma vida que se lamina
Sua morte, concreta ou simbólica
pouco importa,
seja na manhã mais clara ou numa tarde bucólica,
não é nada perto da vida que ora se corta
Se morrem jovens aqueles que os deuses amam
- por lhes querer ao seu lado -
o mesmo se diz daqueles pelos quais eles clamam
- aqueles que veem o criado como um dado -
Resta-lhe apenas a reminiscência daquele sorriso eterno
branco como a cor de marfim daquela pele
e cândido como o afeto que lhe tem sincero e terno
daquela moça que se distingue na plebe.
Vai-se o revolucionário para o cadafalso,
orgulhoso como um alvo,
mas pouco importa a sentença de seu carrasco:
ele sabe que já está salvo...
Questão de interpretação:
ResponderExcluirQuem clama? Aqueles que morrem jovens ou os deuses?
Por que clamam por aqueles que veem o criado como um dado?
Você no verso é garantia de desastre. O que apenas quer dizer que você lê pouca poesia, e nada sistematicamente. Marianne Moore cura.
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