segunda-feira, 30 de março de 2009

Crise Mundial: Ato em São Paulo contra as demissões




Fotos: Laura Moraes

Hoje rolou um ato organizado pelas centrais sindicais e por uma série de movimentos sociais, contando ainda com a presença de PSOL e do PSTU. Assinaram a organização ASSEMBLÉIA POPULAR, CEBRAPAZ, CGTB, CMB-FDIM, CMS, CONAM, CONLUTAS, CONLUTE, CTB, CUT, FORÇA SINDICAL, INTERSINDICAL, MARCHA MUNDIAL DE MULHERES, MST, MTL, MTST, NCST, OCLAE, UBES, UBM, UGT, UNE, UNEGRO/COMEN, VIA CAMPESINA.

Basicamente a passeata começou na Paulista, desceu pela Consolação e desaguou no centro. Segundo a Polícia Militar duas mil pessoas participaram da passeata, mas a minha impressão é que o número foi bem maior do que isso.

Quanto ao seu desenrolar, é necessário ressaltar seu caráter altamente heterogêneo, quase fragmentário, dentro do universo dos movimentos sociais e das centrais sindicais e também do próprio universo dos partidos de esquerda.

Sua importância é de ter sido justamente o primeiro ato com mais visibilidade - e porte - no que toca as consequências da crise mundial no Brasil, mas é óbvio que ele difere de países que de fato quebraram como Islândia ou algum dos bálticos.
Cá as coisas rolam de modo não tão confortáveis quanto o governo gostaria - e precisa -, mas passa ao largo de ser tão incômoda como desejam muitos setores à esquerda e à direita do governo - que apostam no bom e velho catastrofismo.

Penso que é hora sim para manifestações e atos públicos, mas há que se manifestar contra as consequências reais dessa crise com sinceridade - como muitos, inclusive eu, ali fizeram - e não bater na velha tecla do quanto pior, melhor.

atualização das 20:20:Como vocês devem ter notado, eu reescrevi o último parágrafo, a versão original não parecia fazer sentido, deve ter sido o sol quente na testa ;-)
atualização de 31/03 às 15:30: Ontem, os portais de internet divulgavam a presença de duas mil pessoas no evento, hoje, na capa da própria Folha, estava estampado o número de dez mil participantes no ato. Em suma, a regra parece ser desmoralizar qualquer manifestação popular; ou é o velho factóide do trânsito ou o número de participantes é diminuído - ou ambos, como ontem. Lamentável.



6 comentários:

  1. Hugo,

    Reunir 2 mil pessoas numa passeata não é fácil, ainda mais com essa "heterogeneidade" entre grupos que participaram. A organização está de parabéns!

    Ainda não li nada a respeito dessa manifestação e estou tomando conhecimento dela em primeira mão, aqui, mas fiquei curioso: A quem se destina o grito dos manifestantes? Ao governo Lula, aos empresários, às corporações internacionais?

    Como você bem citou, há razões de sobra para manifestações contra o desemprego, afinal, ele provoca uma fragilização em cadeia de todas as instituições sociais, sem contar que para quem perdeu o emprego ou esta em vias de perde-lo o sentimento de incerteza é horrível, mas se os motivos das manifestações se resumem a discursos políticos vazios que visam "marcar presença" na cena política para fins eleitorais, será um tiro no pé, pois as críticas contra o governo Lula tendem a ser capitalizadas pelo Centro e pela Direita, muito mais que pela oposição de Esquerda.

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  2. Eduardo,

    O amigo que me perdoe a ironia, mas antes de mim alguns portais já deram como o trânsito de São Paulo esteve lento hoje à tarde. No entanto, eu ainda continuo achando que havia mais de duas mil pessoas por ali.

    Sobre a manifestação, basicamente ela tinha por ideia central ser um ato em defesa dos trabalhadores na atual conjuntura e que esses, por óbvio, não devem pagar pela crise mundial - sim, pelo menos isso era consenso ali.

    No final das contas ela se destina para os três pontos que ele você elencou, ainda que o protesto de alguns de esquerda foque mais no papel do governo enquanto organizações como a CUT tenham usado para dar uma pressionadinha e marcar bandeira como é óbvio.

    Essa heterogeneidade deu um caráter meio caleidoscopical para o ato, na medida em que cada um enxergava defesa do trabalhador nessa situação bem à sua maneira, então haviam desde de discursos governistas até crítica à esquerda ao governo - que precisa aprender que há um meio-termo entre a crítica raivosa e a mansidão diante do governo ao mesmo tempo que os governistas precisam aprender que há um meio-termo entre o alinhamento automático e o não apoio e que esses meio-termos implicam numa posição crítica diante do governo sem esquecer que somos todos de esquerda e que há uma direita por aí.

    abraços

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  3. É isso aí, quando eles pensam que o povo não tá mais nem aí pra nada, milhares saem às ruas. Acho ótimo, espero que seja o começo de manifestações maiores e com maior coesão e objetividade. Já havia lido, no excelente blog do Miro, que ocorreriam manifestações, mas, com exceção da menção aos gravíssimos problemas de trânsito causado por esses baderneiros que não têm o que fazer, nadica de cobertura nos portais ou nas páginas virtuais dos jornalões - o que, como costuma dizer uma querida amiga quando se refere a algo muito, muito ruim, "é realmente lamentável". Mas, de qualquer modo, parabéns por "furar" a nossa "grande imprensa" (e com fotos pra comprovar, o que é muito importante!)

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  4. Valeu Maurício,

    Aliás,compartilho das mesmas esperanças do amigo. Mesmo que algumas diferenças entre muitos dos grupos participantes tenha dado um ar meio fragmentário para o evento, um dos méritos dele foi justamente unir essa gente - e que seja o ensejo para que os movimentos sociais ganhem mais coesão na sua forma de agir e de se relacionar.

    ah e como vou botar na atualização, o número insano de duas mil pessoas que eles alegaram ter comparecido não fazia mesmo o menor sentido, tanto é que hoje, já falam em dez mil.

    abraços

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  5. Hugão, além de sair hoje na capa da folha que foi 10 mil pessoas, o PSTU fala em 15 mil pessoas.
    Acredito que deve ser algo entre esses dois números mesmo, me parece que a passeata estava muito grande, foi isso inclusive o que me disseram algumas pessoas que acompanharam a passeata parados e viram ela toda passar.
    Foi um ato importantíssimo ao meu ver pelo seu caráter unitário (como você bem disse na postagem). Força Sindical, CUT e Conlutas juntos é, pra dizer o mínimo, MUITO difícil de acontecer.
    Essas coisas enchem meu coração de esperança.
    Fiquei muito feliz de partilhar mais essa luta com você!
    Beijão

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  6. Laura,

    E eu muito orgulhoso de poder ter contado com tão nobre companheira e, sobretudo, exímia fotógrafa - vou tomar vergonha na cara e comprar um celular que tire fotos de verdade ou uma câmera, se bem que é mais divertido ter você tirando fotos prO Descurvo ;-)

    Ademais, seja algo entre dez e quinze mil, o fato é que foi vergonhoso terem dito que havia apenas duas mil ali. Ontem, eu cheguei moído e contestei a informação, hoje, veio a confirmação. Triste, triste.

    beijão

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