segunda-feira, 4 de abril de 2011

Palmeiras bate Santos: Notas sobre o Futebol Moleque

Felipão em ação -- Record de Portugal
Ontem, o Palmeiras de Luiz Felipe Scolari bateu, por 1x0, o Santos na Vila Belmiro. Foi, a exemplo dos demais clássicos neste Paulistão, um jogo duro e equilibrado, mas o resultado passa ao largo de ser surpreendente - ao menos para quem tem acompanhado essa edição do estadual bandeirante. Existe muita coisa que pode ser dita sobre o jogo como, por exemplo, que o certame  marcou  o reconhecimento (tardio) do alviverde como candidato sério ao título, o excelente trabalho de Felipão, talvez o crescimento de jogadores desacreditados e jovens, mas há um ponto em particular que eu gostaria destacar: Como a falácia do futebol moleque  foi exposta no jogo de ontem com derrota do Santos de Neymar e Ganso. Há quase dez anos vivemos às voltas com a panaceia do craque driblador de sorriso largo - e pouca cabeça -, dos delírios nostálgicos com um futebol que já não existe mais e do sonho de, quem sabe, jogar com cinco atacantes e nenhum goleiro - que alimentam uma imprensa esportiva quase toda inepta. Esse devaneio perverso queima jogadores verdadeiramente promissores, estraga bons elencos - que acabam reféns desses mesmos craques - e nos leva a fracassos ridículos nas copas. Uma boa sequência de vitórias ou alguns títulos aqui ou acolá, dois dribles bem feitos ou, quem sabe, uma pedalada certeira escondem uma degeneração progressiva de um futebol escravo de craques deslumbrados que não produzem outra coisa senão times que não sabem jogar coletivamente. O Palmeiras, bem armado e operário, soube absorver o choque inicial, ganhou terreno pouco a pouco até definir o placar no segundo tempo, quando era amplamente superior. Pode não ganhar o título, mas vai disputa-lo e terá uma bela vantagem caso ratifique a primeira colocação que ora ocupa - e o verde joga como os melhores times brasileiros dos últimos dez anos, o Brasil penta do próprio Felipão ou o São Paulo multicampeão de 2005,  na medida em que não confunde ofensividade com irresponsabilidade defensiva e não se deixa capitular por esse ou aquele nome, diferentemente do Santos subjugado por suas estrelas. Nunca voltaremos aos anos 50 ou 60, mas se quisermos retomar aquelas glórias, antes de mais nada, temos de retomar a seriedade dos grandes craques de antigamente, não aplaudir firulas e malabarismos dos simulacros de hoje.
  


4 comentários:

  1. Tem horas que eu acho que técnico é muito pouco determinante nos resultados, mas sou sempre traído pelos fatos. Hoje o Palmeiras tem o pior elenco dos 4 grandes de SP (ou talvez seja equivalente ou um pouco superior ao do Corinthians), mas é ó único dos quatro que tem um técnico. E isso faz toda a diferença.

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  2. demorou,mas o alviverde está se encontrando e mostrando como se chega a liderança de um campeonato:humildade,perseverança,organização disciplina.tudo isso sem ter um elenco "estrelado" e sem precisar de "mídia",mesmo q não ganhe o estadual,o time já ganhou a luta contra os derrotistas e entendidos de plantão.

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  3. Ândi: Eu acho que tem uns bons vinte anos que técnico se tornou elemento fundamental para um time vitorioso; isso se explica pelo desenvolvimento radical da preparação física dos atletas. Se corre muito e a força dos atletas é enorme, o que exige mais do que técnica e inspiração individual, mas de alguém que pense o jogo no seu conjunto fora dele. Esse alguém é o treinador. Acho que a diferença entre os quatro grandes de São Paulo é até menor do que se considera, mas sabemos que a melhor comissão técnica é, disparada, a do Palmeiras - não por acaso, o líder do torneio.

    abraços

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  4. Anônimo: Essa vitória ninguém mais tira da gente mesmo :-)

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