segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Pochmann na Caros Amigos: Algo para Refletir

(imagem retirada daqui)


Pesquei agora há pouco pelo Google Reader do Alan Patrick, um post do Azenha sobre a boa entrevista de Márcio Pochmann a Caros Amigos - sim, eu sei muito bem das limitações da referida revista, mas ela tem sim seus méritos: O primeiro, de realizar de tempos em tempos boas entrevistas (como essa), o outro de trazer alguns bons artigos (e seus artigos, mesmo que se percam muitas vezes num extremismo bobo, ao menos não são raivosos). No caso em questão, goste-se ou não do que o Pochmann diz, há de se reconhecer que ele é um dos melhores economistas do Brasil hoje e um dos raros que está realmente bem antenado no debate contemporâneo, em especial, no que toca os aspectos estratégicos da coisa. Os dois pontos arrolados no post do Azenha são, respectivamente:


1.“O Brasil não fez as reformas clássicas do capitalismo contemporâneo, não fez a reforma agrária, não fez a reforma tributária e não fez a reforma social. O Brasil tem uma estrutura fundiária hoje pior do que era nos anos 50 quando ganhou a primazia a defesa da reforma agrária. Nós estamos falando de 60 anos de reforma agrária e a estrutura fundiária brasileira piorou, nós não enfrentamos a questão fundiária, da tributação, os pobres continuam pagando mais impostos, os ricos continuam pagando menos impostos. Qualquer país desenvolvido tem uma estrutura fundiária menos concentrada, uma estrutura tributária progressiva e não regressiva. O que avançou mais foi a estrutura social, o enfrentamento das questões do presente que se vinculam com as questões do passado. Estamos colhendo resultados muito importantes, tem a ver com a Constituição de 88, com melhor sofisticação e orientação das políticas sociais que se combinam com o econômico no governo Lula. Mas, para nós, estamos gestando um novo ovo da serpente, cujos sinais de exclusão são muito maiores do que esses que nós conhecemos agora. São questões do presente que se vinculam com o futuro."
Esse é o ponto que tenho abordado com certa frequência por aqui: O projeto petista resolveu alguns dos nós górdios decorrentes da longa agonia do Estado Varguista e das idiossincrasias do projeto tucano, mas ele fez isso contornando o delicado e partindo para o óbvio, reposicionando o Estado novamente como indutor da economia - só que de uma forma inteligente e responsável - e e construindo políticas efetivas de distribuição de renda. Ótimo. Isso não quer dizer que o governo não tenha precisado comprar boas brigas, mas não foram as maiores brigas que ele poderia ter comprado - e se eu certos casos não dava para ter ido além mesmo, em outros, ele não criou caminhos e não deu passos além quando poderia ter dado. Concordo quando dizem que Lula construiu uma nova forma de confrontação, inteligente e efetiva, mas também não é incorreto dizer que ele entrou na fogueira totalmente. O ponto é que o tempo passa e o teto abaixa, tornando cada vez mais iminentes - para a manutenção do próprio processo de desenvolvimento que o PT inaugurou - a necessidade das reformas agrária, tributária, política, midiática - sendo que a última depende apenas da regulamentação dos dispositivos constitucionais já em vigor desde 88. Isso seria um baita desafio para Dilma, em seu eventual (e provável) governo: se o PT não encampar essa luta, ele próprio projetou as condições para que outros grupos o façam, o problema é que isso abre uma janela perigosa, tudo isso precisa ser feito - e bem feito -, deixar para outros grupos a primazia por essas lutas é correr o risco de perder espaço no debate político por inércia - dando um programa de bandeja para seus rivais na esquerda - ou queimar demandas sérias deixando-as na mão de partidos de esquerda - seja no sentido em que eles podem fracassar na sua resolução (o que é bem provável) ou respondê-las tragicamente mal com custos para a democracia. Pode ser também que a própria direita consiga bloquear tudo (o que jogaria o país numa grave crise) ou articular de uma maneira conservadora, mudando tudo para não mudar nada - mantendo o status quo. Seja como for, a História não vai esperar sentada o PT desenvolver meios efetivos para resolver isso, nem vai parar caso o PT queira ignorar tais reformas - ainda que, nesse momento, o Partido dos Trabalhadores seja o único partido com material humano, amplitude e penetração social capaz de executar tal tarefa. O PSDB, hoje, tentaria articular tudo para achar as linhas de fuga que o certos setores empresariais precisam, mas sem a mesma organização - e penetração - que ele tinha nos anos 90, ou seja, estaríamos diante de uma tentativa mal-fadada de servir a setores atrasados da economia nacional - como os ruralistas, p.ex. -, o que se constituiria em um grande desastre, uma tentativa desinteligente de manter o funcionamento da ordem, o que poderia dar em paralisia, autoritarismo - ou, milagrosamente, em correção de rumo durante o trajeto, o que julgo improvável.

2."O ovo da serpente que estamos gestando está estruturado em dois grandes eixos que estruturam as sociedades pós-industriais, que é para onde estamos indo muito rapidamente. O primeiro está vinculado à mudança demográfica, profunda mudança demográfica. Primeiro lugar porque há uma queda na taxa de fecundidade. Estamos hoje sem condição de repor a população, uma taxa de fecundidade de 1,8 filhos. Em 92 eram 2,8 filhos, mulheres brancas com mais escolaridade já estão com a taxa de fecundidade 0,9. Hoje o Brasil já é um país formado por não-brancos. Não falo isso por uma questão preconceituosa, falo isso por que os não-brancos são os mais vulneráveis no Brasil ainda hoje. E requerem uma política de atenção específica para este segmento. Segunda questão é que a partir de 2030 o Brasil terá uma situação inédita, que é a redução absoluta de sua nação. O número de nascidos será bem menos que o número de pessoas que morrem. Em 2030, o Brasil terá possivelmente 207 milhões de brasileiros. Os demógrafos estimavam há 20 anos que em 2030 o Brasil teria cerca de 240 milhões de brasileiros, vamos chegar a 207 e em 2013 nós teremos uma redução absoluta da população. Ou seja, em 2040 é esperado que tenhamos 205 milhões. Isso abre uma outra discussão, para os militares, republicanos em geral a demografia sempre foi estratégica, hoje a questão da demografia está em segundo plano, nós estamos satisfeitos com os 207 milhões de habitantes, o Brasil precisa ter mais população ou menos população, o tamanho de uma economia está diretamente ligado ao tamanho de uma população, ainda mais pelo fato de que o grosso da população brasileira está na parte litorânea do país, a densidade demográfica no Centro-Oeste é baixíssima. Esse é um ponto: a questão da mudança demográfica. Entraremos em uma fase de escassez de mão-de-obra e o Brasil sempre foi abundante em mão-de-obra. Quem farão os serviços mais simples do Brasil? Serão os paraguaios, os bolivianos, será uma outra realidade se manter esta trajetória, estou aqui especulando um pouco sobre a trajetória, com base em hipóteses."
É essa visão estratégica que o Pochmann tem e eu gosto. Esse debate que ele levanta não é só fundamental como bem longo. Em um primeiro lugar, falta essa visão estratégica ao governo mesmo. Você tem toda a questão do desenvolvimento demográfico do país, como isso interfere no desenvolvimento nacional não apenas pelo seu volume e velocidade, mas pela forma como ele se dá - e Pochmann não aborda esse tema diretamente nesse ponto, mas é um dos fios que ele suscita -, mas é preciso pensar, por exemplo, no impacto econômico da distribuição desequilibrada da população brasileira e como essa desconcentração é essencial para o desenvolvimento. Claro, toda essa questão se articula com as demandas que justificam uma reforma agrária e uma reforma urbana - para ficar no que impacta diretamente. Por outro lado, um ponto que ele levanta e é bastante relevante é: (i) muito provavelmente chegaremos a um estágio a partir do qual a população começará a decair sem que tenhamos atingindo um nível produtivo satisfatório - o que tem impactos violentos sobre a própria produção, especialmente pela questão previdenciária, nesse aspecto, recomendo que olhemos com atenção o caso russo, que é semelhante ao quadro hipotético que o Brasil pode enfrentar daqui há vinte anos; (ii) é bem provável que continuaremos a ser um país capitalista, o que demanda, desde já, que pensemos a questão da reposição da mão de obra e do desenvolvimento de tecnologia visando superar essa nova contradição que se anuncia no horizonte - ou então, poderíamos ser um pouco mais criativos e poderíamos inovar na política econômica repensando as relações de produção e trocas materiais, antes até do que isso, o que é complexo, mas é sim uma boa opção. 


De todo modo, recomendo a revista e, sobretudo, as reflexões que Pochmann lança em sua entrevista.

domingo, 29 de agosto de 2010

Atlético-MG 1x2 Palmeiras

E o Palmeiras venceu. Felipão veio de 3/5/2 com Maurício Ramos, Danilo e Fabrício na zaga, Márcio Araújo, Edinho, Pierre, Marcos Assunção e Rivaldo no meio e Valdivia e Kléber na frente. Luxemburgo entrou num 4/4/2 convencional com Ricardinho e Diego Souza na armação e Diego Tardelli e Neto Berola no ataque. O Palmeiras foi ligeiramente melhor no Primeiro Tempo, mas faltou uma referência na frente para concluir, por outro lado, o Galo bateu demais e a arbitragem caseira de Marcelo L. Henrique fez vista grossa e o jogo foi pro intervalo no 0x0. O Palmeiras voltou melhor no Segundo Tempo, mas Neto Berola abriu o placar numa falha homérica da defesa verde - Marcos incluso. O jogo se equilibrou, parecia decidido. Valdivia, que vinha bem, sentiu uma fisgada e Felipão usou a oportunidade para colocar Luan como referência na área e também tirar um zagueiro para colocar um meia - quando sacou Fabrício para colocar Tinga. Luxemburgo não entendeu o movimento e o Palmeiras com duas linhas de quatro jogou o Galo no seu campo de defesa, assumindo o controle do jogo. Luan chutou, Fábio Costa rebateu e Marcos Assunção empatou o jogo. Depois, Kléber recebeu uma bela enfiada de bola, mas desperdiçou - logo mais, o atacante palestrino se redimiu, depois de bela assistência de Marcos Assunção, ele se aproveitou da linha burra e virou o jogo. Luan quase faz mais um, mas Fábio Costa defendeu. Vitória justa do Palmeiras, especialmente pela segunda metade do Segundo Tempo - apesar da estranha derrota para o Atlético-GO, o time segue progredindo e jogou sua melhor partida no Nacional deste ano. O Galo segue desordenado e sem cara de time. O Palmeiras vence a sua primeira fora de casa e Luxemburgo afunda mais ainda.

Luxemburgo contra Felipão


(foto retirada daqui)


Hoje, teremos Atlético-MG x Palmeiras pela 17ª rodada do Brasileirão. É mais do o confronto entre duas equipes tradicionais do futebol nacional: Trata-se do embate entre Vanderlei Luxembugo e Luís Felipe Scolari, os dois treinadores brasileiros mais vitoriosos das últimas décadas. Luxemburgo assumiu este o Galo, venceu o Campeonato Mineiro e fez uma boa Copa do Brasil - parando no Santos, futuro campeão -, o que o credenciava para a disputa do título nacional, mas, de repente tudo começou a dar errado e o time passou a lutar contra o rebaixamento no Nacional - mesmo a reformulação do elenco feita durante a Copa do Mundo não surtiu efeito, muito pelo contrário, o time continua na zona do rebaixamento. Felipão, por sua vez, retornou ao Brasil depois de anos no exterior e tem a dura missão de reorganizar um Palmeiras que parece não se acertar mais há tempos - especialmente desde que perdeu o título brasileiro mais ganho da história do pontos corridos no ano passado.


Dos dois, o Palmeiras parece estar melhor, mas a derrota pífia contra o Atlético-GO, bem no dia do seu aniversário e em São Paulo, fez com as luzes vermelhas fossem novamente acesas no Palestra Itália Pacaembu. O time verde não é ruim, mas enquanto os veteranos vivem às voltas com contusões e suspensões que estão atrapalhando seu rendimento - ou mesmo sua presença em campo -, os jovens estão sentindo a pressão. Ademais, o ruído do não pagamento dos "direitos de imagem" parecem fazer barulho.O Galo tem seus medalhões, muitos deles velhos conhecidos de Luxemburgo como Fábio Costa, Ricardinho e Diego Souza - além de Diego Tardelli, ex-jogador fetiche de Leão -, mas o time não funciona, tem problemas sobretudo na defesa, comete erros primários e o ataque não funciona bem.


O Galo tem 50% de aproveitamento em casa, o Palmeiras ainda não venceu fora - e é um dos piores times nesse quesito no Brasileirão. Será um jogo pegado, mas não sei se qualificado. Os mineiros são, apesar dos pesares, ligeiramente favoritos, ainda que o Palmeiras tenda a jogar melhor hoje do que no meio de semana sob pena de estourar uma crise grave. Um empate é o mais provável, mas o duelo no banco de reservas será o grande atrativo do jogo, sem dúvida.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

A Decadência do PSDB e as Eleições Paulistas




(Palácio dos Bandeirantes, a única via para o PSDB se manter vivo) 


Como debatíamos anteontem, a recente arrancada de Dilma Rousseff na corrida eleitoral não só reduziu - violentamente - as chances da candidatura Serra vingar, como também expôs uma gravíssima crise no PSDB: Uma coisa é perder com 40% do eleitorado e até ficar mais quatro anos fora do poder, outra totalmente diferente é correr o risco de perder de novo, por uma margem bem maior e já no Primeiro Turno. Isso pode simplesmente mudar a correlação de forças que já perdura há 16 anos na política brasileira. Não é pouca coisa. Aliás, a questão do processo de decadência tucano - e da oposição à direita ao Governo Lula - resultou em excelentes análises pela blogosfera, como há um bom tempo não se via. 


O NPTO abordou o fenômeno focando no aspecto do esvaziamento programático da oposição; o João Villaverde se ateve a particular situação tucana, apontando como a origem problemática do partido, somada à maneira como ele abraçou a ortodoxia financista nos anos 90, resultou na perda do bonde da história pelos tucanos, hoje; o Alexandre Nodari, narrando a desdita dos Bornhausen em Santa Catarina, nos ajuda a entender crise nacional do DEM e parte relevante da própria crise da oposição; por fim, o Idelber suscita uma hipótese interessante para isso, quando nos lembra que FHC, já nos anos 70, teorizava sobre uma transição conservadora para a democracia, explicando a ditadura militar como um golpe da burocracia do Estado brasileiro e não como uma decorrência do sistema capitalista e da luta de classes.


São todos textos riquíssimos e, embora não convirjam em certos pontos, eles são complementares na medida em que, de perspectivas - e com abordagens - diferentes, trazem à luz aspectos fundamentais pra a compreensão desse processo em curso. A minha hipótese para a crise do PSDB se aproxima bastante da que o Idelber levantou. O PSDB é um partido que nasce de uma articulação do MDB que, de certa forma, já vislumbrava uma transição para uma espécie de democracia afastada disso que chamamos de sociedade civil. Existe uma inegável conotação ideológica na teoria do autoritarismo de FHC, pois ela produz uma cortina de fumaça sobre os fatores econômicos que serviram de base para o Golpe de 64 - e cortinas de fumaça sobre o passado sempre são indicativos de que se pretende fazer o mesmo em relação a certas ações futuras. Creditar 64 a um suposto "gigantismo estatal" e confundir Estado grande - no sentido de indutor do crescimento - com autoritarismo é um belo álibi para, mais tarde, desmontar os espaços públicos garantidos pelo Estado sob o argumento libertador.


A hipótese que eu levanto para o momento atual PSDB é simples. Trata-se de um partido que, apesar do nome acidental - que se deve a Montoro e não a FHC, ainda que guarde certos aspectos da social-democracia - naseceu sob os auspícios de teorias de modernização conservadora, algo que se parece bastante com a função do Positivismo no Brasil dos fins do século 19º; o velho mudar tudo para não mudar nada, a incessante e paranoica busca de linhas de fuga para garantir a hegemonia de uma certa elite, o que demandava um projeto astucioso capaz de, ao mesmo tempo, construir um consenso entre as elites do centro-sul e do norte-nordeste e concretizar meios discursivos e práticos para manter o pessoal que estava no ponto mais baixo da pirâmide no seu "devido lugar", às custas da entrega do menor número de anéis necessários.


Há nos tucanos, no entanto, algo que os liga ao movimento socialista, que são certos elementos formais de organização comuns àqueles partidos que comungam da teoria do vanguardismo que serviu de base para o elo perdido do socialismo ocidental - a dita social-democracia - e o futuro bolshevismo: (I) A natureza economicista do discurso, o que se expressa pela omissão dos próprios elementos econômicos que geraram o Golpe de 64 - e sustentaram o regime militar decorrente -, o que transformava aquela esfera numa zona escura, habilitando os teóricos tucanos a construírem qualquer coisa nela sob a desculpa de estarem dirimindo o problema do estatalismo autoritário; (II) a  exaltação de uma razão transcendental, o que reduz a democracia a mero adorno na medida em que teóricos iluminados podem, através de decisões racionais, tomar decisões melhores do que aquelas que poderiam ser tomadas no debate público - o que, ao meu pensar, é ideológico mesmo e apenas servia para a legitimação da organização centralizada do partido; (III) o  economicismo prático - de natureza conservadora -, expresso na crença de que é possível estabelecer o Mercado como um meio de resolução de contradições reais, sem precisar se defrontar, de algum modo, com a questão da luta de classes ou com aspectos extra-econômicos - o que somado à omissão dos aspectos econômicos no discurso, temos um posicionamento que não é democrático definitivamente.


Governo Lula conseguiu produzir crescimento com estabilidade e distribuição de renda, ainda que não tenha encaminhado algumas questões centrais como as Reformas Agrária, Tributária e a Política - além de ter tocado apenas lateralmente no problema da concentração da Mídia -, mas mesmo assim isso foi fatal para o esquema tucano e alterou não só a correlação de forças políticas como mudou o panorama social como nunca se viu antes. Mesmo que o PT sofra de males parecidos com os do PSDB, ele, no entanto, tem reais vínculos com a sociedade civil, isso muda tudo, o grau de democracia interno ao partido da estrela é consideravelmente maior e isso se expressa na efetividade de suas políticas. Um ponto é como o bolsa família, apesar das suas limitações, se tornou na medida mais eficaz já posta em prática contra o poder dos coronéis. Ele simplesmente acabou com influência do DEM, tornando ineficaz o seu clientelismo por conta do assistencialismo republicano de Lula. Como o PSDB, durante os anos FHC, destruiu as ramificações nordestinas do seu próprio partido - em prol de uma aliança cômoda com os coronéis, o que era perfeitamente natural para o seu projeto de poder -, ele eliminou suas chances de interiorização, deixando-o na dependência do DEM que ora se liquefaz.


Nesse aspecto, a manutenção do governo paulista é essencial para a existência do PSDB enquanto um partido grande. Além do Governo FHC, o privatismo em São Paulo foi um dos sustentáculos fundamentais do tucanato. Depois da desindustralização de bons nacos do estado e de sua estagnação econômica severa aguda nos anos 80 e 90, a privatização do aparelho público, seja pelo sistema de concessões ou pelo esvaziamento dos serviços públicos, tornou-se um meio interessante para o PSDB se manter no poder: Esse parasitismo público era o meio para manter a hegemonia, construindo saídas para grupos empresariais falidos - que giravam em torno da indústria - e assim produzir uma saída razoável para o Capital, o que deu incrivelmente certo pela falta de uma oposição no plano estadual e pela bem-sucedida máquina de propaganda local. Esses setores tornaram-se a mola propulsora do partido. Dilma já está em primeiro em São Paulo e o partido precisa garantir Alckmin contra Mercadante, senão é fim de jogo. Uma derrota parece difícil de acontecer, mas eleições estaduais têm variações na intenção de voto sempre bem voláteis  e os riscos são claros.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Carta de Lúcio Flávio Pinto aos Blogueiros

Segue a reprodução da carta de Lúcio Flávio Pinto aos blogueiros, cuja leitura foi, sem dúvida, um dos momentos mais emocionantes do #blogpro.

O jornalista Lúcio Flávio Pinto, de Belém (PA), é ganhador dos principais prêmios de Jornalismo no Brasil. É um exemplo de ética, coragem, competência e dignidade para todos nós que atuamos na imprensa.

Por falar a verdade contra os poderosos do Pará, responde a vários processos. Desde que eles começaram, Lúcio Flávio procurou oito escritórios de advocacia de Belém. Nenhum aceitou defendê-lo.
A sua participação estava prevista no 1º Encontro Nacional de Blogueiros Progressitas. No entanto, não pode comparecer, pois na segunda-feira teve de apresentar agravo a um dos processos.
Para representá-lo, veio o filho Angelim Pinto. Em nome de Lúcio Flávio, leu esta mensagem aos participantes do encontro. Palmas da plateia interromperam-na várias vezes (Conceição Lemes).
O TEXTO, QUE OS PRESENTES CONCORDARAM EM REPRODUZIR EM SEUS ESPAÇOS:
Caros amigos blogueiros Sinto-me muito honrado pelo convite, que devo ao Azenha e à Conceição Lemes, para participar deste encontro. É uma iniciativa generosa e gentil para com um analfabeto digital, como eu. Garanto que sou capaz de ligar e desligar um computador, de enviar e receber mensagens. Não garanto nada a partir daí.
Como, então, estou aqui? Sou – digamos assim – um blogueiro avant la léttre. Não podendo ser um tigre, posto que sou Pinto, fui precursor na condição de blogueiro de papel – e no papel. Às vezes, por necessidade, também um tigre in fólios – e nada mais do que isso.
Em 1987, eu tinha 38 anos de idade e 22 de profissão e me vi diante de um dilema.
Numa vertente, a carreira profissional bem assentada em O Estado de S. Paulo, então com 16 anos de “casa”, e também no grupo Liberal, a maior corporação de comunicação do norte do país, no qual tinha 14 anos, com um rompimento pelo meio, quando tentaram me censurar, logo superado pelo restabelecimento da minha liberdade de expressão.
Na outra vertente, uma matéria pronta, importante, mas que não encontrava quem a quisesse publicar. Era o desvendamento do assassinato do ex-deputado estadual Paulo Fonteles, por morte de encomenda, executada na área metropolitana de Belém, o primeiro crime político em muitos anos na capital do Pará. O Estadão publicara todas as matérias que eu escrevera até então sobre o tema. Mas aquela, que arrematava três meses de dedicação quase exclusiva ao assunto, era, segundo o editor, longa demais.
Já O Liberal a considerava impublicável porque ela apontava como envolvidos ou coniventes com a organização criminosa alguns dos homens mais poderosos da terra, dois deles listados entre os mais ricos. Eram importantes anunciantes. Ao invés de me submeter, decidi ir em frente.
Aí, há 23 anos nascia o Jornal Pessoal, sem anunciantes, feito unicamente por mim, assemelhando-se aos blogs de hoje. Um blog impresso no papel, que exerceu na plenitude o direito de proclamar a verdade, sobretudo as mais incômodas aos poderosos.
Em janeiro de 2005, depois de muitas ameaças por conta desse compromisso, fui espancado por Ronaldo Maiorana, um dos donos do grupo do grupo Liberal, que na época era simplesmente o presidente da comissão em defesa da liberdade de imprensa da OAB do Pará. Eu estava almoçando ao lado de amigos em restaurante situado num parque público de Belém, quando agressor me atacou pelas costas, contando com a cobertura de dois policiais militares, que usava – e continua a usar – como seus seguranças particulares.
Qual a causa da brutalidade? Um artigo que publiquei dias antes sobre o império de comunicação do agressor. O texto não continha inverdades, não era ofensivo, nem invadia a privacidade dos personagens. Mas desagradava aos senhores da comunicação. Embora tendo a emissora de televisão de maior audiência do Estado, afiliada à Rede Globo, o jornal que ainda era o líder do segmento (já não é mais) e estações de rádio, não usaram seus veículos para me contraditar ou mesmo atacar com o produto que constitui seu negócio, a informação.
O que resultou dessa agressão? Da minha parte, a comunicação do fato à polícia, que enquadrou o criminoso na forma da lei. Mas o agressor fez acordo com o Ministério Público do Estado, entregou cestas básicas a instituições de caridade (uma delas ligada à família Maiorana) e permaneceu solto, com sua primariedade criminal intacta. Já o agressor, com a cumplicidade do irmão mais velho e mais poderoso, ajuizou contra mim 14 ações na justiça, nove delas penais, com base na Lei de Imprensa da ditadura militar, e cinco de indenização.
O objetivo era óbvio: inverter os pólos, fazendo-me passar da condição de vítima para a de réu. Em quatro das ações eu era acusado de ofender os irmãos e sua empresa por ter dito que fui espancado, quando, segundo eles, eu fui “apenas” agredido. Mais um dentre vários absurdos aviltantes, aos quais a justiça paraense se tem prestado – e não apenas aos Maiorana, já que me condenou por ter chamado de pirata fundiário o maior grileiro de terras do Pará e do universo, condição provada pela própria justiça, que demitiu por justa causa todos os funcionários do cartório imobiliário de Altamira, onde a fraude foi consumada, colocando ao alcance do grileiro pretensão sobre “apenas” cinco milhões de hectares.
Os poderosos, que tanto se incomodam com o que publico no Jornal Pessoal, descobriram a maneira de me atingir com eficiência. Já tentaram me desqualificar, já me ameaçaram de morte, já saíram para o debate público e não me abateram nem interromperam a trajetória do meu jornal. Porque em todos os momentos provei a verdade do que escrevi. Todos sabem que só publico o que posso provar. Com documentos, de preferência oficiais ou corporativos. Nunca fui desmentido sobre fatos, o essencial dos temas, inclusive quando os abordo pioneiramente, ou como o único a registrá-los. Não temo a divergência e a contradita. Desde então, os Maiorana já me processaram 19 vezes.
Nenhuma das sentenças que me foram impostas transitou em julgado porque tenho recorrido de todas elas e respondido a todas as movimentações processuais, sem perder prazo, sem deixar passar o recurso cabível, reagindo com peças substanciais. O que significa um trabalho enorme, profundamente desgastante.
Desde 1992, quando a família Maiorana propôs a primeira ação, procurei oito escritórios de advocacia de Belém. Nenhum aceitou. Os motivos apresentados foram vários, mas a razão verdadeira uma só: eles tinham medo de desagradar os poderosos Maiorana. Não queriam entrar no seu índex. Pretendiam continuar a brilhar em suas colunas sociais, merecer seus afagos e ficar à distância da sua eventual vendetta. Contei apenas com dois amigos, que se sucederam na minha defesa até o limite de suas resistências, de um tio, que morreu no exercício do meu patrocínio, e, agora, com uma prima, filha dele.
Apesar de tantas decisões contrárias, ainda sustento minha primariedade. Logo, não posso ser colocado atrás das grades, objeto maior do emprenho dos meus perseguidores. Eles recorrem ao seu cinto de mil utilidades para me isolar e me enfraquecer.
Não posso contar nem mesmo com o compromisso da Ordem dos Advogados do Brasil. Seu atual presidente nacional, o paraense Ophir Cavalcante Júnior, quando presidente estadual da entidade, firmou o entendimento de que sou perseguido e agredido não por exercer a liberdade de imprensa, o direito de dizer o que sei e o que penso, mas por “rixa familiar”.
No entanto, dos sete filhos de Romulo Maiorana, criador do império de comunicações, só três me atacam, com palavras e punhos. Dos meus sete irmãos, só eu estou na arena. Nunca falei da vida privada dos Maiorana. Só me refiro aos que, na família, têm atuação pública. E o que me interessa é o que fazem para a sociedade, inclusive no usufruto de concessão pública de canal de televisão e rádio. E fazem muito mal a ela, como tenho mostrado – e eles nunca contraditam.
Crêem que, me matando em vida, proibindo qualquer referência a mim e meus parentes, e silenciando sobre tudo que fazem contra mim na permissiva e conivente justiça local, a história dessa iniqüidade jamais será escrita porque o que não está nos seus veículos de comunicação não está no mundo. Não chegaria ao mundo porque o controlam, a ponto tal que tem sido vão meu esforço de fazer a Unesco, que tem parceria com a Associação Nacional de Jornais, incluir meu caso na relação nacional de violação da liberdade de imprensa.
O argumento? Não se trata de liberdade de imprensa e sim de “rixa familiar”. O grupo Liberal, por mera coincidência, é um dos seis financiadores do portal Unesco/ANJ.
Após os Maiorana, o dilúvio. A maior glória do Jornal Pessoal é nunca ter sido derrotado no terreno que importa à história: o da verdade. Enquanto for possível, as páginas do Jornal Pessoal continuarão a ser preenchidas com o que o jornalismo é capaz de apurar e divulgar, mesmo que, como um Prometeu de papel, o seu ventre seja todo extirpado pelos abutres.
Eles são fortes, mas, olhando em torno, vejo que há mais gente do outro lado, gente que escreve o que pensa, apura sobre o que vai escrever e não depende de ninguém para se expressar, mesmo em condição de solidão, de individualidade, como os blogueiros, que hoje, generosamente, me acolhem nesta cidade que fiz minha e que tanto amo, como se estivesse na minha querida Amazônia.
Durante o 1º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, vários participantes solicitaram a conta  para colaborar com o Lúcio Flávio nesta luta . Ficou decidido que forneceríamos depois. Aqui, está. Obrigadíssima a todas e todos pela solidariedade.
UNIBANCO (banco 409)
Conta: 201.512-0
Agência: 0208
CPF: 610.646.618-15

terça-feira, 24 de agosto de 2010

A Ascensão de Dilma e a Crise do PSDB

Há um ano atrás, a possibilidade de uma vitória de Dilma já no Primeiro Turno até poderia ser levada em conta, contudo, ela era consideravelmente remota. Ainda que fosse público e notório que o país sairia incólume da onda de choque da Crise Mundial, o que manteria a popularidade de Lula nas alturas - e, quem sabe, ainda a ampliasse - , os analistas, via de regra, não  conseguiram ponderar qual o impacto concreto disso sobre as intenções de voto para a candidata petista. A hipótese de uma vitória apertada de Dilma, numa eleição cruenta de dois turnos, era o mais provável mesmo. A vantagem de Dilma repousa no fato dela ser a candidata de Lula, e de um projeto bem-sucedido, enquanto Serra seria o conservador hábil com o apoio do esquema da grande mídia.


O ponto é que se o cenário continua mais ou menos esse, o peso dos fatores se alterou. Primeiro, fale-se o que quiser de Dilma, mas ela não é um poste; ainda que não tenha se saído tão bem no primeiro debate, ela foi firme no JN, precisa no segundo debate, seu programa de TV está bom e sua campanha não tem sido marcada por erros ou deslizes. Enfim, dentro das regras desse jogo, que pode e até deve ser criticado, a candidata petista está conseguindo consolidar o processo de transferência de voto de Lula para sua campanha, numa proporção que não se supunha ser possível. Por outro lado, a influência da mídia corporativa é menor a cada dia que passa e sua militância beira a irrelevância, como se pode notar pela grave crise da candidatura Serra - que sofreu duros golpes que vão da queda de José Roberto Arruda, seu provável vice e ex-governador do DF, por corrupção até o troco dado por Aécio Neves, passando, claro, pelo desastre que foi a escolha de Índio da Costa como seu vice.

O resultado prático disso é que ela abriu mais de 18 pontos percentuais em relação a Serra segundo apurou a pesquisa CNT/Sensus, o que reforça a sensação de uma provável vitória de lavada que já se podia captar no sábado quando o Datafolha falou em uma diferença de 17 pontos percentuais pró-Dilma. Na democracia de representação da nossa sociedade do espetáculo, é bom olhar para o que se esconde por trás das cortinas de fumaça várias; para além da eliminação do debate, as pesquisas ilustram certas tendências de bastidores fundamentais, embora o CNT/Sensus tenha feito um trabalho bom ao longo da atual corrida, é o resultado do Datafolha que nos interessa: Seus valores, que nos meses começaram a destoar dos outros institutos, de repente voltaram a coincidir com todos eles, expressando uma larga vantagem da candidata petista, tudo isso no mesmo momento em que a própria Folha, jornal que por um ano e meio fez das mais baixas e violentas oposições ao Governo Lula, desembarcou da candidatura Serra.


A gravidade da crise é tão grande que publicaram um artigo do filósofo uspiano Vladimir Safatle sobre a crise do PSDB. Safatle é contundente e logo na primeira frase diz que "o caráter errático da campanha é o último capítulo da dissolução ideológica do partido" - um artigo como esses jamais seria publicado há um ou dos meses na Folha e isso não se deve porque a candidatura Serra está desmanchando, ao contrário, ela é bem antiga, o próprio Safatle fala em "último capítulo" e não em "deflagração" da dissolução ideológica do partido - muito embora, eu entenda que se trate de uma dissolução dos próprios instrumentos de produção ideológica do partido. A pergunta que fica é: o que fizeram do espaço para que outros pudessem nos ter narrado os outros capítulos dessa crise? Certamente, não interessava narrar isso, mas agora já não é mais possível tapar o sol com a peneira. Sim, a crise não é só na candidatura Serra, mas é em todo o partido.


Considerando o tamanho da derrota que pode vir pela frente, o jogo muda. O PSDB trabalhava com duas possibilidades, a primeira era a de eleger Serra, a segunda era, em caso de derrota, começar imediatamente os preparativos para emplacar Aécio em 2014, mas dependendo do tamanho da derrota, as coisas podem se complicar severamente, pois de repente o PSDB pode deixar de ser uma alternativa viável, o que empurraria a direita para buscar outra saída - o que teria desdobramentos imprevisíveis. Eleições só decidem de uma maneira: Quando as urnas são abertas e os votos são contados - as pesquisas são parte da corrida, nada mais -, mas se a atual tendência se confirmar, Dilma vencerá bem em o3 de Outubro e o tamanho dessa vitória pode alterar o equilíbrio de forças políticas que dura há pelo menos 16 anos.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Análise do Primeiro Encontro de Blogueiros Progressistas

Como vocês sabem - e puderam conferir pelas fotos -, rolou entre a última sexta e ontem o Primeiro Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas. Basicamente, o encontro foi organizado por um pessoal que vai da centro-direita até a esquerda e que nos últimos anos foi o núcleo duro de oposição a Serra - daí não ter sido um simples encontro de "blogueiros", mas de "blogueiros progressistas";  sim, o adjetivo em questão me perturbou: Apesar de não remeter direta e estritamente ao Positivismo, é daquela escola, profundamente enraizada no nosso imaginário, que ele surge e se estabelece como um termo suficientemente amplo para caber a centro-direita desenvolvimentista e suficientemente vago para não afastar os esquerdistas - muito embora grande parte dos últimos, entre os quais eu me incluo, tenham proposto a mudança do nome do encontro no seu encerramento, sem sucesso. Os argumentos, em especial do pessoal do esquerda que estava na organização, era de que nomes estão mesmo em disputa e que eles acabam sendo o que fazemos dele. Tá, tudo bem, a intenção - que é a de não fechar demais o encontro - é boa, muito embora a questão não seja tão simples. 

O saldo do evento foi bom: Mais de trezentos blogueiros de dezenove estados, muito embora a maioria fosse mesmo paulista - e é natural que fosse, nunca vi um levantamento do tipo, mas certamente a proporção de blogueiros em São Paulo é maior do que a de boa parte do país, o que, além do fato do encontro ter sido realizado por aqui, colaborou para supremacia numérica de paulistas - e radicados em São Paulo. Ainda assim, tinha bastante gente do Rio - o Miguel do Rosário, o Sérgio Telles -, de Minas - o Túlio Vianna -, do Rio Grande do Sul - como o Cloaca  e o Hélio Paz- e do nordeste - como o Rogério Thomaz Jr. e do Emílio. A organização do evento teve superávit e a experiência da discussão presencial - de gente que, no entanto, só se conhecia por conta da blogosfera - foi positiva; isso pode não ser suficiente, mas ter debatido questões como a da necessidade de constituir uma rede de proteção judicial aos blogueiros, formas de financiamento da blogosfera, meios de colaboração,  o vigilantismo e ética na rede num meio bastante heterogêneo.

Não pude assistir a exibição da banda de chorinho de Luís Nassif na sexta, mas fui lá no sábado e no domingo. As mesas foram boas no primeiro dia de debates  - em especial a de Túlio Vianna, Paulo Rená e de Marcel Leonardi, muito embora não lembre de uma mesa ruim. Goste-se ou não de PHA, Nassif e Azenha - e eu tenho minhas críticas ao primeiro embora goste bastante dos dois últimos -, eles cumpriram um papel importante nos últimos quatro anos: Ajudar a furar o bloqueio imposto pela mídia corporativa que estabeleceu uma narrativa completamente sectária, histérica que distorcia tudo de forma paranoica. Nesse período, inúmeros jornalistas, muitos dos quais com posições historicamente mais à esquerda do que os três que eu citei assumiram uma posição de franco-atiradores contra o Governo Lula - não, numa democracia o papel da imprensa não é ser nem situação nem oposição, basicamente, é analisar, ver o contrário acontecer é gravíssimo, ainda mais por motivos que implicam numa ação claramente originadas das chefias corporações tradicionais. 

No segundo dia, fiquei no sexto grupo de debates que acabou se fundindo ao quinto no Sindicato dos Advogados. Tinha um pessoal bacana lá como Tsavkko, Túlio Vianna, Hélio Paz, Rogério Thomaz Jr, Emílio, Paulinho, a CC Bregamin, e o impagável Cloaca - que, coitado, foi vítima do ar seco de São Paulo e tava mal. Deu para trocar uma ideia legal sobretudo sobre a questão do financiamento da blogosfera e de um modo de formas coordenar a defesa judicial de blogueiros. A aprovação da carta foi, via de regra, consensual - no que toca as moções e tudo mais -, apesar de certo preciosismo da mesa em não querer acrescentar certos pontos mais específicos na redação final no que concerne a questão da plano de banda larga - o que passou enquanto moção - e na questão do financiamento da blogosfera - que ficou bastante superficial, fruto da falta de consenso no assunto, onde uns discordam dessa necessidade, outros acham importante a disputa por verbas públicas e, por fim, aqueles que vejam na iniciativa privada o caminho. O segundo encontro foi definido para o primeiro semestre do ano que vem em outro estado - e a escolha da sede será por votação na internet - além da instituição de encontros regionais. 

A organização desse setor da blogosfera é um fenômeno interessante, ainda que ele falhe por vezes no sectarismo, é bom ressaltar que ele se trata, via de regra, do fruto da articulação de gente simples, com uma idade média maior do que eu esperava - e isso é bom - e que veio bastante disposta a dividir suas experiências pessoais e regionais; goste ou não dessa turma, mas o pessoal não está escrevendo o que escreve porque está hospedado em nenhum grande portal ou site de jornal e há espontaneidade no que escrevem e como escrevem - e mesmo os grandões do jogo teriam tido uma vida mais fácil se tivessem atuado no lado diferente nos últimos anos. Há muito o que evoluir ainda, mas sem dúvida a blogosfera é um dos grandes adventos da democracia em democratização brasileira; uma esfera de debate verdadeiramente público construída no meio virtual que, pouco a pouco, começa a sair de lá.

Foi muito bom trocar ideia pessoalmente com o Túlio Vianna e o Miguel do Rosário além do Tsavkko que está homiziado cá nas terras bandeirantes e meus parabéns ao Diego Casaes, a Maria Frô, ao Rodrigo Vianna, ao Eduardo Guimarães, ao Rovaí, a Daniela e ao resto da comissão organizadora.


P.S.: O Tsavkko escreveu um belo post sobre o assunto, vale a pena dar uma olhada.

Fotos do Segundo dia do Encontro de Blogueiros Progressistas

Sakamoto e o Pessoal se dirigindo para o Sindicato dos Advogados
Túlio Vianna, Cecília, ?,  Tsavkko, Hélio Paz na outra ponta
Cloaca palestrando
Tsavkko e Hélio Paz

Paulinho palestando

Luis Nassif

Comissão organizadora

sábado, 21 de agosto de 2010

Fotos do Primeiro Dia do Encontro de Blogueiros Progressistas

Depois de ter virarado a noite de ontem no aniversário de uma grande amiga minha e de passar o dia inteiro no Encontro de Blogueiros Progressistas, vou apenas divulgar as fotos e algumas poucas impressões sobre o primeiro dia do evento blogosférico - deixo a análise para depois, quando o encontro tiver concluído. Já posso adiantar que, no cômputo geral, o dia foi bem positivo e ainda que tenha muita coisa a ser ponderada,  eu me diverti bastante. Foi legal conhecer pessoalmente o Túlio Vianna e o Miguel do Rosário - com quem conversei -, trocar uma ideia com o Tsavkko e conhecer o pessoalzinho fisicamente.

PHA, Leandro Fortes e Rodrigo Vianna - a primeira mesa
Leandro Fortes, Débora Silva, Luis Nassif e Emir Sader


Paulo Rená, Túlio Vianna, Diego Casaes e Marcel Leonardi












Tsavkko
















Guto Carvalho, Emerson Luis, Eduardo Guimarães, Maria Frô e Azenha
Maria Quitéria e Taquaral