sábado, 7 de novembro de 2009
CA 22 de Agosto: Construção Coletiva vence
Entre a noite de ontem e madrugada de hoje, rolou a apuração dos votos do Segundo Turno das eleições para o 22 de Agosto, o Centro Acadêmico da Faculdade de Direito da PUC-SP. Segue o resultado:
1º Construção Coletiva _ 677 votos (54,9%)
2º Áporo_ 556 (45,1%)
Total de votos válidos: 1233
Contextualizando a informação, essas eleições foram a causa da hibernação deste blog - e também de duas semanas marcadas por uma rotina desumana de poucas horas dormidas, alimentação precária e muita correria pelos corredores do chamado Prédio Novo da gloriosa Pontifícia. Eu participei ativamente de uma das chapas, a Construção Coletiva, um grupo que eu ajudei a fundar no ano passado e que se dedica a atuar em pautas cotidianas da Universidade, em especial, da Faculdade de Direito. Foi uma baita experiência, um verdadeiro curso intensivo de Política - fisicamente extenuante, mas moralmente gratificante. No fim das contas, para evitar qualquer mal-entendido com a Comissão Eleitoral, acabei não publicando nada por aqui - mas a própria falta de tempo se encarregaria dessa hibernação.
Essas eleições foram das mais disputadas nos últimos tempos e tiveram um compenente especial: Mais do que o próprio embate eleitoral, nos vimos às voltas com um dos mais acirrados confrontos projetivos nessa verdadeira panela de pressão que é a Faculdade de Direito - notem o seguinte: elas refletiram em escala estudantil o debate que estamos assistindo em escala maior na nossa universidade: Para que direção irá a PUC nos próximos anos? Ela se converterá de vez em uma univerdade elitista e tecnocrática ou conseguirá reverter isso e retornar a sua antiga estrutura, democrática, popular e livre? Troque os assuntos da Universidade pelos do Centro Acadêmico e temos a mesma polêmica. A seguinte dúvida foi trazida à baila: Para qual direção você quer que o CA vá: Que ele se converta definitivamente em um mero prestador de serviços técnico-burocrático - e pseudo-empresarial - ou que ele retome sua função democratizante e contestadora?
Nestas duas últimas semanas, os estudantes da Faculdade de Direito se depararam com esses dois projetos - que foram representados pela chapas que chegaram ao Segundo Turno; Além disso, houve uma terceira chapa que tentou se fixar numa faixa intermediária - e ficou pelo caminho - além da participação sensacional de uma chapa de zoeira que foi, seguramente, das mais criativas e visceralmente críticas que já passaram pelas nossas eleições. Andei suficientemente pelos corredores da Faculdade de Direito e conversei com gente o bastante para ver que o atual déficit democrático da PUC não é pequeno e nem pouco incômodo, ainda que não seja exatamente fácil comunicar isso, seja pelo clima de repressão interno ou pela própria conjuntura da política paulistana atual.
Vencemos depois de quinze dias de campanha extenuante; começamos o embate eleitoral pressionados e acuados, mas começamos a reverter o jogo já na reunião da comissão eleitoral, fizemos uma campanha bonita e vencemos os dois debates. Faltou pouco, muito pouco para levarmos no Primeiro Turno. No Segundo Turno, vimos o confronto se polarizar a ponto de termos um quórum maior do que no Primeiro - e ampliamos tanto proporcional quanto absolutamente a nossa votação. Foi lindo: Uma maré rosa - e até de rosas - encheu a PUC.
No entanto, não temos falsas ilusões a respeito da nossa vitória. Isso daqui é um projeto muito complexo no qual é preciso dar um passo por vez sempre tomando cuidado com a armadilha do idealismo pueril - que é caracterizado pelo binarismo do 'ou tudo ou nada' e oscila entre covardia e a temeridade; Estamos falando de uma longa jornada na qual caminharemos em direção de certos ideais, portanto, estamos falando de um projeto gradual de aprofundamento da Democracia dentro de uma realidade onde a prática democrática está atrofiada por uma miríade de questões.
De qualquer modo, o espírito da velha PUC, aquela que ousava ser democrática e livre enquanto o Brasil vivia sob a bota de uma ditadura, voltou a dar as caras nesse momento de delicado. Não vai ser uma briga fácil, mas demos um passo enorme.
P.S.: A moderação de comentários foi desativada.
Parabéns, camarada! Vitória merecida! Tirar o Direito das trevas!=)
ResponderExcluirValeu, Tsavkko!
ResponderExcluirParabens!!!!
ResponderExcluirParticipei de uma chapa pro C.A. da minha faculdade (medicina USP) em 2006 que também se chamava Construção Coletiva. Mesmo nome, embate ideológico semelhante. Perdemos e tal. Que bacana que a Construção de vocês vingou. Parabéns!
ResponderExcluirObrigado, Valério!
ResponderExcluirMariana,
ResponderExcluirObrigadão e que coincidência, pensei que no fim das contas, nós só tivessemos vingado a nossa derrota no ano passado, mas fico feliz em saber que vingamos mais alguém ;-)
beijos
Parabéns, Hugo. Há esperança para o movimento estudantil!
ResponderExcluirMaurício,
ResponderExcluirMuito obrigado e, acredite, as brigas que nós compramos nesses últimos quatorze meses foram gigantescas e dolorosas, eu estou certo de que muitos no nosso lugar teriam desistido, mas não o fizemos; sabemos muito bem do tamanho da crise da PUC e de sua real natureza (muito mais superestrututal do que financeira como querem nos fazer crer), mas não abaixamos a nossa cabeça: Sabemos da importância que um espaço como a PUC teve - e ainda tem - e que não poderíamos simplesmente cruzar os braços em relação a isso por conta de uma detalhezinho chamado responsabilidade histórica - em suma, poderemos até ser a geração que viu a PUC ser descaracterizada, mas não aquela que se omitiu enquanto isso acontecia.
Há também toda a problemática do próprio Movimento Estudantil em si e a perda da sua capacidade transformadora nos últimos anos, o que tem como causa uma série de motivos que vão desde a realidade econômica que os estudantes enfrentam dos anos 90 para cá até a própria burocratização que ocorre em nossas fileiras - e é um outra briga que temos que comprar: além de ser capazes de responder às demandas sociais, sem nos fecharmos em bolhas como muitos fazem, respondendo tanto os anseios da sociedade quanto as demandas acadêmicas cotidianas.
Será um longo ano. Desarmamos um projeto muito poderoso e agora teremos muito trabalho pela frente.
um abração
Parabéns aos confrontantes! O Debate democrático (e dermo crático, hehehe) sai vitorioso.
ResponderExcluirQue tal o desafio de resgatar a UNE? hein hein ? Boa essa batalha tb!
André
André,
ResponderExcluirHonestamente, o nosso foco maior não é a UNE, temos demandas mais urgentes e estaríamos comprando uma briga cujo gasto de energia não sei se seria tão compensador - e quanto a dermocracia é justamente contra isso que queremos lutar, mas se conseguirmos construir pelo menos uma endodermocracia, já estaria bom.
abraços
Hugo, que boa notícia!!!! Assino embaixo o comentário do Maurício: ainda há esperança no movimento estudantil. Super parabéns e sucesso nessa gestão. Mantenha-nos informados do andamento. Um beijo.
ResponderExcluirHugo, parabéns pela vitória, eu sempre acreditei em vocês, no projeto e na dedicação. Ficaram dias em dois turnos fazendo campanha; não é para qualquer um, somente para aqueles que tem fibra. Espero que possam realizar um grande trabalho. Torço pelo sucesso de todos. Márcio Castro.
ResponderExcluirMuitissímo obrigado, Flávia, assim você o Maurício me deixam até acanhado :-)
ResponderExcluirE, claro, mantê-los-ei plenamente informados!
Beijão
Márcio Castro,
ResponderExcluirMuito obrigado: O esforço que fizemos foi desumano - eu vou levar uns dias pra me recuperar - mas tenho uma intuição de que tudo isso valerá a pena logo mais adiante. Valeu e construamos coletivamente - com o perdão da infâmia :-)
abração