quinta-feira, 12 de julho de 2012

E o Palestra volta a Vencer

Como vocês sabem, futebol se tornou um assunto pouco recorrente por aqui. Inclusive, perdi a oportunidade de escrever algo sobre a última Libertadores e o título - invicto - do Corinthians. Isso em parte porque é duro acompanhar o esporte bretão sabendo que seu time só perde - e não perde de qualquer maneira, mas quase sempre da pior maneira - e também pelo desgaste de aguentar certas, por assim dizer, idiossincrasias do futebol brasileiro - como a sorte triste de ver, depois de anos torcendo para Ricardo Teixeira cair, José Maria Marin como presidente da CBF, ou por conta de um calendário esdrúxulo que faz as equipes que destacam na Libertadores e na Copa do Brasil serem automaticamente prejudicadas no Brasileirão. 

Ontem, eis que o nosso Palestra foi campeão. E foi um título nacional. E invicto. Quando parecia que nem Felipão daria mais jeito na decadência verde, algo aconteceu e um time que era torpe a toda prova, conseguiu superar adversários em melhor momento, mesmo jogando esfrangalhado: de Valdivia expulso no primeiro jogo, Barcos se recuperando de uma cirurgia, até as três contusões durante o jogo de ontem - a ponto de Luan precisar ficar em campo para completar os onze. Coisas do futebol. Um título que só poderia vir sob o comando de Felipão. 

Cá entre nós, foi uma final esteticamente detestável. Mas não futebolisticamente. E o mesmo pode se dizer de antes, na semi, quando Felipão travou o favorito Grêmio de Luxemburgo mexendo no esquema da equipe. Ver essas finais com tanta gente querida me despertou uma memória - e memória, convenhamos é afetiva - dos tempos de menino quando o Palestra ganhava, ou pelo menos disputava, tudo. 

Futebol não é exibição de toques plásticos e quetais, é emoção, é o imponderável e é até mesmo o grotesco. Nesse sentido, foi um grande título do Palmeiras, um gigante tornado dos mais emblemáticos - e improváveis, se pensarmos o século 20 - perdedores do futebol nacional na última década. No fim das contas, um time comandado por um veterano de 36 anos de idade - em melhor forma do que 90% dos garotos que você vê por aí -  chamado Marcos Assunção - e de um presidente quase acidental, eleito para ser a marionete que não foi, mas manteve a comissão técnica, o elenco, a construção da Arena e ainda trouxe de volta César Sampaio para organizar o futebol profissional.

 Valeu pela emoção, valeu Palestra.




7 comentários:

  1. Esse sim- contra tudo e contra todos.

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    1. Foi o título mais sofrido que eu vi o Palestra ganhar, Dudinha. Mas ganhou.

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  2. Contra tudo e contra todos vírgula!

    O Palmeiras foi descaradamente favorecido pelos erros da arbitragem. Especialmente no primeiro jogo, o apito estava em nível muito abaixo da crítica.

    O único que joga futebol neste time é o Marcos Assunção, com a bola parada.

    O Coritiba foi superior, e a derrota foi uma dessas injustiças do futebol.

    Mas não há dúvida que os méritos devem ser todos para Felipão. Hoje o Palmeiras é o primo pobre entre os grandes clubes do Brasil, e o título só foi possível pelo trabalho diferenciado de um treinador que no mais já parecia acabado...

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    1. André, meu querido, até entendo tuas razões :-), mas cá entre nós, torcidorismos de lado, o Palmeiras não foi ajudado pela arbitragem: no primeiro jogo, não custa lembrar que Willian merecia ter sido expulso por ter agredito Valdivia (um belo chute no saco, diga-se), até que pouco depois o camisa dez palmeirense - infantilmente - revidou a foi expulso com justiça. Podemos até admitir o lance de Márcio Araújo sobre Tcheco, mas não teria sido suficiente para mudar o sentido da final. Elas por elas, o Coritiba foi superior ao Palmeiras no primeiro tempo em São Paulo, mas perdeu o jogo pela competência de Bruno e pela sua própria incompetência em converter volume de jogo em gols. Na volta, o Palmeiras o travou bem o Coxa no primeiro tempo, mas Marcelão não soube dar a devida verticalidade para o seu time na etapa final.Nesse sentido, acho que o Palmeiras está aquém do que pode render desde o ano passado - este ano, com uma equipe melhor, ele poderia ter ido mais longe no Paulistão, mas não foi novamente por fatores externos, o que não se repetiu na Copa do Brasil, como sabemos. Acho que além de Marcos Assunção, Valdivia, Barcos, Henrique, Thiago Heleno, Juninho e Bruno foram muito bem. Até dava para Grêmio e Coxa terem superado o alviverde paulista, mas no fim das contas, ambos o subestimaram e aí, paciência.

      abraços

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  3. Importante ressaltar que o patrocinador da Copa do Brasil é "curiosamente" patrocinador dos paulistas (ah! sempre os paulistas), a grosseria em sentir-se feliz por possuir algo tomado com descaramento (orgulho dos bandeirantes benfeitores) e dizer que não, não houve interferência da arbitragem. Por favor, somos uma porcaria de gente de um estado ordinário, mas idiotas, definitivamente não!

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    1. Sim, paulo v, a Kia é patrocinadora do Palmeiras e da Copa do Brasil, mas qual o vínculo lógico entre isso e uma fraude? Não foi a arbitragem que perdeu gols para o Coxa, tampouco foi ela quem deixou de expulsar Valdivia - num contexto onde o Palmeiras perdeu meio time para disputar a final. Aí, paciência, né?

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  4. Considerando a admiração que tenho pelos seus escritos, excetuados o do post acima, engulo com farinha sua resposta, mesmo porque o ponto não foi ter responsabilizado o juiz por gols perdidos ou expulsado o Valdivia, aceito a sua malícia e deixo por isso mesmo.

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