Hoje, Primeiro de Abril, comemoramos aqui, nas terras de Pindorama, o aniversário de uma revolução, mas não se espante com as idiossincrasias dela meu bom leitor: Ela foi uma revolução sem povo, mas como todos sabem, no nosso país, o povo é um mero detalhe. Aliás, essa revolução está completando hoje quarenta e cinco primaveras.
Pensei em escrever um texto sobre como essa revolução não foi tão revolucionária assim, pensei em escrever como o regime decorrente dela estagnou o país em tantos sentidos, pensei em escrever sobre o quanto esse regime foi covarde...ruminei, ruminei e ruminei até que desisti da empreitada.
Daí me ocorreu um insight: achei uns vídeos interessantes sobre como eram boas as coisas nos tempos da ditabranda que foi instaurada em virtude desse episódio. Imaginem, meus sapientíssimos leitores, que há algumas luas atrás – não muitas -, uma universidade incrustada no coração de nossa paulicéia ousou fazer vista grossa para o movimento estudantil e pagou caro por isso.
Imaginem mais que do isso: Que essa universidade tinha a ousadia de subverter o estado policialesco que reinava no país por meio da forma como funcionava sua comunidade, imaginem que ela tinha a ousadia de promover eleições para reitor enquanto não havia eleições para presidente – e em muitos casos nem para prefeitos -, imaginem que ela tinha a ousadia de trazer junto ao seu seio professores demitidos nas universidades estatais por desmandos políticos, imaginem que ela tinha a ousadia de estar a frente do tempo de seu país não por esnobismo ou por alguma síndrome vanguardista, mas sim porque se prestava a correr os riscos necessários para fazer seu povo perceber que não é um mero detalhe – até que ela cometeu o erro fatal de permitir um encontro de estudantes. Um encontro de estudantes. E essa foi a gota d'água.
Essa universidade foi violada. E como imagens falam mais do que palavras, aí vai:
(só peço, por obséquio, que tirem as crianças de perto do computador quando aparecerem as mensagens subversivas estampadas nos cartazes apreendidos)
http://www.youtube.com/watch?v=1QT94aSvF-k&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=P9AGedeSPu4&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=718T766fpQA&feature=related
O que me entristece é saber que hoje, ainda hoje, há quem escreva em editoriais que o que houve por aqui foi, na verdade, uma ditabranda - de uma maneira que dificulta compreender se foi em tom de saudosismo ou de projeto – e que essa mesma Universidade, há pouquíssimo tempo foi violada por si mesma - e continua o sendo, de certa maneira.
Hugo,
ResponderExcluirEste é um período que precisa ser lembrado e revisitado. Hoje é comum encontrar pessoas saudosas da ditadura, muitas nem viveram este período e mesmo assim reproduzem discursos mentirosos e sem nenhum embasamento na História.
Foi uma ótima idéia postar esses vídeos. Não conhecia nenhum deles e assisti com muito interesse.
lendo seu post até me arrependi um pouco do enfoque eu dei no meu post sobre o golpe. Assim como você eu também pensei em várias opções de como escrever e acabei publicando um texto sobre o apoio que a opinião pública deu ao Golpe e continuou dando durante os primeiros anos da ditadura. Um enfoque bastante diferente do que eu havia pensado inicialmente.
Prabéns pelo post. Os vídeos já estão nos meus favoritos!
Eduardo,
ResponderExcluirValeu cara, os vídeos são muito legais, bacana que você os tenha assistido - leia também o último texto que está linkado, vale a pena lê-lo. Vou lá dar uma passadinha no Conversa de Bar.
abraços;
Grande Hugo
ResponderExcluirEste tema realmente foi muito polemico e deixarei aqui minhas contribuições camarada
Bom, já que eles usaram essa palavra amrdita poderiam ter dito dfireto que isso aqui foi uma DITAMOLE. ( bem broxante heim )
E olha que essa expressão nem surgiu aqui no Brasil, huahua. Ela foi pronunciada num discurso pelo Excelentissimo Senhor Ditador Chileno Augusto PInochet. Ele disse algo como : '' Gostaria de esclarecer á nação de que o que está sendo realizado aqui é uma Ditabranda, pequenos atos de carater descentralizado para impedir a revolução da subversão''
Que delicia né? Realmente lá ocorreu uma ditabranda...
Essa mania pegou;...
Abraços cara
Grande Victor,
ResponderExcluirSobre a ditabranda, não há como não cair na tentação de subverter o velho ditado: Diga-me que tu parafraseias e eu te direi quem és. Aquilo foi simplesmente nojento e dá margem para imaginar muitas coisas - e nenhuma delas é muito agradável.
abraços e apareça sempre.