Já tem um pessoal postando sobre o balanço do Governo Lula. Creio que é muito difícil - para não dizer impossível- mensurar qual será o peso de seu legado histórico nesse exato momento, portanto, não é isso que pretendo nesse exato momento, só quero fazer algumas ponderações que já deveria ter feito antes por aqui. O grande ponto é que Lula, goste-se dele ou não, é um incontestável fenômeno de massas e sim, consegue sozinho ter um peso capaz de ofuscar seu próprio partido em vários momentos. Também ofusca a visão de muita gente. Se elegeu dentro adotando uma agenda reformadora moderada - em substituição da agenda reformadora mais radical - de antes numa conjuntura onde os EUA já começavam a entrar na grande crise que se torna clara - e cruel - agora e onde o modelo tucano já estava total e completamente esgotado.
Os primórdios do Governo Lula são marcados por uma ajuste fiscal duro e demasiadamente intenso - em virtude do estreito espaço de manobra deixado por conta do, digamos, modus vivendi que foi traçado junto com o Mercado Financeiro. A internalização da dívida seria feita mediante altas taxas de juros compensadas por um alto superávit primário conjugado com um câmbio desvalorizado - muito mais pelas intemperes da flutuação cambial do que de algum plano estratégico herdado do Governo Anterior - conjugado com um cenário positivo da economia mundial - o que foi catalisado pelo competente diplomacia comercial do país.
O país cresce pouco em 03 (1,15%), mas compensa isso em 04 (5,71%). Em 2005/2006 e vê às voltas com superávits gigantescos em conta corrente devido ao superávit na balança comercial e aí começa um processo de neutralização da dívida externa. Por outro lado, os spreads bancários estão altos, mas o crédito para os mais pobres é ampliado e a dívida é internalizada. O país nesse biênio, no entanto, cresce de forma medíocre (3,16% e 3,97%). Na política, o primeiro mandato de Lula termina manchado pela expulsão de algumas correntes do partido e de escândalos como o Mensalão. A desigualdade social, por outro lado diminui assim como os níveis de emprego e renda sobem pela primeira vez em décadas
Na conjuntura política, a intelectualidade de esquerda racha: Lula se torna uma obsessão; uns abraçam o lulismo como se fosse a última chance da esquerda brasileira, enquanto isso, outros assumem uma postura radical contra o Governo como se a chegada ao poder de um Governo verdadeiramente de esquerda no país dependesse de seu desalojamento. A figura de Lula perde as matizes nos meios esquerdistas: Torna-se o messias para uns e o demônio em pessoa para outros num cenário onde a direita não consegue, mesmo com todo o apoio da mídia, fazer outra coisa senão desenhar um crítica ratasqueira e muitas vezes preconceituosa
Lula se reelege e o Governo volta sua bateria para o mercado interno e com o PAC consegue crescimento de 5,67% e 5,08% do PIB, crescimento no emprego, na renda e mais queda na desigualdade social - o que, obviamente se materializa em um enorme popularidade. É o auge do governo Lula, o cenário de um mercado internacional aquecido e de um mercado interno funcionando alivia as tensões e alguns problemas como as estranhas concessões para o mercado financeiro passam desapercebidas num momento em que todos ganham.
Vem a Crise. Depois do pais gerar um superávit de mais de dois milhões de empregos de Janeiro a Novembro de 2008, em Dezembro a Crise Mundial passa a afetar o país e resulta num déficit de 600 mil empregos. A oposição de ambos os lados vê no catastrofismo a esperança de se contrapor ao Governo. Em 2009, o país recebe um choque pequeno em relação a muitas economias grandes de relativamente grande em relação a suas possibilidades - a taxa de juros de curto prazo, abaixada ontem para 8,75% ao ano, permanece incongruente com uma previsão de queda de 0,8% do PIB e uma projeção de inflação na casa de 5%. O desemprego, porém, cai e fica no patamar de 8%.
Os primórdios do Governo Lula são marcados por uma ajuste fiscal duro e demasiadamente intenso - em virtude do estreito espaço de manobra deixado por conta do, digamos, modus vivendi que foi traçado junto com o Mercado Financeiro. A internalização da dívida seria feita mediante altas taxas de juros compensadas por um alto superávit primário conjugado com um câmbio desvalorizado - muito mais pelas intemperes da flutuação cambial do que de algum plano estratégico herdado do Governo Anterior - conjugado com um cenário positivo da economia mundial - o que foi catalisado pelo competente diplomacia comercial do país.
O país cresce pouco em 03 (1,15%), mas compensa isso em 04 (5,71%). Em 2005/2006 e vê às voltas com superávits gigantescos em conta corrente devido ao superávit na balança comercial e aí começa um processo de neutralização da dívida externa. Por outro lado, os spreads bancários estão altos, mas o crédito para os mais pobres é ampliado e a dívida é internalizada. O país nesse biênio, no entanto, cresce de forma medíocre (3,16% e 3,97%). Na política, o primeiro mandato de Lula termina manchado pela expulsão de algumas correntes do partido e de escândalos como o Mensalão. A desigualdade social, por outro lado diminui assim como os níveis de emprego e renda sobem pela primeira vez em décadas
Na conjuntura política, a intelectualidade de esquerda racha: Lula se torna uma obsessão; uns abraçam o lulismo como se fosse a última chance da esquerda brasileira, enquanto isso, outros assumem uma postura radical contra o Governo como se a chegada ao poder de um Governo verdadeiramente de esquerda no país dependesse de seu desalojamento. A figura de Lula perde as matizes nos meios esquerdistas: Torna-se o messias para uns e o demônio em pessoa para outros num cenário onde a direita não consegue, mesmo com todo o apoio da mídia, fazer outra coisa senão desenhar um crítica ratasqueira e muitas vezes preconceituosa
Lula se reelege e o Governo volta sua bateria para o mercado interno e com o PAC consegue crescimento de 5,67% e 5,08% do PIB, crescimento no emprego, na renda e mais queda na desigualdade social - o que, obviamente se materializa em um enorme popularidade. É o auge do governo Lula, o cenário de um mercado internacional aquecido e de um mercado interno funcionando alivia as tensões e alguns problemas como as estranhas concessões para o mercado financeiro passam desapercebidas num momento em que todos ganham.
Vem a Crise. Depois do pais gerar um superávit de mais de dois milhões de empregos de Janeiro a Novembro de 2008, em Dezembro a Crise Mundial passa a afetar o país e resulta num déficit de 600 mil empregos. A oposição de ambos os lados vê no catastrofismo a esperança de se contrapor ao Governo. Em 2009, o país recebe um choque pequeno em relação a muitas economias grandes de relativamente grande em relação a suas possibilidades - a taxa de juros de curto prazo, abaixada ontem para 8,75% ao ano, permanece incongruente com uma previsão de queda de 0,8% do PIB e uma projeção de inflação na casa de 5%. O desemprego, porém, cai e fica no patamar de 8%.
Para além da economia, o Governo vive pressionado em relação às suas alianças parlamentares. A mídia corporativa que faz às vezes de oposição destila um moralismo seletivo. A bola da vez são alianças de Lula no Nordeste. Antes de mais nada, não custa lembrar que o Lulismo teve sua importância cabal em varrer o esquema político Carlista da região com ACM ainda em vida. Fez isso se aliando com velhos aliados como a estrutura do PSB na região e com algumas oligarquias mais progressistas como os Gomes no Ceará, mas se aliou também aos Sarney e com figuras como Renan Calheiros ou Collor. Isso tudo é paradoxal; Lula não rompeu com a velha prática brasileira de ter um Governo instalado no centro-sul se aliando com oligarquias nordestinas por conveniências políticas, mas também o fez trazendo em contrapartida uma evolução social considerável na região.
Tais conveniências, claro, decorrem de uma política institucionalóide que não passa pelo crivo do desenvolvimento da democracia em sentido material nem pelo desenvolvimento das instituições propriamente ditas; o Lulismo tenta explorar toda a potencialidade das instituições e de um forma de fazer política que herdou de FHC, o que o faz ter avanços e ao mesmo tempo se torna refém político de figuras improváveis e porque não impossíveis. No Brasil, os governantes estão esquecidos e anestesiados em relação à violência que criou as instituições, ignoram a espada de Dâmocles que pesa sobre a sua cabeça, o Lulismo aceita a sua com devoção cristã, mas não lembra aos demais dirigentes dessa realidade, catalisando muito mal o apoio das massas que lhes são entusiastas.
No caso de Sarney, Lula sempre cedeu mais do que ganhou do Senador amapaense e desgasta desnecessariamente. No caso de um Collor, uma figura que foi a marionete útil de 89 e o bode expiatório da vez em 92, as coisas já são um pouco diferentes porque o Governo cedeu, no máximo, a foto divulgada de maneira espetaculosa por uma mídia corporativa hipócrita - afinal, quem elegeu Collor em 89, mesmo?
No âmbito do debate no meio esquerdista, prossegue a falsa dicotomia entre os racionalizadores das ações que o Governo enseja e os aqueles que acusam Lula até dos raios que acertam as árvores. A crítica, nesse momento, se encontra praticamente falida na Academia e nos meios de comunicação só dá sinais de vida em alguns lugares da Blogosfera ou, ocasionalmente, numa Carta Capital. Para além de apoios ou oposições, a esquerda tem de ter em mente que saídas simplórias que apontam Lula como a última bolacha do pacote ou o diabo em pessoa não explicam, nem de longe, esse momento histórico.
Hugo,
ResponderExcluirBelíssima análise!
O parágrafo que fecha o texto, sobre a posição da dita esquerda e do debate "Fla x Flu" (sei que você evita usar esse termo, mas é como vejo) é magistral.
Eu relativizaria a afirmação sobre "política institucionalóide". Ela serve, sem dúvida, às instituições "puramente" políticas, mas, na minha opinião, não se aplica, por exemplo, nas nomeações ao Judiciário ou às indicações ao Supremo. E disso vem minha única grande discordância com o texto: afirmar que "o Lulismo tenta explorar toda a potencialidade das instituições e de um forma de fazer política que herdou de FHC". Este não apenas instrumentalizou ao máximo as instituições judiciárias/legislativas, mas, no plano propriamente político, não submeteu seus apoiadores a medidas socializantes que contrariariam os interesses econômicos e a "ideologia" deles. Com FHC, o capital do Bolsa-Família estaria sendo usado para pagar juro (ou qualquer outra medida em benefício financeiro). Serra, aliás, defende exatamente essa mudança.
Poderia também ter comentado mais a respeito de política externa, educação e política cultural - áreas fortes do governo -, assim como da questão agrária e ambiental - pontos bem fracos.
Mas são detalhes em um ótimo texto, o melhor balanço que tive a chance de ler até agora da Era Lula.
Obrigado, Maurício. Pensei até em fazer um post menor, mas é coisa demais. Acho que nos fins do Governo de Lula deveríamos fazer um clube de leituras para tentar destrinchar essa esfinge que é o atual Governo - sozinhos, o máximo que dá é juntar alguns pontos, levantar algumas bolas.
ResponderExcluirabração.
Ótimo texto, Hugo.
ResponderExcluirAs ponderações levantadas são importantes para começar a se desenhar uma análise do governo Lula -- bem como o artigo do Maurício linkado no seu post.
Sempre defendi a análise quase que distinta dos dois governos, ainda que eles sejam indissociáveis em vários pontos. Mas, a começar pelos quadros (ministérios, secretarias, ações, planos e até governadores) do governo Lula I (2003-2006), muita coisa mudou do começo para cá. Isso fica claro na sua análise quando você trata das razões por trás do PIB que, à exceção de 2004 (graças a estilingada cambial de dois anos antes) foi medíocre no primeiro governo.
Ainda vai ser preciso sair das disputas partidárias (PSDB X PT, ou outros meios e fóruns, como a mídia) de curto prazo para poder assentar numa análise mais profunda do governo.
Abração
P.S. E obrigado pelo link, meu caro.
João,
ResponderExcluirQuando se fala em "Governo Lula", nós estamos lidando com uma série de variáveis assustadoras. Concordo a respeito desse verdadeira mudança de cena que se opera entre o primeiro e o segundo mandato. Em muito momentos, o Governo Lula tenta ser mais realista do que a realidade e não executa medidas possíveis, o PAC, por exemplo, veio com um atraso épico - mas o fato é que em todos os momentos em que ele se prestou a pensar um pouquinho e sair das falsos becos sem saídas administrativos do Governo FHC, ele alçou voos mais altos, dessa forma, da primeira para a segunda etapa creio que ficou claro para Lula que não apenas havia espaço como a necessidade de ousar um pouquinho mais.
abração
P.S.: Cara, aquela panorâmica que você fez deve ter sido um dos seus melhores posts e não está linkado aqui à toa: Ele é essencial para entender esse daqui.
Hugo,
ResponderExcluirUm excelente post, como sempre!
Em alguns aspectos acho que já é possível, sim, fazer uma idéia do legado _ ou dos legados _ do governo Lula para a História do Brasil. A diminuição das desigualdades sociais promovidas não só por políticas sociais como o Bolsa Família e o Pró-Uni, mas também pelo desenvolvimento de políticas públicas voltadas para o desenvolvimento _ ainda não consolidado, é verdade _ de um capitalismo de massas certamente serão alguns deles. Dezenas de milhões de brasileiros foram incluídos no mercado de consumo, o resultado foi o crescimento do mercado interno como poucas vezes se viu. Foi graças a esse crescimento que conseguimos enfrentar a crise mundial sem piores perdas econômicas.
Existe outro legado que ficará registrado para sempre nos livros de História e que não depende, necessariamente, de nenhum índice de desenvolvimento econômico ou social. É o fato de, pela primeira vez, um homem do povo, sem origem burguesa nem diploma de bacharel, ser alçado ao cargo máximo de Presidente do Brasil. E pelo voto! Lula não é só um presidente, mas o símbolo de um novo Brasil. Um país mestiço, sem preconceitos, justo e solidário. Um Brasil que não existe ainda, mas na figura de Lula parece perfeitamente possível.
Pessoalmente, também acredito que Lula fosse um pouco mais ousado em relação a política econômica. Por exemplo, tirando um pouco o foco da inflação em benefício de um maior crescimento econômico em 2005 e 2006. Outro ponto que poderia ter sido diferente é a boa vontade com relação aos banqueiros, foram extremamente beneficiados pelo desejo do governo de fortalecer o sistema bancário nacional. Parte dos lucros extraordinários do sistema financeiro poderia ter sido aproveitado em benefício de todos os brasileiros e não apenas dos banqueiros e sociedade anônima. Enfim, muitas críticas negativas ainda poderão ser feitas ao seu governo, Lula não é o presidente dos sonhos dos brasileiros, mas conseguiu fazer com que os brasileiros hoje possam sonhar com dias melhores.
Ainda resta um grande caminho pelo frente. Para que todos os avanços sociais conseguidos pelos brasileiros nestes quase sete anos de governo Lula sejam consolidados é fundamental a continuidade as políticas públicas do atual governo. Temo quem, caso o PSDB venha a ganhar as eleições do ano que vem, empreenda o desmonte dessas políticas tão logo assuma o poder. Desmonte que não será apenas político, mas também moral e histórico, como fez no do Rio Grande do Sul e com o legado de Marta Suplicy em São Paulo. A História do governo Lula também vai depender de quem os brasileiros elegerem para substituí-lo.
Edu,
ResponderExcluirSim, você lembrou bem, o fato de ter sido eleito no Brasil alguém de origem não oligárquica é um fato relevante - e profundamente incômodo nos meios direitistas e em alguns meios da esquerdistas, ainda que nesse último caso, seja de maneira velada.
Creio que o Governo Lula teve um papel importante ao tirar o país do viés oblíquo em que se encontrava no - tenso - ano de 2002 e de ter tidos alguns avanços. Perdeu oportunidades - e não foram poucas - seja na economia ou na política.
Como eu, honestamente, não acredito no quanto pior, melhor - do contrário, pediria votos para o PSDB -, não posso deixar de ter uma visão mais positiva do que negativa em relação a ele. Enfim, o Governo Lula precisa ser racionalmente superado, não ignorado ou posto para escanteio.
abração
P.S.: Te adicionei no Twitter.
Oi Hugo,
ResponderExcluirSeu texto "ponderações sobre governo Lula" com certeza bem elaborado, com vários "pontos" abordados, algumas críticas, mas simplifica as suas, iguala e aproximas as outras críticas (direita e esquerda) em prejuízo das críticas que vem da esquerda, de ativistas, grupos, militantes, movimentos sociais, trabalhadores, etc. Portanto vamos devagar com esse andor.
Lendo seu texto, vi que você fez uma análise e ponderações acerca do governo Lula que não mostra ou faz crítica contundente (política) acerca do governo Lula/PT.
Só isso (e não é pouca coisa) acredito, já prejudica sua "ponderação".
Acredito que para quem lutou, ajudou, participou, militou, da construção do PT, da CUT, uma análise do governo Lula, no mínimo deveria levar em conta o que era o PT e no que se transformou, com mais dedicação e atenção sobre certos pontos.
A mudança e giro das políticas do "partido dos trabalhadores", os desvios, a burocratização, os novos "métodos", o domínio de determinados grupos internos e seus interesses nada socialistas, as traições, capitulação ao jogo da "elite", opções, táticas?, enfim, coisas extremamente importantes para qualquer análise acerca do Lula e do PT, mais importante ainda (como eu disse) para quem lutou (e luta), participou, militou/ milita, socialistas, comunistas, ativistas, em movimentos sociais, movimento operário, sindicatos, para os trabalhadores(as), povo pobre, etc.
Para muita gente que nunca se envolveu nisso, ou nunca participou da luta, para quem não faz diferença estas coisas, de classe trabalhadora, de classismo, de socialismo, de comunismo, da independência política, talvez não saiba ou não faça diferença, e mesmo por vários outros motivos (ideológicos, teóricos, interesses, classe, ponto de vista, etc).
Por isso não analisamos um governo, menos ainda o do governo Lula e do PT/PCdoB, olhando unicamente ou preferencialmente pela gestão, pelos "pontos" (PIB, aprovação popular), planos ou programas, pastas, etc, ou comparando-os com outro governo (FHC por exemplo) que fez mais isso, mais aquilo. Pois Lula e PT não era para ser apenas mais um governo (gerente), masi uma gestão, ou "progressista", ou "melhor" que governo tal. Não, nada disso, e você sabe muito bem.
Poderíamos apontar até mais pontos "positivos" ou "avanços" do governo Lula, escrevermos páginas e páginas, defendê-lo, etc. Mas e aí?
Sabemos que apóia o governo Lula, que defende sua gestão, política e etc. E pelos seus textos vemos que não esconde isso. Bom, até aí, nenhum problema, cada um expõe seus motivos, objetivos, pontos de vista, e pronto.
Ponderações elogiosas dessa até o empresariado faz, até o Delfim Neto faz ponderação mais otimista e cheia de dados e explicações "econômicas" e "sociais", mostrando todos os avanços do governo Lula, seu amadurecimento, do PT, etc, etc.
Por isso eu disse que sua análise e explicações mostravam tão somente um ponto de vista de centro, e não de "esquerda", de alguém com postura ou posições socialistas.
E isso não foi rotular não, foi dizer o que vi e você mesmo reconhece e deixou claro anteriormente (me corrija se estiver errado), posto que no próprio texto você fala como alguém "acima" ou "de fora" de todo o espectro político, não é da direita, não é da esquerda (nem da "institucionalizada" nem da "radical"), obviamente não é socialista, não é classista (classe trabalhadora), enfim, fala como se fosse do centro. É pejorativo, então podemos considerá-lo progressista, solidário, um pensador acima destes rótulos?
Qualquer pessoa minimamente esclarecida disso que falei, ou que conheça a história do PT, da esquerda, o que é luta de classe, socialismo, vai perceber também.
Era esse um 1º ponto de discussão que considerei mais construtivo, e explicativo sobre discordâncias maiores e anteriores. Mas é pouco aqui..
Num outro post ponho a crítica dos "pontos" do texto em si, (como apontado por alguns) merece muito mais discussão e aportes, críticas, etc. Continuaremos ("avançaremos"). haha!!
Um grande abraço e até.
Hugo,
ResponderExcluirExcelente sua proposta de um "clube de... leituras?" para debatermos o gov. Lula. Vamos ver se levamos em frente.
A proposta do João é muito interessante e procedente - falar de dois governos Lula distintos. Em vários aspectos, o são.
Mas a idéia que realmente me encanta é a do Eduardo. A tremenda importância trans-histórica da eleição (e reeleição) de um homem não apenas vindo de baixo, mas mantenedor de um modo de ser profundamente representativo do "homem comum" brasileiro. Tenho restrições pontuais ao(s) governo(s) dele, mas quando leio comentários agressivos e plenos de ódio a Lula (coisa que tenho feito muito ultimamente, pois esse é o teor predominante dos comentários a meus artigos no OI), o que mais lamento é a estreiteza de espírito dessa gente, em não perceber a dimensão profunda da eleição de Lula - para não dizer do fato de ter conduzido não uma, mas duas administrações que têm suas falhas, mas são vitoriosas.
Hugo,
ResponderExcluirNo comentário que você fez no blog "Cinema e outras artes", distancia um pouco (que já acho bastante) deste aqui.
Lá você critica um pouco mais a "institucionalização" maio que exacerbada do PT.
"Essa guinada oficialistóide e (sur)realpolitikeira".
"Ele poderia sim ter aprofundado as conexões com os movimentos sociais, mas muito pelo contrário, ele se perdeu num institucionalismo besta e acabou em várias ocasiões refém de oligarcas e caciques políticos - que na verdade deveriam ser seus reféns".
Acredito que logo logo (depois de mais alguns mandatos do PT quem sabe) poderemos ver que realmente os maiores e melhores "avanços" não resoleveram, nem fizeram cócegas, nas tremendas desigualdades, misérias e explorações vividas pela grande maioria do povo.
Bom, exemplos de partidos de esquerda, socialistas, etc, que optaram por esta "tática" de serem governos (gerentes) para ajudar o povo, ou mudar o sistema, etc, temos aos montes na história. Não precisaríamos nem de ver o presente, nem de conjecturar muito sobre se pode ser este, o atual, o "diferencial", claro que não.
Como sabemos (e citado acima) governos "bem intencionados", "progressistas", que "mudaram a cara da economia", que fizeram grandes "concessões" aos trabalhadores e ao povo. Como o Getúlio, JK (nem tanto), foi "carregado nos braços", foi chamado o "pai do povo", mas nós sabemos que foi um gov. de direita, fascista mesmo em muitos momentos, e que governava era para a "elite" (burguesia).
Era a "mãe dos ricos".
Portanto vemos que vários "modos" e "jeitos" de se analisar um governo, escolha dos pontos, melhorias (bom, isso qse todos tem, alguma que seja), mas uma coisa é certa, sabemos que esse negócio (negócio mesmo) de humanizar o capitalismo é o maior papo furado.
Chega, perdi a noção (direção) do espaço etc.
Abraço e até.
Cícero,
ResponderExcluirA questão é que criticar uma coisa, em especial um Governo, significa identificar os elementos constitutivos dele e decidir diante disso - é justamente o que significa a palavra "crítica" na língua helênica, a técnica de distinguir tendo por finalidade decidir. Portanto, é fundamental levantar dados, fazer comparações e projeções.
Somos subjetivos e parciais por natureza, dessa forma, é necessário assumirmos uma postura metodológica - e ética - de distanciamento da questão para assim podermos especular a respeito dela - e assim conseguir fazer uma análise política que não se confunda com um discurso partidário, por exemplo.
Eis aí que eu chego no ponto que eu te coloquei no Twitter: Nesse processo não estou preocupado com eventuais rótulos ou classificações que venham a me colocar, centro, esquerda ou direita, isso não vem ao caso - até porquê a minha crítica também é direcionada justamente em relação a quem escapa à racionalidade, desconsiderando evidências empíricas em prol de uma metafísica histórica, o que é meio caminho para o socialismo reacionário.
Eu, pessoalmente, enxergo o espectro da esquerda como o campo político onde se reúnem aqueles que têm em vista a busca por uma solução que passe pelo crivo do bem coletivo e que, para tanto, esteja disposto a abrir mão de dogmas, hierarquias e misticismos - mesmo aqueles que lhes sejam mais caros.
abraços
Maurício,
ResponderExcluirMas de uma leitura...de conjunturas - o que me parece necessário, dada a tarefa homérica que é tentar analisar um Governo sozinho num post. Mas façamos adiante, claro, porque agora tudo é muito cedo.
Quanto ao Edu, felizmente ele voltou das férias para nos brindar com seus comentários, já estavam fazendo falta - e, sim, concordo com sua análise, é justamente contra esse ódio, essa irracionalidade que eu estou argumentando.
abraços
Hugo,
ResponderExcluirPeço sua licença, pois o Cícero me comunicou (via Twitter) que comentou meu post aqui e quero responder.
Como assim, Cícero, tirar 40 milhões de pessoas da pobreza e diminuir pela metade a mortalidade infantil não fizeram nem cócegas nas desigualdades? Menos, meu caro, menos.
Um pouco mais de senso de realidade e menos tergiversação (pseudo)esquerdista. Se não, não dá nem pra começar a conversa.
E aceite um conselho amigo: tome cuidado para que a repetição desses "argumentos" não sirva de combustível à direita, se não, aí é que você vai ver o que é não fazer nem cócegas no social.
Um abraço,
Maurício.
Cícero,
ResponderExcluirSobre o seu segundo comentário, o que eu coloquei ali é parte do que estava no post anterior, sobre o glorioso Gabeira, e que eu debati contigo e com o Miguel. Nem tudo cabe num post por maior que ele seja, mas os pontos estão levantados.
Discordo de muitos métodos adotados pelo Governo atual, como coloquei, em muitos momentos se optou por uma postura que valoriza o cálculo de poder - e se calculou mal em tantos outros -, mas não é com a ruptura total nesse exato momento que vamos sair do atoleiro. Há um terceiro caminho que muitos não estão enxergando nisso tudo.
Por fim, nossas perspectivas são um tanto diferentes, acredito no quanto pior, pior e que não será um povo faminto que fará a Revolução quando chegar o momento. No dia em que acreditar no contrário - e me desculpe a brincadeira - peço votos em massa para o Serra.
abraços