As dez notinhas de sempre:
1. O São Paulo meteu 3x0 no Cruzeiro num jogo coindicedentemente travado entra a ida e a volta das quartas de final da Libertadores onde os times também estão se enfrentando. Curiosamente, as duas equipes entraram com seus times titulares e o tricolor finalmente acordou e provou porque eu o coloquei entre os três favoritos ao título nacional - junto com o próprio Cruzeiro e com o Inter. Para a raposa, a única coisa boa do jogo de hoje que pode ter saído do jogo hoje é o aprendizado do que não deve, nem pode ser feito no jogo da volta da Libertadores.
2. O Santos meteu 3x1 num time do Corinthians que está com a cabeça na Copa do Brasil. Bacana ver o time santista marcando muitos gols, mas os dois últimos jogos não ilustram bem o que ele terá pela frente. O time do Parque São Jorge só poderá ser devidamente medido quando encerrar sua participação na Copa do Brasil - na provável final contra o Inter.
3. O Flamengo de Adriano ganhou do Atlético-PR em casa com direito até mesmo a gol do Imperador. Se o rubro-negro arrumar o ataque vai brigar sim pelo título. O time do Paraná, a despeito da boa participação na Copa do Brasil, está muito mal nesse início de campeonato e se bobear, cai.
4. O Fluminense foi ao Recife enfrentar o surpreendente Náutico e, na raça, quase arracou uma vitória preciosa, mas acabou sofrendo o gol de empate no último minuto. Verdade seja dita, a justiça foi feita porque os pernambucanos jogaram melhor. Não fosse a escalação errada de Kuki no lugar do jovem Anderson Lessa e talvez o Náutico teria saído vitorioso novamente de campo - no entanto, a equipe manteve a invencibilidade.
5. O Atlético-MG perdeu uma bela chance de chegar à liderança e empatou com o Santo André em Minas. São pontos como esses que não podem ser perdidos.
6. Botafogo e Sport, dois times que iniciaram tão bem a temporada e agora vivem um verdadeiro inferno astral, empataram em 2x2. É difícil prever o que vai acontecer de agora em diante, com o primeiro sem Maicosuel e o segundo perdido pela derrota na Libertadores - esse torneio tão duro que põe seus vitoriosos nas alturas e os seus derrotados no Inferno.
7. O Vitória de Carpegiani venceu o Grêmio pelo placar mínimo, o que prova tanto sua força em casa quanto as limitações do rival.
8. Num jogo quase desapercebido o Inter venceu o fraco Avaí e ampliou a vantagem para o segundo colocado. Alguém segura o Inter?
9.O Palmeiras saiu na frente do Barueri, mas tomou o empate: 2x2. Um fiasco.
10. O Goiás meteu 3x1 no Coritiba fora. O esmeraldino, treinado pelo bom Hélio dos Anjos, me parece uma equipe com algum talento, mas bastante desorganizada, o Coritiba está horroroso e é candidato ao rebaixamento.
domingo, 31 de maio de 2009
A Popularidade de Lula e a Crise
(Foto: José Cruz/ABr)
Hoje de manhã, recebi um e-mail- via uma das milhares de listas de e-mail nas quais eu estou incluído - falando da recuperação da popularidade do Governo Lula. O fato é que ela retornou aos patamares gigantescos em que se encontrava antes da Crise econômica mundial. A que se deve isso? Em primeiro lugar - e obviamente - porque o impacto de Crise no Brasil foi irrisório se comparado ao resto do mundo assim como as medidas do Governo foram vistas como exitosas pelos brasileiros. No entanto, há mais coisa no caldo, portanto, pensemos juntos.
Antes de mais nada, o que diabos seria uma crise? Encontrei algo bastante interessante no Afirmação Histórica dos Direitos Humanos do Professor Fábio Konder Comparato: A palavra tem suas origens lá atrás entre os gregos; ela vem do radical kri que dá origem ao verbo krinô e que, por sua vez, possui um significado ambivalente, implicando tanto na ideia de separar/distinguir quanto na de decidir/solucionar. Krisis, portanto, seria o substantivo que decorre desse verbo; trata-se do divisor de águas, o momento zero onde as coisas acontecem. Essa concepção vai ser trabalhada com mais propriedade por Hipócrates de Kós, o Pai da Medicina (460 a. C.-377 a.C.), que, define tal conceito como o momento preciso em que é possível discernir a doença e desvendar a sorte do doente (Comparato, op. cit., p.533).
A Economia, por sua vez, segundo os meus próprios - e humildes - conhecimentos na língua helênica, é o conjunto de regras (nomos é, na verdade, um falso cognato, e significa "lei" e não "norma", mas aqui tem um significado mais próximo de "regra" mesmo) que rege o ambiente comum (o oikós, que pode ser traduzido como "lar", mas é, na verdade, o ambiente em que se convive). Nada mais atual, principalmente se formos ponderar a dialética entre a nossa segunda e primeira natureza - que são cada vez mais indistinguíveis como nos joga na cara, cada vez mais, a problemática ambiental. Claro, é um conceito bastante complexo, talvez tomada hoje em dia muito mais pelo aspecto substancial (as relações de produção e de troca) do que pelo aspecto formal e material que o conceito, originalmente, expressa (as regras que estruturam essas relações). A grande dificuldade na análise econômica se materializa em dois fatores basilares: Nunca sabemos o tamanho e as características exatas do ambiente (oikós) sobre o qual falamos - ele é sempre uma estimativa, uma projeção - e apenas deduzimos as regras (nomos) que o regem.
Eis aí o significado do que é a Crise Econômica Mundial que esse pobre escrevinhador tem repetido incansáveis vezes nos últimos tempos sem os devidos pormenores: Ela é o momento zero, onde a velha ordem deixa de ser, mas ainda não há uma nova sendo - apenas se consubstanciando - enquanto os agentes - velhos e novos - estão em fermentação; essa ordem diz respeito àquela que decorre das regras que estruturam as relações de produção e troca em escala mundial. Crise, portanto, nunca é necessariamente "o fim" do ser, mas sim do estar, é a hora da metamorfose, a saída dolorosa do casulo.
Voltando para o quadro político-partidário brasileiro de hoje, a Oposição, talvez enganada, talvez enganando-se, viu nessa Crise Econômica a materialização da queda de Lula - coisa que ela nunca conseguiu promover por meio de uma agenda propositiva, mas que, quem sabe, o acaso pudesse fazer. Esqueceu ela que a Crise, por excelência, é uma faca de dois gumes; Lula poderia cair como poderia sair fortalecido, uma análise conjuntural mediana, no entanto, levava a crer que a primeira hipótese era um tanto mais improvável do que a segunda. É o que está se consolidando nesse momento. Novamente, a Oposição, à esquerda e à direita, apostou todas as suas fichas na Fortuna por lhe faltar Virtù e se submeteu aos seus imponderáveis ditames.
As coisas, claro, não são tão simples. O PT de hoje é um partido pior do que era há sete anos atrás. Partidos nem sempre pioram porque governam, mas o PT piorou por conta das suas profundas contradições internas, onde seus componentes, mecanicamente integrados, praticaram autofagia diante no afã de conquistarem a hegemonia - mais do que partidária, estatal. Lula, nesse momento, é a pedra angular tanto de seu partido quanto do nosso frágil sistema político; é o líder que colocou de maneira mais convincente a máscara do patriarcalismo bragantino; é o líder benevolente que paira sobre um sistema instável, onde os demais agentes se perdem ao invés de acharem os caminhos.
Diante do fracassos do PSDB e do PT também, Lula é quem resta. Até que ponto isso é bom?
Hoje de manhã, recebi um e-mail- via uma das milhares de listas de e-mail nas quais eu estou incluído - falando da recuperação da popularidade do Governo Lula. O fato é que ela retornou aos patamares gigantescos em que se encontrava antes da Crise econômica mundial. A que se deve isso? Em primeiro lugar - e obviamente - porque o impacto de Crise no Brasil foi irrisório se comparado ao resto do mundo assim como as medidas do Governo foram vistas como exitosas pelos brasileiros. No entanto, há mais coisa no caldo, portanto, pensemos juntos.
Antes de mais nada, o que diabos seria uma crise? Encontrei algo bastante interessante no Afirmação Histórica dos Direitos Humanos do Professor Fábio Konder Comparato: A palavra tem suas origens lá atrás entre os gregos; ela vem do radical kri que dá origem ao verbo krinô e que, por sua vez, possui um significado ambivalente, implicando tanto na ideia de separar/distinguir quanto na de decidir/solucionar. Krisis, portanto, seria o substantivo que decorre desse verbo; trata-se do divisor de águas, o momento zero onde as coisas acontecem. Essa concepção vai ser trabalhada com mais propriedade por Hipócrates de Kós, o Pai da Medicina (460 a. C.-377 a.C.), que, define tal conceito como o momento preciso em que é possível discernir a doença e desvendar a sorte do doente (Comparato, op. cit., p.533).
A Economia, por sua vez, segundo os meus próprios - e humildes - conhecimentos na língua helênica, é o conjunto de regras (nomos é, na verdade, um falso cognato, e significa "lei" e não "norma", mas aqui tem um significado mais próximo de "regra" mesmo) que rege o ambiente comum (o oikós, que pode ser traduzido como "lar", mas é, na verdade, o ambiente em que se convive). Nada mais atual, principalmente se formos ponderar a dialética entre a nossa segunda e primeira natureza - que são cada vez mais indistinguíveis como nos joga na cara, cada vez mais, a problemática ambiental. Claro, é um conceito bastante complexo, talvez tomada hoje em dia muito mais pelo aspecto substancial (as relações de produção e de troca) do que pelo aspecto formal e material que o conceito, originalmente, expressa (as regras que estruturam essas relações). A grande dificuldade na análise econômica se materializa em dois fatores basilares: Nunca sabemos o tamanho e as características exatas do ambiente (oikós) sobre o qual falamos - ele é sempre uma estimativa, uma projeção - e apenas deduzimos as regras (nomos) que o regem.
Eis aí o significado do que é a Crise Econômica Mundial que esse pobre escrevinhador tem repetido incansáveis vezes nos últimos tempos sem os devidos pormenores: Ela é o momento zero, onde a velha ordem deixa de ser, mas ainda não há uma nova sendo - apenas se consubstanciando - enquanto os agentes - velhos e novos - estão em fermentação; essa ordem diz respeito àquela que decorre das regras que estruturam as relações de produção e troca em escala mundial. Crise, portanto, nunca é necessariamente "o fim" do ser, mas sim do estar, é a hora da metamorfose, a saída dolorosa do casulo.
Voltando para o quadro político-partidário brasileiro de hoje, a Oposição, talvez enganada, talvez enganando-se, viu nessa Crise Econômica a materialização da queda de Lula - coisa que ela nunca conseguiu promover por meio de uma agenda propositiva, mas que, quem sabe, o acaso pudesse fazer. Esqueceu ela que a Crise, por excelência, é uma faca de dois gumes; Lula poderia cair como poderia sair fortalecido, uma análise conjuntural mediana, no entanto, levava a crer que a primeira hipótese era um tanto mais improvável do que a segunda. É o que está se consolidando nesse momento. Novamente, a Oposição, à esquerda e à direita, apostou todas as suas fichas na Fortuna por lhe faltar Virtù e se submeteu aos seus imponderáveis ditames.
As coisas, claro, não são tão simples. O PT de hoje é um partido pior do que era há sete anos atrás. Partidos nem sempre pioram porque governam, mas o PT piorou por conta das suas profundas contradições internas, onde seus componentes, mecanicamente integrados, praticaram autofagia diante no afã de conquistarem a hegemonia - mais do que partidária, estatal. Lula, nesse momento, é a pedra angular tanto de seu partido quanto do nosso frágil sistema político; é o líder que colocou de maneira mais convincente a máscara do patriarcalismo bragantino; é o líder benevolente que paira sobre um sistema instável, onde os demais agentes se perdem ao invés de acharem os caminhos.
Diante do fracassos do PSDB e do PT também, Lula é quem resta. Até que ponto isso é bom?
sexta-feira, 29 de maio de 2009
A Libertadores, a Copa do Brasil e as Desventuras de Luxa
Só ia abordar o que rolou essa no meio dessa semana amanhã, mas como as copas - Libertadores e do Brasil - estão chegando na reta final, é necessário abordar as coisas tão logo.
Na Copa do Brasil, pela primeira vez em anos, os favoritos do torneio parecem que vão realizar a final mesmo. Tirando a bizarra eliminação santista, eliminações bisonhas não foram muito recorrentes na atual edição e Inter e Corinthians estão com um pé a final - que seria de arrebentar. Sou completamente insuspeito em falar bem do Corinthians e mal do Vasco - meu time favorito no Rio -, mas acho tremendamente improvável uma classificação do time de São Januário. Do lado do Colorado, depois dos 3x1 na ida sobre um time limitado do Coritiba, tomo como menos improvável ainda a desclassificação do time do Beira-Rio.
Na Libertadores, o Cruzeiro teve mais volume de jogo contra o São Paulo, mas não soube transformar isso em gols, venceu por apenas 2x1 e abriu o flanco para o jogo do Morumbi - ainda que eu não acredite muito numa classificação tricolor, desconfiava de uma derrota pior, mas isso daí, convenhamos, é virável. O Grêmio foi lá e empatou contra o Caracas jogando um futebol bem miúdo, mas deve se classificar. O Estudiantes ganhou do Defensor fora de casa por 1x0 e suspeito que o raio não caia duas vezes no mesmo lugar; os argentinos passarão e chegarão fortes na semi.
O jogo que eu acompanhei com mais proximidade, por motivos óbvios, foi o do Palmeiras contra o Nacional de Montevideu no Palestra. O jogo passou longe de ser animador, seja do ponto de vista técnico ou da emoção e o time paulista saiu com um resultado desanimador de campo, um incolor, insípido e inodoro 1x1.
Houve quem questionasse bastante o fato de Luxemburgo ter escalado três zagueiros jogando em casa, no entanto, eu não iria tão longe; creio que já deveria estar superada essa história de que não é possível jogar no 3/5/2 e ser ofensivo ao mesmo tempo. O problema é o elenco palmeirense em si, seja qual for o esquema tático, e a maneira como Vandeco tem lidado com ele desde o título paulista de 08 e a profunda reformulação sofrida para essa temporada.
Se atendo na atual temporada, é bastante curioso o que aconteceu: Primeiro foi montado um time bastante jovem que dava indícios de não suportar a pressão, mas aí ele iniciou a temporada bem até começar a ter seus problemas, que foram virando uma bola de neve e nada do renomado treinador mudar essa situação, muito pelo contrário; o Palmeiras de hoje é uma equipe tão morosa e desanimada como era no final de 2008 e se não fosse pelo talento de Marcos - e aquele chutaço de Cleiton Xavier contra o Colo Colo -, já estaria eliminado aqui também.
Ontem, o time só tinha dois desfalques dentre prováveis titulares, Wendel, suspenso, pela ala-direita e Edmílson, contundido, pela zaga. O time começou de forma bem instável sem conseguir se impor no ataque com o trio Cleiton Xavier/Diego Souza/Keirrison bem marcado e alas completamente insuficientes. Logo no primeiro tempo, Luxemburgo resolveu alterar a equipe e falhou; ele não deveria ter sacado Souza, mas o fez para pôr Obina. Fabinho Capixaba foi acertadamente sacado para a equivocada entrada de Marquinhos - vejam só, dava para ter resolvido isso daí com uma alteração só, quem sabe, tirando apenas Fabinho para pôr Obina no ataque, passando assim Souza para a ala-direita. Também dava para não ter tirado Souza, mas sim um dos zagueiros se era o caso de Marquinhos ter entrado para pontar pela direita.
Com as modificações, mesmo que tenha passado a faltar meio-campo, o fato de ter povoado o ataque, foi o suficiente para apertar o frágil adversário; eram três zagueiros lá atrás, Pierre sozinho na marcação, D. Souza e C. Xavier na armação pelo meio, Marquinhos como um armador pela direita, Armero fazendo o mesmo pela esquerda e dois atacantes lá na frente. Mesmo com todos os seus rodopios e falta de objetividade, o Palmeiras, que saira do 3/4-1/2 (ou 3/4-2/1) para o 3/1-4/2, foi lá e anotou o seu golzinho, com Keirrison fazendo o pivô para Diego chutar forte e marcar o gol - contando com a falha do goleiro adversário.
Depois, me aparece Luxembrugo e saca Keirrison para pôr Jumar - uma modificação daquelas que destroem qualquer time no mundo - e a equipe vai para 3/2-4/1, se atrapalha e toma um gol em mais um momento de paralisia cerebral de sua defesa. Jumar, só para não passar batido, é outra invenção de Luxemburgo; arquétipo de volante brucutu, só ocupa espaço em campo e ao ser colocado no lugar do craque do time - que apesar da má fase, deu o passe para o gol - só pode significar que o treinador não quer mesmo vencer o jogo.
O Nacional é um time horroroso, mas em casa pode assegurar a vaga sim. O Palmeiras, pelo seu lado, tem limitações inegáveis no seu elenco, mas poderia estar jogando bem melhor do que isso. Pelo clima depois do jogo de ontem, no entanto, é bem difícil imaginar a equipe revertendo isso daí. A quarta era Luxemburgo no Palestra, que já se arrasta há alguns meses, parece próxima do fim ou de uma virada milagrosa na sua sorte. Seja como for, ontem Luxemburgo teve uma noite de técnico de várzea.
Na Copa do Brasil, pela primeira vez em anos, os favoritos do torneio parecem que vão realizar a final mesmo. Tirando a bizarra eliminação santista, eliminações bisonhas não foram muito recorrentes na atual edição e Inter e Corinthians estão com um pé a final - que seria de arrebentar. Sou completamente insuspeito em falar bem do Corinthians e mal do Vasco - meu time favorito no Rio -, mas acho tremendamente improvável uma classificação do time de São Januário. Do lado do Colorado, depois dos 3x1 na ida sobre um time limitado do Coritiba, tomo como menos improvável ainda a desclassificação do time do Beira-Rio.
Na Libertadores, o Cruzeiro teve mais volume de jogo contra o São Paulo, mas não soube transformar isso em gols, venceu por apenas 2x1 e abriu o flanco para o jogo do Morumbi - ainda que eu não acredite muito numa classificação tricolor, desconfiava de uma derrota pior, mas isso daí, convenhamos, é virável. O Grêmio foi lá e empatou contra o Caracas jogando um futebol bem miúdo, mas deve se classificar. O Estudiantes ganhou do Defensor fora de casa por 1x0 e suspeito que o raio não caia duas vezes no mesmo lugar; os argentinos passarão e chegarão fortes na semi.
O jogo que eu acompanhei com mais proximidade, por motivos óbvios, foi o do Palmeiras contra o Nacional de Montevideu no Palestra. O jogo passou longe de ser animador, seja do ponto de vista técnico ou da emoção e o time paulista saiu com um resultado desanimador de campo, um incolor, insípido e inodoro 1x1.
Houve quem questionasse bastante o fato de Luxemburgo ter escalado três zagueiros jogando em casa, no entanto, eu não iria tão longe; creio que já deveria estar superada essa história de que não é possível jogar no 3/5/2 e ser ofensivo ao mesmo tempo. O problema é o elenco palmeirense em si, seja qual for o esquema tático, e a maneira como Vandeco tem lidado com ele desde o título paulista de 08 e a profunda reformulação sofrida para essa temporada.
Se atendo na atual temporada, é bastante curioso o que aconteceu: Primeiro foi montado um time bastante jovem que dava indícios de não suportar a pressão, mas aí ele iniciou a temporada bem até começar a ter seus problemas, que foram virando uma bola de neve e nada do renomado treinador mudar essa situação, muito pelo contrário; o Palmeiras de hoje é uma equipe tão morosa e desanimada como era no final de 2008 e se não fosse pelo talento de Marcos - e aquele chutaço de Cleiton Xavier contra o Colo Colo -, já estaria eliminado aqui também.
Ontem, o time só tinha dois desfalques dentre prováveis titulares, Wendel, suspenso, pela ala-direita e Edmílson, contundido, pela zaga. O time começou de forma bem instável sem conseguir se impor no ataque com o trio Cleiton Xavier/Diego Souza/Keirrison bem marcado e alas completamente insuficientes. Logo no primeiro tempo, Luxemburgo resolveu alterar a equipe e falhou; ele não deveria ter sacado Souza, mas o fez para pôr Obina. Fabinho Capixaba foi acertadamente sacado para a equivocada entrada de Marquinhos - vejam só, dava para ter resolvido isso daí com uma alteração só, quem sabe, tirando apenas Fabinho para pôr Obina no ataque, passando assim Souza para a ala-direita. Também dava para não ter tirado Souza, mas sim um dos zagueiros se era o caso de Marquinhos ter entrado para pontar pela direita.
Com as modificações, mesmo que tenha passado a faltar meio-campo, o fato de ter povoado o ataque, foi o suficiente para apertar o frágil adversário; eram três zagueiros lá atrás, Pierre sozinho na marcação, D. Souza e C. Xavier na armação pelo meio, Marquinhos como um armador pela direita, Armero fazendo o mesmo pela esquerda e dois atacantes lá na frente. Mesmo com todos os seus rodopios e falta de objetividade, o Palmeiras, que saira do 3/4-1/2 (ou 3/4-2/1) para o 3/1-4/2, foi lá e anotou o seu golzinho, com Keirrison fazendo o pivô para Diego chutar forte e marcar o gol - contando com a falha do goleiro adversário.
Depois, me aparece Luxembrugo e saca Keirrison para pôr Jumar - uma modificação daquelas que destroem qualquer time no mundo - e a equipe vai para 3/2-4/1, se atrapalha e toma um gol em mais um momento de paralisia cerebral de sua defesa. Jumar, só para não passar batido, é outra invenção de Luxemburgo; arquétipo de volante brucutu, só ocupa espaço em campo e ao ser colocado no lugar do craque do time - que apesar da má fase, deu o passe para o gol - só pode significar que o treinador não quer mesmo vencer o jogo.
O Nacional é um time horroroso, mas em casa pode assegurar a vaga sim. O Palmeiras, pelo seu lado, tem limitações inegáveis no seu elenco, mas poderia estar jogando bem melhor do que isso. Pelo clima depois do jogo de ontem, no entanto, é bem difícil imaginar a equipe revertendo isso daí. A quarta era Luxemburgo no Palestra, que já se arrasta há alguns meses, parece próxima do fim ou de uma virada milagrosa na sua sorte. Seja como for, ontem Luxemburgo teve uma noite de técnico de várzea.
quinta-feira, 28 de maio de 2009
CONFECOM
Este blog apoia a CONFECOM, a I Conferência Nacional de Comunicação, convocada pelo Presidente Lula e que será realizada em Dezembro. Suas origens repousam nas lutas dos movimentos sociais contra a estrutura midiática oligopolizada desse Brasil varonil que habitamos - como melhor explicam a Flávia Brites no blog que ela montou sobre a CONFECOM, o Liberdade de Expressão e o nosso amigo Eduardo Prado no seu Conversa de Bar.
Como já foi externado reiteradas vezes aqui n'O Descurvo, a questão da Mídia é nevrálgica no mundo contemporâneo; vivemos numa época onde a produção se desmaterializa e o capitalismo financeiro, como expõe a atual Crise Mundial, está em vias de extinção. Em seu lugar, está se estabelecendo uma nova era, onde o dado informacional ganha cada vez mais valor em si mesmo; informação está deixando de ser meio para o poder para ser poder em si; o dado monetário se informatiza e a diferença entre os dinheiro e informação se estreita cada vez mais, suscitando uma convergência logo ali na frente.
Quando vemos casos como o de Daniel Dantas, estamos diante desse fenômeno; antes mesmo da batalha por corações e mentes disputada na Mídia, a briga anterior era a de um banqueiro fazendo uso de uma estratégica "agressiva" para conquistar terreno na Mídia. Dantas pode ser muitas coisas, mas burro, ele não é mesmo, muito pelo contrário: DD viu essa convergência no horizonte e resolveu chegar lá primeiro, não importando como.
Isso é emblemático e nos serve de alerta: Se aqueles que acreditam na Democracia não fizerem um esforço para chegar nesse horizonte e fincar a sua bandeira, alguém há de chegar lá primeiro. Somos um país que, relativamente às nossas idiossincrasias, parece destinado a algo mais tenebroso do que no resto do mundo; o Brasil é um lugar que possui - e é possuído por - uma Mídia oligopolizada e controlada por grupos econômicos familiares - que se confundem com suas propriedades de tal forma que é difícil dizer se são famílias que são empresas ou empresas que são famílias -, portanto, nosso destino na Era da Informação, sem a devida mobilização, é de trevas muito densas.
A tarefa que temos adiante não é fácil, mas não podemos esmorecer nem nos curvarmos na falácia da suposta realidade como eu abordei aqui há pouco; nós, humanos, não compreendemos o real em sua totalidade, tudo que conhecemos existe, mas nem tudo que existe é conhecido por nós; a realidade é uma contínua construção que os humanos, em maior ou em menor grau, tomam parte e nem ao menos têm o conhecimento pleno dele em toda a sua complexidade; o uso de uma suposta realidade como limitador da ação política e justificador dos crimes praticados pelo Poder é inteiramente sofismático e terrivelmente sofismático nos nossos dias. Destarte, não nos enganemos, olhemos através das coisas e sigamos adiante.
Como já foi externado reiteradas vezes aqui n'O Descurvo, a questão da Mídia é nevrálgica no mundo contemporâneo; vivemos numa época onde a produção se desmaterializa e o capitalismo financeiro, como expõe a atual Crise Mundial, está em vias de extinção. Em seu lugar, está se estabelecendo uma nova era, onde o dado informacional ganha cada vez mais valor em si mesmo; informação está deixando de ser meio para o poder para ser poder em si; o dado monetário se informatiza e a diferença entre os dinheiro e informação se estreita cada vez mais, suscitando uma convergência logo ali na frente.
Quando vemos casos como o de Daniel Dantas, estamos diante desse fenômeno; antes mesmo da batalha por corações e mentes disputada na Mídia, a briga anterior era a de um banqueiro fazendo uso de uma estratégica "agressiva" para conquistar terreno na Mídia. Dantas pode ser muitas coisas, mas burro, ele não é mesmo, muito pelo contrário: DD viu essa convergência no horizonte e resolveu chegar lá primeiro, não importando como.
Isso é emblemático e nos serve de alerta: Se aqueles que acreditam na Democracia não fizerem um esforço para chegar nesse horizonte e fincar a sua bandeira, alguém há de chegar lá primeiro. Somos um país que, relativamente às nossas idiossincrasias, parece destinado a algo mais tenebroso do que no resto do mundo; o Brasil é um lugar que possui - e é possuído por - uma Mídia oligopolizada e controlada por grupos econômicos familiares - que se confundem com suas propriedades de tal forma que é difícil dizer se são famílias que são empresas ou empresas que são famílias -, portanto, nosso destino na Era da Informação, sem a devida mobilização, é de trevas muito densas.
A tarefa que temos adiante não é fácil, mas não podemos esmorecer nem nos curvarmos na falácia da suposta realidade como eu abordei aqui há pouco; nós, humanos, não compreendemos o real em sua totalidade, tudo que conhecemos existe, mas nem tudo que existe é conhecido por nós; a realidade é uma contínua construção que os humanos, em maior ou em menor grau, tomam parte e nem ao menos têm o conhecimento pleno dele em toda a sua complexidade; o uso de uma suposta realidade como limitador da ação política e justificador dos crimes praticados pelo Poder é inteiramente sofismático e terrivelmente sofismático nos nossos dias. Destarte, não nos enganemos, olhemos através das coisas e sigamos adiante.
segunda-feira, 25 de maio de 2009
O Teste Nuclear Norte-Coreano
Hoje, a Coreia do Norte realizou um teste nuclear subterrâneo, o que provocou um terremoto de, aproximadamente, 4,7 graus na escala Richter. Apesar dos dados serem ainda bem desencontrados, alguns especialistas apontam que as bombas detonadas poderiam ter a mesma potência das bombas que devastaram Hiroshima em 46.
Isso aqui é apenas um episódio na longa história que envolve a península coreana. Nem vou me ater à milenar saga do povo local e sua cultura tão singular; Fiquemos pelo século 20º mesmo, já é mais do que o suficiente. A península, como é sabido, foi invadida e ocupada pelo Império Japonês entre 1910 e 1945, libertando-se apenas por meio da cruenta vitória aliada no Pacífico.
A paz, mesmo assim, não viria com o fim do domínio colonial nipônico, afinal, a península acabou dividida em duas, bem no paralelo 38: Ao norte os soviéticos, ao sul os americanos. Em 1948, sob o patrocínio de seus libertadores, são proclamadas tanto a República da Coreia - ao sul - quanto a República Democrática Popular da Coreia - ao norte. A primeira, um Estado fantoche dos Estados Unidos, a segunda, uma marionete soviética.
Em pouco menos de dois anos, a tênue paz cai por terra e é travada a sanguinolenta Guerra da Coreia; as forças do norte cruzam o paralelo 38, as tropas das Nações Unidas lideradas pelos EUA reagiram e avançaram para o norte, envolvendo A União Soviética e, em especial, a China pós-revolucionária. Os americanos conseguiram tal vitória no Conselho de Segurança da ONU na medida em que, à época, os soviéticos estavam boicotando a instituição e, sem o seu veto, ocorreu a deliberação em favor da invasão da Coreia do Norte - lembrando que a China Popular não tinha assento nas Nações Unidas, sendo os nacionalistas, exilados em Taiwan, os representantes do país.
No fim das contas, graças aos jatos soviéticos Mig-15 e a participação das tropas chinesas no solo, as forças pró-americanas recuaram para o sul. O General Mac Arthur, vendo-se às voltas com um empate técnico, defendeu um bombardeio nuclear contra a China Popular, mas foi rechaçado pelo próprio governo americano, na medida que tal ação provocaria, invariavelmente, uma guerra nuclear contra os soviéticos. Diante desse impasse, tivemos, finalmente o cessar-fogo que dura até hoje.
Não custa lembrar que os fatos narrados, em apertada síntese, nesses dois últimos parágrafos duraram três longos anos onde morreram por volta de três milhões de seres humanos. De lá para cá, as duas coreias ficaram divididas e foram reconstruídas com dinheiro de seus apoiadores, ou melhor, de seus criadores.
A Coreia do Norte, nos anos posteriores, se estabelece sob a égide do chamado socialismo juche: Uma suposta versão local de socialismo que teria sido idealizada pelo seu líder supremo, Kim Jong-nam, mas que, na verdade, nunca passou de uma cópia equizofrênica do stalinismo - pois é, os norte-coreanos provaram que isso é possível. Provavelmente o trauma e a xenofobia decorrente da guerra ajudou essa insanidade coletiva a se consolidar.
Em seguida, o país prosperou materialmente às custas dos subsídios de Moscou e entrou no mesmo turbilhão dos demais países socialistas quando da queda da União Soviética. Nos anos 90, o país cai na órbita de influência chinesa, de quem passa a depender cada vez mais; a Coreia do Norte é, mais do que um totalitarismo digno de pastelão, um modelo economicamente inviável que nunca sobreviveu sem ajuda de nenhuma outra potência.
Por outro lado, a Coreia do Sul, ajudada pelos seus aliados americanos, se torna uma potência tecnológica e avança prodigiosamente ao longo das últimas décadas num processo não muito diferente daquilo que aconteceu com a antiga Alemanha Ocidental nos tempos da Guerra Fria. Mais do que isso, os EUA se mantêm firmes e fortes na região, seja por meio das inúmeras bases em território sul-coreano e japonês, seja pela poderosa 7ª Frota de sua Marinha, estacionada no Mar do Japão desde os tempos da Guerra da Coreia. O foco americano, hoje, com o fim da União Soviética, não é a Rússia, mas sim a China, segunda maior potência econômica mundial.
Para se ter uma ideia, no fim dos anos 90, o governo norte-coreano abriu mão de suas ambições nucleares em troca de petróleo a ser fornecido pelos americanos. Claro, ele foi traído pela administração Bush, mas de onde eles tiraram forças - e abastecimento energético - para desenvolver seu sistema de mísseis e sua tecnologia nuclear? Simples: Da China. Não nos enganemos, per se, os norte-coreanos não têm poder para nada, se Pequim acordar de mau humor e cortar o abastecimento energético do país, acabou-se a Coreia do Norte.
Por óbvio, chineses não agirão diretamente contra os Estados Unidos, mas por que não fazê-lo por meio de peões como fazem os próprios americanos? Não será muita coincidência que os iranianos, de repente, também estejam tendo avanços miraculosos na mesma área?
Enfim, isso não tem nada a ver com a Democracia ou Direitos Humanos, mas sim com o jogo sujo das potências, um resíduo claro de tempos remotos que permanece vivo ainda hoje graças ao descalabro dos Estados Unidos: Um país extremamente desenvolvido e rico, o único capaz de mudar a sorte triste da humanidade, mas que se mostra muito pouco preocupado em construir um sistema global, posto que a Guerra, admita-se ou não, é do interesse de muitos dos grupos que, nesse exato momento, ocupam o poder de fato por aquelas bandas.
Nesse sentido, o mundo prossegue na mesma agonia das últimas seis décadas: O fantasma da obliteração nuclear continua a rondar as nossas vidas graças a esperteza estúpida dos malandros da realpolitik.
domingo, 24 de maio de 2009
A Terceira Rodada do Brasileirão
Como sempre, as dez notas sobre a rodada do Brasileirão (desta vez, um pouco mais cedo do que de costume):
1. No clássico da rodada, Palmeiras x São Paulo protagonizaram uma partida pedante e equilibrada assim como no jogo entre eles no Paulistão. O placar foi emblemático: OxO. Ainda assim, o São Paulo foi ligeiramente melhor e Marcos provou a excelente fase em que se encontra. Por outro lado, Keirrison, manteve a péssima fase e o juíz não viu o pênalti em cima de Diego Souza.
2.Mesmo cansado e ressacado pela (dura) classificação na Copa do Brasil, o Inter foi à Goiânia com seu mistão e bateu o Goiás. Por enquanto, o colorado é o time a ser batido nesse campeonato. Desde o Cruzeiro em 2003, eu não via uma equipe entrar num Brasileirão com tamanha superioridade em relação aos rivais. Temos de esperar para ver se e como o Inter vai perder jogadores quando a maldita janela europeia for aberta, caso nada mude de forma tão radical assim, vai ser difícil segurar o time gaúcho.
3.O Náutico enfiou 3x2 no Atlético-PR em Curitiba e assumiu a vice-liderança do torneio. Convenhamos que essa tem sido uma temporada estranha para o time pernambucano: Se as contratações feitas no início da temporada, eram indícios de uma boa campanha logo de cara, os péssimos resultados no primeiro trimestre foram uma ducha de água fria para o Brasileirão. De repente, a equipe cismou em jogar tudo o que não jogou o ano inteiro nesses últimos três jogos. Ainda é cedo, mas e a queda certa do time já pode ser posta em dúvida por usa torcida.
4.O Santos, em crise, foi ao Maracanã enfrentar um Fluminense ressacado pela eliminação na Copa do Brasil. Acabou enfiando uma goleada. 4x1. Foi algo surpreendente, mas o peixe precisa ganhar mais consistência para brigar pelo título.
5.O Cruzeiro, com dois belos gols de Kléber, bateu o Vitória e provou mais uma vez ser uma das boas equipes desse torneio.
6.O Grêmio, na estreia de Paulo Autuori, venceu seu primeiro jogo no Brasileirão. Será que agora virá a tão sonhada estabilidade que tem faltado à equipe ao longo desse ano? O Botafogo, por sua vez, está devagar, quase parando.
7.O Corinthians, como era de se esperar, venceu o Barueri sem dificuldades.
8.O Atlético-MG prossegue fazendo uma boa temporada como ilustra a vitória sobre o Sport, em Recife por 3x2. Esse ano, a única coisa errada que aconteceu com o Galo foi aquela inexplicável goleada sofrida para o Cruzeiro na final do Mineiro. Isso atrapalhou o time na Copa do Brasil e, pela rivalidade que há entre as equipes, deu na queda de Leão. Celso Roth pegou um trabalho montadinho e só deu continuidade. É só o time não tremer de novo diante do rival para as coisas darem certo. O Sport vai mal no Brasileirão, possivelmente ressacado pela eliminação na Libertadores.
9.O Flamengo, com dois gols de Josiel, bateu o Santo André. Se Cuca conseguir acertar o ataque o time carioca, ao contrário do que eu previa inicialmente, pode brigar pelo título. Ele tem aí a contratação de Adriano e um recuperável Josiel nas mãos. Será que vai?
10.Avaí 2x2 Coritiba talvez tenha sido o pior jogo da rodada. Se esses dois não tomarem cuidado, vão se ver às voltas com o rebaixamento.
1. No clássico da rodada, Palmeiras x São Paulo protagonizaram uma partida pedante e equilibrada assim como no jogo entre eles no Paulistão. O placar foi emblemático: OxO. Ainda assim, o São Paulo foi ligeiramente melhor e Marcos provou a excelente fase em que se encontra. Por outro lado, Keirrison, manteve a péssima fase e o juíz não viu o pênalti em cima de Diego Souza.
2.Mesmo cansado e ressacado pela (dura) classificação na Copa do Brasil, o Inter foi à Goiânia com seu mistão e bateu o Goiás. Por enquanto, o colorado é o time a ser batido nesse campeonato. Desde o Cruzeiro em 2003, eu não via uma equipe entrar num Brasileirão com tamanha superioridade em relação aos rivais. Temos de esperar para ver se e como o Inter vai perder jogadores quando a maldita janela europeia for aberta, caso nada mude de forma tão radical assim, vai ser difícil segurar o time gaúcho.
3.O Náutico enfiou 3x2 no Atlético-PR em Curitiba e assumiu a vice-liderança do torneio. Convenhamos que essa tem sido uma temporada estranha para o time pernambucano: Se as contratações feitas no início da temporada, eram indícios de uma boa campanha logo de cara, os péssimos resultados no primeiro trimestre foram uma ducha de água fria para o Brasileirão. De repente, a equipe cismou em jogar tudo o que não jogou o ano inteiro nesses últimos três jogos. Ainda é cedo, mas e a queda certa do time já pode ser posta em dúvida por usa torcida.
4.O Santos, em crise, foi ao Maracanã enfrentar um Fluminense ressacado pela eliminação na Copa do Brasil. Acabou enfiando uma goleada. 4x1. Foi algo surpreendente, mas o peixe precisa ganhar mais consistência para brigar pelo título.
5.O Cruzeiro, com dois belos gols de Kléber, bateu o Vitória e provou mais uma vez ser uma das boas equipes desse torneio.
6.O Grêmio, na estreia de Paulo Autuori, venceu seu primeiro jogo no Brasileirão. Será que agora virá a tão sonhada estabilidade que tem faltado à equipe ao longo desse ano? O Botafogo, por sua vez, está devagar, quase parando.
7.O Corinthians, como era de se esperar, venceu o Barueri sem dificuldades.
8.O Atlético-MG prossegue fazendo uma boa temporada como ilustra a vitória sobre o Sport, em Recife por 3x2. Esse ano, a única coisa errada que aconteceu com o Galo foi aquela inexplicável goleada sofrida para o Cruzeiro na final do Mineiro. Isso atrapalhou o time na Copa do Brasil e, pela rivalidade que há entre as equipes, deu na queda de Leão. Celso Roth pegou um trabalho montadinho e só deu continuidade. É só o time não tremer de novo diante do rival para as coisas darem certo. O Sport vai mal no Brasileirão, possivelmente ressacado pela eliminação na Libertadores.
9.O Flamengo, com dois gols de Josiel, bateu o Santo André. Se Cuca conseguir acertar o ataque o time carioca, ao contrário do que eu previa inicialmente, pode brigar pelo título. Ele tem aí a contratação de Adriano e um recuperável Josiel nas mãos. Será que vai?
10.Avaí 2x2 Coritiba talvez tenha sido o pior jogo da rodada. Se esses dois não tomarem cuidado, vão se ver às voltas com o rebaixamento.
sábado, 23 de maio de 2009
Semana de Futebol II
Pois é, o imponderável aconteceu e o Boca foi eliminado da Libertadores. No fim das contas, acho que nós sempre superestimamos ele demais. Ainda assim, claro, isso abre um caminho enorme para o Estudiantes que na minha visão é a melhor equipe desse lado da tabela - aliás, já o era mesmo com o Boca na parada. Será que o Danúbio, carrasco do Boca, repetirá a façanha? Creio que não.
Na Copa do Brasil, tivemos bons jogos no meio de semana. Inter 2x1 Flamengo, por exemplo, foi um jogão. Aliás, o Flamengo de Cuca começou o ano titubeando, mas vem numa ascendente incrível: Não conseguiu vencer o Cruzeiro pelo Brasileirão nem eliminar o Inter na Copa do Brasil, mas jogou muito contra aquelas que são as duas melhores equipes do Brasil no momento. Se Adriano voltar inspirado, creio que o time entra para valer na briga pelo título. Posto isso, claro, também seria uma baita injustiça esse timaço do Inter ser eliminado da Copa do Brasil. Esse elenco atual do colorado é melhor que o time campeão da Libertadores 2006 com Abelão, mas infelizmente, corre sério de se desmanchar. Do outro lado da tabela, o Corinthians, na bacia das almas, eliminou o Fluminense de Parreira. Vejo o Corinthians com a equipe mais bem armada e mais centrada do futebol brasileiro atual; lembra bastante aquele time do Parreira em 2002, mas ainda lhe falta algo para se tornar "a" equipe - nesse sentido, a possível contratação de Zé Roberto pode ser muito importante; com ele, a meia-cancha alvinegra ganharia a substância que ainda lhe falta. Sobre o Vasco e o que o Coritiba, com todo respeito, creio que só um milagre os faça chegar a final.
Do Brasileirão, vamos ver o processo de banho maria aumentar. As coisas começaram bem, os clubes estão com seus melhores elencos em anos, mas o calendário que faz o início do campeonato coincidir com as fases decisivas da Libertadores e da Copa do Brasil somado ao fato de que, ainda por cima, a Seleção vai desmanchar os melhores times graças aos jogos das Eliminatórias e da Copa das Confederações criaram um esvaziamento do torneio no próximo mês. Nesse sentido, quem estava mal e não teve ninguém convocado para a Seleção e já está jogando apenas o Brasileirão sairá, invariavelmente, fortalecido na medida em que um nivelamento artificial entre as equipes se operará nessa primeira metade do Primeiro Turno - e talvez por ele inteiro, supondo que os prováveis desmanches dos elencos ocorram no meio do ano. Enfim, são os novos velhos problemas do futebol nacional.
Na Copa do Brasil, tivemos bons jogos no meio de semana. Inter 2x1 Flamengo, por exemplo, foi um jogão. Aliás, o Flamengo de Cuca começou o ano titubeando, mas vem numa ascendente incrível: Não conseguiu vencer o Cruzeiro pelo Brasileirão nem eliminar o Inter na Copa do Brasil, mas jogou muito contra aquelas que são as duas melhores equipes do Brasil no momento. Se Adriano voltar inspirado, creio que o time entra para valer na briga pelo título. Posto isso, claro, também seria uma baita injustiça esse timaço do Inter ser eliminado da Copa do Brasil. Esse elenco atual do colorado é melhor que o time campeão da Libertadores 2006 com Abelão, mas infelizmente, corre sério de se desmanchar. Do outro lado da tabela, o Corinthians, na bacia das almas, eliminou o Fluminense de Parreira. Vejo o Corinthians com a equipe mais bem armada e mais centrada do futebol brasileiro atual; lembra bastante aquele time do Parreira em 2002, mas ainda lhe falta algo para se tornar "a" equipe - nesse sentido, a possível contratação de Zé Roberto pode ser muito importante; com ele, a meia-cancha alvinegra ganharia a substância que ainda lhe falta. Sobre o Vasco e o que o Coritiba, com todo respeito, creio que só um milagre os faça chegar a final.
Do Brasileirão, vamos ver o processo de banho maria aumentar. As coisas começaram bem, os clubes estão com seus melhores elencos em anos, mas o calendário que faz o início do campeonato coincidir com as fases decisivas da Libertadores e da Copa do Brasil somado ao fato de que, ainda por cima, a Seleção vai desmanchar os melhores times graças aos jogos das Eliminatórias e da Copa das Confederações criaram um esvaziamento do torneio no próximo mês. Nesse sentido, quem estava mal e não teve ninguém convocado para a Seleção e já está jogando apenas o Brasileirão sairá, invariavelmente, fortalecido na medida em que um nivelamento artificial entre as equipes se operará nessa primeira metade do Primeiro Turno - e talvez por ele inteiro, supondo que os prováveis desmanches dos elencos ocorram no meio do ano. Enfim, são os novos velhos problemas do futebol nacional.
quinta-feira, 21 de maio de 2009
A Surrealpolitik e o Caminho para a Distopia
(Foto: kisoo jung)
O termo Realpolitik se refere ao conjunto de práticas para tomada - ou exercício - do poder orientadas pelo cálculo frio em relação a correlação de forças existente em uma determinada conjuntura. Normalmente se refere à política internacional, mas pode ser usada também no plano interno. É uma forma mais recente - e pretensamente mais sofisticada - do "maquiavelismo" e se apresenta em oposição às "políticas ideológicas".
As origens históricas do termo remontam a um certo La Rochau ecoando um tal Metternich e teve como adeptos figuras notórias como Otto Von Bismarck e Henry Kissinger. Varre-se a "ética" e os "ideais" em prol de uma "prática". Aqueles que ousam se opor a isso, logo são rotulados como "idealistas" ou "utopistas" e assim, o partidário da Realpolitik toma para si o monopólio da realidade.
A grande pergunta, no entanto, é: Sobre qual realidade estamos falando e a quem ela serviria ou servirá? O Incômodo ou incompetência em responder isso por parte dos adeptos da Realpolitik os faz cair em duas falácias que, não raro, se interseccionam: O da justificação da busca - ou consecução - de fins que eles próprios consideram como imorais por meio da redução da realidade para os dados que lhes forem convenientes para sustentar tal argumentação ("não havia outra escolha de acordo com a conjuntura") ou o pastelão puro e simples que decorre da crença no próprio reducionismo - a diferença entre um e outro, portanto, é que o primeiro se mostra como um fracasso no futuro, não raro, próximo, e o segundo se consolida como um fracasso de imediato. Enfim, "Realpolitik" é um nome pomposo e pretensioso para algo que se materializa como uma Surrealpolitik.
Eis aí que entre a questão da Utopia. É interessante notar como as ideologias dominantes ao longo dos últimos cinco séculos conseguiram tornar o termo sinônimo de projeto irrealizável, quando, na verdade, ele significa "lugar nenhum" e seu uso no livro homônimo que o celebrizou tinha uma sentido irônico e escondia a própria ilha da Grã-Bretanha e o projeto que seu escritor, Thomas More, tinha para resolver seus problemas - aliás, é interessante como se despreza esse prodígio que é More, um homem que mais de trezentos anos antes de Marx já postulava a existência um nexo de causalidade entre as relações econômicas no interior de um grupo e a problemática política e humana contida nele.
A Utopia era, portanto, um norteador; a comunidade perfeita em caráter de meta, diferentemente da leitura incidental de seus detratores que apontavam - como ainda apontam - para Utopia como a tentativa inconsequente da realização do inalcançável no hoje. Um sofisma elementar, na medida em que a visão de More é, claramente, prospectiva.
Enfim, tanto na justificação dessa Realpolitik quanto na distorção da Utopia, a ideia do Real como forma de determinar comportamentos é patente. Ele é uma norma que não apenas pode permitir como também pode justificar a deturpação dos fatos em prol da prática da política desprovida da ética. Além de servir também para delimitar aquilo que eu denominaria de o impossível conveniente. Destarte, esse Real nada mais é do que uma interpretação da realidade com ares de univocidade e dupla função no modal deôntico: A autorização do ato antiético que está de acordo com o Poder e a proibição do ato ético que lhe é contrário por meio de uma fixação, em caráter dogmático, de determinados limites concretos e objetivos.
A falácia de uma política orientada por esse Real nos conduziu para essa Distopia contemporânea, cujo controle escapa da mão de seus próprios artífices e nos atormenta. Só a busca incansável pela verdade e pela ética na política pode reverter esse quadro, não perdendo de vista, claro, a forte tensão dialética entre meios e fins, onde os segundos podem justificar os primeiros, mas os primeiros podem invalidar os segundos.
Post atualizado em 02/06/09 às 22:05
O termo Realpolitik se refere ao conjunto de práticas para tomada - ou exercício - do poder orientadas pelo cálculo frio em relação a correlação de forças existente em uma determinada conjuntura. Normalmente se refere à política internacional, mas pode ser usada também no plano interno. É uma forma mais recente - e pretensamente mais sofisticada - do "maquiavelismo" e se apresenta em oposição às "políticas ideológicas".
As origens históricas do termo remontam a um certo La Rochau ecoando um tal Metternich e teve como adeptos figuras notórias como Otto Von Bismarck e Henry Kissinger. Varre-se a "ética" e os "ideais" em prol de uma "prática". Aqueles que ousam se opor a isso, logo são rotulados como "idealistas" ou "utopistas" e assim, o partidário da Realpolitik toma para si o monopólio da realidade.
A grande pergunta, no entanto, é: Sobre qual realidade estamos falando e a quem ela serviria ou servirá? O Incômodo ou incompetência em responder isso por parte dos adeptos da Realpolitik os faz cair em duas falácias que, não raro, se interseccionam: O da justificação da busca - ou consecução - de fins que eles próprios consideram como imorais por meio da redução da realidade para os dados que lhes forem convenientes para sustentar tal argumentação ("não havia outra escolha de acordo com a conjuntura") ou o pastelão puro e simples que decorre da crença no próprio reducionismo - a diferença entre um e outro, portanto, é que o primeiro se mostra como um fracasso no futuro, não raro, próximo, e o segundo se consolida como um fracasso de imediato. Enfim, "Realpolitik" é um nome pomposo e pretensioso para algo que se materializa como uma Surrealpolitik.
Eis aí que entre a questão da Utopia. É interessante notar como as ideologias dominantes ao longo dos últimos cinco séculos conseguiram tornar o termo sinônimo de projeto irrealizável, quando, na verdade, ele significa "lugar nenhum" e seu uso no livro homônimo que o celebrizou tinha uma sentido irônico e escondia a própria ilha da Grã-Bretanha e o projeto que seu escritor, Thomas More, tinha para resolver seus problemas - aliás, é interessante como se despreza esse prodígio que é More, um homem que mais de trezentos anos antes de Marx já postulava a existência um nexo de causalidade entre as relações econômicas no interior de um grupo e a problemática política e humana contida nele.
A Utopia era, portanto, um norteador; a comunidade perfeita em caráter de meta, diferentemente da leitura incidental de seus detratores que apontavam - como ainda apontam - para Utopia como a tentativa inconsequente da realização do inalcançável no hoje. Um sofisma elementar, na medida em que a visão de More é, claramente, prospectiva.
Enfim, tanto na justificação dessa Realpolitik quanto na distorção da Utopia, a ideia do Real como forma de determinar comportamentos é patente. Ele é uma norma que não apenas pode permitir como também pode justificar a deturpação dos fatos em prol da prática da política desprovida da ética. Além de servir também para delimitar aquilo que eu denominaria de o impossível conveniente. Destarte, esse Real nada mais é do que uma interpretação da realidade com ares de univocidade e dupla função no modal deôntico: A autorização do ato antiético que está de acordo com o Poder e a proibição do ato ético que lhe é contrário por meio de uma fixação, em caráter dogmático, de determinados limites concretos e objetivos.
A falácia de uma política orientada por esse Real nos conduziu para essa Distopia contemporânea, cujo controle escapa da mão de seus próprios artífices e nos atormenta. Só a busca incansável pela verdade e pela ética na política pode reverter esse quadro, não perdendo de vista, claro, a forte tensão dialética entre meios e fins, onde os segundos podem justificar os primeiros, mas os primeiros podem invalidar os segundos.
Post atualizado em 02/06/09 às 22:05
quarta-feira, 20 de maio de 2009
A Segunda Rodada do Brasileirão
Sempre com o devido espaço de tempo, seguem as notas de mais uma rodada do Brasileirão:
1. O Inter, com seu time misto, deu um coro no time titular do Palmeiras em Porto Alegre. Um golaço, no belo lance de Taison, alguma pressão desorganizada do Palmeiras ao longo do jogo até que D’Alessandro matou o jogo no finalzinho. O colorado se mantém invicto e sem tomar nenhum gol até agora, que lhe deixa na posição de líder, o time verde do Palestra Itália, do seu lado, continua titubeante.
2. O Náutico, desta vez, cravou uma vitória por 2x0 contra o mistão do Cruzeiro na zebra da rodada. Para um time que estava cotado para o rebaixamento certo, os alvirubros fizeram duas partidas boas nesse Brasileirão e iria vender caro uma eventual queda - principalmente se conseguir acertar sua defesa, porque o ataque com Bala, Gilmar e Lessa é bem promissor.
3. O jogo de mais gols da rodada envolveu, de novo, o Goiás que é, ao mesmo tempo, a melhor ataque e a pior defesa desse torneio. O placar serviu para pôr o Santos em crise e os jogadores se desentenderam novamente - principalmente, Fábio Costa, que faz o tipo de capitão provocador de incêndios.
4. O Avaí é um time frágil, mas arrancou outro empate. Dessa fez isso foi graças à ruindade do ataque do Flamengo. O time carioca é bem organizado, tem uma boa defesa e um bom meio-campo, mas lhe falta uma ataque razoável - por isso, a volta de Adriano é essencial para determinar a sorte rubro-negra.
5. O Corinthians, com time titular, não saiu do zero contra o Botafogo. Por ora, o alvi-negro paulista tá com a cabeça na Copa do Brasil, mas que precisa jogar um futebol mais conciso, isso precisa.
6. O São Paulo, atual campeão, também protagonizou um empate com gosto de derrota contra o Atlético-PR no Morumbi e ainda pode perder Bosco para as próximas rodadas.
7. No clássico nordestino, o Vitória venceu o Sport, manteve o tabu sobre o rival e se manteve na zona de classificação para a Libertadores, os pernambucanos ainda estão de ressaca.
8. O Atlético-MG viu Celso Roth conseguir sua revanche contra o Grêmio e irá está na briga.
9. O Santo André mandou ver um 4 a 2 no Coritiba. Os paranaenses perigam mesmo.
10.Fluminense e Barueri maltrataram a bola e o gramado num empate em zero de dar raiva.
1. O Inter, com seu time misto, deu um coro no time titular do Palmeiras em Porto Alegre. Um golaço, no belo lance de Taison, alguma pressão desorganizada do Palmeiras ao longo do jogo até que D’Alessandro matou o jogo no finalzinho. O colorado se mantém invicto e sem tomar nenhum gol até agora, que lhe deixa na posição de líder, o time verde do Palestra Itália, do seu lado, continua titubeante.
2. O Náutico, desta vez, cravou uma vitória por 2x0 contra o mistão do Cruzeiro na zebra da rodada. Para um time que estava cotado para o rebaixamento certo, os alvirubros fizeram duas partidas boas nesse Brasileirão e iria vender caro uma eventual queda - principalmente se conseguir acertar sua defesa, porque o ataque com Bala, Gilmar e Lessa é bem promissor.
3. O jogo de mais gols da rodada envolveu, de novo, o Goiás que é, ao mesmo tempo, a melhor ataque e a pior defesa desse torneio. O placar serviu para pôr o Santos em crise e os jogadores se desentenderam novamente - principalmente, Fábio Costa, que faz o tipo de capitão provocador de incêndios.
4. O Avaí é um time frágil, mas arrancou outro empate. Dessa fez isso foi graças à ruindade do ataque do Flamengo. O time carioca é bem organizado, tem uma boa defesa e um bom meio-campo, mas lhe falta uma ataque razoável - por isso, a volta de Adriano é essencial para determinar a sorte rubro-negra.
5. O Corinthians, com time titular, não saiu do zero contra o Botafogo. Por ora, o alvi-negro paulista tá com a cabeça na Copa do Brasil, mas que precisa jogar um futebol mais conciso, isso precisa.
6. O São Paulo, atual campeão, também protagonizou um empate com gosto de derrota contra o Atlético-PR no Morumbi e ainda pode perder Bosco para as próximas rodadas.
7. No clássico nordestino, o Vitória venceu o Sport, manteve o tabu sobre o rival e se manteve na zona de classificação para a Libertadores, os pernambucanos ainda estão de ressaca.
8. O Atlético-MG viu Celso Roth conseguir sua revanche contra o Grêmio e irá está na briga.
9. O Santo André mandou ver um 4 a 2 no Coritiba. Os paranaenses perigam mesmo.
10.Fluminense e Barueri maltrataram a bola e o gramado num empate em zero de dar raiva.
terça-feira, 19 de maio de 2009
A TV Cultura e o Início das Eleições
A TV Cultura de São Paulo era um ponto fora da curva no sistema televisivo brasileiro; mesmo sendo estatal, funcionava como uma legítima instituição pública, produzindo programas infantis de excelente qualidade e um jornalismo fora do esquemão da grande mídia televisiva - além de programas dos mais variados genêros. Claro, isso foi até meados dos anos 90 quando os tucanos assumiram o poder no estado. Foi aí que começou o sucateamento da TV, mas não sua descaracterização.
Covas, Alckimin e Lembo mantiveram uma política de comer pelas beiradas e desgastaram a Cultura, mas não tiveram coragem de destrui-la. Mesmo com a queda de qualidade, permaneci como telespectador fiel do jornalismo, do Provocações e do Roda Viva. Isso até a era Serra: Com a truculência que lhe é bem peculiar, o governador iniciou o processo de descaracterização da Cultura por meio de Paulo Markun, presidente da Fundação Padre Anchieta. Cabeças rolaram - Nassif que o diga -, o jornalismo foi descaracterizado, mudaram o Provocações milhares de vezes de horário escondendo-o e, o pior de tudo, passaram a utilizar o Roda Viva como uma marionete para a concretização de certos interesses políticos.
O episódio lamentável do Roda Viva onde o delegado Protógenes foi bombardeado e, logo depois, a edição em que Gilmar Mendes foi aclamado, ajudaram a explicar muito do que a Cultura se tornou e, sobretudo, qual era a posição real de Serra em relação ao episódio da Satiagraha - mas acima de tudo, foi a tragédia que sepultou o programa e afastou de vez meu interesse pela televisão brasileira. Larguei mão.
No entanto, quando as coisas vão mal, costumam ficar pior: Ontem, nosso amigo Marcelo Costa me informou que o entrevistado do Roda Viva foi alterado de última hora e o entrevistado passaria a ser o glorioso Senador tucano Álvaro Dias, uma das peças-chave dessa CPI burlesca da Petrobrás. Novamente, a Cultura aparece com um ás na manga de maneira tosca; enquanto o debate se desenrola, em vez de informar os seus espectadores sobre o que está acontecendo, ela dá voz a uma parte interessada na questão. Por que não um debate? Será que essa não foi um maneira muito óbvia de fazer política partidária? Pelo jeito a Cultura - ou o PSDB - mandou a sutileza às favas há muito tempo. O programa, claro, foi burlesco como era de se esperar.
O Fato é que 2010 está aí. Como ainda estamos em maio de 2009, já é certo que ela será a mais longa campanha presidencial da história do sufrágio universal no Brasil. Pior: Poderá ser também a campanha mais suja desde 88 e a julgar as táticas tucanas, já é possível antever quão danoso pode ser um eventual Governo Serra.
Covas, Alckimin e Lembo mantiveram uma política de comer pelas beiradas e desgastaram a Cultura, mas não tiveram coragem de destrui-la. Mesmo com a queda de qualidade, permaneci como telespectador fiel do jornalismo, do Provocações e do Roda Viva. Isso até a era Serra: Com a truculência que lhe é bem peculiar, o governador iniciou o processo de descaracterização da Cultura por meio de Paulo Markun, presidente da Fundação Padre Anchieta. Cabeças rolaram - Nassif que o diga -, o jornalismo foi descaracterizado, mudaram o Provocações milhares de vezes de horário escondendo-o e, o pior de tudo, passaram a utilizar o Roda Viva como uma marionete para a concretização de certos interesses políticos.
O episódio lamentável do Roda Viva onde o delegado Protógenes foi bombardeado e, logo depois, a edição em que Gilmar Mendes foi aclamado, ajudaram a explicar muito do que a Cultura se tornou e, sobretudo, qual era a posição real de Serra em relação ao episódio da Satiagraha - mas acima de tudo, foi a tragédia que sepultou o programa e afastou de vez meu interesse pela televisão brasileira. Larguei mão.
No entanto, quando as coisas vão mal, costumam ficar pior: Ontem, nosso amigo Marcelo Costa me informou que o entrevistado do Roda Viva foi alterado de última hora e o entrevistado passaria a ser o glorioso Senador tucano Álvaro Dias, uma das peças-chave dessa CPI burlesca da Petrobrás. Novamente, a Cultura aparece com um ás na manga de maneira tosca; enquanto o debate se desenrola, em vez de informar os seus espectadores sobre o que está acontecendo, ela dá voz a uma parte interessada na questão. Por que não um debate? Será que essa não foi um maneira muito óbvia de fazer política partidária? Pelo jeito a Cultura - ou o PSDB - mandou a sutileza às favas há muito tempo. O programa, claro, foi burlesco como era de se esperar.
O Fato é que 2010 está aí. Como ainda estamos em maio de 2009, já é certo que ela será a mais longa campanha presidencial da história do sufrágio universal no Brasil. Pior: Poderá ser também a campanha mais suja desde 88 e a julgar as táticas tucanas, já é possível antever quão danoso pode ser um eventual Governo Serra.
domingo, 17 de maio de 2009
Reflexões sobre a Violência e a Criminalidade
(Guernica - Pablo Picasso)
Há poucos dias, se completaram três anos do ataque do PCC em São Paulo e da não menos cruenta reação da polícia local. Como definiu acertadamente nosso amigo Eduardo Prado, foi o Dia em que São Paulo parou. O Idelber também debateu a questão n'O Biscoito com a sagacidade que lhe é peculiar. Aquilo foi um caso emblemático do fenômeno que chamamos de "Violência" no Brasil contemporâneo. De repente, um conceito brutalmente amplo como "Violência" se tornou uma entidade, um espectro que ronda nossas vidas e decide sobre a vida e a morte no Brasil dos anos 90 e dos primórdios do século 21º.
No entanto, considero o termo "Violência" por demais impreciso para definir esse estado de coisas em que vivemos. O que seria um ato violento? Ao meu pensar, seria todo tipo de ação cujo elemento principal é o uso da contínuo da força voltado para alteração do estado de uma determinada coisa. O termo carrega um inequívoco - e justificado - conteúdo negativo em nosso meio nos dias que se seguem, mas não é possível que a Violência seja algo necessariamente mau ou, mais precisamente, contrário à ética: Quando um escultor retira uma pedra de mármore da natureza e a talha, ele está praticando um ato violento contra a pedra, mas em momento algum pratica um ato mau na medida em que de seu trabalho nasce uma escultura. O mesmo vale para o médico que realiza uma cirurgia cardíaca; aquilo invariavelmente é um ato violento, mas seu intuito é alterar um estado negativo em prol da cultura do paciente.
Esse é o ponto central e complexo da Violência: Nem sempre o estado de algo é melhor do que ele pode vir a ser, do contrário, a Cultura humana não faria sentido. A Violência, portanto, ocupa uma posição central nesse processo como a força destruidora que necessariamente antecede a criação. Ela é imanente e inerente à existência humana, mais do que uma potencialidade, uma necessidade, seja na relação do Home com a Natureza ou com os seus semelhantes. Dessa forma, não vejo como a Violência possa ser apagada, na verdade, considero que a evolução humana passa, necessariamente, pelo crivo da instrumentalização da violência pela Razão.
Portanto, não falemos em "Violência" no Brasil atual. Vamos ser mais precisos, falemos sobre Criminalidade - e não nos limitemos à interpretação de crime segundo o direito positivo. Crime é um atentado a um princípio ético fundante de um determinado grupo humano, cuja prática, por óbvio, ameaça a existência desse. Em outras palavras, crime é a prática da violência contra o grupo desacompanhada do ímpeto criador. Normalmente, o crime é feito por um indivíduo contra o grupo, mas há exceções e é aí que as coisas ficam mais complexas.
O crime é composto por uma série elementos racionais, mas quando conectados, formam uma unidade irracional. Não há crime racional nem crime ético, se algo racional ou ético for considerado crime, estaremos diante de um crime do grupo contra o indivíduo, portanto, contra si mesmo, um tipo de autofagia que nem mesmo os pretensos países mais democráticos de nosso tempo são ainda capazes de admitir em sua totalidade, afinal, vivemos numa época onde o controle e a dominação pairam sobre a razão e a organização.
Analisando o fenômeno de criminalidade no Brasil moderno, temos duas visões dicotômicas:
Portanto, não falemos em "Violência" no Brasil atual. Vamos ser mais precisos, falemos sobre Criminalidade - e não nos limitemos à interpretação de crime segundo o direito positivo. Crime é um atentado a um princípio ético fundante de um determinado grupo humano, cuja prática, por óbvio, ameaça a existência desse. Em outras palavras, crime é a prática da violência contra o grupo desacompanhada do ímpeto criador. Normalmente, o crime é feito por um indivíduo contra o grupo, mas há exceções e é aí que as coisas ficam mais complexas.
O crime é composto por uma série elementos racionais, mas quando conectados, formam uma unidade irracional. Não há crime racional nem crime ético, se algo racional ou ético for considerado crime, estaremos diante de um crime do grupo contra o indivíduo, portanto, contra si mesmo, um tipo de autofagia que nem mesmo os pretensos países mais democráticos de nosso tempo são ainda capazes de admitir em sua totalidade, afinal, vivemos numa época onde o controle e a dominação pairam sobre a razão e a organização.
Analisando o fenômeno de criminalidade no Brasil moderno, temos duas visões dicotômicas:
1. Há um nexo de causalidade entre o funcionamento do nosso sistema econômico e a nossa taxa de criminalidade porque o primeiro se assenta sobre bases irracionais, logo, a segunda é uma decorrência lógica do primeiro. Desse modo, o fenômeno da criminalidade seria normal em relação ao ambiente em que se desenrola.
2.Não há nexo de causalidade entre o funcionamento do nosso sistema econômico e a nossa taxa de criminalidade porque não é a pobreza material de uma pessoa que determina sua índole. Os criminosos são maus e é válido - e necessário - usar de toda violência possível para detê-los. Assim, o fenômeno da criminalidade seria anormal em relação ao ambiente em que se desenrola.
O grande problema da segunda visão, é que ela confunde o que as pessoas querem ser com o que as condições materiais permitem que elas sejam, além de estar imbuída de um conteúdo maniqueísta óbvio cujo conteúdo é, nada mais, nada menos, do que dizer que o sistema funciona e é legítimo custe o que custar, aconteça o que acontecer. Ele pode ser facilmente contraposto por uma analogia espacial ou temporal; basta pegar os países em que a exploração do trabalho pelo capital é menor do que o nosso e ver como a taxa de criminalidade deles é menor. Também é possível analisar historicamente; por exemplo, ao pegarmos a História da Europa Ocidental, podemos constatar que não foram políticas de repressão que levaram à queda da criminalidade, mas sim um diminuição da exploração do trabalho pelo capital.
Portanto, fico com a primeira visão sobre a criminalidade. Com isso, claro, não estou justificando eticamente o crime, nem poderia fazê-lo: Se eu defendo que a criminalidade é uma decorrência lógica do funcionamento do nosso sistema, logo não poderia dizer que ela é eticamente justificável, pois assim estaria legitimando o sistema que a provoca. Se uma decorrência lógica é ética, aquilo do qual ela decorreu também o seria. Não é o caso. Isso sem falar no fato de que não é possível, jamais, justificar eticamente o crime, se eu o fizesse estaria dizendo que ele não é um crime. Seria ilógico. O horizonte que não podemos perder de vista, na verdade, é aquele que aponta para a criminalidade do Brasil atual como fenômeno normal em relação ao sistema vigente e anormal em relação à ética, cuja resolução passa, aprioristicamente, pelo crivo da reorganização da divisão do trabalho e da renda e não por uma cruzada cega contra as meras consequências do sistema.
2.Não há nexo de causalidade entre o funcionamento do nosso sistema econômico e a nossa taxa de criminalidade porque não é a pobreza material de uma pessoa que determina sua índole. Os criminosos são maus e é válido - e necessário - usar de toda violência possível para detê-los. Assim, o fenômeno da criminalidade seria anormal em relação ao ambiente em que se desenrola.
O grande problema da segunda visão, é que ela confunde o que as pessoas querem ser com o que as condições materiais permitem que elas sejam, além de estar imbuída de um conteúdo maniqueísta óbvio cujo conteúdo é, nada mais, nada menos, do que dizer que o sistema funciona e é legítimo custe o que custar, aconteça o que acontecer. Ele pode ser facilmente contraposto por uma analogia espacial ou temporal; basta pegar os países em que a exploração do trabalho pelo capital é menor do que o nosso e ver como a taxa de criminalidade deles é menor. Também é possível analisar historicamente; por exemplo, ao pegarmos a História da Europa Ocidental, podemos constatar que não foram políticas de repressão que levaram à queda da criminalidade, mas sim um diminuição da exploração do trabalho pelo capital.
Portanto, fico com a primeira visão sobre a criminalidade. Com isso, claro, não estou justificando eticamente o crime, nem poderia fazê-lo: Se eu defendo que a criminalidade é uma decorrência lógica do funcionamento do nosso sistema, logo não poderia dizer que ela é eticamente justificável, pois assim estaria legitimando o sistema que a provoca. Se uma decorrência lógica é ética, aquilo do qual ela decorreu também o seria. Não é o caso. Isso sem falar no fato de que não é possível, jamais, justificar eticamente o crime, se eu o fizesse estaria dizendo que ele não é um crime. Seria ilógico. O horizonte que não podemos perder de vista, na verdade, é aquele que aponta para a criminalidade do Brasil atual como fenômeno normal em relação ao sistema vigente e anormal em relação à ética, cuja resolução passa, aprioristicamente, pelo crivo da reorganização da divisão do trabalho e da renda e não por uma cruzada cega contra as meras consequências do sistema.
sábado, 16 de maio de 2009
Brasileiro Não Desiste Nunca?
O Nassif publicou um post batendo no artigo de Clóvis Rossi da inefável Folha onde ele se presta a criticar a campanha do "sou brasileiro e não desisto nunca" usando como exemplo Ronaldo e o fato de seu filho estudar na Europa . Não sei o que é pior, essa propaganda populista do Governo, a crítica desqualificada de Rossi ou o post bobo do Nassif dizendo que Ronaldo não é exemplo porque "já não é mais brasileiro há muito tempo". Enfim, uma sequência de erros bisonhos. Pelo menos, há o que se aproveitar do Governo Lula ou do Nassif, mas do que o Rossi escreve - assim como 90% do que a Folha publica - é digno de desistência mesmo.
Semana de Futebol
No meio de semana se desenharam as quartas de final da Libertadores. Falta apenas saber o que sairá do confronto Boca x Defensor-URU, onde claro, os argentinos estão com a faca e o queijo na mão depois de terem empatado por 2x2 no Uruguai - aliás, o Estudiantes passou com mais facilidade do que eu imaginava pelo Libertad e fará, muito provavelmente, um clássico nacional de arrepiar contra o Boca.
Falando em clássico nacional na Libertadores, teremos também Cruzeiro x São Paulo. A raposa pegou uma barbada nas oitavas e nem suou a camisa. O tricolor, por sua vez, poderia ter tido um confronto complicado contra o Chivas-MEX, mas a gripe suína tratou de tirar o rival do torneio - pelo fato dele não ter aceitado jogar fora do México, onde as partidas foram vetadas pela Conmebol devido a referida epidemia.
Dos outros brasileiros, o Palmeiras, ou melhor, Marcos eliminou o Sport no jogo mais tenso das oitavas e agora pega o Nacional-URU; o alviverde pode estar devendo muita coisa nesse torneio, menos emoção, é claro - mais do que isso, nos momentos-chave da Libertadores, a equipe mostrou poder de decisão, portanto, esperemos para ver o que vai acontecer nesse confronto onde ele é favorito. O Grêmio vai pegar outra barbada, agora contra o Caracas, beneficiando-se da primeira colocação na primeira fase - e vai chegar sim na semi para fazer um clássico brasileiro contra Cruzeiro ou São Paulo.
Na Copa do Brasil, o Corinthians venceu pelo placar mínimo o Fluminense num jogo cerebral ao extremo, ainda assim, creio que ele se classificará; a goleada que o Vasco enfiou no Vitória possivelmente o classificou, mas não creio em título por parte da equipe de São Januário. Do outro lado da chave, o Flamengo de Cuca evolui a olhos vistos e fez um jogão contra o poderoso Inter no Maracanã, mas acabou empatando em 0x0 - no sul, terá a vantagem do empate, mas será capaz de segurar o rival em seus domínios? Eu acho que não; o Coritiba, pelo seu lado, arrancou um bom empate contra a Ponte em Campinas e deve seguir adiante, mas não é favorito seja contra Flamengo ou Inter assim como o Vasco não será contra o vencedor de Corinthians e Fluminense.
Na rodada do Brasileirão desse final de semana, Atlético-MG x Grêmio é um jogo bem interessante e marca o reencontro de Roth com o tricolor gaúcho que o demitiu recentemente, mas o destaque fica mesmo para Inter e Palmeiras. Mas vamos ver comos os times, tão empenhados nos torneios de meio de semana vão entrar em campo - pois é, novamente nos vemos às voltas com os problemas do calendário brasileiro, como começar o Brasileirão em plena época de decisões da Libertadores e da Copa do Brasil? Ou eu muito me engano ou estão nas fases decisivas dos dois torneios dez das vinte equipes que disputam a Série A. Seria essa uma boa maneira de começar um campeonato? Eu duvido.
Falando em clássico nacional na Libertadores, teremos também Cruzeiro x São Paulo. A raposa pegou uma barbada nas oitavas e nem suou a camisa. O tricolor, por sua vez, poderia ter tido um confronto complicado contra o Chivas-MEX, mas a gripe suína tratou de tirar o rival do torneio - pelo fato dele não ter aceitado jogar fora do México, onde as partidas foram vetadas pela Conmebol devido a referida epidemia.
Dos outros brasileiros, o Palmeiras, ou melhor, Marcos eliminou o Sport no jogo mais tenso das oitavas e agora pega o Nacional-URU; o alviverde pode estar devendo muita coisa nesse torneio, menos emoção, é claro - mais do que isso, nos momentos-chave da Libertadores, a equipe mostrou poder de decisão, portanto, esperemos para ver o que vai acontecer nesse confronto onde ele é favorito. O Grêmio vai pegar outra barbada, agora contra o Caracas, beneficiando-se da primeira colocação na primeira fase - e vai chegar sim na semi para fazer um clássico brasileiro contra Cruzeiro ou São Paulo.
Na Copa do Brasil, o Corinthians venceu pelo placar mínimo o Fluminense num jogo cerebral ao extremo, ainda assim, creio que ele se classificará; a goleada que o Vasco enfiou no Vitória possivelmente o classificou, mas não creio em título por parte da equipe de São Januário. Do outro lado da chave, o Flamengo de Cuca evolui a olhos vistos e fez um jogão contra o poderoso Inter no Maracanã, mas acabou empatando em 0x0 - no sul, terá a vantagem do empate, mas será capaz de segurar o rival em seus domínios? Eu acho que não; o Coritiba, pelo seu lado, arrancou um bom empate contra a Ponte em Campinas e deve seguir adiante, mas não é favorito seja contra Flamengo ou Inter assim como o Vasco não será contra o vencedor de Corinthians e Fluminense.
Na rodada do Brasileirão desse final de semana, Atlético-MG x Grêmio é um jogo bem interessante e marca o reencontro de Roth com o tricolor gaúcho que o demitiu recentemente, mas o destaque fica mesmo para Inter e Palmeiras. Mas vamos ver comos os times, tão empenhados nos torneios de meio de semana vão entrar em campo - pois é, novamente nos vemos às voltas com os problemas do calendário brasileiro, como começar o Brasileirão em plena época de decisões da Libertadores e da Copa do Brasil? Ou eu muito me engano ou estão nas fases decisivas dos dois torneios dez das vinte equipes que disputam a Série A. Seria essa uma boa maneira de começar um campeonato? Eu duvido.
quinta-feira, 14 de maio de 2009
Arthur Virgílio, a Oposição e o Senado
(Foto: ©Danielle Almeida/ABr).
(Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom ABr)
Há poucos dias, publiquei cá n'O Descurvo um post sobre a situação calamitosa do bloco de direita que constitui o maior setor da atual oposição brasileira. Enfoquei a decadência do PPS, apesar de ter tratado das incoerências tucanas e demistas. Hoje, quando estava trabalhando num post sobre a situação paradoxal em que se encontra a esquerda nacional - suas contradições internas, seus rachas -, deparei-me com um lamentável acontecimento no Senado Federal: A terrível confusão decorrente dos debates sobre uma eventual CPI na Petrobrás que terminou com o inefável Arthur Virgílio subindo na mesa diretora e reabrindo, de facto, uma sessão que estava interrompida. Como se não bastasse, ainda houve a briga entre a bancada do DEM e do PSDB. Claro, estamos, em um primeiro momento, diante de um pastelão institucional, mas logo depois nos vemos frente a uma pasmaceira maior ainda por parte da oposição e do habitualmente desrespeitoso Senador Virgílio.
A situação atual do Senado, sob a égide de Sarney, é triste e eu, sinceramente. continuo não entendendo qual é a necessidade prática da existência de um parlamento bicameral no Brasil. Por outro lado, nos vemos novamente às voltas com a problemática da oposição brasileira, em especial de seus setores de direita, que com seus posicionamentos ridículos consegue diluir qualquer crítica mais contundente que se possa fazer ao governo petista. Virgílio é o símbolo do degringolar do PSDB, partido que não satisfeito em ter largado a social-democracia por uma política bisonhamente conservadora - e, sobretudo, tacanha - ainda partiu para a realização de uma política tosca, chegando ao ponto de bater cabeça com seus próprios aliados.
Há poucos dias, publiquei cá n'O Descurvo um post sobre a situação calamitosa do bloco de direita que constitui o maior setor da atual oposição brasileira. Enfoquei a decadência do PPS, apesar de ter tratado das incoerências tucanas e demistas. Hoje, quando estava trabalhando num post sobre a situação paradoxal em que se encontra a esquerda nacional - suas contradições internas, seus rachas -, deparei-me com um lamentável acontecimento no Senado Federal: A terrível confusão decorrente dos debates sobre uma eventual CPI na Petrobrás que terminou com o inefável Arthur Virgílio subindo na mesa diretora e reabrindo, de facto, uma sessão que estava interrompida. Como se não bastasse, ainda houve a briga entre a bancada do DEM e do PSDB. Claro, estamos, em um primeiro momento, diante de um pastelão institucional, mas logo depois nos vemos frente a uma pasmaceira maior ainda por parte da oposição e do habitualmente desrespeitoso Senador Virgílio.
A situação atual do Senado, sob a égide de Sarney, é triste e eu, sinceramente. continuo não entendendo qual é a necessidade prática da existência de um parlamento bicameral no Brasil. Por outro lado, nos vemos novamente às voltas com a problemática da oposição brasileira, em especial de seus setores de direita, que com seus posicionamentos ridículos consegue diluir qualquer crítica mais contundente que se possa fazer ao governo petista. Virgílio é o símbolo do degringolar do PSDB, partido que não satisfeito em ter largado a social-democracia por uma política bisonhamente conservadora - e, sobretudo, tacanha - ainda partiu para a realização de uma política tosca, chegando ao ponto de bater cabeça com seus próprios aliados.
quarta-feira, 13 de maio de 2009
Post #100: São Marcos
Pois é, meus perseverantes leitores, O Descurvo chega hoje ao seu centésimo post em três meses e meio de existência - e completa essa marca com incontida felicidade depois do milagre do Palmeiras ontem na Ilha do Retiro. Do time inteiro nem tanto, mas pelo menos de Marcos aquele que, sem dúvida alguma, é o maior jogador do Palmeiras que a minha geração viu jogar, um profissional íntegro e, sobretudo, um verdadeiro operador de milagres.
Não sei como, mas eu me lembro da estreia dele como profissional, lá atrás no Paulistão de 96 naquela equipe maravilhosa dos mais de cem gols que foi campeã com louvor. O técnico era Luxemburgo, mas o titular no gol era Veloso que, não sei por qual motivo não pôde jogar. Isso abriu as portas para Marcos fazer sua estreia frente ao glorioso Botafogo de Ribeirão Preto. O resultado? Uma vitória por 4x0 com uma penalidade defendida pelo jovem goleiro reserva palmeirense que ainda fez belas defesas ao longo do jogo.
Só três anos mais tarde, devido a uma grave contusão de Veloso durante a Libertadores, que Marcos, sob o olhar desconfiado de todos, assumiu o manto verde que fora no passado de um Oberdan e de um Leão. Todos desconfiavam, mas eu não: Era o goleiro que eu tinha visto defender um penalti quando eu tinha oito anos e estava certo que ele ia fazer aquilo de novo. E como fez. O Palmeiras foi campeão e Marcos levantou a taça de melhor jogador do torneio.
Um corte: Dia de ontem, quase dez anos depois do título continental. O Palmeiras viaja para Recife depois de ter vencido Sport por um 1x0 no Palestra. Seria uma missão fácil segurar um rival que não marcou gol algum fora de casa na ida? Não foi. Do mesmo jeito que o Palmeiras massacrou o rival em casa, onde venceu por apenas um gol quando podia ter enfiado três, o Sport fez ontem, mas talvez tenha feito pior: Se na ida o Palmeiras poderia ter vencido por dois ou três gols, na volta, o Sport poderia ter feito quatro ou cinco gols. Por que não o fez? Marcos estava lá e só não pegou mesmo aquilo que era metafisicamente impossível de pegar durante o tempo normal.
Penalidades. Nova falha verde. No momento em que o ímpeto dos rubronegros se agigantava, quando corriam decididos para dar o golpe de misericórdia no rival, se depararam com um gigante. Três defesas....ah, a euforia. Mesmo que tropecemos em nossas limitações, mesmo que nos esmaguem mais adiante, não importa, que isso não seja esquecido. Obrigado São Marcos. Muito obrigado.
Não sei como, mas eu me lembro da estreia dele como profissional, lá atrás no Paulistão de 96 naquela equipe maravilhosa dos mais de cem gols que foi campeã com louvor. O técnico era Luxemburgo, mas o titular no gol era Veloso que, não sei por qual motivo não pôde jogar. Isso abriu as portas para Marcos fazer sua estreia frente ao glorioso Botafogo de Ribeirão Preto. O resultado? Uma vitória por 4x0 com uma penalidade defendida pelo jovem goleiro reserva palmeirense que ainda fez belas defesas ao longo do jogo.
Só três anos mais tarde, devido a uma grave contusão de Veloso durante a Libertadores, que Marcos, sob o olhar desconfiado de todos, assumiu o manto verde que fora no passado de um Oberdan e de um Leão. Todos desconfiavam, mas eu não: Era o goleiro que eu tinha visto defender um penalti quando eu tinha oito anos e estava certo que ele ia fazer aquilo de novo. E como fez. O Palmeiras foi campeão e Marcos levantou a taça de melhor jogador do torneio.
Um corte: Dia de ontem, quase dez anos depois do título continental. O Palmeiras viaja para Recife depois de ter vencido Sport por um 1x0 no Palestra. Seria uma missão fácil segurar um rival que não marcou gol algum fora de casa na ida? Não foi. Do mesmo jeito que o Palmeiras massacrou o rival em casa, onde venceu por apenas um gol quando podia ter enfiado três, o Sport fez ontem, mas talvez tenha feito pior: Se na ida o Palmeiras poderia ter vencido por dois ou três gols, na volta, o Sport poderia ter feito quatro ou cinco gols. Por que não o fez? Marcos estava lá e só não pegou mesmo aquilo que era metafisicamente impossível de pegar durante o tempo normal.
Penalidades. Nova falha verde. No momento em que o ímpeto dos rubronegros se agigantava, quando corriam decididos para dar o golpe de misericórdia no rival, se depararam com um gigante. Três defesas....ah, a euforia. Mesmo que tropecemos em nossas limitações, mesmo que nos esmaguem mais adiante, não importa, que isso não seja esquecido. Obrigado São Marcos. Muito obrigado.
segunda-feira, 11 de maio de 2009
Primeira Rodada do Brasileirão
Não dá para comentar tudo com detalhes, mas tentarei ir pelos pontos principais:
1. O lance da rodada foi mesmo de Nilmar. Um golaço. Lançamento de gênio de D'Alessandro para o atacante colorado cortar mais de sete jogadores do Corinthians e fazer o gol. Aliás, o alvinegro, que entrou com seu time reserva, jogou bem e só perdeu por 1X0 para um adversário que, hoje, é o melhor time do país.
2. Goiás 3x3 Náutico foi o jogo com maior número de gols na primeira rodada - e foram belos gols. O Goiás tem um time razoável, já os alvirubros provaram que o diabo não é tão feio assim e que podem, pelo menos, brigar para não cair.
3. O atual campeão São Paulo jogou uma partida muito ruim contra o Fluminense no Maracanã. Ano passado, a tese de que os adversários do tricolor progrediram mais do que ele pareceu certa até o time arrancar no segundo turno para ser campeão. Será que dessa vez não vai acontecer o mesmo? Ou não? Eu, sinceramente, não apostaria com tanto afinco assim contra o São Paulo não.
4. No confronto entre o campeão mineiro, Cruzeiro, e o carioca, Flamengo, deu o primeiro no Mineirão. Hoje, a raposa é o único time a jogar um futebol no nível do Inter, o resto está girando abaixo. Os cariocas não foram mal, mas precisam evoluir muito para disputar o título.
5. O verde de Vandeco Luxemba meteu 2x1 no Coritiba jogando no Palestra Itália. Entrou com mistão em campo e a cabeça na Libertadores. Jogou pro gasto e não perdeu pontos que lhe seriam muito caros lá na frente.
6. O Santos arrancou um ótimo empate contra o Grêmio no Sul. Até onde esse santista pode chegar?
7. O Sport, jogando mal e tomando um legítimo gol espírita, empatou contra o fatídico Barueri. Triste, triste.
8. O Botafogo, vice do Rio, apenas empatou com o Santo André.
9. O Galo mineiro, por um fio, não perde do, no máximo, empenhado Avaí em Santa Catarina, mas arrancou um empatizinho com direiro a nó tático de Celso Roth em Silas e tudo.
10. O Vitória surpreendeu o bom time do Atlético-PR em Curitiba e essa foi, na minha visão, a grande surpresa da primeira rodada.
1. O lance da rodada foi mesmo de Nilmar. Um golaço. Lançamento de gênio de D'Alessandro para o atacante colorado cortar mais de sete jogadores do Corinthians e fazer o gol. Aliás, o alvinegro, que entrou com seu time reserva, jogou bem e só perdeu por 1X0 para um adversário que, hoje, é o melhor time do país.
2. Goiás 3x3 Náutico foi o jogo com maior número de gols na primeira rodada - e foram belos gols. O Goiás tem um time razoável, já os alvirubros provaram que o diabo não é tão feio assim e que podem, pelo menos, brigar para não cair.
3. O atual campeão São Paulo jogou uma partida muito ruim contra o Fluminense no Maracanã. Ano passado, a tese de que os adversários do tricolor progrediram mais do que ele pareceu certa até o time arrancar no segundo turno para ser campeão. Será que dessa vez não vai acontecer o mesmo? Ou não? Eu, sinceramente, não apostaria com tanto afinco assim contra o São Paulo não.
4. No confronto entre o campeão mineiro, Cruzeiro, e o carioca, Flamengo, deu o primeiro no Mineirão. Hoje, a raposa é o único time a jogar um futebol no nível do Inter, o resto está girando abaixo. Os cariocas não foram mal, mas precisam evoluir muito para disputar o título.
5. O verde de Vandeco Luxemba meteu 2x1 no Coritiba jogando no Palestra Itália. Entrou com mistão em campo e a cabeça na Libertadores. Jogou pro gasto e não perdeu pontos que lhe seriam muito caros lá na frente.
6. O Santos arrancou um ótimo empate contra o Grêmio no Sul. Até onde esse santista pode chegar?
7. O Sport, jogando mal e tomando um legítimo gol espírita, empatou contra o fatídico Barueri. Triste, triste.
8. O Botafogo, vice do Rio, apenas empatou com o Santo André.
9. O Galo mineiro, por um fio, não perde do, no máximo, empenhado Avaí em Santa Catarina, mas arrancou um empatizinho com direiro a nó tático de Celso Roth em Silas e tudo.
10. O Vitória surpreendeu o bom time do Atlético-PR em Curitiba e essa foi, na minha visão, a grande surpresa da primeira rodada.
domingo, 10 de maio de 2009
Educação Pública
Nos últimos anos, o debate público brasileiro está cada vez mais restrito às questões que envolvem a macroeconomia e aos grandes movimentos no tabuleiro de xadrez político. Da direita à esquerda, passa-se horas debatendo como será a sucessão presidencial ou especulando como a Crise Mundial afetará nossas vidas. Não que isso não seja importante, é sim, mas nós acabamos esquecendo do elementar, do cotidiano, enfim, do que é materialização de todo esse "macro" em nossas vidas. Curiosamente, pouco debatemos qual o motivo disso não estar sendo debatido.
Confesso que quando o Azenha resolveu usar um espaço permanente de seu blog para debater questões de saúde pública, eu mesmo estranhei, mas faz todo sentido. Não debatemos isso. Não debatemos saúde pública. Somos um país cujo PIB per capta é, por exemplo, 2,28 vezes maior do que o de Cuba, no entanto, vivemos quase seis anos menos do que os cubanos. Será que não há algo errado nisso?
A situação de nossa Educação Pública, a qual eu vou me deter mais precisamente nesse post, é inegavelmente problemática, mas não é um problema que pareça estar sendo devidamente pensado ou discutido nos meios supostamente pensantes de nossa sociedade. Mesmo aqui, admito, só vim aborda-lo agora, quando já me aproximo de quase cem posts. O único lugar na blogosfera que me recordo de ter visto essa questão ser tratada de maneira permanente foi o portal de leitores do Nassif. Eles tem lá até um tópico permanente sobre o assunto.
Peguemos um fato recente: As notas no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Para quem não o conhece, o ENEM é uma prova bastante simples, composta por uma redação e por uma parte de questões objetivas que consiste, basicamente, em interpretação textual. Quais os resultados? São Paulo, estado mais rico da Federação, conseguiu ficar com 50,5 de nota média; o estado do Rio de Janeiro e o de Minas Gerais ficaram com exatos 50,46; Santa Catarina com 50,56, Distrito Federal com 52,67 e Rio Grande do Sul com 52,25 pontearam a tabela. O que isso significa? Que os adolecentes - e em alguns casos, adultos - concluintes do ensino médio saem da escola sabendo ler e escrever "pela metade". Simples assim.
A que se deveria isso, afinal? Pelo menos na realidade paulistana que eu conheço bem, creio que o buraco da educação, para além do resultado em um teste, é bem, mas bem mais embaixo mesmo. Em primeiro lugar, o que assistimos é uma implosão da estrutura administrativa aliada a falta de projeto substancial para a escola pública. Isso remonta à Ditadura, quando a necessidade de montar um ensino tecnicista que servisse aos interesses de crescimento pau na máquina do regime se aliou com a necessidade de impedir qualquer tipo de educação crítica para os estudantes. Mas veio a democracia e as coisas continuaram piorando - e isso já tem mais de vinte anos.
Aqui, no estado bandeirante, o que temos assistido é um espetáculo deprimente de achatamento salarial da classe magisterial e a quase inviabilização do exercício da profissão, pelo menos nas escolas públicas comuns onde estudam a ampla maioria das crianças e dos adolescentes. Por outro lado, há uma burocratização da administração da Escola. Professores e diretores têm cada vez menos autonomia curricular e gerencial, tornando-se uma mera peça numa engrenagem controlada pela burocracia das superintendências de ensino e da Secretária de Educação, onde burocratas bem pagos - e, não raro, indicados politicamente - dão, sovieticamente, as ordens.
Mas, como eu disse, o buraco é mais embaixo. Entra aí a questão social. Até os anos 90, a classe baixa de São Paulo tinha, bem ou mal, seu empreguinho no chão de fábrica e algum salário. De lá pra cá, a abertura e incorporação tecnológica feita de forma alheia ao trabalhador criaram um fenômeno curioso de desagregação familiar, alcoolismo, tráfico, violência massificada, gravidez na adolescência e favelização.
A conjunção da falência da estrutura familiar com a falência administrativa da escola levou ao descalabro. Era impossível que apenas a segunda questão levasse ao degringolar da Escola Pública. Impossível. No entanto, onde está a classe média progressista numa hora dessas? Pagando rios de dinheiro em escolas privadas e...quieta, silenciosa, calada. Consciente ou inconscientemente a classe média progressista calou. Num mundo cão como esse, pagar escola privada para o filho significa dar-lhe vantagens competitivas. Eis aqui, o velho patrimonialismo brasileiro falando mais alto do que Marx e do que os diplomas de Ciências Sociais e de Direito.
Se a política do PSDB para a Educação Pública do estado é um fracasso, o que o PT estaria propondo pelo seu lado? Nada. Claro, o Partido dos Trabalhadores no estado está rachado em pelo menos cinco partes discutindo a sucessão presidencial e, provavelmente, a do governo estadual. Quem tem tempo para discutir Educação Pública enquanto está se articulando politicamente, não é mesmo?
Eu, cá no meu humilde cantinho, penso que a Educação Pública não pode ser mais pensada hoje apenas pela perspectiva da Escola. Ela deve extravasa-la, a Escola deve ser reconstruída para ser um núcleo articulador de interpretação das informações, não mais o seu núcleo de criação, o que se materializa impossível nos dias atuais. Em suma, se vivemos em um país onde mais de 90% dos lares tem televisão por que não usamos esse elemento de uma maneira inteligente como indagou o Professor Ladislau Dowbor? E a inclusão digital? Por que o Governo não trabalha mais duramente no sentido de baixar impostos de produtos de informática?
Ademais, é preciso ter em vista a importância da Escola mais do que como o mero lugar onde as crianças vão aprender noções técnicas elementares como também o lugar onde elas são iniciadas às práticas de cidadania e ao pensamento político. Educar é, sobretudo, conduzir, portanto, conduzamos as nossas crianças para a Democracia, não mais para o abismo.
Confesso que quando o Azenha resolveu usar um espaço permanente de seu blog para debater questões de saúde pública, eu mesmo estranhei, mas faz todo sentido. Não debatemos isso. Não debatemos saúde pública. Somos um país cujo PIB per capta é, por exemplo, 2,28 vezes maior do que o de Cuba, no entanto, vivemos quase seis anos menos do que os cubanos. Será que não há algo errado nisso?
A situação de nossa Educação Pública, a qual eu vou me deter mais precisamente nesse post, é inegavelmente problemática, mas não é um problema que pareça estar sendo devidamente pensado ou discutido nos meios supostamente pensantes de nossa sociedade. Mesmo aqui, admito, só vim aborda-lo agora, quando já me aproximo de quase cem posts. O único lugar na blogosfera que me recordo de ter visto essa questão ser tratada de maneira permanente foi o portal de leitores do Nassif. Eles tem lá até um tópico permanente sobre o assunto.
Peguemos um fato recente: As notas no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Para quem não o conhece, o ENEM é uma prova bastante simples, composta por uma redação e por uma parte de questões objetivas que consiste, basicamente, em interpretação textual. Quais os resultados? São Paulo, estado mais rico da Federação, conseguiu ficar com 50,5 de nota média; o estado do Rio de Janeiro e o de Minas Gerais ficaram com exatos 50,46; Santa Catarina com 50,56, Distrito Federal com 52,67 e Rio Grande do Sul com 52,25 pontearam a tabela. O que isso significa? Que os adolecentes - e em alguns casos, adultos - concluintes do ensino médio saem da escola sabendo ler e escrever "pela metade". Simples assim.
A que se deveria isso, afinal? Pelo menos na realidade paulistana que eu conheço bem, creio que o buraco da educação, para além do resultado em um teste, é bem, mas bem mais embaixo mesmo. Em primeiro lugar, o que assistimos é uma implosão da estrutura administrativa aliada a falta de projeto substancial para a escola pública. Isso remonta à Ditadura, quando a necessidade de montar um ensino tecnicista que servisse aos interesses de crescimento pau na máquina do regime se aliou com a necessidade de impedir qualquer tipo de educação crítica para os estudantes. Mas veio a democracia e as coisas continuaram piorando - e isso já tem mais de vinte anos.
Aqui, no estado bandeirante, o que temos assistido é um espetáculo deprimente de achatamento salarial da classe magisterial e a quase inviabilização do exercício da profissão, pelo menos nas escolas públicas comuns onde estudam a ampla maioria das crianças e dos adolescentes. Por outro lado, há uma burocratização da administração da Escola. Professores e diretores têm cada vez menos autonomia curricular e gerencial, tornando-se uma mera peça numa engrenagem controlada pela burocracia das superintendências de ensino e da Secretária de Educação, onde burocratas bem pagos - e, não raro, indicados politicamente - dão, sovieticamente, as ordens.
Mas, como eu disse, o buraco é mais embaixo. Entra aí a questão social. Até os anos 90, a classe baixa de São Paulo tinha, bem ou mal, seu empreguinho no chão de fábrica e algum salário. De lá pra cá, a abertura e incorporação tecnológica feita de forma alheia ao trabalhador criaram um fenômeno curioso de desagregação familiar, alcoolismo, tráfico, violência massificada, gravidez na adolescência e favelização.
A conjunção da falência da estrutura familiar com a falência administrativa da escola levou ao descalabro. Era impossível que apenas a segunda questão levasse ao degringolar da Escola Pública. Impossível. No entanto, onde está a classe média progressista numa hora dessas? Pagando rios de dinheiro em escolas privadas e...quieta, silenciosa, calada. Consciente ou inconscientemente a classe média progressista calou. Num mundo cão como esse, pagar escola privada para o filho significa dar-lhe vantagens competitivas. Eis aqui, o velho patrimonialismo brasileiro falando mais alto do que Marx e do que os diplomas de Ciências Sociais e de Direito.
Se a política do PSDB para a Educação Pública do estado é um fracasso, o que o PT estaria propondo pelo seu lado? Nada. Claro, o Partido dos Trabalhadores no estado está rachado em pelo menos cinco partes discutindo a sucessão presidencial e, provavelmente, a do governo estadual. Quem tem tempo para discutir Educação Pública enquanto está se articulando politicamente, não é mesmo?
Eu, cá no meu humilde cantinho, penso que a Educação Pública não pode ser mais pensada hoje apenas pela perspectiva da Escola. Ela deve extravasa-la, a Escola deve ser reconstruída para ser um núcleo articulador de interpretação das informações, não mais o seu núcleo de criação, o que se materializa impossível nos dias atuais. Em suma, se vivemos em um país onde mais de 90% dos lares tem televisão por que não usamos esse elemento de uma maneira inteligente como indagou o Professor Ladislau Dowbor? E a inclusão digital? Por que o Governo não trabalha mais duramente no sentido de baixar impostos de produtos de informática?
Ademais, é preciso ter em vista a importância da Escola mais do que como o mero lugar onde as crianças vão aprender noções técnicas elementares como também o lugar onde elas são iniciadas às práticas de cidadania e ao pensamento político. Educar é, sobretudo, conduzir, portanto, conduzamos as nossas crianças para a Democracia, não mais para o abismo.
sábado, 9 de maio de 2009
Campeonato Brasileiro de 2009
Confesso que me decepcionei com o Brasileirão do ano passado. Esperava um torneio muito mais bem disputado, mas no fim das contas, ele ficou mais ou menos na média dos demais campeonatos de pontos corridos; foi melhor tecnicamente que 2003, 2006 e 2007 , mas não foi melhor que 2005 e 2004. O São Paulo com um bom time começou mal, foi comendo pelas beiradas e arrancou no momento certo. Terceiro título seguido, um recorde, ainda que com um futebol friamente germânico, eficiente, mas incapaz de arrancar suspiros ou deixar recordações.
Da outras equipes, não custa lembrar que o Palmeiras tinha o melhor time do ano passado e era a melhor equipe do país lá pelos fins dos estaduais, mas de trapalhada em trapalhada, o campeonato escapou das mãos verdes e o quarto lugar foi um mero consolo com ares de meios de tabela para quem prometia tanto. O Grêmio, jogando não muito diferente do São Paulo chegou ao vice. O Cruzeiro, jogando um futebol mais solto só que bastante irregular conseguiu um terceiro lugar. O Flamengo até chegou a parecer que ia disputar o título, mas um desmanche bisonho realizado no meio do campeonato tirou o time até da Libertadores. Tirando alguns momentos do Botafogo e do Inter - que decepcionaram no cômputo geral -, o resto dos times jogou um futebol quando muito mediano.
Em 2009 as coisas parecem que serão melhores; a Crise fez grandes estragos na economia da Europa e o resultado disso é que craques que não voltariam ao futebol nacional tão cedo - assim como outros tantos que já teriam ido embora - estão por aqui. Inter, Cruzeiro e São Paulo têm times de relevo e nível mundial. Corinthians, Grêmio e Palmeiras têm boas equipes. Some isso com Sport, Atlético-PR, Flamengo, Botafogo e quem sabe Fluminense, Atlético-MG ou Coritiba e temos o prenúncio de um grande torneio. É isso que eu vou analisar aqui, equipe por equipe de acordo com a colocação do ano que passado.
São Paulo: Sob o comando de Muricy Ramalho o tricolor paulista é um gigante nos pontos corridos, mas simplesmente não ganha mata-mata. Foi eliminado do Paulista nas semi-finais pelo rival Corinthians enquanto segue na Libertadores onde enfrentará o San Luís do México após ter feito uma campanha que deu pro gasto na primeira fase do torneio. Isso não é nada diferente do que aconteceu nos últimos três anos; um começo lento e uma arrancada decisiva no momento certo. Pelo seu elenco, estrutura e tradição no Brasileirão jogado no sistema de pontos corridos, o tricolor é novamente um dos favoritos ao título.
Grêmio: Com um time mediano no campeonato passado, o tricolor gaúcho surpreendeu muita gente ao emplacar o vice-campeonato. Esse ano, a diretoria se reforçou bem com jogadores como Maxi López, Ruy e Alex Mineiro, mas o fato de ter sido desancado pelo seu rival, o Inter, no estadual levaram a diretoria a, precipitadamente, demitir o técnico Celso Roth que tirou leite de pedra ano passado. Mesmo assim e depois de um segundo turno do estadual muito ruim, o time, na base do interino emplacou a melhor campanha da primeira fase da Libertadores e depois de vencer o fraco San Martín fora de casa pelas oitavas, praticamente seguiu adiante. Para o nacional desse ano, não o apontaria como um dos favoritos ao título logo de cara, mas ele tem boas chances de brigar por vaga na Libertadores e, se bobearem, dar um voo mais alto.
Cruzeiro: É, certamente, um dos melhores elencos do futebol brasileiro e esse ano entra com o seu melhor time desde 2003, ano da tríplice coroa. Ramires e Kléber estão em estado de graça, jogadores como Marquinhos Paraná, Jonathan ou Wagner complementam muito bem o elenco. Essse ano, o time venceu o seu estado depois de massacrar o Atlético-MG e, na minha modesta opinião, é um dos favoritos ao título.
Palmeiras: O time de Vanderlei Luxemburgo teve um início de ano arrasador, caiu de produção e acabou eliminado na semi do Paulistão para o Santos. Na Libertadores, o time caiu no grupo da morte, quase não se classifica, mas após a heróica vitória frente ao Colo Colo no Chile, acabou conseguindo um reimpulso para a atual temporada. Keirrison, comandante do ataque alviverde, busca recuperar o bom futebol do início do ano; Diego Souza que subiu de produção e o sempre regular Cleiton Xavier juntam-se ao lendário goleiro Marcos e formam uma equipe com qualidade, mas ainda bastante instável que precisa de reforços para poder brigar pelo título.
Flamengo: Atual campeão carioca, treinado por Cuca e com o reforço de Adriano busca o título que não vence desde 1992. Nesse ano, a equipe não foi brilhante no Carioca, mas mostrou poder de decisão e chegou na hora H. Na Copa do Brasil chegou às quartas de final onde pegará o poderoso Internacional. Na minha visão, está no mesmo barco que o Palmeiras.
Internacional: Se uma equipe deu gosto de ver jogar esse ano, ela foi o Inter que, por coincidência, comemora seu centenário. O time treinado por Tite conta com a melhor estrutura do futebol do sul. Venceu todos os torneios internacionais que poderia vencer de 2006 para cá - Mundial, Libertadores, Recopa e Sulamericana -, se sagrou bi do Gauchão jogando um futebol de gala, mas a falta de um título nacional desde os fins dos anos 70 é um problema. A esperança é, justamente, essa atual equipe, sem dúvida, muito forte. Comandada por D'Alessandro que conta com Nilmar e Taison no ataque, os raçudos Magrão e Guiñazu no meio e o experiente Kléber na lateral-esquerda, o Inter é o favorito ao título nesse comecinho. O problema, por incrível que pareça, é que o seu futebol foi tão qualificado no começo do ano que pode antecipar o desmanche do elenco. É esperar para ver, mas se eu fosse um torcedor colorado, estaria otimista.
Botafogo: O time de Ney Franco foi raçudo no Carioca, venceu o primeiro turno e fez uma final eletrizante contra o Flamengo. Perdeu nos penâltis mesmo tendo um time inferior. Mesmo que tenha bons jogadores como Maicosuel e Victor Simões, sua maior força está mesmo no espírito de grupo e na coesão do esquema tático. Brigará pelo título? É improvável, mas pelo jeito ficará na parte da tabela podendo surpreender quem lhe menosprezar.
Goiás: Campeão goiano e depois eliminado pelo Fluminense nas oitavas da Copa do Brasil - dando um trabalho danado -, o esmeraldino é comandado por Hélio dos Anjos e tem a liderança de jogadores experientes como Iarley e Felipe (ex-Náutico). Pelo que mostrou até agora, briga pela Sulamericana do ano que vem, mas pode crescer durante a competição.
Coritiba: Há dois anos atrás, quando estava na Série B, o Coxa revelou uma boa geração de jogadores, entre os quais podemos destacar Keirrison e Henrique, além de Carlinhos Paraíba. Só o último continua no time que prefiriu se desfazer de seus atletas em vez de apostar em conquistar títulos. Sob o comando de Renê Simões, a equipe amargou o vice do Paranaense, mas permanece vivo na Copa do Brasil. A tendência é fazer uma campanha não muito diferente da do ano passado.
Vitória: Campeão Baiano deste ano e classificado para as quartas da Copa do Brasil - depois de ter quase perdido uma vaga inacreditável para o Atlético-MG-, o time comandado por P.C. Carpeggiani conta com jogadores experientes como Ramon e Jackson, mas precisa evoluir bastante para fazer uma campanha convincente no Brasileirão, do contrário, corre o risco de ficar, se muito, no meio da tabela.
Sport: O Leão da Ilha do Retiro montou um dos seus melhores times em todos os tempos, (muito bem) treinado pelo experiente Nelsinho Baptista e contanto com jogadores experientes como Paulo Baier, Dutra e o goleiro Magrão somados a jovens como Ciro e Daniel Paulista, a equipe passeou no Pernambucano onde foi campeão invicto. Também ficou em primeiro lugar no grupo da morte na Libertadores, mas nas oitavas, terá de reverter a vantagem que o Palmeiras abriu em São Paulo. Seu desempenho dependerá de dois fatores centrais: A forma e a duração de sua participação na Libertadores assim como o eventual desmanche que essa boa equipe pode acabar sofrendo ao longo desse longo Brasileirão. Ainda assim, o rubro-negro é o clube fora do eixo Sul-Sudeste que mais enche os olhos e que tem melhores chances de fazer uma boa campanha.
Atlético-MG: O Galo teve um ano de 2008 terrível. Esse ano, evoluiu na mão de Emerson Leão, mas falhou, justamente, ao não conseguir superar seu rival, o Cruzeiro, especialmente no primeiro jogo da final do estadual onde perdeu por sonoros 5x0. A derrota no estadual contaminou sua participação na Copa do Brasil onde perdeu para o Vitória. Empatou o jogo da volta contra o Cruzeiro, perdeu o título e o técnico, mas depois, já sob o comando de Celso Roth, quase - quase - conseguiu superar a diferença de três gols que os baianos lhe haviam imposto na ida, mas perdeu nos penâltis. É fato que o time mineiro desse ano é bem melhor do que o do ano passado, mas enquanto não superar o fantasma do Cruzeiro, pode acabar com toda a temporada comprometida.
Atlético-PR: Sob o comando de Geninho, a equipe venceu o Paranaense e travou um confilito muito equilibrado com o Corinthians pela Copa do Brasil, onde acabou eliminado nos detalhes. Esse é, sem dúvida, o melhor time do furacão em anos; joga num 3/5/2 bem organizadinho, Wallyson é uma bela revelação, os ex-refugos Rafael Moura e Marcinho estão jogando bem e a tendência é de uma campanha bem melhor do que a do ano passado. Provavelmente fica entre os dez melhores.
Fluminense: Desde que perdeu a Libertadores em casa para a LDU, o tricolor vive um inferno astral. No ano passado, faltou um fiozinho de azar para o time cair. Nessa temporada, a renovação do time não foi suficiente para impedir uma campanha muito ruim no Carioca. Vieram Parreira e Fred que ainda se adaptam. Veio uma classificação para as quartas da Copa do Brasil para enfrentar o Corinthians. Permanece a desconfiança sobre o desempenho do time no Brasileirão. Por enquanto, eu não estaria tão otimista assim com seu desempenho.
Santos: O Peixe começou 2009 tão mal quanto terminou 2008 apesar de ter renovado seu elenco. Caiu Márcio Fernandes, entrou Vagner Mancini, subiram de categoria os garotos Neymar e Paulo Henrique, subiu maravilhosamente de produção Madson. Serviu para dar uma arrancada nas finas do Paulista, mas não foi o suficiente para evitar a vexaminosa eliminação para o CSA na Copa do Brasil nem a derrota para o Corinthians na final do Paulistão. Falta experiência para o time - e talvez um Kléber Pereira em melhor fase -, mas sobra potencial de evolução; por ora, o Santos está ali, um ou dois degraus abaixo dos favoritos, mas pode muito bem surpreender.
Náutico; Há dois anos na Série A, o alvirubro pernambucano apenas lutou para não cair; em 2007, tinha um bom time, mas se planejou mal, figurou na lanterna, mas arrebentou no segundo turno; em 2008 capengou do início ao fim e ficou por um fio. Esse ano, renovou quase todo o elenco, mas contusões e dificuldades em regularizar atletas o atrapalharam no estadual, onde não chegou nem perto de ameaçar seu rival, o Sport. Na Copa do Brasil, deu azar ao pegar logo de cara o Inter quando o time estava finalmente se montando e não deu outra: Apanhou no Recife e em Porto Alegre. As suas chances não são nada boas para esse Brasileirão.
Corinthians: Campeão da Série B, o alvinegro comandado por Mano Menezes trouxe Ronaldo e venceu o Paulistão invicto. Já está nas quartas da Copa do Brasil e tem boas chances de chegar a final do torneio. É uma equipe muito sólida defensivamente, muito aguerrida que tem no ataque um dos maiores nomes do futebol mundial. Brigará, pelo menos, por uma vaga na Libertadores.
Santo André; Vice da Série B no ano passado, o time fez uma campanha bem tacanha no Paulistão, ficou para além do meio da tabela, mas em momento algum brigou pela classificação. Vai ter de comer muito arroz com feijão para permanecer na Série A que disputa pela segunda vez (atualização em virtude da oportuna correção do Denis na caixa de comentários) .
Avaí: Subiu no ano em que seu rival Figueirense caiu, mas está longe de ter condições de fazer uma boa campanha. A derrota para a Chapecoense na final do Catarinense foi bem emblemática nesse sentido. Honestamente, é o favorito para a lanterna.
Barueri: Clube empresa bem artificial por sinal, vem subindo de divisões há algum tempo. No Paulistão fez que ia e acabou fondo. Também tá com uma cara danada de que vai bater e voltar.
Da outras equipes, não custa lembrar que o Palmeiras tinha o melhor time do ano passado e era a melhor equipe do país lá pelos fins dos estaduais, mas de trapalhada em trapalhada, o campeonato escapou das mãos verdes e o quarto lugar foi um mero consolo com ares de meios de tabela para quem prometia tanto. O Grêmio, jogando não muito diferente do São Paulo chegou ao vice. O Cruzeiro, jogando um futebol mais solto só que bastante irregular conseguiu um terceiro lugar. O Flamengo até chegou a parecer que ia disputar o título, mas um desmanche bisonho realizado no meio do campeonato tirou o time até da Libertadores. Tirando alguns momentos do Botafogo e do Inter - que decepcionaram no cômputo geral -, o resto dos times jogou um futebol quando muito mediano.
Em 2009 as coisas parecem que serão melhores; a Crise fez grandes estragos na economia da Europa e o resultado disso é que craques que não voltariam ao futebol nacional tão cedo - assim como outros tantos que já teriam ido embora - estão por aqui. Inter, Cruzeiro e São Paulo têm times de relevo e nível mundial. Corinthians, Grêmio e Palmeiras têm boas equipes. Some isso com Sport, Atlético-PR, Flamengo, Botafogo e quem sabe Fluminense, Atlético-MG ou Coritiba e temos o prenúncio de um grande torneio. É isso que eu vou analisar aqui, equipe por equipe de acordo com a colocação do ano que passado.
São Paulo: Sob o comando de Muricy Ramalho o tricolor paulista é um gigante nos pontos corridos, mas simplesmente não ganha mata-mata. Foi eliminado do Paulista nas semi-finais pelo rival Corinthians enquanto segue na Libertadores onde enfrentará o San Luís do México após ter feito uma campanha que deu pro gasto na primeira fase do torneio. Isso não é nada diferente do que aconteceu nos últimos três anos; um começo lento e uma arrancada decisiva no momento certo. Pelo seu elenco, estrutura e tradição no Brasileirão jogado no sistema de pontos corridos, o tricolor é novamente um dos favoritos ao título.
Grêmio: Com um time mediano no campeonato passado, o tricolor gaúcho surpreendeu muita gente ao emplacar o vice-campeonato. Esse ano, a diretoria se reforçou bem com jogadores como Maxi López, Ruy e Alex Mineiro, mas o fato de ter sido desancado pelo seu rival, o Inter, no estadual levaram a diretoria a, precipitadamente, demitir o técnico Celso Roth que tirou leite de pedra ano passado. Mesmo assim e depois de um segundo turno do estadual muito ruim, o time, na base do interino emplacou a melhor campanha da primeira fase da Libertadores e depois de vencer o fraco San Martín fora de casa pelas oitavas, praticamente seguiu adiante. Para o nacional desse ano, não o apontaria como um dos favoritos ao título logo de cara, mas ele tem boas chances de brigar por vaga na Libertadores e, se bobearem, dar um voo mais alto.
Cruzeiro: É, certamente, um dos melhores elencos do futebol brasileiro e esse ano entra com o seu melhor time desde 2003, ano da tríplice coroa. Ramires e Kléber estão em estado de graça, jogadores como Marquinhos Paraná, Jonathan ou Wagner complementam muito bem o elenco. Essse ano, o time venceu o seu estado depois de massacrar o Atlético-MG e, na minha modesta opinião, é um dos favoritos ao título.
Palmeiras: O time de Vanderlei Luxemburgo teve um início de ano arrasador, caiu de produção e acabou eliminado na semi do Paulistão para o Santos. Na Libertadores, o time caiu no grupo da morte, quase não se classifica, mas após a heróica vitória frente ao Colo Colo no Chile, acabou conseguindo um reimpulso para a atual temporada. Keirrison, comandante do ataque alviverde, busca recuperar o bom futebol do início do ano; Diego Souza que subiu de produção e o sempre regular Cleiton Xavier juntam-se ao lendário goleiro Marcos e formam uma equipe com qualidade, mas ainda bastante instável que precisa de reforços para poder brigar pelo título.
Flamengo: Atual campeão carioca, treinado por Cuca e com o reforço de Adriano busca o título que não vence desde 1992. Nesse ano, a equipe não foi brilhante no Carioca, mas mostrou poder de decisão e chegou na hora H. Na Copa do Brasil chegou às quartas de final onde pegará o poderoso Internacional. Na minha visão, está no mesmo barco que o Palmeiras.
Internacional: Se uma equipe deu gosto de ver jogar esse ano, ela foi o Inter que, por coincidência, comemora seu centenário. O time treinado por Tite conta com a melhor estrutura do futebol do sul. Venceu todos os torneios internacionais que poderia vencer de 2006 para cá - Mundial, Libertadores, Recopa e Sulamericana -, se sagrou bi do Gauchão jogando um futebol de gala, mas a falta de um título nacional desde os fins dos anos 70 é um problema. A esperança é, justamente, essa atual equipe, sem dúvida, muito forte. Comandada por D'Alessandro que conta com Nilmar e Taison no ataque, os raçudos Magrão e Guiñazu no meio e o experiente Kléber na lateral-esquerda, o Inter é o favorito ao título nesse comecinho. O problema, por incrível que pareça, é que o seu futebol foi tão qualificado no começo do ano que pode antecipar o desmanche do elenco. É esperar para ver, mas se eu fosse um torcedor colorado, estaria otimista.
Botafogo: O time de Ney Franco foi raçudo no Carioca, venceu o primeiro turno e fez uma final eletrizante contra o Flamengo. Perdeu nos penâltis mesmo tendo um time inferior. Mesmo que tenha bons jogadores como Maicosuel e Victor Simões, sua maior força está mesmo no espírito de grupo e na coesão do esquema tático. Brigará pelo título? É improvável, mas pelo jeito ficará na parte da tabela podendo surpreender quem lhe menosprezar.
Goiás: Campeão goiano e depois eliminado pelo Fluminense nas oitavas da Copa do Brasil - dando um trabalho danado -, o esmeraldino é comandado por Hélio dos Anjos e tem a liderança de jogadores experientes como Iarley e Felipe (ex-Náutico). Pelo que mostrou até agora, briga pela Sulamericana do ano que vem, mas pode crescer durante a competição.
Coritiba: Há dois anos atrás, quando estava na Série B, o Coxa revelou uma boa geração de jogadores, entre os quais podemos destacar Keirrison e Henrique, além de Carlinhos Paraíba. Só o último continua no time que prefiriu se desfazer de seus atletas em vez de apostar em conquistar títulos. Sob o comando de Renê Simões, a equipe amargou o vice do Paranaense, mas permanece vivo na Copa do Brasil. A tendência é fazer uma campanha não muito diferente da do ano passado.
Vitória: Campeão Baiano deste ano e classificado para as quartas da Copa do Brasil - depois de ter quase perdido uma vaga inacreditável para o Atlético-MG-, o time comandado por P.C. Carpeggiani conta com jogadores experientes como Ramon e Jackson, mas precisa evoluir bastante para fazer uma campanha convincente no Brasileirão, do contrário, corre o risco de ficar, se muito, no meio da tabela.
Sport: O Leão da Ilha do Retiro montou um dos seus melhores times em todos os tempos, (muito bem) treinado pelo experiente Nelsinho Baptista e contanto com jogadores experientes como Paulo Baier, Dutra e o goleiro Magrão somados a jovens como Ciro e Daniel Paulista, a equipe passeou no Pernambucano onde foi campeão invicto. Também ficou em primeiro lugar no grupo da morte na Libertadores, mas nas oitavas, terá de reverter a vantagem que o Palmeiras abriu em São Paulo. Seu desempenho dependerá de dois fatores centrais: A forma e a duração de sua participação na Libertadores assim como o eventual desmanche que essa boa equipe pode acabar sofrendo ao longo desse longo Brasileirão. Ainda assim, o rubro-negro é o clube fora do eixo Sul-Sudeste que mais enche os olhos e que tem melhores chances de fazer uma boa campanha.
Atlético-MG: O Galo teve um ano de 2008 terrível. Esse ano, evoluiu na mão de Emerson Leão, mas falhou, justamente, ao não conseguir superar seu rival, o Cruzeiro, especialmente no primeiro jogo da final do estadual onde perdeu por sonoros 5x0. A derrota no estadual contaminou sua participação na Copa do Brasil onde perdeu para o Vitória. Empatou o jogo da volta contra o Cruzeiro, perdeu o título e o técnico, mas depois, já sob o comando de Celso Roth, quase - quase - conseguiu superar a diferença de três gols que os baianos lhe haviam imposto na ida, mas perdeu nos penâltis. É fato que o time mineiro desse ano é bem melhor do que o do ano passado, mas enquanto não superar o fantasma do Cruzeiro, pode acabar com toda a temporada comprometida.
Atlético-PR: Sob o comando de Geninho, a equipe venceu o Paranaense e travou um confilito muito equilibrado com o Corinthians pela Copa do Brasil, onde acabou eliminado nos detalhes. Esse é, sem dúvida, o melhor time do furacão em anos; joga num 3/5/2 bem organizadinho, Wallyson é uma bela revelação, os ex-refugos Rafael Moura e Marcinho estão jogando bem e a tendência é de uma campanha bem melhor do que a do ano passado. Provavelmente fica entre os dez melhores.
Fluminense: Desde que perdeu a Libertadores em casa para a LDU, o tricolor vive um inferno astral. No ano passado, faltou um fiozinho de azar para o time cair. Nessa temporada, a renovação do time não foi suficiente para impedir uma campanha muito ruim no Carioca. Vieram Parreira e Fred que ainda se adaptam. Veio uma classificação para as quartas da Copa do Brasil para enfrentar o Corinthians. Permanece a desconfiança sobre o desempenho do time no Brasileirão. Por enquanto, eu não estaria tão otimista assim com seu desempenho.
Santos: O Peixe começou 2009 tão mal quanto terminou 2008 apesar de ter renovado seu elenco. Caiu Márcio Fernandes, entrou Vagner Mancini, subiram de categoria os garotos Neymar e Paulo Henrique, subiu maravilhosamente de produção Madson. Serviu para dar uma arrancada nas finas do Paulista, mas não foi o suficiente para evitar a vexaminosa eliminação para o CSA na Copa do Brasil nem a derrota para o Corinthians na final do Paulistão. Falta experiência para o time - e talvez um Kléber Pereira em melhor fase -, mas sobra potencial de evolução; por ora, o Santos está ali, um ou dois degraus abaixo dos favoritos, mas pode muito bem surpreender.
Náutico; Há dois anos na Série A, o alvirubro pernambucano apenas lutou para não cair; em 2007, tinha um bom time, mas se planejou mal, figurou na lanterna, mas arrebentou no segundo turno; em 2008 capengou do início ao fim e ficou por um fio. Esse ano, renovou quase todo o elenco, mas contusões e dificuldades em regularizar atletas o atrapalharam no estadual, onde não chegou nem perto de ameaçar seu rival, o Sport. Na Copa do Brasil, deu azar ao pegar logo de cara o Inter quando o time estava finalmente se montando e não deu outra: Apanhou no Recife e em Porto Alegre. As suas chances não são nada boas para esse Brasileirão.
Corinthians: Campeão da Série B, o alvinegro comandado por Mano Menezes trouxe Ronaldo e venceu o Paulistão invicto. Já está nas quartas da Copa do Brasil e tem boas chances de chegar a final do torneio. É uma equipe muito sólida defensivamente, muito aguerrida que tem no ataque um dos maiores nomes do futebol mundial. Brigará, pelo menos, por uma vaga na Libertadores.
Santo André; Vice da Série B no ano passado, o time fez uma campanha bem tacanha no Paulistão, ficou para além do meio da tabela, mas em momento algum brigou pela classificação. Vai ter de comer muito arroz com feijão para permanecer na Série A que disputa pela segunda vez (atualização em virtude da oportuna correção do Denis na caixa de comentários) .
Avaí: Subiu no ano em que seu rival Figueirense caiu, mas está longe de ter condições de fazer uma boa campanha. A derrota para a Chapecoense na final do Catarinense foi bem emblemática nesse sentido. Honestamente, é o favorito para a lanterna.
Barueri: Clube empresa bem artificial por sinal, vem subindo de divisões há algum tempo. No Paulistão fez que ia e acabou fondo. Também tá com uma cara danada de que vai bater e voltar.
sexta-feira, 8 de maio de 2009
Ato Público contra o AI-5 Digital
Dos blogs: Arlesophia e Sergio Amadeu
Dê um MEGANÃO ao Projeto do Senador Azeredo. Conheça a campanha.
Acima, o post que o Eduardo Prado acabou de publicar em seu Conversa de Bar. O Biscoito Fino e a Massa também está nessa parada. Aqui também. É importantíssimo divulgar isso essa ideia. Também serve para aqueles que acham o PT igual ao PSDB refletirem um pouco.
quinta-feira, 7 de maio de 2009
Os Rumos do PPS e a Coalizão de Oposição
Uma das coisas que me levam a apoiar o Governo Lula, mesmo com todas as suas contradições e a queda qualitativa que o PT sofreu nos últimos anos, é a conjuntura político-partidária do país. É fácil questionar o PT. Ele erra bastante mesmo. O duro é apontar outra saída. Temos desde uma extrema-esquerda autista até um PMDB amórfico passando por uma oposição que não tem razão de ser.
O bloquinho oposicionista formado por PSDB, DEM e PPS é um achado. O PSDB é um partido social-democrata que não é social-democrata - cujo único paralelo que me vem à mente é o português, onde o PSD também é social-democrata no nome ao mesmo tempo em que na prática se opõe a ela. O DEM, outrora PFL, é o partido da oligarquia brasileira, a dissidência da ARENA que soube pular do barco na hora certa e conseguiu, por osmose, se infiltrar na democracia formal nascente - outro caso curioso de partido que, definitivamente não é o que o seu nome diz que é. Por fim, temos o PPS, ex-PCB, do glorioso Roberto Freire que, à italiana, pulou do barco da esquerda quando a URSS caiu. É sobre ele que eu vou falar um pouco.
Em primeiro lugar, não tenho como não citar o processo tosco que foi a mudança do nome da legenda. Ora, se o partido era 'comunista' e os regimes blochevistas do leste europeu caíram, ele, mais do que ninguém, tinha a obrigação de fazer uma crítica qualificada sobre o que aconteceu. Mudar de nome é de uma desonestidade e de um infantilismo flagrante - suscita mais ou menos aquela ideia de que o partido só seguia a ideologia que o nomeava por conveniência do momento.
A atuação do PPS ao longo da década de 90 foi opaca. O partido já nasceu morto, nunca teria condições operacionais para se opôr ao que quer que fosse. Sua participação política de maior relevo no período foi nas campanhas presidenciais de Ciro Gomes (98 e 02), um sujeito que eu nem detesto tanto, mas que não posso olvidar o fato de que é ex-arenista e integra hoje o Partido Socialista Brasileiro - e, pelo andar das coisas, se morrer com cem anos, morrerá anarquista.
Durante o governo Lula, a ação do PPS foi repugnante. Freire não recebeu as concessões que queria, se doeu, tentou boicotar Ciro Gomes como ministro e acabou indo parar na oposição. Primeiro, o partido se usou do episódio do mensalão para fazer uma crítica ao melhor estilo udenista, depois foi se apoximando do consórcio PSDB/DEM até ser absorvido por eles nas municipais de 08 - onde sofreu uma derrota expressiva. No fim das contas, ele apostou no discurso de demonização do Governo Lula, só não esperava que além de Lula se reeleger, ainda fosse obter um êxito tão grande quanto no biênio 07-08. O PPS ficou a ver navios.
Temos aí o caso Dantas. Nomes de relevo do partido - como o deputado Raul Jungmann - foram escalados para a defesa de Mendes e para o achincalhe público a Protógenes e a De Sanctis. Humilhante. Vem a crise e o PPS, em seu programa político, surge com a tese de que o Governo Lula iria bloquear a poupança como fez Collor. Indefensável. O PPS, enquanto nanico da oposição, parece ter sido escalado para fazer os ataques mais baixos contra o Governo Lula.
É bem emblemático o caso de Soninha; ela aparece no PT com um discurso bem moderninho, se elege vereadora em 04, dá uma passo maior que a própria perna em 06 se candidatando para deputada, perde, culpa o partido, pula para o PPS e acaba fazendo coisas como apoiar um Kassab para a prefeitura ou fazer médias inacreditáveis como dizer que Serra é de esquerda. Ah, e ainda arruma tempo para fazer contorcionismos lógicos para explicar a história contada pelo seu partido de que o Governo Lula iria confiscar poupança.
Olhando para um horizonte próximo, o futuro do partido é apocalíptico, talvez ser absorvido pelo DEM, talvez virar de vez uma mera ponta de lança do consórcio, sabe-se lá. Mas de qualquer modo, isso ilustra bem como as coisas andam mal no nosso sistema partidário.
O bloquinho oposicionista formado por PSDB, DEM e PPS é um achado. O PSDB é um partido social-democrata que não é social-democrata - cujo único paralelo que me vem à mente é o português, onde o PSD também é social-democrata no nome ao mesmo tempo em que na prática se opõe a ela. O DEM, outrora PFL, é o partido da oligarquia brasileira, a dissidência da ARENA que soube pular do barco na hora certa e conseguiu, por osmose, se infiltrar na democracia formal nascente - outro caso curioso de partido que, definitivamente não é o que o seu nome diz que é. Por fim, temos o PPS, ex-PCB, do glorioso Roberto Freire que, à italiana, pulou do barco da esquerda quando a URSS caiu. É sobre ele que eu vou falar um pouco.
Em primeiro lugar, não tenho como não citar o processo tosco que foi a mudança do nome da legenda. Ora, se o partido era 'comunista' e os regimes blochevistas do leste europeu caíram, ele, mais do que ninguém, tinha a obrigação de fazer uma crítica qualificada sobre o que aconteceu. Mudar de nome é de uma desonestidade e de um infantilismo flagrante - suscita mais ou menos aquela ideia de que o partido só seguia a ideologia que o nomeava por conveniência do momento.
A atuação do PPS ao longo da década de 90 foi opaca. O partido já nasceu morto, nunca teria condições operacionais para se opôr ao que quer que fosse. Sua participação política de maior relevo no período foi nas campanhas presidenciais de Ciro Gomes (98 e 02), um sujeito que eu nem detesto tanto, mas que não posso olvidar o fato de que é ex-arenista e integra hoje o Partido Socialista Brasileiro - e, pelo andar das coisas, se morrer com cem anos, morrerá anarquista.
Durante o governo Lula, a ação do PPS foi repugnante. Freire não recebeu as concessões que queria, se doeu, tentou boicotar Ciro Gomes como ministro e acabou indo parar na oposição. Primeiro, o partido se usou do episódio do mensalão para fazer uma crítica ao melhor estilo udenista, depois foi se apoximando do consórcio PSDB/DEM até ser absorvido por eles nas municipais de 08 - onde sofreu uma derrota expressiva. No fim das contas, ele apostou no discurso de demonização do Governo Lula, só não esperava que além de Lula se reeleger, ainda fosse obter um êxito tão grande quanto no biênio 07-08. O PPS ficou a ver navios.
Temos aí o caso Dantas. Nomes de relevo do partido - como o deputado Raul Jungmann - foram escalados para a defesa de Mendes e para o achincalhe público a Protógenes e a De Sanctis. Humilhante. Vem a crise e o PPS, em seu programa político, surge com a tese de que o Governo Lula iria bloquear a poupança como fez Collor. Indefensável. O PPS, enquanto nanico da oposição, parece ter sido escalado para fazer os ataques mais baixos contra o Governo Lula.
É bem emblemático o caso de Soninha; ela aparece no PT com um discurso bem moderninho, se elege vereadora em 04, dá uma passo maior que a própria perna em 06 se candidatando para deputada, perde, culpa o partido, pula para o PPS e acaba fazendo coisas como apoiar um Kassab para a prefeitura ou fazer médias inacreditáveis como dizer que Serra é de esquerda. Ah, e ainda arruma tempo para fazer contorcionismos lógicos para explicar a história contada pelo seu partido de que o Governo Lula iria confiscar poupança.
Olhando para um horizonte próximo, o futuro do partido é apocalíptico, talvez ser absorvido pelo DEM, talvez virar de vez uma mera ponta de lança do consórcio, sabe-se lá. Mas de qualquer modo, isso ilustra bem como as coisas andam mal no nosso sistema partidário.
quarta-feira, 6 de maio de 2009
Reforma no Sistema Eleitoral Brasileiro
Nesses últimos dias foi trazida novamente à baila a questão da reforma no sistema eleitoral brasileiro e ao que parece, PT e uma parte expressiva do PSDB a apoiam. É, sem dúvida, um debate bem mais complexo do que parece além de ser fundamental para um país que se pretende democrático - pelo menos formalmente. Ela também não deixa de ser profundamente perturbadora, afinal de contas, dos mais de 120 milhões de eleitores brasileiros aptos a votar, pouquíssimos sabem como funciona exatamente o sistema e, misteriosamente, não lhes é explicado.
Antes de mais nada, convém explicar que para os cargos eletivos do Legislativo, excetuando o de Senador, usamos o sistema de voto proporcional com lista aberta. Ele implica no seguinte: Você, quando vota no candidato x, está, na verdade, votando em primeiro lugar no partido ao qual ele pertence e em um segundo momento está votando nele. Os votos de todos os candidatos de um determinado partido são computados juntos e de acordo com a proporção que esse obtenha dos votos válidos - todos os votos menos nulos e brancos -, receberá em correspondência igual número de cadeiras do respectivo parlamento para o qual se disputa o pleito - por exemplo, 2o% dos votos para um partido em eleição para parlamento de oitenta cadeiras dá 16 cadeiras a serem ocupadas pelos 16 candidatos mais bem votados dessa legenda. O voto em legenda, ou seja, aquele só no partido, entra como voto apenas para o partido, não ordenando a lista, mas integrando o montante - e se todos só votassem em legenda, usando ainda o exemplo, entrariam os 16 candidatos mais velhos dessa agremiação.
A intenção disso era boa: Eleger os candidatos proporcionalmente aos votos que o partido ao qual pertencem recebeu e permitir que o eleitor, de fora para dentro, ordenasse a lista, o que serviria para impedir a ação de caciques políticos indicando os seus para cabeça da lista, o que poderia impedir a oxigenação do parlamento. Parece perfeito, mas o buraco é mais embaixo. O x da questão é que o voto se tornou unipessoal, as pessoas votam muito mais nas pessoas do que nos partidos e não entendem porque simplesmente os mais votados não são eleitos. Isso se deve ao fato de que há pouca gente preocupada em explicar ao eleitorado como o sistema funciona e que na Democracia são grupos, e não pessoas isoladas, que realizam os projetos políticos - os candidatos, mesmo de legendas progressistas, por questões eleitoreiras, preferem nem abordar a questão e fazem campanha quase como se fosse candidatos a cargo do poder executivo.
Antes de mais nada, convém explicar que para os cargos eletivos do Legislativo, excetuando o de Senador, usamos o sistema de voto proporcional com lista aberta. Ele implica no seguinte: Você, quando vota no candidato x, está, na verdade, votando em primeiro lugar no partido ao qual ele pertence e em um segundo momento está votando nele. Os votos de todos os candidatos de um determinado partido são computados juntos e de acordo com a proporção que esse obtenha dos votos válidos - todos os votos menos nulos e brancos -, receberá em correspondência igual número de cadeiras do respectivo parlamento para o qual se disputa o pleito - por exemplo, 2o% dos votos para um partido em eleição para parlamento de oitenta cadeiras dá 16 cadeiras a serem ocupadas pelos 16 candidatos mais bem votados dessa legenda. O voto em legenda, ou seja, aquele só no partido, entra como voto apenas para o partido, não ordenando a lista, mas integrando o montante - e se todos só votassem em legenda, usando ainda o exemplo, entrariam os 16 candidatos mais velhos dessa agremiação.
A intenção disso era boa: Eleger os candidatos proporcionalmente aos votos que o partido ao qual pertencem recebeu e permitir que o eleitor, de fora para dentro, ordenasse a lista, o que serviria para impedir a ação de caciques políticos indicando os seus para cabeça da lista, o que poderia impedir a oxigenação do parlamento. Parece perfeito, mas o buraco é mais embaixo. O x da questão é que o voto se tornou unipessoal, as pessoas votam muito mais nas pessoas do que nos partidos e não entendem porque simplesmente os mais votados não são eleitos. Isso se deve ao fato de que há pouca gente preocupada em explicar ao eleitorado como o sistema funciona e que na Democracia são grupos, e não pessoas isoladas, que realizam os projetos políticos - os candidatos, mesmo de legendas progressistas, por questões eleitoreiras, preferem nem abordar a questão e fazem campanha quase como se fosse candidatos a cargo do poder executivo.
Some isso a falta de fidelidade partidária e o que assistimos há mais de duas décadas é um cenário desolador onde os partidos não têm consistência e ao não tê-lo não conseguem tocar uma agenda programática adiante - ou simplesmente nem têm uma por conta de toda essa confusão. O funcionamento do Legislativo, por conseguinte - e por óbvio -, tem sido caótico.
A atual proposta de reforma implica na manutenção do voto proporcional, mas com listas fechadas. Isso resultaria no seguinte: Você votaria no partido que quisesse e ponto final. A ordem da lista seria determinada por meio de processos internos nas agremiações e já teria sido determinado até o dia do pleito. Usando o exemplo anterior, os 16 candidatos que entrariam seriam os 16 na ordem da lista pré-definida pelo partido.
Por sua vez, isso também se configura como uma faca de dois gumes: Se por um lado isso daria destaque à instituição partidária fazendo com que ela tenha mais responsabilidades e, por conseguinte, formulasse propostas claras enquanto grupo, por outro, o poder dos caciques partidários aumentará e o grau de oxigenação de legislatura para legislatura será menor. No fim das contas, resta-me a impressão de que faça-se o que fizer no âmbito formal, não serão mudanças de cima para baixo que mudarão a qualidade da nossa representação legislativa. Qualquer tipo de sistema eleitoral tem sua falhas e elas são potencializadas pelos defeitos materiais do sistema político-partidário. Penso que mudanças funcionais mesmo, só aquelas que se travam no interior dos partidos, fora isso é tudo imponderável e duvidoso.
Palmeiras 1xO Sport
Para tratar de temas leves, ontem, o Palmeiras venceu o jogo da ida no Palestra Itália. Um a zero. O alviverde foi amplamente superior e deixou no ar aquela sensação de que apesar ter jogado muito bem, poderia ter aproveitado melhor as chances e matado a classificação já ontem. O Sport não é o time mais espetacular da face da terra, mas é muito bem armado e sua defesa é digna de respeito. Ontem, no entanto, Luxemburgo devolveu os nós táticos que levou de Nelsinho ano passado ao surpreendê-lo com a escalação de três atacantes e com o time bem avançado marcando sob pressão. Faltou sorte para Keirrison, que vive um mau momento, assim como faltou qualidade para Marquinhos e Willians fazerem gols. No segundo tempo, a providencial entrada do raçudo Ortigoza definiu o jogo; em um de seus primeiros lances, ele cavou a expulsão de Hamilton e a falta que Cleiton Xavier bateria para ele mesmo fazer o único gol do jogo. Para o jogo da volta, não creio que exista nada definido, mas a julgar pela maneira como Palmeiras enfrentou o Sport - três vezes - esse ano, acho difícil que ele perca a vaga.
domingo, 3 de maio de 2009
A Marcha da Maconha
(Foto retirada de O Globo)
ou pelo menos é desse jeito que está sendo chamada essa passeata programada para várias capitais do país em favor do direito ao uso da maconha. A questão das drogas em geral - e mesmo mais especificamente da maconha - é muito polêmica. Se você o traz à baila, surgem divergências mesmo em um grupo majoritariamente de direita ou em outro, de esquerda.
ou pelo menos é desse jeito que está sendo chamada essa passeata programada para várias capitais do país em favor do direito ao uso da maconha. A questão das drogas em geral - e mesmo mais especificamente da maconha - é muito polêmica. Se você o traz à baila, surgem divergências mesmo em um grupo majoritariamente de direita ou em outro, de esquerda.
O debate mais recorrente sobre essa questão é aquele que envolve "meu direito de fazer o que quiser na minha vida privada X os riscos que o uso de drogas proporcionam para o indivíduo e para a 'sociedade'". Outro ponto que não poderia deixar de citar, é a própria proibição da realização da marcha como aconteceu em São Paulo e Rio de Janeiro. Surge a questão de até onde vai o direito do cidadão expressar seu descontentamento com o direito positivo vigente e onde começa a apologia ao crime.
Começo pelo segundo ponto. Juridicamente falando, temos aqui o fato de que a Constituição Federal de 1988 consagra claramente o direito de livre expressão (art. 5º, IV), não servindo, neste caso, a sua vedação à associação para fins ilícitos (art. 5º, XVII) na medida em que as pessoas, teoricamente, não estariam se reunindo para fumar maconha, mas sim para mostrar seu descontentamento com a legislação vigente e exigir que ela contemple seus anseios enquanto cidadãos, o que se concilia com o espírito democrático de nossa Lei Maior.
No entanto, caímos novamente na questão dos diplomas legais pré-constitucionais, neste caso, o Código Penal, essa jóia rara que o Estado Novo nos legou, que dispõe em seu art. 287 sobre a apologia ao crime, um tipo penal que resulta em detenção para quem fizer um mero discurso em favor de algo que seja considerado como crime (ou em favor de alguém que tenha sido considerado como criminoso), ou seja, algo que precisa ser reinterpretado à luz da nossa atual Lei Maior sob o risco de implicar em cerceamento à liberdade de expressão, o que iria em sentido contrário aos seus dispositivos sobre liberdades e garantias individuais. Só que nisso daí há um detalhe, a apologia que o referido tipo penal se refere é ao crime, não à contravenção penal, o que esvazia o mui pertinente debate que eu levantei na oração anterior, explico-me: Crime é o que a Lei proíbe e que resulta em penas de detenção ou reclusão devido sua natureza que implica, teoricamente, em uma agressão aos princípios mínimos éticos que estruturam a 'sociedade', já a contravenção penal é o que a Lei proíbe e se materializa como mera perturbação, resultando em penas de, no máximo, prisão simples.
Pois é, meus caros, pela Lei 11.343/06 ("Lei de Tráfico") em seu artigo 28, encontramos que adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trazer droga consigo para uso pessoal será sancionado com advertência sobre os efeitos das drogas (art. 28, I), prestação de serviços à comunidade (art. 28,II) ou medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo (art. 28, III). Logo, o consumo pessoal de droga, seja ela qual for, é contravenção penal, não mais crime, portanto, o caso concreto da "marcha da maconha" não se encaixaria ao tipo penal presente no art. 287 do CP mesmo que defendesse a defesa do uso dela independentemente do Direito Positivo - ainda que esse tipo penal deva ser reinterpretado ou repensado à luz da Constituição vigente, não é sequer o caso aqui. Ademais, reitero: Não temos cidadãos defendendo um ato sequer de desobediência civil, mas sim defendendo que a legislação contemple esse anseio, o que é sim direito constitucional.
Em suma, a marcha não poderia ter sido proibida nem ao menos fazendo uso do direito positivo vigente. Mesmo que fosse possível fazer uso dele nesse sentido, como por exemplo no caso do consumo de drogas ser ainda considerado crime, o instituto da desobediência civil existe desde tempos remotos justamente para se provocar modificações na Lei, seja tanto fazer cair leis anacrônicas quanto derrubar leis irracionais - não é, repito, o caso aqui. Para além do direito, pensando em argumentos políticos, não seria possível defender a não realização dessa marcha sem fazer uso de argumentos de natureza não-democrática - o que, no entanto, a própria democracia admite, sendo justamente essa a sua maior prova de superioridade.
Indo adiante, a questão da luta pelo direito ao uso de maconha é mais simples do que pensam seus defensores; não implica em descriminalizar nada, afinal, como coloquei, seu uso - como de qualquer outra droga -, hoje, é entendido como contravenção penal, não como crime. Também não é questão de se liberalizar nada, posto que liberdade, isto é, condição de exercer o seu poder segundo sua vontade e de acordo com os pressupostos lógicos, existe em relação à maconha na medida em que há oferta no mercado e é logicamente possível adquiri-la e consumi-la, no máximo, o que eles advogam é, na verdade, a retirada de uma liberdade: A do Estado em sancionar de qual maneira for quem faz uso de maconha. Também não é caso de se legalizar nada, afinal não é preciso, como discorrerei, alterar, revogar ou criar lei para o caso especifico da maconha. O que se discute aqui é a permissão de seu uso, a consagração de direito em si.
Indo adiante, a questão da luta pelo direito ao uso de maconha é mais simples do que pensam seus defensores; não implica em descriminalizar nada, afinal, como coloquei, seu uso - como de qualquer outra droga -, hoje, é entendido como contravenção penal, não como crime. Também não é questão de se liberalizar nada, posto que liberdade, isto é, condição de exercer o seu poder segundo sua vontade e de acordo com os pressupostos lógicos, existe em relação à maconha na medida em que há oferta no mercado e é logicamente possível adquiri-la e consumi-la, no máximo, o que eles advogam é, na verdade, a retirada de uma liberdade: A do Estado em sancionar de qual maneira for quem faz uso de maconha. Também não é caso de se legalizar nada, afinal não é preciso, como discorrerei, alterar, revogar ou criar lei para o caso especifico da maconha. O que se discute aqui é a permissão de seu uso, a consagração de direito em si.
Como conseguir isso? Simples: Não há nada na lei que diga "é proibido fumar maconha", mas sim "uso de droga gera, penalmente, x, y ou z", a sanção penal nesse caso decorre de uma norma penal propriamente em branco, ou seja, uma norma que depende de complemento presente em tipo normativo hierarquicamente inferior, no caso, em uma portaria do Ministério da Saúde. Em suma, é droga o que o Ministério da Saúde diz que é. Se o MS, portanto, um órgão do Poder Executivo, entender que a maconha não é mais substância entorpecente, dando, por exemplo, o mesmo status que ele dá ao álcool, acabou-se a história: Maconha deixa de ser droga e acabou-se a sanção penal para plantio, comércio ou uso dela.
Sobre a minha opinião pessoal, admito que tenho dificuldades para debater sobre esse assunto. A única droga que usei na vida foi o álcool, mas, honestamente, usei muito pouco e confesso que não gosto de beber - a sensação de embriaguez me incomoda profundamente. Nunca fumei tabaco ou maconha na minha vida. Mais do que isso, o mundo que eu sonho é aquele onde as pessoas não precisem de drogas para nada, nem para 'diversão', muito menos para suportarem a tensão do cotidiano. O ponto nevrálgico é que a droga em si não é o problema, mas sim as causas que levam ao seu uso e ao eventual exagero neste o são. Em suma, o modo doentio de vida que nós temos nessa pós-modernidade que nos atropela é o problema.
Não é, no entanto, minha opinião que deve prevalecer sobre os interesses da coletividade, eu sei o que é melhor para mim, mas não posso simplesmente obrigar as pessoas a seguirem isso defendendo circunstâncias jurídicas para tanto. Também não posso ignorar o impacto das drogas na comunidade, seria um egocentrismo político muito grande da minha parte. Dessa maneira, defendo que a maconha, pela sua natureza e pelos custo-benefício que isso implicaria, deixe de ser considerada como droga e que o Estado se encarregue de regulamentar e controlar todo o processo de plantio e comercialização disso, inclusive, tributando essas atividades. Em relação às outras substâncias entorpecentes como cocaína, heroína e outros, no entanto, eu não defenderia o mesmo, ao menos, não por ora.
PS: O tema é espinhoso mesmo, por isso comentários são bem-vindos aqui mais do que nunca.