A recente edição da revista Veja traz mais uma reportagem que, de tão ruim e tendenciosa, agitou o debate público: Os Mistérios de Chalita. Dessa vez, no entanto, ela foge um pouco à regra da revista, expondo uma linha menos ideológica e mais propriamente partidarista. Apesar de que nessa peça não haja nada de formalmente estranho ao jornalismo praticado por aquele veículo - texto pobre, poucos fatos e muita beligerância -, causa estranheza, a um primeiro olhar, a figura que foi escolhida dessa vez: não foi um Che Guevara, nem sequer um Lula - arroz de festa no panteão vejóide -, mas sim um político de direita que nada mais é do que a face moderna do conservadorismo católico e, ao mesmo tempo, ainda é digno do mais sincero carinho dos conglomerados de ensino privado do país.
Por que isso? Simples: Chalita é não só desafeto pessoal de Serra como também aderiu a complexa coalizão Lulo-dilmista - ora vejam, Lula, sempre ele - e é até cogitado para ser o - ou um dos - candidatos governistas na capital paulista - segundo nos indica o simpático perfil de Chalita feito recentemente pela CartaCapital, que analisa o resultado das movimentações narradas, de forma não tão simpática, por aqui mesmo. A Veja, entre insinuações e desqualificações, mostrou uma tendência: está pouco ou nada disposta a aderir a candidatura de direita mais competitiva em São Paulo, pois prefere fechar com a oposição a apoiar um conservador que disputa o legado do "Lulismo" dentro dele. Talvez porque ache que no fim das contas a direita dentro do Lulismo não é capaz de domina-lo organicamente ou porque velhos acertos políticos ainda a obriguem a fechar com Serra.
O Lulismo, ainda ele, é a causa da peleja; ele, o eterno plano B do petismo que acabou por se tornar a expressão que, mais aproximadamente, consegue definir a complexa coalização social-desenvolvimentista que ora governa o país - embora o governo Dilma esteja mais próximo de um novo nacional-desenvolvimentismo mesmo. A direita que desertou à oposição demo-tucana não deixou de ser recompensada pelo que fez - ao contrário dos mais viscerais anti-lulistas, que perderam duramente as eleições, sobretudo no Senado -, o que representa o ponto mais controverso do legado de Lula: a convivência, dentro do mesmo programa, de projetos até mesmo antagônicos entre si, a presença do ex-tucano Chalita na coalizão é só mais uma peça nesse jogo.
Só que o próprio Lula, em pessoa, acalenta a possibilidade de lançar o Ministro da Educação Fernando Haddad como candidato a prefeito de São Paulo. Ou pelo menos é o que as declarações de bastidores e a presença conjunta dos dois no último Congresso da UNE sugere claramente. Dos maiores quadros intelectuais do partido da estrela, Haddad, um jurista formado pela prestigiosa Faculdade de Direito da USP - com mestrado em economia naquela mesma Universidade e ainda doutorado em Filosofia nela também - que se aproximou da cúpula do partido nos últimos anos, gozando de grande prestígio junto ao ex-presidente, sem perder a simpatia da esquerda do partido. É um nome interessantíssimo para oxigenação petista frente ao desgaste de nomes como Marta ou Mercadante. Qualquer acordo, em nome da governabilidade, que sustasse a candidatura autônoma do partido para a Capital Paulista, ao nosso ver, simplesmente esvazaria a sustentação daquilo que garante a própria manutenção do PT no poder. Ou alguém ainda tem dúvidas do que o acordão em Belo Horizonte significou para o PT-MG?
Enquanto isso, o PSDB segue perdido. Serra mostrou sua sombra de novo no ataque a Chalita, mas aceitará disputar uma eleição que tem grandes chances de perder? Ainda mais contra candidatos jovens e competitivos? E se ele não sair, quem o PSDB poderia indicar? Seja como for, um dos principais bastiões da direita paulistana já fez sua escolha e ela não é a de desembarcar do demo-tucanato, por mais ilógico que isso pareça hoje. Os motivos, reitero, podem ser muitos e ficam a cargo da imaginação do leitor. Mas que nesse momento Chalita é tão favorito a vencer o pleito quanto é o mais vulnerável dos candidatos pela super-exposição, isso, não resta dúvida. E o PT pode ir do céu ao inferno.
a Veja descobriu que Chalita é uma bicha fútil.
ResponderExcluire, assim, mudou de ramo e passa a concorrer com a Revista Contigo e a TiTiTi...
Ou pelo menos a sexualidade, a gestão na Secretaria de Educação de São Paulo e a curiosa produção literária dele não interessavam enquanto o mesmo era tucano. Talvez só não interesse ataca-lo pelas políticas educacionais que implementou, que nada destoam do que o referido semanário defende. Mas nem todo o bom-mocismo democrata cristão do mundo vão livra-lo de ser telhado numa disputa como a do que vem na capital paulista.
ResponderExcluirO então secretário Gabriel Chalita NADAAAAAAA fez enquanto esteve no cargo a não ser andar de helicóptero para cima e para baixo.
ResponderExcluirEsse senhor é tão favorável ao troca-troca (político)que em dois anos já está no terceiro partido.
Sem nenhuma identidade ideológica com nenhuma sigla, apenas o famoso interesse meramente de poder.
É deprimente ver uma nova liderança, com carisma, preparo e boa interlocução no governo se vendendo por algumas moedas de ouro. Assim como Judas. Por mim este senhor jamais teria ido para o PSDB.
São Paulo merece alguém íntegro na prefeitura.
Que realmente conheça nossos problemas e queira ser bem mais que um oportunista político.
Não queremos um senhor que usa a máquina católica para se eleger e passa o restante do tempo "trocando cartas" e sei lá o que mais entre amigos...
Elen,
ResponderExcluirO problema é que Chalita fez muita coisa enquanto esteve na Secretaria de Educação: ajudou a aprofundar o modelo privatista e excludente, no qual a carreira do magistério - assim como tudo que gira em torno da Escola Pública - foi sucateado em prol de conglomerados mercantis de ensino - nos quais entra quem pode pagar, mas cuja qualidade se restringe a uma formação unicamente voltada para o vestibular.
A escola pública paulista, por sua vez, acabou destinada a dar a formação paupérrima para os filhos dos pobres continuarem a ser pobres em funções laborais menores, mas nem o básico para isso consegue dar corretamente - ganham as editoras e esses mesmos conglomerados - que também exploram o mercado de apostilas que são licitados -, perde a sociedade.
Causa curiosidade, todavia, que enquanto Chalita esteve capitaneando esse processo no PSDB, que é o mesmo que está em curso atualmente, poucos tiveram a coragem de critica-lo - e, hoje, há quem o critique moralmente, o que a rigor não interessa, mas poucos discutem um A do projeto político que ele executou e executa.