terça-feira, 8 de março de 2011

Hoje é Dia Internacional das Mulheres e também Carnaval

Il rinoceronte - Pietro Longhi


Hoje é o Dia Internacional das Mulheres e, ao mesmo tempo, Carnaval. Honestamente, eu não gosto nem um pouco de Carnaval - sim, eu sou um pernambucano atípico -, mas essa capciosa coincidência é interessantíssima: O dia em que as máscaras emergem - num país onde elas são usadas às escondidas durante o ano inteiro - coincidir com uma das muitas realidades mais mascaradas da nossa sociedade - a condição de opressão da mulher - é uma bela provocação. E isso aconteceu, vejam só, no primeiro ano de governo da primeira mulher a ocupar a cadeira presidencial. Este humilde redator está longe de ser a velhinha de taubaté da democracia representativa, mas ele também não deixa de reconhecer que, em uma sociedade hierarquizada como a nossa, o fato de uma mulher ocupar o mais importante cargo político ajuda sim a abalar a normalidade masculinista - e, quem sabe, lança dúvidas também sobre a própria normalidade como um todo. Não, não será o Governo Dilma que, por si só, mudará a tônica dessa triste dinâmica - nem que ela se esforce e ponha em prática a melhor política de gênero concebível -, mas é possível sim considerar que a partir do fenômeno Dilma seja construído qualquer coisa concreta na área - talvez um cadinho para além das encenações e fantasias habituais da nossa sociedade. E talvez este Carnaval sirva para alguma coisa, ou melhor, para algo além de ser apenas a tediosa comemoração da nossa insustentável condição cultural, quando resolvemos mascarar a vida abertamente numa festa

2 comentários:

  1. A Dilma é apenas uma, precisamos conscientizar as demais mulheres, a medida do possivel, para que haja uma mudança estrutural; e que os homens entendam que são indispensáveis também a nossa ssociedade, mas enquanto não houver educação, todas as outras políticas serão apenas medidas paliativas...
    Beijo e viva 8 de março!!

    ResponderExcluir
  2. É isso mesmo Mayara, a desconstrução de qualquer projeto de qualquer realidade de opressão passa por uma articulação mais complexa do que se pode supor.

    beijão

    ResponderExcluir