As dez notinhas de sempre:
1. O São Paulo meteu 3x0 no Cruzeiro num jogo coindicedentemente travado entra a ida e a volta das quartas de final da Libertadores onde os times também estão se enfrentando. Curiosamente, as duas equipes entraram com seus times titulares e o tricolor finalmente acordou e provou porque eu o coloquei entre os três favoritos ao título nacional - junto com o próprio Cruzeiro e com o Inter. Para a raposa, a única coisa boa do jogo de hoje que pode ter saído do jogo hoje é o aprendizado do que não deve, nem pode ser feito no jogo da volta da Libertadores.
2. O Santos meteu 3x1 num time do Corinthians que está com a cabeça na Copa do Brasil. Bacana ver o time santista marcando muitos gols, mas os dois últimos jogos não ilustram bem o que ele terá pela frente. O time do Parque São Jorge só poderá ser devidamente medido quando encerrar sua participação na Copa do Brasil - na provável final contra o Inter.
3. O Flamengo de Adriano ganhou do Atlético-PR em casa com direito até mesmo a gol do Imperador. Se o rubro-negro arrumar o ataque vai brigar sim pelo título. O time do Paraná, a despeito da boa participação na Copa do Brasil, está muito mal nesse início de campeonato e se bobear, cai.
4. O Fluminense foi ao Recife enfrentar o surpreendente Náutico e, na raça, quase arracou uma vitória preciosa, mas acabou sofrendo o gol de empate no último minuto. Verdade seja dita, a justiça foi feita porque os pernambucanos jogaram melhor. Não fosse a escalação errada de Kuki no lugar do jovem Anderson Lessa e talvez o Náutico teria saído vitorioso novamente de campo - no entanto, a equipe manteve a invencibilidade.
5. O Atlético-MG perdeu uma bela chance de chegar à liderança e empatou com o Santo André em Minas. São pontos como esses que não podem ser perdidos.
6. Botafogo e Sport, dois times que iniciaram tão bem a temporada e agora vivem um verdadeiro inferno astral, empataram em 2x2. É difícil prever o que vai acontecer de agora em diante, com o primeiro sem Maicosuel e o segundo perdido pela derrota na Libertadores - esse torneio tão duro que põe seus vitoriosos nas alturas e os seus derrotados no Inferno.
7. O Vitória de Carpegiani venceu o Grêmio pelo placar mínimo, o que prova tanto sua força em casa quanto as limitações do rival.
8. Num jogo quase desapercebido o Inter venceu o fraco Avaí e ampliou a vantagem para o segundo colocado. Alguém segura o Inter?
9.O Palmeiras saiu na frente do Barueri, mas tomou o empate: 2x2. Um fiasco.
10. O Goiás meteu 3x1 no Coritiba fora. O esmeraldino, treinado pelo bom Hélio dos Anjos, me parece uma equipe com algum talento, mas bastante desorganizada, o Coritiba está horroroso e é candidato ao rebaixamento.
domingo, 31 de maio de 2009
A Popularidade de Lula e a Crise

Hoje de manhã, recebi um e-mail- via uma das milhares de listas de e-mail nas quais eu estou incluído - falando da recuperação da popularidade do Governo Lula. O fato é que ela retornou aos patamares gigantescos em que se encontrava antes da Crise econômica mundial. A que se deve isso? Em primeiro lugar - e obviamente - porque o impacto de Crise no Brasil foi irrisório se comparado ao resto do mundo assim como as medidas do Governo foram vistas como exitosas pelos brasileiros. No entanto, há mais coisa no caldo, portanto, pensemos juntos.
Antes de mais nada, o que diabos seria uma crise? Encontrei algo bastante interessante no Afirmação Histórica dos Direitos Humanos do Professor Fábio Konder Comparato: A palavra tem suas origens lá atrás entre os gregos; ela vem do radical kri que dá origem ao verbo krinô e que, por sua vez, possui um significado ambivalente, implicando tanto na ideia de separar/distinguir quanto na de decidir/solucionar. Krisis, portanto, seria o substantivo que decorre desse verbo; trata-se do divisor de águas, o momento zero onde as coisas acontecem. Essa concepção vai ser trabalhada com mais propriedade por Hipócrates de Kós, o Pai da Medicina (460 a. C.-377 a.C.), que, define tal conceito como o momento preciso em que é possível discernir a doença e desvendar a sorte do doente (Comparato, op. cit., p.533).
A Economia, por sua vez, segundo os meus próprios - e humildes - conhecimentos na língua helênica, é o conjunto de regras (nomos é, na verdade, um falso cognato, e significa "lei" e não "norma", mas aqui tem um significado mais próximo de "regra" mesmo) que rege o ambiente comum (o oikós, que pode ser traduzido como "lar", mas é, na verdade, o ambiente em que se convive). Nada mais atual, principalmente se formos ponderar a dialética entre a nossa segunda e primeira natureza - que são cada vez mais indistinguíveis como nos joga na cara, cada vez mais, a problemática ambiental. Claro, é um conceito bastante complexo, talvez tomada hoje em dia muito mais pelo aspecto substancial (as relações de produção e de troca) do que pelo aspecto formal e material que o conceito, originalmente, expressa (as regras que estruturam essas relações). A grande dificuldade na análise econômica se materializa em dois fatores basilares: Nunca sabemos o tamanho e as características exatas do ambiente (oikós) sobre o qual falamos - ele é sempre uma estimativa, uma projeção - e apenas deduzimos as regras (nomos) que o regem.
Eis aí o significado do que é a Crise Econômica Mundial que esse pobre escrevinhador tem repetido incansáveis vezes nos últimos tempos sem os devidos pormenores: Ela é o momento zero, onde a velha ordem deixa de ser, mas ainda não há uma nova sendo - apenas se consubstanciando - enquanto os agentes - velhos e novos - estão em fermentação; essa ordem diz respeito àquela que decorre das regras que estruturam as relações de produção e troca em escala mundial. Crise, portanto, nunca é necessariamente "o fim" do ser, mas sim do estar, é a hora da metamorfose, a saída dolorosa do casulo.
Voltando para o quadro político-partidário brasileiro de hoje, a Oposição, talvez enganada, talvez enganando-se, viu nessa Crise Econômica a materialização da queda de Lula - coisa que ela nunca conseguiu promover por meio de uma agenda propositiva, mas que, quem sabe, o acaso pudesse fazer. Esqueceu ela que a Crise, por excelência, é uma faca de dois gumes; Lula poderia cair como poderia sair fortalecido, uma análise conjuntural mediana, no entanto, levava a crer que a primeira hipótese era um tanto mais improvável do que a segunda. É o que está se consolidando nesse momento. Novamente, a Oposição, à esquerda e à direita, apostou todas as suas fichas na Fortuna por lhe faltar Virtù e se submeteu aos seus imponderáveis ditames.
As coisas, claro, não são tão simples. O PT de hoje é um partido pior do que era há sete anos atrás. Partidos nem sempre pioram porque governam, mas o PT piorou por conta das suas profundas contradições internas, onde seus componentes, mecanicamente integrados, praticaram autofagia diante no afã de conquistarem a hegemonia - mais do que partidária, estatal. Lula, nesse momento, é a pedra angular tanto de seu partido quanto do nosso frágil sistema político; é o líder que colocou de maneira mais convincente a máscara do patriarcalismo bragantino; é o líder benevolente que paira sobre um sistema instável, onde os demais agentes se perdem ao invés de acharem os caminhos.
Diante do fracassos do PSDB e do PT também, Lula é quem resta. Até que ponto isso é bom?
sexta-feira, 29 de maio de 2009
A Libertadores, a Copa do Brasil e as Desventuras de Luxa
Só ia abordar o que rolou essa no meio dessa semana amanhã, mas como as copas - Libertadores e do Brasil - estão chegando na reta final, é necessário abordar as coisas tão logo.
Na Copa do Brasil, pela primeira vez em anos, os favoritos do torneio parecem que vão realizar a final mesmo. Tirando a bizarra eliminação santista, eliminações bisonhas não foram muito recorrentes na atual edição e Inter e Corinthians estão com um pé a final - que seria de arrebentar. Sou completamente insuspeito em falar bem do Corinthians e mal do Vasco - meu time favorito no Rio -, mas acho tremendamente improvável uma classificação do time de São Januário. Do lado do Colorado, depois dos 3x1 na ida sobre um time limitado do Coritiba, tomo como menos improvável ainda a desclassificação do time do Beira-Rio.
Na Libertadores, o Cruzeiro teve mais volume de jogo contra o São Paulo, mas não soube transformar isso em gols, venceu por apenas 2x1 e abriu o flanco para o jogo do Morumbi - ainda que eu não acredite muito numa classificação tricolor, desconfiava de uma derrota pior, mas isso daí, convenhamos, é virável. O Grêmio foi lá e empatou contra o Caracas jogando um futebol bem miúdo, mas deve se classificar. O Estudiantes ganhou do Defensor fora de casa por 1x0 e suspeito que o raio não caia duas vezes no mesmo lugar; os argentinos passarão e chegarão fortes na semi.
O jogo que eu acompanhei com mais proximidade, por motivos óbvios, foi o do Palmeiras contra o Nacional de Montevideu no Palestra. O jogo passou longe de ser animador, seja do ponto de vista técnico ou da emoção e o time paulista saiu com um resultado desanimador de campo, um incolor, insípido e inodoro 1x1.
Houve quem questionasse bastante o fato de Luxemburgo ter escalado três zagueiros jogando em casa, no entanto, eu não iria tão longe; creio que já deveria estar superada essa história de que não é possível jogar no 3/5/2 e ser ofensivo ao mesmo tempo. O problema é o elenco palmeirense em si, seja qual for o esquema tático, e a maneira como Vandeco tem lidado com ele desde o título paulista de 08 e a profunda reformulação sofrida para essa temporada.
Se atendo na atual temporada, é bastante curioso o que aconteceu: Primeiro foi montado um time bastante jovem que dava indícios de não suportar a pressão, mas aí ele iniciou a temporada bem até começar a ter seus problemas, que foram virando uma bola de neve e nada do renomado treinador mudar essa situação, muito pelo contrário; o Palmeiras de hoje é uma equipe tão morosa e desanimada como era no final de 2008 e se não fosse pelo talento de Marcos - e aquele chutaço de Cleiton Xavier contra o Colo Colo -, já estaria eliminado aqui também.
Ontem, o time só tinha dois desfalques dentre prováveis titulares, Wendel, suspenso, pela ala-direita e Edmílson, contundido, pela zaga. O time começou de forma bem instável sem conseguir se impor no ataque com o trio Cleiton Xavier/Diego Souza/Keirrison bem marcado e alas completamente insuficientes. Logo no primeiro tempo, Luxemburgo resolveu alterar a equipe e falhou; ele não deveria ter sacado Souza, mas o fez para pôr Obina. Fabinho Capixaba foi acertadamente sacado para a equivocada entrada de Marquinhos - vejam só, dava para ter resolvido isso daí com uma alteração só, quem sabe, tirando apenas Fabinho para pôr Obina no ataque, passando assim Souza para a ala-direita. Também dava para não ter tirado Souza, mas sim um dos zagueiros se era o caso de Marquinhos ter entrado para pontar pela direita.
Com as modificações, mesmo que tenha passado a faltar meio-campo, o fato de ter povoado o ataque, foi o suficiente para apertar o frágil adversário; eram três zagueiros lá atrás, Pierre sozinho na marcação, D. Souza e C. Xavier na armação pelo meio, Marquinhos como um armador pela direita, Armero fazendo o mesmo pela esquerda e dois atacantes lá na frente. Mesmo com todos os seus rodopios e falta de objetividade, o Palmeiras, que saira do 3/4-1/2 (ou 3/4-2/1) para o 3/1-4/2, foi lá e anotou o seu golzinho, com Keirrison fazendo o pivô para Diego chutar forte e marcar o gol - contando com a falha do goleiro adversário.
Depois, me aparece Luxembrugo e saca Keirrison para pôr Jumar - uma modificação daquelas que destroem qualquer time no mundo - e a equipe vai para 3/2-4/1, se atrapalha e toma um gol em mais um momento de paralisia cerebral de sua defesa. Jumar, só para não passar batido, é outra invenção de Luxemburgo; arquétipo de volante brucutu, só ocupa espaço em campo e ao ser colocado no lugar do craque do time - que apesar da má fase, deu o passe para o gol - só pode significar que o treinador não quer mesmo vencer o jogo.
O Nacional é um time horroroso, mas em casa pode assegurar a vaga sim. O Palmeiras, pelo seu lado, tem limitações inegáveis no seu elenco, mas poderia estar jogando bem melhor do que isso. Pelo clima depois do jogo de ontem, no entanto, é bem difícil imaginar a equipe revertendo isso daí. A quarta era Luxemburgo no Palestra, que já se arrasta há alguns meses, parece próxima do fim ou de uma virada milagrosa na sua sorte. Seja como for, ontem Luxemburgo teve uma noite de técnico de várzea.
Na Copa do Brasil, pela primeira vez em anos, os favoritos do torneio parecem que vão realizar a final mesmo. Tirando a bizarra eliminação santista, eliminações bisonhas não foram muito recorrentes na atual edição e Inter e Corinthians estão com um pé a final - que seria de arrebentar. Sou completamente insuspeito em falar bem do Corinthians e mal do Vasco - meu time favorito no Rio -, mas acho tremendamente improvável uma classificação do time de São Januário. Do lado do Colorado, depois dos 3x1 na ida sobre um time limitado do Coritiba, tomo como menos improvável ainda a desclassificação do time do Beira-Rio.
Na Libertadores, o Cruzeiro teve mais volume de jogo contra o São Paulo, mas não soube transformar isso em gols, venceu por apenas 2x1 e abriu o flanco para o jogo do Morumbi - ainda que eu não acredite muito numa classificação tricolor, desconfiava de uma derrota pior, mas isso daí, convenhamos, é virável. O Grêmio foi lá e empatou contra o Caracas jogando um futebol bem miúdo, mas deve se classificar. O Estudiantes ganhou do Defensor fora de casa por 1x0 e suspeito que o raio não caia duas vezes no mesmo lugar; os argentinos passarão e chegarão fortes na semi.
O jogo que eu acompanhei com mais proximidade, por motivos óbvios, foi o do Palmeiras contra o Nacional de Montevideu no Palestra. O jogo passou longe de ser animador, seja do ponto de vista técnico ou da emoção e o time paulista saiu com um resultado desanimador de campo, um incolor, insípido e inodoro 1x1.
Houve quem questionasse bastante o fato de Luxemburgo ter escalado três zagueiros jogando em casa, no entanto, eu não iria tão longe; creio que já deveria estar superada essa história de que não é possível jogar no 3/5/2 e ser ofensivo ao mesmo tempo. O problema é o elenco palmeirense em si, seja qual for o esquema tático, e a maneira como Vandeco tem lidado com ele desde o título paulista de 08 e a profunda reformulação sofrida para essa temporada.
Se atendo na atual temporada, é bastante curioso o que aconteceu: Primeiro foi montado um time bastante jovem que dava indícios de não suportar a pressão, mas aí ele iniciou a temporada bem até começar a ter seus problemas, que foram virando uma bola de neve e nada do renomado treinador mudar essa situação, muito pelo contrário; o Palmeiras de hoje é uma equipe tão morosa e desanimada como era no final de 2008 e se não fosse pelo talento de Marcos - e aquele chutaço de Cleiton Xavier contra o Colo Colo -, já estaria eliminado aqui também.
Ontem, o time só tinha dois desfalques dentre prováveis titulares, Wendel, suspenso, pela ala-direita e Edmílson, contundido, pela zaga. O time começou de forma bem instável sem conseguir se impor no ataque com o trio Cleiton Xavier/Diego Souza/Keirrison bem marcado e alas completamente insuficientes. Logo no primeiro tempo, Luxemburgo resolveu alterar a equipe e falhou; ele não deveria ter sacado Souza, mas o fez para pôr Obina. Fabinho Capixaba foi acertadamente sacado para a equivocada entrada de Marquinhos - vejam só, dava para ter resolvido isso daí com uma alteração só, quem sabe, tirando apenas Fabinho para pôr Obina no ataque, passando assim Souza para a ala-direita. Também dava para não ter tirado Souza, mas sim um dos zagueiros se era o caso de Marquinhos ter entrado para pontar pela direita.
Com as modificações, mesmo que tenha passado a faltar meio-campo, o fato de ter povoado o ataque, foi o suficiente para apertar o frágil adversário; eram três zagueiros lá atrás, Pierre sozinho na marcação, D. Souza e C. Xavier na armação pelo meio, Marquinhos como um armador pela direita, Armero fazendo o mesmo pela esquerda e dois atacantes lá na frente. Mesmo com todos os seus rodopios e falta de objetividade, o Palmeiras, que saira do 3/4-1/2 (ou 3/4-2/1) para o 3/1-4/2, foi lá e anotou o seu golzinho, com Keirrison fazendo o pivô para Diego chutar forte e marcar o gol - contando com a falha do goleiro adversário.
Depois, me aparece Luxembrugo e saca Keirrison para pôr Jumar - uma modificação daquelas que destroem qualquer time no mundo - e a equipe vai para 3/2-4/1, se atrapalha e toma um gol em mais um momento de paralisia cerebral de sua defesa. Jumar, só para não passar batido, é outra invenção de Luxemburgo; arquétipo de volante brucutu, só ocupa espaço em campo e ao ser colocado no lugar do craque do time - que apesar da má fase, deu o passe para o gol - só pode significar que o treinador não quer mesmo vencer o jogo.
O Nacional é um time horroroso, mas em casa pode assegurar a vaga sim. O Palmeiras, pelo seu lado, tem limitações inegáveis no seu elenco, mas poderia estar jogando bem melhor do que isso. Pelo clima depois do jogo de ontem, no entanto, é bem difícil imaginar a equipe revertendo isso daí. A quarta era Luxemburgo no Palestra, que já se arrasta há alguns meses, parece próxima do fim ou de uma virada milagrosa na sua sorte. Seja como for, ontem Luxemburgo teve uma noite de técnico de várzea.
quinta-feira, 28 de maio de 2009
CONFECOM
Este blog apoia a CONFECOM, a I Conferência Nacional de Comunicação, convocada pelo Presidente Lula e que será realizada em Dezembro. Suas origens repousam nas lutas dos movimentos sociais contra a estrutura midiática oligopolizada desse Brasil varonil que habitamos - como melhor explicam a Flávia Brites no blog que ela montou sobre a CONFECOM, o Liberdade de Expressão e o nosso amigo Eduardo Prado no seu Conversa de Bar.
Como já foi externado reiteradas vezes aqui n'O Descurvo, a questão da Mídia é nevrálgica no mundo contemporâneo; vivemos numa época onde a produção se desmaterializa e o capitalismo financeiro, como expõe a atual Crise Mundial, está em vias de extinção. Em seu lugar, está se estabelecendo uma nova era, onde o dado informacional ganha cada vez mais valor em si mesmo; informação está deixando de ser meio para o poder para ser poder em si; o dado monetário se informatiza e a diferença entre os dinheiro e informação se estreita cada vez mais, suscitando uma convergência logo ali na frente.
Quando vemos casos como o de Daniel Dantas, estamos diante desse fenômeno; antes mesmo da batalha por corações e mentes disputada na Mídia, a briga anterior era a de um banqueiro fazendo uso de uma estratégica "agressiva" para conquistar terreno na Mídia. Dantas pode ser muitas coisas, mas burro, ele não é mesmo, muito pelo contrário: DD viu essa convergência no horizonte e resolveu chegar lá primeiro, não importando como.
Isso é emblemático e nos serve de alerta: Se aqueles que acreditam na Democracia não fizerem um esforço para chegar nesse horizonte e fincar a sua bandeira, alguém há de chegar lá primeiro. Somos um país que, relativamente às nossas idiossincrasias, parece destinado a algo mais tenebroso do que no resto do mundo; o Brasil é um lugar que possui - e é possuído por - uma Mídia oligopolizada e controlada por grupos econômicos familiares - que se confundem com suas propriedades de tal forma que é difícil dizer se são famílias que são empresas ou empresas que são famílias -, portanto, nosso destino na Era da Informação, sem a devida mobilização, é de trevas muito densas.
A tarefa que temos adiante não é fácil, mas não podemos esmorecer nem nos curvarmos na falácia da suposta realidade como eu abordei aqui há pouco; nós, humanos, não compreendemos o real em sua totalidade, tudo que conhecemos existe, mas nem tudo que existe é conhecido por nós; a realidade é uma contínua construção que os humanos, em maior ou em menor grau, tomam parte e nem ao menos têm o conhecimento pleno dele em toda a sua complexidade; o uso de uma suposta realidade como limitador da ação política e justificador dos crimes praticados pelo Poder é inteiramente sofismático e terrivelmente sofismático nos nossos dias. Destarte, não nos enganemos, olhemos através das coisas e sigamos adiante.
Como já foi externado reiteradas vezes aqui n'O Descurvo, a questão da Mídia é nevrálgica no mundo contemporâneo; vivemos numa época onde a produção se desmaterializa e o capitalismo financeiro, como expõe a atual Crise Mundial, está em vias de extinção. Em seu lugar, está se estabelecendo uma nova era, onde o dado informacional ganha cada vez mais valor em si mesmo; informação está deixando de ser meio para o poder para ser poder em si; o dado monetário se informatiza e a diferença entre os dinheiro e informação se estreita cada vez mais, suscitando uma convergência logo ali na frente.
Quando vemos casos como o de Daniel Dantas, estamos diante desse fenômeno; antes mesmo da batalha por corações e mentes disputada na Mídia, a briga anterior era a de um banqueiro fazendo uso de uma estratégica "agressiva" para conquistar terreno na Mídia. Dantas pode ser muitas coisas, mas burro, ele não é mesmo, muito pelo contrário: DD viu essa convergência no horizonte e resolveu chegar lá primeiro, não importando como.
Isso é emblemático e nos serve de alerta: Se aqueles que acreditam na Democracia não fizerem um esforço para chegar nesse horizonte e fincar a sua bandeira, alguém há de chegar lá primeiro. Somos um país que, relativamente às nossas idiossincrasias, parece destinado a algo mais tenebroso do que no resto do mundo; o Brasil é um lugar que possui - e é possuído por - uma Mídia oligopolizada e controlada por grupos econômicos familiares - que se confundem com suas propriedades de tal forma que é difícil dizer se são famílias que são empresas ou empresas que são famílias -, portanto, nosso destino na Era da Informação, sem a devida mobilização, é de trevas muito densas.
A tarefa que temos adiante não é fácil, mas não podemos esmorecer nem nos curvarmos na falácia da suposta realidade como eu abordei aqui há pouco; nós, humanos, não compreendemos o real em sua totalidade, tudo que conhecemos existe, mas nem tudo que existe é conhecido por nós; a realidade é uma contínua construção que os humanos, em maior ou em menor grau, tomam parte e nem ao menos têm o conhecimento pleno dele em toda a sua complexidade; o uso de uma suposta realidade como limitador da ação política e justificador dos crimes praticados pelo Poder é inteiramente sofismático e terrivelmente sofismático nos nossos dias. Destarte, não nos enganemos, olhemos através das coisas e sigamos adiante.
segunda-feira, 25 de maio de 2009
O Teste Nuclear Norte-Coreano

Hoje, a Coreia do Norte realizou um teste nuclear subterrâneo, o que provocou um terremoto de, aproximadamente, 4,7 graus na escala Richter. Apesar dos dados serem ainda bem desencontrados, alguns especialistas apontam que as bombas detonadas poderiam ter a mesma potência das bombas que devastaram Hiroshima em 46.
Isso aqui é apenas um episódio na longa história que envolve a península coreana. Nem vou me ater à milenar saga do povo local e sua cultura tão singular; Fiquemos pelo século 20º mesmo, já é mais do que o suficiente. A península, como é sabido, foi invadida e ocupada pelo Império Japonês entre 1910 e 1945, libertando-se apenas por meio da cruenta vitória aliada no Pacífico.
A paz, mesmo assim, não viria com o fim do domínio colonial nipônico, afinal, a península acabou dividida em duas, bem no paralelo 38: Ao norte os soviéticos, ao sul os americanos. Em 1948, sob o patrocínio de seus libertadores, são proclamadas tanto a República da Coreia - ao sul - quanto a República Democrática Popular da Coreia - ao norte. A primeira, um Estado fantoche dos Estados Unidos, a segunda, uma marionete soviética.
Em pouco menos de dois anos, a tênue paz cai por terra e é travada a sanguinolenta Guerra da Coreia; as forças do norte cruzam o paralelo 38, as tropas das Nações Unidas lideradas pelos EUA reagiram e avançaram para o norte, envolvendo A União Soviética e, em especial, a China pós-revolucionária. Os americanos conseguiram tal vitória no Conselho de Segurança da ONU na medida em que, à época, os soviéticos estavam boicotando a instituição e, sem o seu veto, ocorreu a deliberação em favor da invasão da Coreia do Norte - lembrando que a China Popular não tinha assento nas Nações Unidas, sendo os nacionalistas, exilados em Taiwan, os representantes do país.
No fim das contas, graças aos jatos soviéticos Mig-15 e a participação das tropas chinesas no solo, as forças pró-americanas recuaram para o sul. O General Mac Arthur, vendo-se às voltas com um empate técnico, defendeu um bombardeio nuclear contra a China Popular, mas foi rechaçado pelo próprio governo americano, na medida que tal ação provocaria, invariavelmente, uma guerra nuclear contra os soviéticos. Diante desse impasse, tivemos, finalmente o cessar-fogo que dura até hoje.
Não custa lembrar que os fatos narrados, em apertada síntese, nesses dois últimos parágrafos duraram três longos anos onde morreram por volta de três milhões de seres humanos. De lá para cá, as duas coreias ficaram divididas e foram reconstruídas com dinheiro de seus apoiadores, ou melhor, de seus criadores.
A Coreia do Norte, nos anos posteriores, se estabelece sob a égide do chamado socialismo juche: Uma suposta versão local de socialismo que teria sido idealizada pelo seu líder supremo, Kim Jong-nam, mas que, na verdade, nunca passou de uma cópia equizofrênica do stalinismo - pois é, os norte-coreanos provaram que isso é possível. Provavelmente o trauma e a xenofobia decorrente da guerra ajudou essa insanidade coletiva a se consolidar.
Em seguida, o país prosperou materialmente às custas dos subsídios de Moscou e entrou no mesmo turbilhão dos demais países socialistas quando da queda da União Soviética. Nos anos 90, o país cai na órbita de influência chinesa, de quem passa a depender cada vez mais; a Coreia do Norte é, mais do que um totalitarismo digno de pastelão, um modelo economicamente inviável que nunca sobreviveu sem ajuda de nenhuma outra potência.
Por outro lado, a Coreia do Sul, ajudada pelos seus aliados americanos, se torna uma potência tecnológica e avança prodigiosamente ao longo das últimas décadas num processo não muito diferente daquilo que aconteceu com a antiga Alemanha Ocidental nos tempos da Guerra Fria. Mais do que isso, os EUA se mantêm firmes e fortes na região, seja por meio das inúmeras bases em território sul-coreano e japonês, seja pela poderosa 7ª Frota de sua Marinha, estacionada no Mar do Japão desde os tempos da Guerra da Coreia. O foco americano, hoje, com o fim da União Soviética, não é a Rússia, mas sim a China, segunda maior potência econômica mundial.
Para se ter uma ideia, no fim dos anos 90, o governo norte-coreano abriu mão de suas ambições nucleares em troca de petróleo a ser fornecido pelos americanos. Claro, ele foi traído pela administração Bush, mas de onde eles tiraram forças - e abastecimento energético - para desenvolver seu sistema de mísseis e sua tecnologia nuclear? Simples: Da China. Não nos enganemos, per se, os norte-coreanos não têm poder para nada, se Pequim acordar de mau humor e cortar o abastecimento energético do país, acabou-se a Coreia do Norte.
Por óbvio, chineses não agirão diretamente contra os Estados Unidos, mas por que não fazê-lo por meio de peões como fazem os próprios americanos? Não será muita coincidência que os iranianos, de repente, também estejam tendo avanços miraculosos na mesma área?
Enfim, isso não tem nada a ver com a Democracia ou Direitos Humanos, mas sim com o jogo sujo das potências, um resíduo claro de tempos remotos que permanece vivo ainda hoje graças ao descalabro dos Estados Unidos: Um país extremamente desenvolvido e rico, o único capaz de mudar a sorte triste da humanidade, mas que se mostra muito pouco preocupado em construir um sistema global, posto que a Guerra, admita-se ou não, é do interesse de muitos dos grupos que, nesse exato momento, ocupam o poder de fato por aquelas bandas.
Nesse sentido, o mundo prossegue na mesma agonia das últimas seis décadas: O fantasma da obliteração nuclear continua a rondar as nossas vidas graças a esperteza estúpida dos malandros da realpolitik.
domingo, 24 de maio de 2009
A Terceira Rodada do Brasileirão
Como sempre, as dez notas sobre a rodada do Brasileirão (desta vez, um pouco mais cedo do que de costume):
1. No clássico da rodada, Palmeiras x São Paulo protagonizaram uma partida pedante e equilibrada assim como no jogo entre eles no Paulistão. O placar foi emblemático: OxO. Ainda assim, o São Paulo foi ligeiramente melhor e Marcos provou a excelente fase em que se encontra. Por outro lado, Keirrison, manteve a péssima fase e o juíz não viu o pênalti em cima de Diego Souza.
2.Mesmo cansado e ressacado pela (dura) classificação na Copa do Brasil, o Inter foi à Goiânia com seu mistão e bateu o Goiás. Por enquanto, o colorado é o time a ser batido nesse campeonato. Desde o Cruzeiro em 2003, eu não via uma equipe entrar num Brasileirão com tamanha superioridade em relação aos rivais. Temos de esperar para ver se e como o Inter vai perder jogadores quando a maldita janela europeia for aberta, caso nada mude de forma tão radical assim, vai ser difícil segurar o time gaúcho.
3.O Náutico enfiou 3x2 no Atlético-PR em Curitiba e assumiu a vice-liderança do torneio. Convenhamos que essa tem sido uma temporada estranha para o time pernambucano: Se as contratações feitas no início da temporada, eram indícios de uma boa campanha logo de cara, os péssimos resultados no primeiro trimestre foram uma ducha de água fria para o Brasileirão. De repente, a equipe cismou em jogar tudo o que não jogou o ano inteiro nesses últimos três jogos. Ainda é cedo, mas e a queda certa do time já pode ser posta em dúvida por usa torcida.
4.O Santos, em crise, foi ao Maracanã enfrentar um Fluminense ressacado pela eliminação na Copa do Brasil. Acabou enfiando uma goleada. 4x1. Foi algo surpreendente, mas o peixe precisa ganhar mais consistência para brigar pelo título.
5.O Cruzeiro, com dois belos gols de Kléber, bateu o Vitória e provou mais uma vez ser uma das boas equipes desse torneio.
6.O Grêmio, na estreia de Paulo Autuori, venceu seu primeiro jogo no Brasileirão. Será que agora virá a tão sonhada estabilidade que tem faltado à equipe ao longo desse ano? O Botafogo, por sua vez, está devagar, quase parando.
7.O Corinthians, como era de se esperar, venceu o Barueri sem dificuldades.
8.O Atlético-MG prossegue fazendo uma boa temporada como ilustra a vitória sobre o Sport, em Recife por 3x2. Esse ano, a única coisa errada que aconteceu com o Galo foi aquela inexplicável goleada sofrida para o Cruzeiro na final do Mineiro. Isso atrapalhou o time na Copa do Brasil e, pela rivalidade que há entre as equipes, deu na queda de Leão. Celso Roth pegou um trabalho montadinho e só deu continuidade. É só o time não tremer de novo diante do rival para as coisas darem certo. O Sport vai mal no Brasileirão, possivelmente ressacado pela eliminação na Libertadores.
9.O Flamengo, com dois gols de Josiel, bateu o Santo André. Se Cuca conseguir acertar o ataque o time carioca, ao contrário do que eu previa inicialmente, pode brigar pelo título. Ele tem aí a contratação de Adriano e um recuperável Josiel nas mãos. Será que vai?
10.Avaí 2x2 Coritiba talvez tenha sido o pior jogo da rodada. Se esses dois não tomarem cuidado, vão se ver às voltas com o rebaixamento.
1. No clássico da rodada, Palmeiras x São Paulo protagonizaram uma partida pedante e equilibrada assim como no jogo entre eles no Paulistão. O placar foi emblemático: OxO. Ainda assim, o São Paulo foi ligeiramente melhor e Marcos provou a excelente fase em que se encontra. Por outro lado, Keirrison, manteve a péssima fase e o juíz não viu o pênalti em cima de Diego Souza.
2.Mesmo cansado e ressacado pela (dura) classificação na Copa do Brasil, o Inter foi à Goiânia com seu mistão e bateu o Goiás. Por enquanto, o colorado é o time a ser batido nesse campeonato. Desde o Cruzeiro em 2003, eu não via uma equipe entrar num Brasileirão com tamanha superioridade em relação aos rivais. Temos de esperar para ver se e como o Inter vai perder jogadores quando a maldita janela europeia for aberta, caso nada mude de forma tão radical assim, vai ser difícil segurar o time gaúcho.
3.O Náutico enfiou 3x2 no Atlético-PR em Curitiba e assumiu a vice-liderança do torneio. Convenhamos que essa tem sido uma temporada estranha para o time pernambucano: Se as contratações feitas no início da temporada, eram indícios de uma boa campanha logo de cara, os péssimos resultados no primeiro trimestre foram uma ducha de água fria para o Brasileirão. De repente, a equipe cismou em jogar tudo o que não jogou o ano inteiro nesses últimos três jogos. Ainda é cedo, mas e a queda certa do time já pode ser posta em dúvida por usa torcida.
4.O Santos, em crise, foi ao Maracanã enfrentar um Fluminense ressacado pela eliminação na Copa do Brasil. Acabou enfiando uma goleada. 4x1. Foi algo surpreendente, mas o peixe precisa ganhar mais consistência para brigar pelo título.
5.O Cruzeiro, com dois belos gols de Kléber, bateu o Vitória e provou mais uma vez ser uma das boas equipes desse torneio.
6.O Grêmio, na estreia de Paulo Autuori, venceu seu primeiro jogo no Brasileirão. Será que agora virá a tão sonhada estabilidade que tem faltado à equipe ao longo desse ano? O Botafogo, por sua vez, está devagar, quase parando.
7.O Corinthians, como era de se esperar, venceu o Barueri sem dificuldades.
8.O Atlético-MG prossegue fazendo uma boa temporada como ilustra a vitória sobre o Sport, em Recife por 3x2. Esse ano, a única coisa errada que aconteceu com o Galo foi aquela inexplicável goleada sofrida para o Cruzeiro na final do Mineiro. Isso atrapalhou o time na Copa do Brasil e, pela rivalidade que há entre as equipes, deu na queda de Leão. Celso Roth pegou um trabalho montadinho e só deu continuidade. É só o time não tremer de novo diante do rival para as coisas darem certo. O Sport vai mal no Brasileirão, possivelmente ressacado pela eliminação na Libertadores.
9.O Flamengo, com dois gols de Josiel, bateu o Santo André. Se Cuca conseguir acertar o ataque o time carioca, ao contrário do que eu previa inicialmente, pode brigar pelo título. Ele tem aí a contratação de Adriano e um recuperável Josiel nas mãos. Será que vai?
10.Avaí 2x2 Coritiba talvez tenha sido o pior jogo da rodada. Se esses dois não tomarem cuidado, vão se ver às voltas com o rebaixamento.
sábado, 23 de maio de 2009
Semana de Futebol II
Pois é, o imponderável aconteceu e o Boca foi eliminado da Libertadores. No fim das contas, acho que nós sempre superestimamos ele demais. Ainda assim, claro, isso abre um caminho enorme para o Estudiantes que na minha visão é a melhor equipe desse lado da tabela - aliás, já o era mesmo com o Boca na parada. Será que o Danúbio, carrasco do Boca, repetirá a façanha? Creio que não.
Na Copa do Brasil, tivemos bons jogos no meio de semana. Inter 2x1 Flamengo, por exemplo, foi um jogão. Aliás, o Flamengo de Cuca começou o ano titubeando, mas vem numa ascendente incrível: Não conseguiu vencer o Cruzeiro pelo Brasileirão nem eliminar o Inter na Copa do Brasil, mas jogou muito contra aquelas que são as duas melhores equipes do Brasil no momento. Se Adriano voltar inspirado, creio que o time entra para valer na briga pelo título. Posto isso, claro, também seria uma baita injustiça esse timaço do Inter ser eliminado da Copa do Brasil. Esse elenco atual do colorado é melhor que o time campeão da Libertadores 2006 com Abelão, mas infelizmente, corre sério de se desmanchar. Do outro lado da tabela, o Corinthians, na bacia das almas, eliminou o Fluminense de Parreira. Vejo o Corinthians com a equipe mais bem armada e mais centrada do futebol brasileiro atual; lembra bastante aquele time do Parreira em 2002, mas ainda lhe falta algo para se tornar "a" equipe - nesse sentido, a possível contratação de Zé Roberto pode ser muito importante; com ele, a meia-cancha alvinegra ganharia a substância que ainda lhe falta. Sobre o Vasco e o que o Coritiba, com todo respeito, creio que só um milagre os faça chegar a final.
Do Brasileirão, vamos ver o processo de banho maria aumentar. As coisas começaram bem, os clubes estão com seus melhores elencos em anos, mas o calendário que faz o início do campeonato coincidir com as fases decisivas da Libertadores e da Copa do Brasil somado ao fato de que, ainda por cima, a Seleção vai desmanchar os melhores times graças aos jogos das Eliminatórias e da Copa das Confederações criaram um esvaziamento do torneio no próximo mês. Nesse sentido, quem estava mal e não teve ninguém convocado para a Seleção e já está jogando apenas o Brasileirão sairá, invariavelmente, fortalecido na medida em que um nivelamento artificial entre as equipes se operará nessa primeira metade do Primeiro Turno - e talvez por ele inteiro, supondo que os prováveis desmanches dos elencos ocorram no meio do ano. Enfim, são os novos velhos problemas do futebol nacional.
Na Copa do Brasil, tivemos bons jogos no meio de semana. Inter 2x1 Flamengo, por exemplo, foi um jogão. Aliás, o Flamengo de Cuca começou o ano titubeando, mas vem numa ascendente incrível: Não conseguiu vencer o Cruzeiro pelo Brasileirão nem eliminar o Inter na Copa do Brasil, mas jogou muito contra aquelas que são as duas melhores equipes do Brasil no momento. Se Adriano voltar inspirado, creio que o time entra para valer na briga pelo título. Posto isso, claro, também seria uma baita injustiça esse timaço do Inter ser eliminado da Copa do Brasil. Esse elenco atual do colorado é melhor que o time campeão da Libertadores 2006 com Abelão, mas infelizmente, corre sério de se desmanchar. Do outro lado da tabela, o Corinthians, na bacia das almas, eliminou o Fluminense de Parreira. Vejo o Corinthians com a equipe mais bem armada e mais centrada do futebol brasileiro atual; lembra bastante aquele time do Parreira em 2002, mas ainda lhe falta algo para se tornar "a" equipe - nesse sentido, a possível contratação de Zé Roberto pode ser muito importante; com ele, a meia-cancha alvinegra ganharia a substância que ainda lhe falta. Sobre o Vasco e o que o Coritiba, com todo respeito, creio que só um milagre os faça chegar a final.
Do Brasileirão, vamos ver o processo de banho maria aumentar. As coisas começaram bem, os clubes estão com seus melhores elencos em anos, mas o calendário que faz o início do campeonato coincidir com as fases decisivas da Libertadores e da Copa do Brasil somado ao fato de que, ainda por cima, a Seleção vai desmanchar os melhores times graças aos jogos das Eliminatórias e da Copa das Confederações criaram um esvaziamento do torneio no próximo mês. Nesse sentido, quem estava mal e não teve ninguém convocado para a Seleção e já está jogando apenas o Brasileirão sairá, invariavelmente, fortalecido na medida em que um nivelamento artificial entre as equipes se operará nessa primeira metade do Primeiro Turno - e talvez por ele inteiro, supondo que os prováveis desmanches dos elencos ocorram no meio do ano. Enfim, são os novos velhos problemas do futebol nacional.
quinta-feira, 21 de maio de 2009
A Surrealpolitik e o Caminho para a Distopia

O termo Realpolitik se refere ao conjunto de práticas para tomada - ou exercício - do poder orientadas pelo cálculo frio em relação a correlação de forças existente em uma determinada conjuntura. Normalmente se refere à política internacional, mas pode ser usada também no plano interno. É uma forma mais recente - e pretensamente mais sofisticada - do "maquiavelismo" e se apresenta em oposição às "políticas ideológicas".
As origens históricas do termo remontam a um certo La Rochau ecoando um tal Metternich e teve como adeptos figuras notórias como Otto Von Bismarck e Henry Kissinger. Varre-se a "ética" e os "ideais" em prol de uma "prática". Aqueles que ousam se opor a isso, logo são rotulados como "idealistas" ou "utopistas" e assim, o partidário da Realpolitik toma para si o monopólio da realidade.
A grande pergunta, no entanto, é: Sobre qual realidade estamos falando e a quem ela serviria ou servirá? O Incômodo ou incompetência em responder isso por parte dos adeptos da Realpolitik os faz cair em duas falácias que, não raro, se interseccionam: O da justificação da busca - ou consecução - de fins que eles próprios consideram como imorais por meio da redução da realidade para os dados que lhes forem convenientes para sustentar tal argumentação ("não havia outra escolha de acordo com a conjuntura") ou o pastelão puro e simples que decorre da crença no próprio reducionismo - a diferença entre um e outro, portanto, é que o primeiro se mostra como um fracasso no futuro, não raro, próximo, e o segundo se consolida como um fracasso de imediato. Enfim, "Realpolitik" é um nome pomposo e pretensioso para algo que se materializa como uma Surrealpolitik.
Eis aí que entre a questão da Utopia. É interessante notar como as ideologias dominantes ao longo dos últimos cinco séculos conseguiram tornar o termo sinônimo de projeto irrealizável, quando, na verdade, ele significa "lugar nenhum" e seu uso no livro homônimo que o celebrizou tinha uma sentido irônico e escondia a própria ilha da Grã-Bretanha e o projeto que seu escritor, Thomas More, tinha para resolver seus problemas - aliás, é interessante como se despreza esse prodígio que é More, um homem que mais de trezentos anos antes de Marx já postulava a existência um nexo de causalidade entre as relações econômicas no interior de um grupo e a problemática política e humana contida nele.
A Utopia era, portanto, um norteador; a comunidade perfeita em caráter de meta, diferentemente da leitura incidental de seus detratores que apontavam - como ainda apontam - para Utopia como a tentativa inconsequente da realização do inalcançável no hoje. Um sofisma elementar, na medida em que a visão de More é, claramente, prospectiva.
Enfim, tanto na justificação dessa Realpolitik quanto na distorção da Utopia, a ideia do Real como forma de determinar comportamentos é patente. Ele é uma norma que não apenas pode permitir como também pode justificar a deturpação dos fatos em prol da prática da política desprovida da ética. Além de servir também para delimitar aquilo que eu denominaria de o impossível conveniente. Destarte, esse Real nada mais é do que uma interpretação da realidade com ares de univocidade e dupla função no modal deôntico: A autorização do ato antiético que está de acordo com o Poder e a proibição do ato ético que lhe é contrário por meio de uma fixação, em caráter dogmático, de determinados limites concretos e objetivos.
A falácia de uma política orientada por esse Real nos conduziu para essa Distopia contemporânea, cujo controle escapa da mão de seus próprios artífices e nos atormenta. Só a busca incansável pela verdade e pela ética na política pode reverter esse quadro, não perdendo de vista, claro, a forte tensão dialética entre meios e fins, onde os segundos podem justificar os primeiros, mas os primeiros podem invalidar os segundos.
Post atualizado em 02/06/09 às 22:05
quarta-feira, 20 de maio de 2009
A Segunda Rodada do Brasileirão
Sempre com o devido espaço de tempo, seguem as notas de mais uma rodada do Brasileirão:
1. O Inter, com seu time misto, deu um coro no time titular do Palmeiras em Porto Alegre. Um golaço, no belo lance de Taison, alguma pressão desorganizada do Palmeiras ao longo do jogo até que D’Alessandro matou o jogo no finalzinho. O colorado se mantém invicto e sem tomar nenhum gol até agora, que lhe deixa na posição de líder, o time verde do Palestra Itália, do seu lado, continua titubeante.
2. O Náutico, desta vez, cravou uma vitória por 2x0 contra o mistão do Cruzeiro na zebra da rodada. Para um time que estava cotado para o rebaixamento certo, os alvirubros fizeram duas partidas boas nesse Brasileirão e iria vender caro uma eventual queda - principalmente se conseguir acertar sua defesa, porque o ataque com Bala, Gilmar e Lessa é bem promissor.
3. O jogo de mais gols da rodada envolveu, de novo, o Goiás que é, ao mesmo tempo, a melhor ataque e a pior defesa desse torneio. O placar serviu para pôr o Santos em crise e os jogadores se desentenderam novamente - principalmente, Fábio Costa, que faz o tipo de capitão provocador de incêndios.
4. O Avaí é um time frágil, mas arrancou outro empate. Dessa fez isso foi graças à ruindade do ataque do Flamengo. O time carioca é bem organizado, tem uma boa defesa e um bom meio-campo, mas lhe falta uma ataque razoável - por isso, a volta de Adriano é essencial para determinar a sorte rubro-negra.
5. O Corinthians, com time titular, não saiu do zero contra o Botafogo. Por ora, o alvi-negro paulista tá com a cabeça na Copa do Brasil, mas que precisa jogar um futebol mais conciso, isso precisa.
6. O São Paulo, atual campeão, também protagonizou um empate com gosto de derrota contra o Atlético-PR no Morumbi e ainda pode perder Bosco para as próximas rodadas.
7. No clássico nordestino, o Vitória venceu o Sport, manteve o tabu sobre o rival e se manteve na zona de classificação para a Libertadores, os pernambucanos ainda estão de ressaca.
8. O Atlético-MG viu Celso Roth conseguir sua revanche contra o Grêmio e irá está na briga.
9. O Santo André mandou ver um 4 a 2 no Coritiba. Os paranaenses perigam mesmo.
10.Fluminense e Barueri maltrataram a bola e o gramado num empate em zero de dar raiva.
1. O Inter, com seu time misto, deu um coro no time titular do Palmeiras em Porto Alegre. Um golaço, no belo lance de Taison, alguma pressão desorganizada do Palmeiras ao longo do jogo até que D’Alessandro matou o jogo no finalzinho. O colorado se mantém invicto e sem tomar nenhum gol até agora, que lhe deixa na posição de líder, o time verde do Palestra Itália, do seu lado, continua titubeante.
2. O Náutico, desta vez, cravou uma vitória por 2x0 contra o mistão do Cruzeiro na zebra da rodada. Para um time que estava cotado para o rebaixamento certo, os alvirubros fizeram duas partidas boas nesse Brasileirão e iria vender caro uma eventual queda - principalmente se conseguir acertar sua defesa, porque o ataque com Bala, Gilmar e Lessa é bem promissor.
3. O jogo de mais gols da rodada envolveu, de novo, o Goiás que é, ao mesmo tempo, a melhor ataque e a pior defesa desse torneio. O placar serviu para pôr o Santos em crise e os jogadores se desentenderam novamente - principalmente, Fábio Costa, que faz o tipo de capitão provocador de incêndios.
4. O Avaí é um time frágil, mas arrancou outro empate. Dessa fez isso foi graças à ruindade do ataque do Flamengo. O time carioca é bem organizado, tem uma boa defesa e um bom meio-campo, mas lhe falta uma ataque razoável - por isso, a volta de Adriano é essencial para determinar a sorte rubro-negra.
5. O Corinthians, com time titular, não saiu do zero contra o Botafogo. Por ora, o alvi-negro paulista tá com a cabeça na Copa do Brasil, mas que precisa jogar um futebol mais conciso, isso precisa.
6. O São Paulo, atual campeão, também protagonizou um empate com gosto de derrota contra o Atlético-PR no Morumbi e ainda pode perder Bosco para as próximas rodadas.
7. No clássico nordestino, o Vitória venceu o Sport, manteve o tabu sobre o rival e se manteve na zona de classificação para a Libertadores, os pernambucanos ainda estão de ressaca.
8. O Atlético-MG viu Celso Roth conseguir sua revanche contra o Grêmio e irá está na briga.
9. O Santo André mandou ver um 4 a 2 no Coritiba. Os paranaenses perigam mesmo.
10.Fluminense e Barueri maltrataram a bola e o gramado num empate em zero de dar raiva.
terça-feira, 19 de maio de 2009
A TV Cultura e o Início das Eleições
A TV Cultura de São Paulo era um ponto fora da curva no sistema televisivo brasileiro; mesmo sendo estatal, funcionava como uma legítima instituição pública, produzindo programas infantis de excelente qualidade e um jornalismo fora do esquemão da grande mídia televisiva - além de programas dos mais variados genêros. Claro, isso foi até meados dos anos 90 quando os tucanos assumiram o poder no estado. Foi aí que começou o sucateamento da TV, mas não sua descaracterização.
Covas, Alckimin e Lembo mantiveram uma política de comer pelas beiradas e desgastaram a Cultura, mas não tiveram coragem de destrui-la. Mesmo com a queda de qualidade, permaneci como telespectador fiel do jornalismo, do Provocações e do Roda Viva. Isso até a era Serra: Com a truculência que lhe é bem peculiar, o governador iniciou o processo de descaracterização da Cultura por meio de Paulo Markun, presidente da Fundação Padre Anchieta. Cabeças rolaram - Nassif que o diga -, o jornalismo foi descaracterizado, mudaram o Provocações milhares de vezes de horário escondendo-o e, o pior de tudo, passaram a utilizar o Roda Viva como uma marionete para a concretização de certos interesses políticos.
O episódio lamentável do Roda Viva onde o delegado Protógenes foi bombardeado e, logo depois, a edição em que Gilmar Mendes foi aclamado, ajudaram a explicar muito do que a Cultura se tornou e, sobretudo, qual era a posição real de Serra em relação ao episódio da Satiagraha - mas acima de tudo, foi a tragédia que sepultou o programa e afastou de vez meu interesse pela televisão brasileira. Larguei mão.
No entanto, quando as coisas vão mal, costumam ficar pior: Ontem, nosso amigo Marcelo Costa me informou que o entrevistado do Roda Viva foi alterado de última hora e o entrevistado passaria a ser o glorioso Senador tucano Álvaro Dias, uma das peças-chave dessa CPI burlesca da Petrobrás. Novamente, a Cultura aparece com um ás na manga de maneira tosca; enquanto o debate se desenrola, em vez de informar os seus espectadores sobre o que está acontecendo, ela dá voz a uma parte interessada na questão. Por que não um debate? Será que essa não foi um maneira muito óbvia de fazer política partidária? Pelo jeito a Cultura - ou o PSDB - mandou a sutileza às favas há muito tempo. O programa, claro, foi burlesco como era de se esperar.
O Fato é que 2010 está aí. Como ainda estamos em maio de 2009, já é certo que ela será a mais longa campanha presidencial da história do sufrágio universal no Brasil. Pior: Poderá ser também a campanha mais suja desde 88 e a julgar as táticas tucanas, já é possível antever quão danoso pode ser um eventual Governo Serra.
Covas, Alckimin e Lembo mantiveram uma política de comer pelas beiradas e desgastaram a Cultura, mas não tiveram coragem de destrui-la. Mesmo com a queda de qualidade, permaneci como telespectador fiel do jornalismo, do Provocações e do Roda Viva. Isso até a era Serra: Com a truculência que lhe é bem peculiar, o governador iniciou o processo de descaracterização da Cultura por meio de Paulo Markun, presidente da Fundação Padre Anchieta. Cabeças rolaram - Nassif que o diga -, o jornalismo foi descaracterizado, mudaram o Provocações milhares de vezes de horário escondendo-o e, o pior de tudo, passaram a utilizar o Roda Viva como uma marionete para a concretização de certos interesses políticos.
O episódio lamentável do Roda Viva onde o delegado Protógenes foi bombardeado e, logo depois, a edição em que Gilmar Mendes foi aclamado, ajudaram a explicar muito do que a Cultura se tornou e, sobretudo, qual era a posição real de Serra em relação ao episódio da Satiagraha - mas acima de tudo, foi a tragédia que sepultou o programa e afastou de vez meu interesse pela televisão brasileira. Larguei mão.
No entanto, quando as coisas vão mal, costumam ficar pior: Ontem, nosso amigo Marcelo Costa me informou que o entrevistado do Roda Viva foi alterado de última hora e o entrevistado passaria a ser o glorioso Senador tucano Álvaro Dias, uma das peças-chave dessa CPI burlesca da Petrobrás. Novamente, a Cultura aparece com um ás na manga de maneira tosca; enquanto o debate se desenrola, em vez de informar os seus espectadores sobre o que está acontecendo, ela dá voz a uma parte interessada na questão. Por que não um debate? Será que essa não foi um maneira muito óbvia de fazer política partidária? Pelo jeito a Cultura - ou o PSDB - mandou a sutileza às favas há muito tempo. O programa, claro, foi burlesco como era de se esperar.
O Fato é que 2010 está aí. Como ainda estamos em maio de 2009, já é certo que ela será a mais longa campanha presidencial da história do sufrágio universal no Brasil. Pior: Poderá ser também a campanha mais suja desde 88 e a julgar as táticas tucanas, já é possível antever quão danoso pode ser um eventual Governo Serra.
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