Eu tive um dia extremamente corrido. Fui com meu velho para o hospital hoje pela manhã por conta de um tratamento que ele está fazendo - e tudo, felizmente, está correndo bem -, depois ainda gastei algum tempo cuidando de outros assuntos urgentes, algum debate sobre as questões do CA, algumas coisas minhas e, no meio do caminho, topei com a notícia sobre o terremoto que houve no Haiti. Obviamente, fiquei consternado, cheguei a tuitar algo, mas só depois, pesquisando um pouco mais, me dei conta da real dimensão do desastre haitiano: Estamos falando de uma verdadeira hecatombe, uma tragédia enorme que matou entre 100 e 500 mil pessoas.
O epicentro do terremoto foi no sul da ilha de Hispaniola, há pouquíssímos quilômetros da capital do país, Porto Princípe. Foi o pior terremoto em 200 anos, os alertas de Tsunami chegaram a disparar, dada a intensidade do sismo. Mesmo se tívessemos falando de um desastre dessa magnitude numa nação rica e preparada para terremotos como o Japão, estaríamos falando em milhares de mortos. Em um país como o Haiti, com miséria para todos os lados por conta dos sucessivos golpes de Estado, a tragédia foi potencializada e podemos estar falando em número de mortos que beira os 10% da população do país.
Não custa lembrar que centenas de soldados brasileiros se encontravam estacionados na ilha em missão de paz das Nações Unidas. Os dados do momento apontam para quase vinte mortos. Entre as vítimas está Dona Zilda Arns criadora da Pastoral da Criança, intensa militante social, irmã de Dom Paulo Evaristo. Dona Zilda se encontrava no país fazendo o que sempre fez: Fazendo trabalho social firme, honesto e discreto - em um país onde não falta quem constate as coisas e nada faça ou pouco faça e muito diga. Ela faleceu dentro de uma Igreja, onde discursava para a população local, soterrada pelos escombros.
A morte de Dona Zilda pode ter sido trágica, mas uma morte digna, tão digna que se torna bela como disse Dom Paulo na carta em que comentava o fato e terminava por dizer não é hora de perder a esperança - e, notem, ele falava sobre aquela esperança que vem do verbo esperancear e não do verbo esperar como já dizia o inesquecível e imprescindível Paulo Freire. É disso que o Haiti precisa agora. Não obstante a destruição econômica e política, agora veio a destruição natural. Por mais cético que eu tenda a ser, por mais que eu suspeite que as mesmas pessoas que trabalharam ativamente em favor do golpe hondurenho cruzem os braços em relação a isso, concordo com Dom Paulo: É hora de termos esperança e também de seguirmos o belo lema nacional do Haiti, l'union fait la force, a união faz a força.
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