Pegando o gancho sobre o tema que eu tinha começado ontem, o Palmeiras 2009 está me surpreendendo. Não esperava muito desse time no início tanto por ser muito jovem quanto por sua total falta de entrosamento - dos 11 que entraram em campo ontem, apenas Marcos, Pierre e Diego Souza eram titulares no Brasileirão 2008.
O fato é que figuras como Keirrison e Cleiton Xavier estão jogando com a mesma tranquilidade e a naturalidade de quem já estava no elenco há uns três anos - e olha que Keirrison é bem jovem e nunca atuou em equipes grandes, enquanto Cleiton Xavier teve uma passagem não muito destacada pelo Inter-RS, passou pelo Sport e por algumas equipes pequenas e médias no alto de seus 25 anos de idade, tendo, inclusive amargado o rebaixamento no BR 08 pelo Figueirense.
Os zagueiros que vieram do futebol paranaense também estão firmes assim como Williams vem jogando bem. Gostei de Armero ontem, apesar dele não ter cortado o cruzamento que deu no único gol boliviano. Enfim, ponto para Luxemburgo que nesse início de temporada está se redimindo dos erros grotescos ele que cometeu no segundo semestre de 2008.
Quando falo em "erros grotescos" me refiro desde o processo lento, gradual e doloroso de fritura de Valdivia (que acabou negociado) até o bate-boca público com Marcos, passando por desgastes com Gustavo, o fato de ter deixado o polivalente Wendel ir para o Santos e, especialmente, o fato de ter dado a Diego Souza uma liderança que ele nunca teve no elenco - além de ter tentado transformar ele no craque do time, como se ele pudesse substituir Valdivia (Ok, Diego é um bom jogador e pode ser ótimo jogando mais atrás, dando a saída de bola e marcando, mas não dando uma de maestro do time, isso não). Não esquecendo, claro, de sua pequena aventura como comentarista televisivo, mas sobre isso, eu nem pretendo me alongar...
Não se esqueçam que o mesmo time que acabou o Paulistão jogando por música, terminou o Brasileirão conseguindo uma vaga para a pré-Libertadores na bacia das almas - e ainda por cima perdeu seus melhores jogadores.
Analisando mais friamente esse novo elenco, Luxemburgo aposta em um 3/5/2 um pouco diferente daquele que nós vemos há anos no São Paulo. Se parece mais com aquele que o Brasil foi penta em 2002 com Felipão, mas com pequenas diferenças; na zaga, Maurício Ramos fica pela direita, Danilo pela esquerda e Edmílson é um líbero que vira volante (do mesmo jeito que no Brasil de 2002); no meio Pierre marca, Diego Souza fica próximo dele combatendo e saindo para armar quando tem liberdade (o que tem sido recorrente nos últimos jogos); os alas não jogam com a ofensividade dos alas são-paulinos, eles se guardam mais para dar liberdade para Diego; Cleiton Xavier é o armador-central que flutua pelo campo, não é craque, mas tem boa técnica e taticamente é muito inteligente; Keirrison, que é craque, comanda o ataque como um centro-avante moderno que se movimenta bastante (nisso lembra Vagner Love, só que sendo mais técnico) ao lado de algum velocista, seja Williams, seja Lenny.
Para um início de temporada está bom demais. Ainda existem defeitos, como nas alas que precisam ser mais azeitadas - Wendel caberia melhor na direita do que Fabinho Capixaba, Armero precisa se soltar mais -, mas nada insanável, muito pelo contrário.
Ainda assim, ontem teve uma má notícia, que foi a saída do zagueiro Gustavo, trazido do Paraná Clube em 2007 pelo técnico Caio Jr. com quem havia trabalhado no ano anterior no mesmo clube. No time alcançou o auge junto com Henrique no Campeonato Paulista, mas foi desdenhado por Luxemburgo no Brasileiro e agora. Vai para o Cruzeiro, que fez uma grande contratação.
No plano interno, Beluzzo, que era o melhor quadro da cartolagem de clube há tempos, foi eleito presidente. A melhor opção, sem dúvida. Só espero que ele consiga fazer a tão necessária reforma interna que o time precisa. O Palmeiras precisa mudar essa mentalidade de ser construído de fora para dentro, boas parceirias é muito bom, mas é necessário também ter um clube forte.
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