Sempre escutei essa pergunta do grande Antônio Abujamra, no seu Provocações. Eu sempre matutei para chegar a uma resposta razoável para ela e, hoje, diria que o destino humano é a obra, mas não qualquer obra, na verdade, aquela que transcenda o nosso tempo de vida e seja útil para os nossos semelhantes - ainda que os deixe tristes, como diria um certo A.Tarkovsky, mas que sirva para o seu engrandecimento intelectual, psicológico e, sobretudo, espiritual. Há quem pense diferente. Seria, por exemplo, possível desvincular de modo decisivo a nossa dimensão 'cultural' da nossa dimensão 'natural'? Não estaria a primeira fundada na segunda? Ou não? E se você que agora está me lendo, qual seria a sua resposta para a indagação primeira?
Walter Benjamin tem uma solução interessante para a questão. Para ele, a revolução implica, antes de tudo, uma transformação na natureza segunda do homem (o que v. chama de cultura, mas que incluiria, obviamente, a política, a economia, etc.), condição para a transformação que mais importa - e a mais difícil, na natureza primeira. Trocando em miúdos: é através da ação humana que se escreve ou modifica o destino. Abraço
ResponderExcluirAlexandre,
ResponderExcluirRealmente, eu usei cultura num sentido consideravelmente amplo, mas era mais uma forma de ilustrar esse dualismo que julgo fundamental para se tentar entender o homem. Gosto dessa solução de Benjamin.
abraço