sábado, 7 de março de 2009

O protesto contra a Ditabranda

Hoje, acordei cedo, comi rápido e tomei o bom e velho transporte público (trem de subúrbio mais metrô) para encontrar com a minha querida amiga - e fotógrafa amadora devidamente celularizada - Laura Moraes. Nos encontramos na catraca da estação Marechal Deodoro do metrô e rumamos para a gloriosa - ou nem tanto - Alameda Barão de Limeira, onde a fica a sede da inefável Folha de São Paulo. Lá, topamos com um amigo nosso estudante de jornalismo, o grande Valério e com muito mais gente do que eu esperava.

Parentes e amigos de vítimas da ditadura, alguns velhos conhecidos da Internet - como Eduardo Guimarães e Luis Carlos Azenha -, jornalistas como meu amigo Antonio Barbosa, a oposição e a situação do sindicatos dos jornalistas - juntos -, estudantes além de figuras como o Padre Júlio Lancelotti e Celso Lungaretti estavam lá. Foi bonito. Nesse exato momento que eu estou escrevendo esse post, não sei ao certo quantos foram, talvez uns 200 ou mais. Foi bonito. Em alguns momentos, como na fala do Padre Júlio e do senhor Toshio que discursou sobre os seus amigos mortos pela ditadura ( foto 4), foi emocionante.

Foi interessante sentir um pouco dessa letargia que domina o nosso país e, num nível acima da média, essa nossa paulicéia desvairada ser ligeiramente rompido. Ver também como o poder de mobilização de massas da Internet está aumentando e outras coisas mais. A ditabranda, foi sem dúvida, o tipo da coisa que se voltou contra a Folha, um jornal que foi alçado à liderança das vendas em SP e no Brasil devido a criação da alegoria do "Jornal das Diretas", até fevereiro dessa ano, a maior e mais bem sucedida obra de engenharia lógica da história do jornalismo nacional. Obra construída por Otávio Frias. Obra implodida pelo genial Otavinho. Caiu uma boa mentira, encaremos a verdade.

10 comentários:

  1. Hugo,
    Infelizmente eu não fiquei sabendo a tempo dessa manifestação. Estava no centro e poderia ter ido. Uma pena.
    Me alegro em saber que o infeliz editorial da Folha não ficou em brancas nuvens e que, se não pude ir, centenas de outras pessoas, incluindo você, estiveram por lá em sinal de repúdio a uma imprensa cada vez mais reacionária e comprometida com os setores menos nobres da nossa sociedade burguesa e hipócrita.
    Parabéns pela postagem e pelas fotos! Ficaram ótimas!

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  2. Eduardo Prado,

    Muito Obrigado, e é uma pena você não ter conseguido ir lá porque foi muito bacana. Sobre a ditabranda, é como diz o ditado: Até um relógio quebrado marca a hora certa duas vezes ao dia. Na minha postagem sobre a Folha e a Ditabranda, eu coloquei que isso não foi uma mudança de rumo, mas sim uma mudança de tática do referido jornal - talvez uma mudança mal calculada, talvez não, mas com um fim sujo, podre. Isso é terrível ao mesmo tempo em que é interessante porque provoca um abalo nessa letargia que assistimos nos últimos anos em nosso país. Sem querer, Otavinho lembrou as pessoas dos esqueletos que eles tem no armário - mas não na consciência -, que houve mais do que um jornal em São Paulo que colaborou com a Ditadura e qual é a verdadeira face de muitos desses defensores da Democracia de hoje em dia. Portanto, meu caro, a História continua mais viva do que nunca e nesse jogo, eu escolhi o meu lado.

    abraços.

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  3. Oi, Gostei dos seus comentários aqui e no blog do Idelberg. (onde comentarei seus comentários...)

    Eu e meu marido fomos, e estamos muito felizes que a manifestação tenha ocorrido. Também postei sobre o evento, se você quizer dá uma passadinha no meu bloguinho
    http://flaviabrites.blogspot.com/

    eu vou dar uma fuçada no seu. Uma das coisas legais disso tudo foi fazer contato com blogueiros que não tem problemas de sair as ruas e protestar

    um grande abraço

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  4. Flávia,

    Brigadão. Aliás, eu também vi esse ponto positivo na mobilização, a "materialização" de tanta gente com a qual estamos acostumados a ficar horas debatendo na blogosfera e depois voltarmos para cá trazendo e dividindo o que trouxemos de lá. Vou lá dar uma passada no seu blog.

    abração

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  5. Eu voltei para ler o seu post sobre o editorial da Folha _ inclusive o link para a lei de Godwin, hehehe... _, que também foi tema de um post meu, e concordo totalmente com você. Essa guinada à Direita dada pela imprensa brasileira me intriga bastante. Não que eu acreditasse no discurso moderninho da Folha e outros jornais _ impressos ou não _ ou na pretensa imparcialidade apregoada por eles, mas porque essa guinada está sendo feita as custas do desmoronar de uma imagem duramente construída nas últimas duas décadas, e que arranha a própria credibilidade desses veículos.
    A Folha, assim como a Veja há um bom tempo, está entrando numa zona perigosa da qual, talvez, será muito difícil sair.

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  6. Ops!
    Estou comentando com o Open ID e esqueci de assinar o comentário acima, desculpe.

    Abraço!

    Eduardo Prado

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  7. Caro amigo Hugo, parabéns pelo blog e pela cobertura do ato na Folha. Foi realmente uma alegria (somada à indignação)encontrar tantos companheiros novos e mais antigos, irmanados no mesmo grito de protesto, memória, democracia.
    Passarei a frequentar seu blog, que certamente acrescenta muito à esta rede de comunicação independente. Juntos, começamos a abalar a ditadura midiática vigente. Vamos em frente!

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  8. Eduardo,

    Exatamente. Sobre essa mudança do discurso de certos grupos da mídia nacional, creio que isso faz parte de um processo mundial com, no entanto, características bem nossas; É o aspecto político da crise da mídia que é gerado pela alteração da relação entre a difusão da informação e o poder, hoje, cada vez mais imediata nesse capitalimo que se desmonetariza na velocidade da luz, o que implica na desconstrução do discurso jornalístico por meio do discurso político velado - ou nem tanto - praticado pelos próprios organismo da "grande" mídia - hoje promotores de seus próprios e exclusivos interesses e não mais promotores dos alheios que lhes puxava à reboque. Isso é substancial e pungente, implica em todos os setores de comunicação e, levando em conta a progressiva concentração de mídia pelo mundo, pode nos levar a rumos perigosos. Some-se ao histórico de concentração midiática pelo Brasil e o histórico nada animador desses grupos e temos isso daqui.

    abração, valeu pela linkagem e daqui a pouco retribuo a visita.

    Antonio,

    É com satisfação que eu recebo o amigo aqui n'O Descurvo e com humildade que tomo os elogios. E, sim, também compartilho da mesma visão em relação à mobilização de sábado - aliás, muito bem colocada sua fala em relação ao sindicato dos jornalistas.

    abração e sempre que quiser bater um papo, apareça por aqui ;-)

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  9. Hugo,

    Talvez isso também tenha a ver com a concentração dos leitores em nichos que tendem a ser mais conservadores, enquanto que os leitores mais jovens ou menos conservadores procuram mais informações na internet.

    Publiquei um post sobre a manifestação contra o editorial da Folha e deixei o link de O Descurvo como referência.
    Se for possível gostaria de utilizar uma das fotos que você publicou. Claro que com os devidos créditos. Mas não é nada imprecindível.

    Obrigado pela visita,
    Abraço!

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  10. Eduardo,

    Quanto a essa concentração de mídia, é ao mesmo tempo uma herança histórica do regime militar e um pensamento muito ultrapassado em relação à mídia - a era televisiva já está em vias de extinção e a era gutemberguiana terá seu destino selado em poucos anos, ainda assim, mesmo alguns setores progressistas de nossa sociedade ainda desconhecem as potencialidades da Internet - até entre jovens universitários.

    Isso, claro, tenderá a mudar nos próximos anos, mas sempre à reboque do que acontece lá fora. Sobre a concentração midiática, ela só acaba quando acontecer o tombo da grande mídia internacional lá fora - o que não está longe porque internamente as coisas estão travadas (e é dessa percepção que surgem projetos de lei como o do Senador Eduardo Azeredo).

    abração e esteja a vontade para linkar O Descurvo!

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