sábado, 15 de outubro de 2011

15 de Outubro

Zizek em Wall Street
Vivemos uma época de inquietações. Da Primavera Árabe ao Democracia Real Já da Espanha, passando, agora, pelo Occupy Wall Street - a curiosa ocupação física dos arredores do maior centro financeiro americano que, agora, se espalhou por várias cidades americanas, algo surpreendente em um país que parecia condenado à inércia do fundamentalismo e dos protestos do Tea Party. Pelo parque Zucoti, situado no núcleo do centro financeiro, já passaram Naomi KleinSlavoj Zizek entre tantos outros. Hoje, 15 de Outubro, um protesto foi sincronizado em várias partes do globo - como, p.ex., na cidade maravilhosa, como nos conta o nosso Bruno Cava. O caso brasileiro, diante da crise que assola o mundo, é paradoxal: não estamos relativamente tão mal ao mesmo tempo em que a sensação de respiração presa, por aqui, é das piores. Se por um lado, as inquietações da crise mundial já chegam aqui e o modelo social-desenvolvimentista acusa seus fracos, por outro lado, não há, ainda, uma força capaz de catalisar nada efetivamente. A dita oposição à esquerda do atual Governo Federal, convenhamos, se fia em modelos vanguardistas e praticamente blanquistas. Não à toa, ele é insignificante. A luta passa por outros meios e não há nada mais a serviço da ordem do que, curiosamente, a esquerda partidária brasileira. Isso, é claro, também não exime o próprio PT de suas responsabilidades - como dizemos há tanto tempo, ou ele catalisa o que produziu ou vai ser engolido tão logo pelas próprias mudanças que ele se orgulha de ter produzido. A questão é saber para onde o vento vai, porque se a oposição não tem ideias e mesmo eleitoralmente vai mal, estamos diante do típico projeto suicida que se der certo nas urnas, resultará em frangalhos em um eventual governo. O Brasil e a América do Sul foram dos vetores mais pulsantes da última década, indo na contra-mão do mundo - o que não é estranho à região, embora pela primeira vez isso tenha sido bom -, mas agora vivemos um momento de perplexidade. É necessário, mais do que nunca, fazer poesia da tragédia.

2 comentários:

  1. "Pela primeira vez isso tenha sido bom". Acho que não.

    Andamos aproveitando brechas em crises dos países centrais para darmos nossos saltos de desenvolvimento. Nitidamente no período 1929-1945.

    Parece que na hora das crises aparecem as melhores oportunidades para a periferia do sistema.

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  2. André,


    Eu falei bom no sentido de combinar produção de riqueza com a construção de um ambiente político livre e sustentável. Isso nunca aconteceu antes. Seja o Varguimo ou o Peronismo não produziram um ambiente desses, não à toa, décadas mais tarde, a falta disso serviu de brechas para golpes de toda sorte. Não equipararia tais quadros.

    abraços

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