Sou mais um dos que ficaram chocados com o anúncio da hibernação do maravilhoso blog o Biscoito Fino e a Massa de Idelber Avelar. Alexandre Nodari, Maurício Caleiro e João Villaverde já escreveram excelentes posts sobre o fato, mas eu preciso pontuar algumas coisas.
Qualquer pessoa que conheça razoavelmente a blogosfera - e seja minimamente honesta - teria sérias dificuldades para não incluir o Biscoito como um dos três melhores blogs em língua portuguesa da atualidade. Eu, particularmante, o considero o melhor. Como eu assinalei na caixa de comentários do Consenso, só No Paredão, creio que a grande contribuição de Idelber para a blogosfera foi inovar não apenas no conteúdo - trazendo para blogosfera um conteúdo de alto nível com o texto refinado e acessível -, mas também na forma - explorando as potencialidades da blogagem ao extremo, linkando, montando redes, fomentando o debate na sua caixa e trazendo uma forma de debate que foge ao pedante e limitado debate nacional contemporâneo.
Eu, como boa parte de quem frequenta a blogosfera hoje, comecei a ler blogs naquele boom de 2007-08 e o fiz a partir do blog do Nassif, cujo trabalho já acompanhava desde a época da Gazeta. Através dele descobri uma série de outros blogs diretamente e por conta dele acabei achando o Biscoito de uma forma indireta, acidental e bizarra. Explico-me: Em uma das muitas contendas do Nassif contra um certo Reinaldo Azevedo, resolvi buscar informações sobre RA. Eu sempre procurei esvaziar aquela figura, mas um dia eu realmente precisei saber quem era Reinaldo Azevedo. Eis que eu procurei no Google e achei este post do Idelber desencando ele de uma forma genial. Tive a minha resposta e acabei descobrindo um blog que atendia aquilo que eu procurava na blogosfera - uma espaço de análise, reflexão e debate.
Isso foi no finalzinho de 2007 e de lá até o começo de 2008 só o acompanhei como leitor, ficava acanhado de comentar alguma coisa por lá, afinal, o hômi era um professor universitário que escrevia sobre tudo e eu, naquela época, era só um pobre diabo de um vestibulando. Mas em 2008, comecei a comentar e fui ficando por lá - e assisti o crescimento do Biscoito na blogosfera, o que a tornou um lugar consideravelmente melhor. Assim como Alexandre Nodari, reconheço que a minha concepção de blogosfera foi fortemente influenciada pelo Biscoito e, claro, isso tem muito a ver com este blog.
Respeito as motivações do Idelber, mais do que isso, sou solidário a ele: A blogagem consegue ser uma atividade incrivelmente prazerosa e, em outros momentos, um trabalho estressante ao extremo por tomar um tempo danado. Se a relação custo/benefício não está compensando, melhor dar uma paradinha mesmo. Ainda assim não posso de deixar torcer para que ele recarregue as baterias tão logo ou simplesmente mude de ideia de uma vez por todas e faça com que essa hibernação seja incrivelmente curta a ponto de nem sequer nos lembrarmos dela daqui a um ano - prontofalei. De qualquer modo, fica aqui o que eu coloquei no Alexandre e o Maurício assinalou no blog dele: A hibernação do Biscoito deixa um vácuo considerável na blogosfera brasileira.
Atualização de 12/08 às 15:50: O Bruno Pinheiro e o NPTO também postaram sobre o assunto.
Perfeito, Hugo,
ResponderExcluirConfesso que pouquíssimas vezes na minha vida um fato relacionado a uma pessoa que não conheço pessoalmente me deixou tão chateado. É como se tivéssemos perdido uma referência.
Algo essencial que me passou despercebido no meu post e que você assinala e eu gostaria de assinar embaixo é que, além do todos já dissemos, o que Idelber fez "foi inovar não apenas no conteúdo - trazendo para blogosfera um conteúdo de alto nível com o texto refinado e acessível -, mas também na forma - explorando as potencialidades da blogagem ao extremo, linkando, montando redes, fomentando o debate na sua caixa e trazendo uma forma de debate que foge ao pedante e limitado debate nacional contemporâneo".
Maurício,
ResponderExcluirSem dúvida. Não sei, ando sentindo um clima meio cinza na blogosfera do fim de julho para cá, pode ser só impressão minha, mas meio que isso se consolidou com o anúncio do Idelber.
Hugo, que bonito seu texto. O Idelber e o Biscoito merecem mesmo todo o reconhecimento e admiração. É uma pena que tenha pausado. Mas como não custa pedir eu assino embaixo do seu prontofalei! beijo
ResponderExcluirObrigado, Flávia. De fato - e de direito - ele merece - e espero que o meu prontofalei se concretize ;-)
ResponderExcluirBeijo
Cara, essa notícia foi uma bomba.Acho que a blogosfera vai perder muito com essa pausa do Idelber, porque, como disse o Alexadre Nodari no post dele, não são só o blog e as caixas de comentários que se perde, mas também a rede que ele ajudou a construir.O biscoito era um canal para debate qualificado que não encontra paralelo no Brasil. É um baque e tanto. Agora é hora de juntar os cacos...
ResponderExcluirUm abraço
Bruno,
ResponderExcluirPois é, o baque é grande mesmo, mas restam algumas redes e sub-redes decorrentes desses anos de Bicoito que podem se colaborar - ainda assim, fica um espaço enorme e bem claro bem ali no meio. É hora de juntar os cacos mesmo.
abração
Conheci o Biscoito também por acaso, numa indicação do google reader. Já conhecia o Idelber de vê-lo falando num congresso acadêmico.
ResponderExcluirTambém considero o Biscoito como um dos melhores blogs, e também fui leitor assíduo do Nassif antes de acompanhar o Idelber.
Fará falta, certamente. Mas talvez isso sirva para descobrirmos muita gente boa por aí, e diluírmos nossos comentários e leituras em outros blogs. O saldo pode ser positivo afinal.
André,
ResponderExcluirSim, essa - curta, espero - pausa do Biscoito pode aproximar um pouco mais a turma que se conhecia de lá e que tem blogs - enfim, pode melhorar o diálogo, ainda que isso ocorra em detrimento da ausência dese valioso referencial teórico e ético que é o Idelber, o que, ao meu pensar, traz mais consequências negativas do que positivas para a blogosfera. Mas é isso mesmo, no fim, temos de fazer trabalho de formiguinha para tentar diminuir o impacto e respeitar a decisão pessoal do Professor.
abraços