terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Como o Carnaval Paulista (Não) Acabou


     
Pau quebrou no Sambódromo? À noite o SBT faz uma edição ishperta e diz q foi só uma bolinha de papel.




Com esse tweet inacreditável de Soninha Francine, ex-um monte de coisas e recém-serrista para todo o sempre, foi o único desfecho possível para o interminável carnaval paulista - que não terminou mesmo, uma vez que o quebra-pau entre as escolas de samba, causado pela tensão gerada por mudanças de última hora (e mal-contadas) dos jurados, obstruiu o processo de apuração das notas.

É um exercício de surrealismo em uma intensidade única, derivado de um surto paranoico coletivo e extremo. De repente, o carnaval roubado das ruas, transformado em competição e enchido de regras e proibições, chega a um nível de violência psicológica tamanha que só poderia resultar, na forma de catarse, em uma pancadaria generalizada. 

Como desgraça pouca é bobagem, enquanto eu tuitava que São Paulo tinha virado algo como um filme de Buñuel - ou do último Almodóvar, para ficar em um exemplo mais recente - surge esse tweet acusando o SBT de ter editado (oi ?!) o vídeo em que José Serra, no episódio mais tragicômico da política nacional, é flagrado fingindo ter se ferido gravemente quando, na verdade, algum lhe tacou uma perigosa e inconfundível bolinha de papel.

Sem mais: se você não superou a história da bolinha de papel, faça um favor a si mesma e passe a sua vez, porque mesmo os adversários de Serra já trataram de apagar isso de sua própria memória por vergonha alheia. 

Isso, infelizmente, é um bocado o retrato do São Paulo contemporânea, que te angustia até o momento em que não te faz gargalhar como um louco - como se você assistisse a Salò de Pasolini refilmado tal e qual uma pornochanchada.

O irônico, e o que seria a História sem suas ironias, é que mesmo a tentativa radical de enquadrar o carnaval e torna-lo um fantasma de si próprio, ainda que por vias tortas, termina em um carnaval involuntário. Sei lá, mas acho que ainda bem.

atualização das 19:17: e depois foi declarado que a Mocidade venceu o desfile, dizer mais o quê de tudo isso.

7 comentários:

  1. ah, entendi, tipo assim né! http://youtu.be/CckJnNSrbuA

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    1. Hehe, sensacional. Não sabia que o Serra tinha virado bandeirinha.

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    2. Vida dura, minha gente, não tá fácil mesmo :-(

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  2. Como dizia o mestre Cartola, é rir para não chorar! O pior é não ter certeza de que São Paulo enterraria de vez o Serra se ele tentasse uma volta dos mortos-vivos na prefeitura. Afinal ele poderia fazer parte de uma longa lista de Jânio Quadros a Maluf, que os paulistanos insistem em renascer. Nesse filme de terror carnavalesco caberia à Soninha o papel de esposa do monstro de Frankenstein.

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    1. Nem vai enterrar nem deixar de enterrar por conta própria, mas é fato que Serra tem uma rejeição alta assim como a gestão do seu legatário, Gilberto Kassab, é bastante mal-avaliada. Agora, tem faltado virtù por parte do PT nessa história toda. Se essa gente continuar no poder, certamente não será por méritos próprios.

      abraço

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  3. A Soninha é o caso mais absurdo de degradação voluntária jamais visto na política mundial.

    Que o Serra tenha alguém como ela para fazer a parte suja do serviço revela sua incrível habilidade de recrutamento.

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    1. Sim, e estamos reféns desse entredo tragicômico pela falta de quem bata de frente com ele.

      abraço

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