quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Breves ponderações sobre quadrinhos

Um dos meus hobbies favoritos e mais antigos é a leitura de revistas em quadrinhos. Sinceramente, acho uma das formas de expressão mais interessantes que o homem já inventou. Os quadrinhos não são uma mera união da literatura ao desenho e à pintura (em alguns casos), mas sim a convergência dessas formas de expressão em um único ponto, o que resulta numa coisa nova que excede as possibilidades expressivas e criativas das formas anteriores.

Claro, durante muito tempo, os quadrinhos foram rotulados como "arte menor" - ou nem isso e o pior era que esse rótulo fora aceito pelos próprios artistas da área por um bom tempo - até conseguir seu espaço. Não acho, no entanto, que os quadrinhos atingiram a sua maturidade como forma de arte, tampouco penso que já lhe é dado o devido reconhecimento pela sociedade, mas é óbvio que as coisas melhoraram muito nos últimos anos.

Os europeus foram responsáveis por grande parte desses avanços, em especial as escolas franco-belga e italiana - a primeira em especial pelo reconhecimento dado aos artistas da área -, mas há também de se ressaltar o trabalho dos americanos no sentido de transformar os quadrinhos num fenômeno de massa e industrial, consolidando-os como um entretenimento e fazendo com que muitos dos conceitos quadrinísticos extravasassem os seus limites partindo para outras mídias - como o cinema.

Há também o grande debate sobre se os mangás são mesmo quadrinhos ou se são um gênero diferente, o que na minha modesta opinião é uma grande bobagem; mangás possuem diferenças narrativas porque o sistema de escrita tradicional do Japão é logográfico e não alfabético, mas está tudo lá: A convergência entre desenhos e escrita - ainda que essa última seja fundada em princípios diferentes.

No Brasil, excetuando o exemplo bem-sucedido de Maurício de Sousa, boa parte dos artistas de talento tiveram de migrar para o exterior (pegue como exemplo um Mike Deodato Jr ou um Ivan Reis no mercado americano ou um Leo no mercado europeu) e nunca conseguimos criar uma estilo próprio de quadrinhos, nem no sentido artístico da coisa, muito menos no sentido industrial.

Isso tem a ver com as limitações econômicas do Brasil, afinal, se nem mesmo nos países ricos, a vida de um quadrinista é ou foi simples, aqui então nem se fala - ainda por cima com a concorrência perversa do material vindo de fora e publicado prioritariamente por muitas das editoras nacionais. Também tem a ver com as próprias limitações culturais do país e de preconceitos infantis.

Vivemos hoje um momento paradoxal: A indústria de quadrinhos mundial se vê às voltas com a pirataria via internet, onde o material pode ser baixado gratuitamente. Ao mesmo tempo que a Internet é uma benção, ela pode ser uma praga para indústria do entretenimento. Por outro lado, isso poderia facilitar a vida de artistas iniciantes em difundirem o seu trabalho. O nó górdio para eles, no entanto, é como fazer seu trabalho render dinheiro via internet. Para uma produção que tenha em vista propósitos meramente artísticos, os problemas acabaram, mas para quem visa a indústria do entretenimento, as coisas deram novas voltas e ainda não se resolveu nada, seria isso um indicativo dos novos tempos?

2 comentários:

  1. Não sou muito chegado em quadrinhos, mas sou chegado em tirinhas, acho uma excelente forma de expressar humor . Em apenas três quadros às vezes saem piadas ótimas. Sinceramente, eu só leio as últimas tirinhas do gibi da Turma da Mônica.

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  2. Fala, Vinny. Eu também gosto muito de tirinhas. Minhas favoritas são Peanuts e Calvin & Haroldo, dá pra fazer coisas muito, mas muito legais com elas mesmo.

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