O Brasileirão se aproxima da sua metade e mantém o mesmo aspecto dos últimos anos: Apesar da Crise Econômica Mundial estar afetando - e muito - a Europa, os clubes brasileiros continuam perdendo jogadores para o futebol daquele continente; mais do que isso, o calendário enviesado que proporciona o início da principal competição nacional simultaneamente às decisões da Libertadores e da Copa do Brasil - e da realização da Copa das Confederações - gera lamentáveis distorções. Ao contrário de uma maratona, como é o aspecto de um nacional normal jogado em pontos corridos, o nosso Brasileirão tem feições de um Paris-Dacar, onde o vencedor é aquele que não foi vítima do Acaso.
Por ora, lidera o Palmeiras; sob o comando de Luxemburgo e ainda jogando a Libertadores, a equipe conseguiu continuar a somar pontos, mas jogava presa, amarrada, por vezes com o freio de mão puxado. Pois bem, o time é eliminado da competição latino-americana por um time inferior, mas a torcida, anestesiada pelo início de temporada tão espetacular quanto sua posterior queda de produção, até que encara isso bem. Depois da atabalhoada saída de Keirrison e a queda de Luxemburgo por ter protestado, entra Jorginho - que eu nem sabia que estava trabalhando na Barra Funda - e com um seu bom caráter, carisma e um conhecimento de futebol surpreendente de futebol acaba botando o time nos eixos; o Palmeiras faz sob seu comando a melhor sequências de jogos desde a arrancada para ganhar o Paulistão 08, com direito às maravilhosas vitórias contra o Flamengo no Maracanã e contra o Corinthians em Presidente Prudente. A pressão da diretoria e de uma parceira fazem o economista-cartola Beluzzo desdizer o que havia dito; Jorginho que teria sido efetivado depois da vitória contra o Flamengo e diante primeira negativa de Muricy, não foi e o ex-técnico são-paulino deu a sua deixa também se desdizendo e assumindo o time; mantendo, no entanto, o ex-interino em sua comissão técnica.
Dentre os méritos de Jorginho estão ter finalmente encaixado Souza no meio dando a consistência que falta na marcação/saída de bola, ter arrumado o bom miolo de zaga Maurício Ramos/Danilo que vinha muito mal e ter feito Diego Souza e Cleiton Xavier jogarem até mais do que vinham jogando. Muricy na estreia com um magro 1x0 contra o rebaixável Fluminense já sai de cara na liderança;
Por enquanto, o Atlético-MG é o time que se avizinha como provável adversário do Palmeiras na disputa pelo título simbólico do Primeiro Turno; o time foi muito bem montado por Leão no início do ano, mas se perdeu numa semana infernal onde tomou duas inesperadas sarrafadas: A primeira de seu arquirival Cruzeiro no primeiro jogo da final do Mineiro e a outra do improvável Vitória na Copa do Brasil. Leão cai e um Celso Roth, esquisitão e inexplicável que só ele, assume o time que incia bem o Nacional. Quinta, o time tomou um cacete do Flamengo no Maracanã e perdeu a ponta do torneio. Faltou pegada na marcação e apesar do gol logo de cara, o resto do jogo foi um massacre.
Um ascendente e surpreendente Goiás completa a lista assim como um Inter que parecia que ia repetir 06, mas parece estar repetindo 07. Fora isso, no momento, o Flamengo parece bem cotado para subir de posições assim como Grêmio e Cruzeiro tendem a subir na tabela.
Lamentavelmente, há que se concordar que o Fluminense atingiu o estágio de rebaixável, condição, claro, que pode ser revertida. Lembro-me daquele Goiás que acabou o primeiro turno na lanterna e depois fez a melhor campanha do segundo.
ResponderExcluirConcordo também que, com a grande maioria dos times brasileiros desestruturada, sem projetos de futuro e com dirigentes/empresários que não resistem a qualquer proposta de negociação, o justo critério de pontos corridos do Brasileirão mais se assemelha a uma corrida de obstáculos onde o acaso, o menor teor de incompetência e sabe-se lá o que determinam quem cansa menos e, portanto, vence (lembra que o São Paulo já estava meio cansadão no final do ano passado?).
Você acredita nessa "efetivação" do Andrade no Flamengo?
Volto ao São Paulo do meu filho. No Brasil, hoje em dia, estamos mal de melhor time do país. Cruzeiro e Inter, os campeões das recentes indicações, fizeram aquele papelão nas finais da Copa do Brasil e Libertadores. O Inter caiu de produção e a venda de Nilmar só agrava a coisa; o Cruzeiro parece ter sentido um pouco da síndrome da derrota na Libertadores (não tanto quanto o Fluminense, óbvio).
Nesse quadro é que eu acho que o São Paulo deve logo logo chegar perto ou até integrar o quarteto de cima. O time não é nenhuma maravilha, mas continua sendo o que talvez tenha mais opções de escalação, sem contar que é o clube brasileiro que menos se empolga com as propostas estrangeiras.
Para finalizar, sinceramente não acredito que o Galo mantenha o pique. No Palmeiras, existe hoje um dado fundamental: Muricy é um técnico-técnico e não um técnico-procurador de jogadores. Na minha opinião, isso alivia tensões internas, além do que o sujeito pode ser razinza, mas metido a estrela, não.
Anrafel,
ResponderExcluirNesse momento, o quarteto que inclui meu querido Náutico, o Fluminense, Atlético-PR e Sport está jogando bem abaixo da média mesmo. Chega a ser improvável um dos quatro fora da zona do rebaixamento antes do final do Primeiro Turno. Claro, devido a todos esses pontos que nós elencamos, é possível haver recuperações inacreditáveis - assim como queda de produção surpreendentes.
Sobre o Andrade, é aquela coisa; sai mais barato do que trazer um nome famoso, o grupo da fechado com ele e se tiver uma pequena de derrotas demitem ele com facilidade.
O Cruzeiro apostou suas fichas corretamente na Libertadores, mas espirrou o taco justamente no último jogo da final. Como o início do Brasileiro coincide com as finas da Libertadores, os pontos perdidos eram naturais, daí vem o problema do trauma da derrota somado com a saída de Hernanes e o que era um favorito corre o risco de andar em círculos.
Já o Inter foi disparadamente o melhor time do primeiro trimestre. Ganhou o Gaúcho com um pé nas costas e caminhava forte para ganhar a Copa do Brasil - o time ia tão bem que mesmo priorizando as finais dessa torneio, despontava na liderança do Brasileirão jogando com o mistão. De repente, algo se quebrou feio ali dentro e o time entrou em espiral.
O São Paulo que poderia muito bem sacudir a poeira da derrota na Libertadores, cometeu o grave erro de demitir Muricy. Ricardo Gomes me parece um sujeito honesto, mas está longe de ser um grande treinador. Só que tem uma grande estrutura e uma organização acima da média do futebol nacional. Nesse contexto, sim, eu concordo, o São Paulo - que eu apontava como favorito no início do torneio justamente por esses fatores - pode sim termina-lo no G-4.
Sobre o Palmeiras e Muricy, sim, sem dúvida. Na década em que nos encontramos ele é treinador mais bem sucedido justamente porque não cria tensões internas e administra o que surge muito bem. O elenco é bom, foi bem montado por Vandeco Luxemba, mas muito mal administrado por ele. Agora, a questão é não perder jogadores. A parceira Traffic já deu mostras que não ajuda muito. O negócio fica mais ou menos assim: Se não perder ninguém, vai ser difícil arrancar esse título do Palmeiras. Se perder dois ou três jogadores ainda se manterá competitivo. Se perder mais do que isso, aí, tudo é possível.
abraços