Palestra Itália x Corinthians nos Anos 20 |
Maior clássico paulista e uma das maiores rivalidades do futebol mundial, Palmeiras e Corinthians, o derby paulista, é o jogo que envolve os dois clubes grandes mais antigos em exercício na Pauliceia desvairada, cuja história está invariavelmente ligada com a popularização do futebol pela cidade e pelo estado, quando ele sai dos clubes da elite e começa a ser praticado por operários e gente do povo - o que resulta em um clube plebeu em 1910, o Corinthians (que não deixa de ter o elemento italiano imigrante no seu componente original, como não poderia ser diferente de um clube paulistano popular daqueles tempos ), e, em 1914, no Palestra Itália (doravante, Palmeiras), o time da colônia italiana (àquela época, o grosso do crescente proletariado industrial paulistano). Décadas mais tarde, esse equilíbrio é alterado pela fundação da Portuguesa (1920) que corresponde a um segundo clube de colônia na capital - da segunda leva de lusitanos que cá aportavam, desta vez dedicados ao pequeno comércio -, o Juventus da Mooca em 1924, e, nos anos 30, com o São Paulo, no momento em que o futebol torna-se espetáculo público e a elite tradicional paulistana resolve construir seu próprio clube - enquanto o Santos ainda era apenas um time local do litoral, longe da grandeza que só conseguiria mesmo a partir dos anos 50, embora tenha sido campeão paulista já em 1935. O tempo passou, os italianos se tornaram, aos poucos, o grosso da classe média paulistana e, no interior, se misturaram com a população em todas as classes sociais - resultando num verdadeiro amálgama com a paulista típico -, enquanto milhões de nordestinos aportam no novo fluxo de imigração; O Palmeiras assim se torna um clube de classe média, do típico paulistano da zona oeste e da identidade cultura italiana - tão importante para a construção do estado de São Paulo do século 21º -, mas também é clube de massa enquanto símbolo que transcende à própria italianidade e representa a força imigrante - e consequente revitalização que ela trouxe -, enquanto o Corinthians acabou se afirmando como a maior torcida, o clube da periferia pobre e abandonada da Capital - resultado do crescimento urbano esquizofrênico dos anos de chumbo - e da massa de um modo geral. Amanhã, eles se enfrentam numa situação curiosa a julgar pelos últimos anos: Enquanto o Palmeiras finalmente conseguiu voltar a liderar um Campeonato depois de ter entrado em parafuso no Brasileirão de 09, o Corinthians parece ter encontrado o fim do ciclo virtuoso, que começa no seu retorno à Série A em 2008, com a eliminação para o Tolima na Pré-Libertadores esta semana. Felipão conseguiu fazer o Palmeiras ter padrão de jogo e entrosamento em plena tempestade da sucessão presidencial e, agora, sob certa calmaria e com a contratação de alguns reforços, está montando um time operário e com alguma técnica - que lidera invicta e isoladamente o campeonato -, o que é mais ou menos o inverso de Tite, que embora tenha assumido o Corinthians num momento relativamente tranquilo, se comparado com o seu colega palmeirense, corre risco de cair diante do agravamento dos problemas do time. Apesar dos momentos diferentes, como dizem por aí, clássico é clássico e vice-versa, mas será um jogo interessante, onde o Felipão tentará vencer o rival que ainda não derrotou nessa passagem pelo verde, enquanto o Corinthians não pode perder sob pena de entrar em crise - e como sabem os iniciados no futebol paulista, as crises no Parque São Jorge são gloriosas...
Atualização das 21:53: E hoje foi dia de Palmeiras e Corinthians. O Timão venceu por 1x0 num bom jogo, onde apesar da boa atuação do Palmeiras, faltou-lhe um centroavante - e quando não, sobrou o goleiro Júlio César, em tarde inspirada, melhor em campo. Foi uma vitória justa num jogo bom. O Corinthians, com a vitória, permaneceu invicto no torneio e livrou-se de entrar em parafuso; o Palmeiras permaneceu líder, mas deu mostras de suas carências várias.
Amanhã cabeças vão rolar, caso o Corinthians não ganhe.
ResponderExcluirTambém acho, Luis. Por outro lado, o Felipão precisa muito vencer um clássico para afirmar a boa fase do time. Vai ser um jogo nervoso.
ResponderExcluirabraço
Esse elenco, essa comissão técnica e essa cartolagem do Corinthians não são dignos da história desse duelo.
ResponderExcluirÉ triste que na véspera de um derbi eu esteja tão pouco interessado em ver o time em campo. Não quero saber que jogadores irão a campo, que esquema o Tilte irá defecar, etc, etc. Nada disso faz sentido!
Eu nunca torceria contra o Timão num clássico, mas se dá uma zebra improvável de pelo menos empatar esse jogo, tome mais uma semana de Tite no mínimo. Então, além de não conseguir ter orgulho desse time mesmo em caso de goleada (não que isso seja possível), eu não vou conseguir sequer ficar feliz com uma vitória, porque isso servirá pra perpetuar tudo que vai mal.
Vou passear que eu ganho mais.
Só peço uma coisa aos palmeirenses. Ganhem, mas ganhem direito! Se o Tilte for o técnico na segunda ainda, é porque não fizeram o serviço decentemente.
Esses momentos são dureza mesmo, Ândi, mas eu acho que as coisas começaram a dar errado quando a diretoria do Corinthians resolveu desmontar o time campeão da Copa do Brasil e do Paulistão em 2009 - isso às vésperas do ano do centenário. As contratações para 2010, na tentativa de corrigir o erro, foram volumosas e sem critério e, claro, a saída de Mano deixaram um vácuo considerável no time (hoje, mais do que nunca a figura do treinador é essencial para o futebol). Mas as coisas no Palmeiras não estão fáceis, apesar dos últimos resultados e da crise no Corinthians mascararem muita coisa. Numa boa, o mesmo provável é uma vitória apertada do Palmeiras, mas eu não morreria do coração se acontecesse um empate não...
ResponderExcluirabraço
Pronto, o meu Curíntia pode até perder o campeonato porque já ganhou do seu Parmera!
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Ganhou mesmo, mas eu acertei quanto ao equilíbrio do jogo, enquanto vocês tavam aí chorando ;-)
ResponderExcluirabraço