sexta-feira, 19 de agosto de 2011

A PUC e o Escândalo do Ministério da Agricultura

O ex-ministro Rossi
Há poucos dias, assistimos a uma nova tempestade ministerial: dessa vez, foi na Agricultura, pasta então chefiada pelo peemedebista Wagner Rossi. Nesse tipo de escândalo, sempre nos pegamos com o mesmo de sempre, toda sorte de fraudes e favorecimentos, mas nessa ocasião, algo que me chamou a atenção pessoalmente: o mal-explicado envolvimento da PUC-SP na história toda.

Não que eu seja dos maiores entusiastas da situação em que vive a PUC hoje - na qual, sob o comando tirânico de sua mantenedora, o desrespeito à democracia interna tenha virado regra geral -, mas o simples fato de estar, de algum modo, envolvida em um escândalo desse porte torna tudo mais preocupante ainda. 

Apesar da insistência da Folha de São Paulo, que investigou o escândalo na Agricultura, em não ir tão a fundo no que diz respeito ao real envolvimento da Universidade - sempre elipsado, apesar dos fatos falarem por si só - , a notícia de que a PUC irá devolver o dinheiro ganho na licitação fraudada é autoexplicativa demais para passar batido.

É preciso que alguém investigue isso mais a fundo. A PUC é um dos mais relevantes centros de pensamento crítico de São Paulo, mas está em uma severa crise financeira há pelo menos sete anos, o que tem servido como álibi para toda sorte de medidas. Isso tem de parar em algum momento.

É preciso transparência administrativa. Tenha acontecido o que for, devolver o dinheiro é a coisa mais razoável a se fazer neste momento, mas isso por si só não basta. É preciso construir uma gestão democrática e aberta porque a burocratização leva a (des)caminhos dos quais nem sempre é possível ter volta.

P.S.: Governar, como nos ensinou Maquiavel, é uma atividade das mais complexas e inglórias. A Presidenta Dilma precisa conciliar o apoio necessário para governar o país - dentro de um sistema político problemático - com o igualmente necessário combate à corrupção cancerígena que devora Brasília. Não é uma tarefa fácil. Como divulgado em sua entrevista à CartaCapital, a faxina que a Presidenta está a promover passa ao largo do vão moralismo e visa acertar em cheio a paralisia do Estado. E Dilma está certíssima em assumir a vanguarda disso. A questão é como dosar o processo - e não perder de vista que grande parte desses problemas só acabarão com uma reforma política.



2 comentários:

  1. Sete anos???

    Cara, a PUC está prestes a falir... há uns 30 ou 40 anos. A ICAR nunca vai deixar falir de verdade. Sempre vai ficar nessa "iminência de falir", porque, por outro lado, não se pode matar a galinha dos ovos de ouro sem perder os ovos.

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  2. HWB,

    Mas há 30 ou 40 anos ainda havia dinheiro público - lícito - sendo investido na PUC. Entre vinte ou dez, mesmo sem investimento público, era possível empurrar com a barriga e tomar empréstimos. A partir de 2004, isso chegou no limite. Pior de tudo, a crise ali serviu de álibi para que velhas disputas políticas fossem resolvidas com a demissão de professores "incômodos". Hoje, o resultado do aumento de mensalidades com a demissão - ou sobrecarga - de bons professores produziu uma queda considerável na qualidade de ensino. Isso tem um limite. E nem mesmo a ICAR seria capaz de salva-la se a glorioso atingi-lo - até porque, hoje, o passivo trabalhista cresce a olhos vistos.

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