sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Ponderações sobre a História

E o Homem tomou conhecimento da irremediabilidade da sua própria morte. Mesmo que fizesse tudo que pudesse, cedo ou tarde morreria. Se a luta contra a morte se mostrou perdida antes mesmo de começar, ele resolveu deixar a sua marca na existência por meio de sua Obra - uma provocação ao cosmos, uma expressão de sua frustração diante de sua finitude. Nasce a ideia do Esquecimento e o seu outro: A Memória. A Cultura nasce da própria natureza falha do Homem e nela se funda, mas ela também se mostra finita; estátuas, monumentos e palácios voltam ao pó de onde vieram e a incomensurável tensão dialética entre Memória e Esquecimento, volta à baila. De seu choque nasce a História. O Homem, esse ser em permanente desequilíbrio, dependente da Razão ao mesmo tempo em que é escravo de suas paixões, produz desesperadamente mas sua produção apenas é uma marca na areia do Tempo - e o tempo, nada mais é do que a massa em movimento, mutável e mutante. A História é a narrativa que transcende a finitude do ser e também das coisas que lhe servem de apêndice, - a impressão que fica, a memória -, mas também se faz de esquecimento, pois nem sempre há como se lembrar de tudo - e quando há, raramente isso é cômodo. Essa luta prossegue: memorizar, esquecer; construir, destruir; no entanto, jamais é possível parar.

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