Um dos meus hobbies favoritos e mais antigos é a leitura de revistas em quadrinhos. Sinceramente, acho uma das formas de expressão mais interessantes que o homem já inventou. Os quadrinhos não são uma mera união da literatura ao desenho e à pintura (em alguns casos), mas sim a convergência dessas formas de expressão em um único ponto, o que resulta numa coisa nova que excede as possibilidades expressivas e criativas das formas anteriores.
Claro, durante muito tempo, os quadrinhos foram rotulados como "arte menor" - ou nem isso e o pior era que esse rótulo fora aceito pelos próprios artistas da área por um bom tempo - até conseguir seu espaço. Não acho, no entanto, que os quadrinhos atingiram a sua maturidade como forma de arte, tampouco penso que já lhe é dado o devido reconhecimento pela sociedade, mas é óbvio que as coisas melhoraram muito nos últimos anos.
Os europeus foram responsáveis por grande parte desses avanços, em especial as escolas franco-belga e italiana - a primeira em especial pelo reconhecimento dado aos artistas da área -, mas há também de se ressaltar o trabalho dos americanos no sentido de transformar os quadrinhos num fenômeno de massa e industrial, consolidando-os como um entretenimento e fazendo com que muitos dos conceitos quadrinísticos extravasassem os seus limites partindo para outras mídias - como o cinema.
Há também o grande debate sobre se os mangás são mesmo quadrinhos ou se são um gênero diferente, o que na minha modesta opinião é uma grande bobagem; mangás possuem diferenças narrativas porque o sistema de escrita tradicional do Japão é logográfico e não alfabético, mas está tudo lá: A convergência entre desenhos e escrita - ainda que essa última seja fundada em princípios diferentes.
No Brasil, excetuando o exemplo bem-sucedido de Maurício de Sousa, boa parte dos artistas de talento tiveram de migrar para o exterior (pegue como exemplo um Mike Deodato Jr ou um Ivan Reis no mercado americano ou um Leo no mercado europeu) e nunca conseguimos criar uma estilo próprio de quadrinhos, nem no sentido artístico da coisa, muito menos no sentido industrial.
Isso tem a ver com as limitações econômicas do Brasil, afinal, se nem mesmo nos países ricos, a vida de um quadrinista é ou foi simples, aqui então nem se fala - ainda por cima com a concorrência perversa do material vindo de fora e publicado prioritariamente por muitas das editoras nacionais. Também tem a ver com as próprias limitações culturais do país e de preconceitos infantis.
Vivemos hoje um momento paradoxal: A indústria de quadrinhos mundial se vê às voltas com a pirataria via internet, onde o material pode ser baixado gratuitamente. Ao mesmo tempo que a Internet é uma benção, ela pode ser uma praga para indústria do entretenimento. Por outro lado, isso poderia facilitar a vida de artistas iniciantes em difundirem o seu trabalho. O nó górdio para eles, no entanto, é como fazer seu trabalho render dinheiro via internet. Para uma produção que tenha em vista propósitos meramente artísticos, os problemas acabaram, mas para quem visa a indústria do entretenimento, as coisas deram novas voltas e ainda não se resolveu nada, seria isso um indicativo dos novos tempos?
Não sou muito chegado em quadrinhos, mas sou chegado em tirinhas, acho uma excelente forma de expressar humor . Em apenas três quadros às vezes saem piadas ótimas. Sinceramente, eu só leio as últimas tirinhas do gibi da Turma da Mônica.
ResponderExcluirFala, Vinny. Eu também gosto muito de tirinhas. Minhas favoritas são Peanuts e Calvin & Haroldo, dá pra fazer coisas muito, mas muito legais com elas mesmo.
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