sexta-feira, 17 de abril de 2009

A Ditabranda e a Caros Amigos


Depois de um bom tempo, comprei uma Caros Amigos. Essa edição traz uma boa cobertura sobre o horrendo caso Ditabranda - que esse blogger cobriu com tanto afinco que acabou sendo flagrado na foto de Capa da Revista em meio a manifestação. O que dá pra dizer diante de tantas críticas a mídia, é que essa revista fez um belissímo trabalho na análise dos fatos. Detalhe especial para o artigo de José Arbex Jr, "O Brasil em tempos de Cólera (ou: A Folha Vejou)" na página 20. Tive a oportunidade de assistir algumas aulas de análise conjuntural de Arbex na PUC-SP mês passado e lá ele já tinha trabalhado com as teses com as quais estruturou seu artigo - onde ele faz uma investigação das causas que levaram ao infame editorial da Folha buscando pistas na história política e social do Brasil nos últimos anos. Vale a pena dar uma conferida.

8 comentários:

  1. Hugo,Sensacional a entrevista com o Arbex Jr. Ele toca num assunto muito importante que é a falta de engajamento dos estudantes. Isso é verdade. Me formei a pouco tempo e ao longo do curso senti muito a falta de debates sérios e quando parece que alguma fato novo vai mobilizar o pessoal a gente percebe logo é fogo de palha. Acende rápido e apaga mais rápido ainda.

    Como ele diz na entrevista, ninguém tem tempo para discussões ou qualquer outra forma de participação socuial, nem para leituras importantes, mas que não são exigidas pelo curso, mas todo mundo tem tempo para festas e cervejadas depois _ ou até no horário _ das aulas. Claro que eu também participei de muitas, não sou de ferro e realmente gosto desse clima também, mas parece que para muitos estudantes esses encontros etílicos são a coisa mais interessante que uma faculdade pode oferecer. E não é.

    ...mas agora fiquei curioso, cadê você na foto desta capa?

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  2. Eduardo,

    Estou fazendo faculdade - segundo ano de Direito - e a impressão que eu tenho é exatamente essa. Claro, ninguém é de ferro, mas limitar a vivência universitária a festas e cervejadas como faz boa parte dos estudantes das faculdades de ponta é triste - e ao mesmo tempo muito recorrente, onde estudo, aliás, não é muito diferente.

    Pra falar a verdade, aconteceu um episódio bem emblemático ano passado comigo: Eu fiz parte de uma chapa que disputou o Centro Acadêmico - não vencemos, mas foi uma experiência interessante - e quando saímos do último debate eleitoral que contou com uns cinquenta gatos pingados, meus amigos e eu nos deparamos na rua de baixo - onde há muitos bares - com uma quantidade enorme de gente que teoricamente não estava tendo aula porque teria ido assistir o debate...aquilo me fez cair uma ficha que me perturba até hoje.

    Da Ditabranda em si, lembro que fiquei sabendo com atraso do editorial da Folha, mas logo quando soube acabei postando algo aqui e trouxe o assunto à baila numa aula de Direito Constitucional. Boa parte dos meus colegas não tinha a menor de que tinha acontecido e muitos não conseguiram sequer se dar conta da gravidade do fato mesmo que tenham ficado contra o jornal. Em suma, há muito pouca gente, mesmo nos cursos mais disputados das melhores universidades brasileiras, disposta a pensar, estudar e debater política e isso terá efeitos perturbadores no futuro, mas isso é um assunto tão longo que daria outro post...

    Sobre minha presença na capa, eu sou o cara barbudo de verde à esquerda do Lungaretti, debaixo da placa da Ditabranda.

    abraços ;-)

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  3. Ah, o Arbex é foda mesmo. Pode se criticar determinadas posições dele e tal, mas não resta dúvida que ainda é um dos poucos jornalistas que merece ser tratado como tal.

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  4. Hugo,

    Imaginei que você fizesse jornalismo, tanto pelas análises que faz dos temas publicados aqui, boa parte sobre imprensa e política, quanto pelo seu texto. Aliás, Deixo registrado aqui meu elogio ao seu estilo e ao modo como escreve. Poxa! Segundo Ano e já é capa de revista! (risos...)

    Eu terminei o curso de História no ano passado e por enquanto estou apenas lecionando na rede pública de ensino do estado de SP. Ô dureza!

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  5. Ia me esquecendo...

    Também gosto do Arbex. O primeiro texto dele a que tive contato tinha o título de "História sem Fim" e foi publicado na Caros Amigos de 1996, se não me engano. Anos depois eu copiei num blog que estava pensando em manter na Globo.com, mas desisti. O texto está lá ainda. o link é: http://duprad.globolog.com.br/

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  6. Eduardo,

    Pôxa vida, velho, assim o ego do velho Hugo vai inchar a tal ponto que daqui a pouco ele vai começar a escrever em terceira pessoa hehehe

    Eu sei a dureza que é lecionar na rede pública de ensino: Meu pai foi professor e olha que ele deixou de dar aulas numa época em que as coisas nem iam tão mal por aqui...

    O mundo do Direito, por outro lado, é bastante cômodo se você aceita seguir as regrinhas pré-estabelecidas e deseja virar (mais) um técnico na área, mas aqueles que querem pensar o Direito sofrem pra burro, não há muito estímulo, muito pelo contrário.

    O que impera é um positivismo pincelado com ares pretensamente modernosos e sua dogmática que eu julgo ignomiosa - e que cujos arautos jogam duro para defendê-lo sectariamente.

    É por isso que temos mais bacharéis do que a população de alguns países e ao mesmo tempo somos um deserto jurídico. Veremos quanto tempo vai levar pra eles me desfenestrarem ou para eu me desfenestrar. Veremos.

    abraços fraternais e se tiver tempo numa quarta à noite, nós podemos nos encontrar na PUC por volta de umas sete para ver uma aula do Arbex sobre conjuntura.

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  7. Sério mesmo?

    Rapaz, eu ia adorar assistir uma aula do Arbex!

    Eu dou aula na quarta à noite, mas é substituição. Logo logo o professor titular volta e aí eu te dou um toque. Se for possível eu vou sim.

    Na verdade eu nunca pensei em ser professor, mas chegou uma hora em que eu precisei optar entre o trabalho e a faculdade. Não dava mais para conciliar. Foi então que eu aproveitei o estágio da licenciatura para trabalhar como professor eventual e larguei o emprego.

    Ainda não sei se continuarei professor definitivamente, ainda mais em escola pública, mas eu gosto de lecionar, é gratificante, apesar das dificuldades. O problema são as condições de trabalho, muito ruins, e a remuneração que é uma decepção só.

    Obrigado pelo convite!

    Outro abraço!

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  8. Sério mesmo, podendo e querendo ir, é só dar um toque.

    abraços.

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