Equipes de Socorro cuidam dos feridos depois da colisão de trens/AE |
Pois bem, no ano passado, assistimos à paralisação dos ferroviários da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), pelos mesmíssimos motivos, quais sejam, falta de reajustes salariais - mesmo reposição da inflação - e investimentos, o que foi debelado com uma proposta de aumento - mas que não resultou em nada concreto em termos de melhoria das condições de operação e serviço, como provam tanto o choque entre trens na estação da Barra Funda, poucos meses depois, quanto o colapso da Linha Rubi este ano.
Agora, com o acidente da semana passada, os protestos dos metroviários e a paralisação de ontem, chegamos à paralisia: greves de metroviários tendem a ser mais potentes do que as dos ferroviários, uma vez que a dos primeiros incide sobre uma malha altamente concentrada dentro do centro expandido de São Paulo, o que torna a substituição por outros transportes (carro ou ônibus) inviável, literalmente paralisando a cidade.
A intenção original do movimento grevista - liberar, à francesa , as catracas no dia de ontem - acabou frustrada por uma decisão do Tribunal Regional do Trabalho, estranhamente cumprida pelos grevistas, que terminaram por paralisar suas atividades do modo convencional - a abertura das catracas, na prática, só oneraria o Estado explorador e não os usuários, mas é certo que a retaliação em cima disso seria muitíssimo mais dura do que a da atual greve, já que o peso seria maior.
Mesmo considerando que a volta de Alckmin ao Palácio dos Bandeirantes seria marcada, inevitavelmente, por uma paralisia crônica, a indicação de Saulo de Castro Abreu Filho, ex-secretário de segurança pública nos tempos dos ataques do PCC, para a Secretaria dos Transportes não deixou de ser surpreendente: mal-sucedido em sua própria área, certamente não seria em uma outra que desconhece que ele teria melhor sorte. O misto de trapalhadas, incapacidade negocial e quetais de Saulo somam-se à política de cortes de investimentos em tempos de crise de Alckmin, o que faz a situação beirar o desastre. Conjugado com o desgoverno Kassab, também conhecido como longo desgoverno Serra, em São Paulo e temos o retrato do caos.
Em suma, o que São Paulo vive é um exaurimento causado, ele mesmo, por um programa suicida de gestão executado por gestores pouquíssimo capazes. É quase uma somatória soviética, só que do outro lado do espectro político (se é que isso interessa).
A interrupção da greve e a retomada do trabalho pelos metroviários, há poucas horas, não são, nem de longe, a saída efetiva para a crise. Tampouco, podemos ver essa questão desconectada do eixo que passa pela questão habitacional e de segurança, isto é, todo o nexo de relações concernentes à gestão dos espaços urbanos em São Paulo, cujo aparelhamento pela tecnocracia empresarial resulta em um quadro de efervescência permanente: houve uma hipertrofia tão violenta dos mecanismos de governamentalidade, em um sentido contemporâneo e liberalíssimo, que ela própria se esgotou em um vazio de desgoverno caracterizado por apagões e travas de toda sorte.
O desafio posto, sem dúvida, é enormíssimo, pois ainda que toda a parasitagem se articule graças aos atuais ocupantes do governo estadual e municipal da capital, não resta dúvida que todos esses esquemas podem sobreviver, perfeitamente, a derrotas eleitorais e se realinharem, compondo com as novas forças. É preciso criar meios efetivos para neutralizar o processo ele mesmo.
Agora, com o acidente da semana passada, os protestos dos metroviários e a paralisação de ontem, chegamos à paralisia: greves de metroviários tendem a ser mais potentes do que as dos ferroviários, uma vez que a dos primeiros incide sobre uma malha altamente concentrada dentro do centro expandido de São Paulo, o que torna a substituição por outros transportes (carro ou ônibus) inviável, literalmente paralisando a cidade.
A intenção original do movimento grevista - liberar, à francesa , as catracas no dia de ontem - acabou frustrada por uma decisão do Tribunal Regional do Trabalho, estranhamente cumprida pelos grevistas, que terminaram por paralisar suas atividades do modo convencional - a abertura das catracas, na prática, só oneraria o Estado explorador e não os usuários, mas é certo que a retaliação em cima disso seria muitíssimo mais dura do que a da atual greve, já que o peso seria maior.
Mesmo considerando que a volta de Alckmin ao Palácio dos Bandeirantes seria marcada, inevitavelmente, por uma paralisia crônica, a indicação de Saulo de Castro Abreu Filho, ex-secretário de segurança pública nos tempos dos ataques do PCC, para a Secretaria dos Transportes não deixou de ser surpreendente: mal-sucedido em sua própria área, certamente não seria em uma outra que desconhece que ele teria melhor sorte. O misto de trapalhadas, incapacidade negocial e quetais de Saulo somam-se à política de cortes de investimentos em tempos de crise de Alckmin, o que faz a situação beirar o desastre. Conjugado com o desgoverno Kassab, também conhecido como longo desgoverno Serra, em São Paulo e temos o retrato do caos.
Em suma, o que São Paulo vive é um exaurimento causado, ele mesmo, por um programa suicida de gestão executado por gestores pouquíssimo capazes. É quase uma somatória soviética, só que do outro lado do espectro político (se é que isso interessa).
A interrupção da greve e a retomada do trabalho pelos metroviários, há poucas horas, não são, nem de longe, a saída efetiva para a crise. Tampouco, podemos ver essa questão desconectada do eixo que passa pela questão habitacional e de segurança, isto é, todo o nexo de relações concernentes à gestão dos espaços urbanos em São Paulo, cujo aparelhamento pela tecnocracia empresarial resulta em um quadro de efervescência permanente: houve uma hipertrofia tão violenta dos mecanismos de governamentalidade, em um sentido contemporâneo e liberalíssimo, que ela própria se esgotou em um vazio de desgoverno caracterizado por apagões e travas de toda sorte.
O desafio posto, sem dúvida, é enormíssimo, pois ainda que toda a parasitagem se articule graças aos atuais ocupantes do governo estadual e municipal da capital, não resta dúvida que todos esses esquemas podem sobreviver, perfeitamente, a derrotas eleitorais e se realinharem, compondo com as novas forças. É preciso criar meios efetivos para neutralizar o processo ele mesmo.
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