Ontem, o Cruzeiro foi valente e arrancou um ótimo empate no jogo contra o Estudiantes na Argentina (oxo). Essa final juntou tanto a mística de um Brasil x Argentina quanto premiou as duas melhores equipes do torneio - que, coincidentemente, se encontravam no mesmo grupo na primeira fase. No entanto, a final não foi transmitida pela TV aberta. É injustificável que se esnobe uma final de Libertadores com finalista brasileiro. Preterir esse jogo em favor de uma partida adiada da nona rodada do Brasileiro, aí, já é um esculacho e demonstra a que ponto chegou a ditadura do eixo Rio-São Paulo no futebol. Lamentável.
P.S.: Vale a pena dar uma lida no excelente post do Mauro Beting sobre o assunto.
Pior que isso é a ditadura corinthiana. Não tem um jogo desse time que não seja transmitido!
ResponderExcluirTambém é, Raphael. Mas eu creio que se o São Paulo ou o Palmeiras estivessem na final o jogo não teria passado.
ResponderExcluirO Corinthians não tem culpa, Hugo, se os seus jogos obtém uma audiência muito maior do que as dos outros clubes do país, independente do torneio que ele esteja disputando.
ResponderExcluirE o que a Globo quer é justamente isso: audiência. Basta a Globo transmitir um jogo do São Paulo, atual tricampeão brasileiro, que a audiência despenca.
E quando a Globo transmite jogos do Corinthians, muitas vezes a audiência dos mesmos supera até a de partidas da Seleção Brasileira.
Outro dia li que o 2o. jogo da final da Copa do Brasil deu uma audiência de 41 pontos no Ibope apenas para a Globo (foi a maior audiência para um jogo de futebol desde o final de 2007), sem contar a audiência da Band, ESPN Brasil, e Sportv, que também transmitiram o jogo.
Aliás, algo me diz que você tambem viu este jogo, certo?
Então, Hugo, enquanto o Corinthians continuar líder de audiência, a Globo, que de masoquista não tem nada, continuará privilegiando a transmissão dos jogos do Timão.
Marcos,
ResponderExcluirA participação da Televisão aberta passa ao largo de ser satisfatória - seja no que transmite ou como reparte a verba. Por exemplo, dentre os clubes paulistas, aquele que até bem pouco tempo alcança os maiores índices de audiência era o Santos, mas nem por isso ele recebia uma quota de televisamento sequer igual aos outros times. Em relação aos times de fora de São Paulo, então nem se fala.
Isso só é um retrato de como a Globo não quer audiência por audiência, ela quer que o tipo de ideias das quais seus proprietários são partidários tenham audiência e cria meios para tanto. Tais ideias envolvem, claro, a forma de se ganhar dinheiro. Tudo isso, dentro de concessão pública.
Como sabemos, o lobby dos grandes clubes de Rio-São Paulo é muito forte - em especial, do G-5 (Flamengo, Corinthians, São Paulo, Palmeiras e Vasco) - e, sim ele pesa muito nesses momentos. Mesmo que a decisão do que transmitir seja da Globo, O fato é que isso não deixa de tornar esse lobby imoral na medida em que ele reproduz a prática de concorrência predatória extra-campo entre os clubes, exemplo de falta de profissionalismo dos dirigentes e elemento catalisador do subdesenvolvimento econômico do nosso futebol - é predatória porque eu duvido muito que o Corinthians aceitasse a não transmissão de uma final de Libertadores em que ele fosse finalista. Também não é uma defesa do próprio interesse, é uma defesa do próprio interesse sobre o interesse dos demais.
A própria Globo, diga-se de passagem, está aí por leniência do próprio Clube dos 13.
Agora final de Libertadores é final de Libertadores. Não pode deixar de ser transmitida. Mas foi - e não foi sequer preterida pela final da Copa do Brasil, mas sim por um jogo da nona rodada do Campeonato Brasileiro propositalmente postergado. Dizer que a final não teria tanta audiência é duvidoso. Isso depende muito da publicidade que a TV fizesse e, convenhamos, a Globo com um pouco de empenho poderia fazer isso perfeitamente.
A questão aqui transcende se temos o clube A ou B na final ou os clubes C ou D na nona rodada do Brasileirão, ela envolve, na verdade, o respeito ao Futebol enquanto instituição, o que, ao meu ver, torna imperativo que uma empresa ocupante de concessão pública transmita a final do maior torneio do continente - com o agravante de ter participante brasileiro.
A Globo errou ao ter feito isso e o Corinthians - assim como Fluminense - erraram em ter aceitado a transmissão do seu jogo - mas talvez seja muito idealismo meu achar que alguém faria diferente num mundo futebolístico tão bairrista e tão clubista como o nosso, não é mesmo?