terça-feira, 17 de agosto de 2010

Governo de SP: O Debate Virtual e a Virtualidade do Debate

Hoje, no glorioso Tuca - o Teatro da PUC-SP -, os três mais bem colocados candidatos na corrida pelo Palácio dos Bandeirantes participaram de um debate transmitido pelo UOL. Como tenho reiterado aqui, as eleições brasileiras deste ano são uma expressão pronta e acabada da grande crise no debate público da contemporaneidade. As eleições paulistas, por outro lado, são um espetáculo deprimente, mantido na surdina por uma mídia corporativa que quer manter o desgastado status quo pela via do silêncio. A PUC-SP, outrora uma universidade comunitária e foco de agitação política na capital paulista, resta descaracterizada e perdida, privando a comunidade dos espaços públicos - num movimento em escala laboratorial que ilustra nosso tempo. 


Hoje, enredo de cada uma dessas farsas se entrecruzou. Primeiro, recebo a notícia pela manhã que haveria um debate entre os candidatos ao governo. Não sei onde seria. Falam em um auditório no terceiro andar do prédio novo, mas eu desconfiei e eis que surge a confirmação de que o debate seria no Tuca mesmo - surpresa: Só para assinantes do UOL, nada de estudantes lá, quem quisesse ver o debate, que fosse no auditório do terceiro andar para assistir num telão...A PUC - sim, aquela universidade que vende o seu histórico de luta contra a ditadura até em propaganda -, aparentemente, trocou o aluguel do Tuca por cota de patrocínios junto ao grupo Folha - sim, aquele da história da ditabranda. O tal do debate virtual é definitivamente virtualizado. O Movimento Estudantil e sua suposta rebeldia não está lá para protestar, acho que nem entenderam o significado do que se tratava.


O debate, pelo menos durante os vinte minutos assistidos - do telão - pelo blogueiro desgraçado que vos destila sua verve, foi uma repetição do que ocorreu na Band: Um Geraldo Alckmin usando sistematicamente da imaginação, ao passo que fazia o que seu ofício de anestesista exige - paralisar a todos - enquanto construía um mundo ficcional, onde a maquiagem nos dados da Secretária de Segurança Pública -pela qual lesão corporal seguida de homicídio não conta mais como homicídio -, o atraso nas obras da Copa e da construção dos aeroportos é culpa do Lula, do além ou não existe - e não necessariamente nessa ordem. Novamente Mercadante foi bem em outro não debate - pela impossibilidade dele existir diante da postura autista do candidato governista, cujos efeitos são tão graves que até o Celso Russomano termina parecendo um cara razoável diante disso. Enfim, falamos em um não debate de uma não política numa não presencialidade definitiva. Tudo mediado e esvaziado de seu significado.

4 comentários:

  1. Aleluia saí da PUC a tempo, antes de ver a decadência final! E nada nem de sociais reclamar?

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  2. pois é velho, concordo plenamente com a análise. Até comentei: não sei se é mais nojento o Alckmin, depois de 16 anos de (des)governo tucano estar liderando as pesquisas, ou se é o RUSSOMANO, prole do Maluf, ter mais de 10% de intensões de voto e, ao fim do debate, parecer um cara até ajuizado e razoavel.

    abraços

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  3. Nada, Tsavkko uma desgraça, a gente do 22 boiando, tá tudo lascado meu velho. Em apenas dois e anos e meio de PUC é inacreditável como as coisas ainda conseguiram piorar! São as duas lições que tiro de lá: Sonho não se realiza, Pesadelos sim e sempre pode ficar pior.

    abraços

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  4. Alexandre,

    Cara, é um fenômeno bizarro, mas eu creio que questão, como está posta, é coerente: O Russomano saiu de lá parecendo um cara legal porque o estado de coisas, no qual um Alckmin está em primeiro, é tão grave que relativamente...Mas ainda acho que Mercadante pode subir, haja vista o próprio crescimento de Dilma em SP nas últimas semanas.

    abraços

    abraços

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