Evo Morales Aimá foi reeleito presidente da Bolívia em Primeiro Turno com uma excelente votação: Aproximadamente 62% dos votos contra 23% do principal candidato de oposição, o extremo-direitista Reyes Villa. Essa marca fica abaixo do que Morales previu, 70% dos votos, mas bem acima dos 53% que ele teve na sua primeira eleição e, convenhamos trata-se de uma marca suficiente para que ele governe com tranquilidade; ademais, o seu partido, o Movimento ao Socialismo (MAS), registrou uma importante votação e ficará com algo em torno de 25 das 36 cadeiras do Senado e 88 das 130 cadeiras da Câmara Baixa.
A reeleição de Evo só foi possível com a nova Carta Magna boliviana elaborada durante o seu primeiro governo e aprovada mediante votação popular - tal processo era vedado pela Constituição anterior. A atual Constituição Boliviana também estabeleceu um poder maior para o Presidente da República, o que aproxima o modelo de Estado boliviano de uma Democracia participativa, mas com a figura de um líder garantidor sobre ela; ela também trouxe adventos como a permissão de voto para as colônias bolivianas pelo mundo assim como avanços no que concerne às áreas do meio-ambiente, direitos sociais, direitos das populações indígenas etc. Enfim, na prática, tal carta transformou a nossa vizinha em uma Social-Democracia - pelo menos do ponto de vista jurídico.
Pesados prós e contras, a Bolívia refundada durante o Governo Morales é um país muito melhor do que era há dez anos atrás, mas não se pode perder do horizonte visual o risco que a não existência de instrumentos contra-majoritários podem gerar em um futuro próximo - a existência de mecanismos de freios e contra-pesos em modelos de organização estatais clássicos não representa em prejuízo da Democracia -pelo menos até onde ela chega nesse tipo de modelo -, mas sim numa verdadeira vacina contra a sua possível degeneração, traindo a sua lógica em um primeiro momento para preserva-la mais adiante (sim, por isso vacina: Ela traz em seu conteúdo os componentes do veneno ou da moléstia como forma de subvertê-la).
De qualquer forma, a eleição de Morales foi a segunda vitória de um esquerdista na região nesses últimos dias; no último final de semana, como noticiado aqui, o ex-guerrilheiro tupamaro José Mujica venceu as eleições uruguaias, marcando a continuidade da esquerda no poder em seu país ao vir na esteira (e com o apoio) Tabaré Vazquez - que pode não ter sido tudo aquilo que poderia ser, mas pelo menos promoveu um processo de reformas efetivo e honesto em relação ao qual Mujica será, muito provavelmente, um avanço por meio da chamada Frente Ampla. No entanto, a esquerda - e aí entendam tudo que estiver da parte canhestra do plano até o seu extremo - corre riscos no Chile, pasmaceira do Governo Bachelet produziu a possibilidade da direita voltar ao poder - sem ter superado o paradigma de Pinochet ainda...
Foi uma bela vitória, acachapante, mas, como eu analisei, não vai sufocar o separatismo da Meia Lua. Duvido muito. Pode arrefece rpor algum tempo mas as elites não ficarão caladas: http://tsavkko.blogspot.com/2009/12/vitoria-de-morales-e-uma-vitoria-para.html
ResponderExcluirTsavkko,
ResponderExcluirIsso mesmo, até porquê as elites separatista da Meia Lua vão se manter quietinhas, mas em movimento para deflagrar algo caso a conjuntura se mostre mais favorável - levará algum tempo até a Unasur se solidificar, portanto, nesse momento, as coisas ainda estão muito dependentes da boa vontade das variadas administração pelo continente quase que de forma atomizada. Uma alteração de comando no Brasil, por exemplo, geraria uma sabida mudança de rumo na nossa Política Externa, o que seria sim bom para eles.
abraços