terça-feira, 7 de junho de 2011

Palocci caiu. Enfim.

Felizmente, mas com algum atraso, aconteceu o que este humilde redator se prestava a defender ao longo dos últimos dias: Palocci caiu da Casa Civil, o que, somado ao seu histórico desastroso na Fazenda, significa que sua carreira política meteórica foi para o vinagre. O que foi ótimo para o PT, mais do que para qualquer outro partido brasileiro - coisa que eu nem preciso falar muito a respeito, haja vista que o fato dessas denúncias terem aparecido fora da época de disputa eleitoral fala por si mesmo quanto às origens delas. Em um primeiro momento, reitero que para muito além de eventuais questões jurídico-penais que possam ser levantadas - e que necessitam de provas suficientes que até agora não apareceram -, tratou-se de um problema político que passa desde as conexões mal-explicadas de um Ministro de Estado com empresas e oligarquias - como a da mídia corporativa, por exemplo - até seu projeto político duvidoso que, em último caso, poderia ser seu passaporte para a presidência, mas fatalmente esvaziaria o Partido dos Trabalhadores de qualquer potencial transformador que ainda tem. Tais conexões e tais projetos, aliás, talvez expliquem a timidez da oposição em denuncia-lo, haja vista que ela está envolvida até o pescoço com os mesmos problemas. Portanto, foi acertado o arquivamento das denúncias contra ele pela Procuradoria-Geral da República assim como sua saída da Casa Civil só pode ser criticada pela demora.

P.S.: rumores fortes giram em torno do nome da senadora paranaense Gleisi Hoffmann como a sucessora de Palocci. De fato, não é o melhor nome, mas é um nome muito melhor do que o de seu antecessor.

10 comentários:

  1. recentemente assisti os documentários "Inside Job" e "capitalismo, uma história de amor" e vi como é terrível esse envolvimento (casamento, praticamente) de políticos, acadêmicos e empresários em forma de consultorias, lobbies... você tem razão, todos devem estar envolvidos até o pescoço!

    Inside Job mostra como formados em Harvard, políticos/membros do governo e homens de Wall Street formaram uma teia que deu na supercrise do capitalismo em 2008.

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  2. Pois é, Célio, se Palocci merece um adjetivo é o de insider.

    abraço

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  3. Consegue imaginar outro bom nome?

    Mas é a Gleisi mesmo. Tenho pouco conhecimento sobre ela (quase nada), mas tenho medo de a indicação ser só pelo fato de ser mulher.. :S

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  4. Consigo imaginar outros melhores sim, Ândi: Gilberto Carvalho - que ainda pode ir para Articulação Institucional -, José Eduardo Cardozo, o Padilha...mas eu esperava que o Paulo Bernardo fosse o nome, o que foi quase no alvo, haja vista que a senadora é sua esposa - e ambos são muito próximos a Dilma, o que explica muita coisa. Gleisi é uma gestora hábil como gosta a Presidenta, mas não sei se tem know-how político para aguentar a barra, acho que é necessário uma Articulação Institucional forte com alguma raposa velha (Gilberto Carvalho...) para que isso dê certo. Por outro lado, Dilma reforça seu jeito gerencial de fazer política, o que não sei se é o melhor caminho, talvez fosse melhor buscar um equilíbrio nisso daí, por isso eu penso que talvez fosse necessário uma figura mais "política" no cargo.

    abraço

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  5. Lembremos que Gleisi é moralmente conservadora, e mesmo abertamente homófoba (como soe de ser a esquerda paranaense, pra não dizer o Paraná em si - apesar de Álvaro Dias, de direita claro, ser uma bichona velha mixeteira e todo mundo saber disso) - ao ponto de que Gleisi Hoffman é declaradamente contra o PLC122

    Quer dizer: o custo de tirar Palocci foi o mesmo de mantê-lo (e de eleger Dilma no segundo turno): aos religiosos, tudos, aos viados (pobres), cacetadas.

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  6. Eu sempre gostei de Chamar Palocci de Dom Palocci, mas nem de longe quis ofender Dom Corleone

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  7. Quando eu era criança ouvia na igreja que você pode pecar de quatro formas: pesamento, palavras, atos e omissões. Eu assumo a minha omissão: na última eleição eu não fiz campanha contra o PT.

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  8. Lucas, o problema de Palocci é bem mais embaixo e a saída dele do governo, mesmo por uma troca nada espetacular, vale muito a pena. O perigo que ele representava é muito maior do que Gleisi pode sonhar em produzir.

    abraços

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  9. Anônimo: se for desse jeito, então não tem jeito de escapar ao pecado - o que torna melhor se livrar da culpa logo de uma vez e enxergar a politica de forma realista. Faz bem para a saúde.

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  10. Por que Palocci?

    Antonio Palocci caiu por falta de apoio político. Sua nomeação equivocada para um cargo estratégico, a resistência de setores influentes do PT e a inabilidade no trato com a base aliada selaram seu destino desde muito cedo. A disputa pelos cargos nos diversos níveis governamentais, as derrotas do Planalto em votações polêmicas e os preparativos para as eleições municipais de 2012 apressaram o desfecho do imbróglio. O enriquecimento do ex-ministro serviu apenas como o pretexto “republicano” que faltava ao discurso dos adversários.

    Se houvesse lídima preocupação ética no debate, o público já saberia que a lista dos misteriosos clientes de Palocci envolve financiadores da própria mídia corporativa e de muitas campanhas eleitorais, inclusive de petistas célebres. A imprensa oposicionista, que num passado recente se chocou diante de certos “dossiês”, elucidaria o vazamento nebuloso dos dados que fundamentaram as acusações. E a curiosidade acerca do crescimento patrimonial alheio provocaria uma febre de estudos comparativos sobre centenas de parlamentares, ministros, governadores e prefeitos.

    Por que apenas Palocci deve tais explicações ao eleitorado? A esquerda precisa que a Folha de São Paulo alavanque seus escrúpulos morais? Vamos investigar, companheiros?

    É impossível aceitar a idéia de que os fundamentos do Direito não cabem no universo político. Mesmo que a presunção da inocência pareça irrelevante para o caso específico, a rapidez com que ela foi desprezada revela apenas um autoritário pendor para o linchamento e nenhum anseio real de justiça. É o pior exemplo que o STF poderia conseguir às vésperas de julgar os acusados do tal “mensalão”.

    Questionar a fragilidade e o oportunismo dos ataques a Palocci não significa defendê-lo.
    Em vez de refugiar-se nas acusações de patrulhamento ideológico, a blogosfera que ajudou a fritá-lo poderia ao menos evitar o maniqueísmo reducionista dos veículos tradicionais.

    http://www.guilhermescalzilli.blogspot.com/

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