quarta-feira, 14 de abril de 2010
Honduras Ainda
A diplomacia brasileira, seja comercial ou propriamente política, tem obtido êxitos interessantíssimos no atual governo, apesar de alguns poucos erros. Um dos maiores, foi a nossa reação postura firme em favor da Democracia na América Latina, o que impediu a escalada golpista na Bolívia e resultou numa pressão muito forte contra o golpe hondurenho - um espetáculo tétrico, onde os EUA, a despeito da condenação momentânea ao acontecido, viram suas pegadas na ocasião serem, aos poucos, descobertas. Honduras é um país pequeno, mas é um ponto estratégico na América Central. O Governo Obama, por sua vez, dá sinais confusos desde o seu início e não se sabe exatamente se a Casa Branca anda se comunicando tão bem com a Secretaria de Estado, ainda que a militarização do nosso continente (ver Colômbia) é um bom indicativo do que se pretende - ainda que os gastos militares sejam, objetivamente, a maior ameaça à estabilidade econômica americana num futuro próximo. Entretanto, ainda nos vemos diante da problemática hondurenha: Zelaya foi deposto de forma bizarra, eleições foram puxadas sob estado de sítio e um candidato conveniente foi eleito, enquanto as infrações aos direitos humanos prosseguem acontecendo. Por outro lado, a construção de uma base aeronaval no país, pelos EUA, não parece também um sinal muito animador depois de tudo que aconteceu. É necessário abrir os olhos por aqui e os interesses que nos circundam.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Acompanho com interesse seu blog,em geral com reflexões inteligentes e criativas
ResponderExcluirmesmo partindo dos mesmos pressupostos politios que voce,quais sejam do carater golpista da deposição de Zelaya e da ameaça autoritaria de direita que sempre ronda nosso continente ,achei um pouco simplista a analise da conduta dos EUA,apesar dela ter sofrido uma inflexão de recuo no meio do caminho,ela foi de repudio ao golpe por todo o tempo.
Apesar do clima beligerante da ocasião,me parece que as eleições tiveram um resultado justo,a correlação de forças no pais é conservadora,infelizmente
Para o novo governo ganhar aceitação global tera de distender internamente,o que ja vem fazendo aparentemente
Creio,portanto que o quadro é mais complexo.Os golpes contemporaneos para vingarem tem de vir com maior mediação com um discurso democratico,o que apesar de meramente simbolico,me parece implicar em limites ao carater autoritario deste tipo de violencia.
De qq forma aproveito para parabeniza-lo pelo blog e por seus pontos de vistas ultra instigantes
abçs
pedro estevam serrano
Pedro Estevam Serrano,
ResponderExcluirDe fato, eu fui bastante suscinto na minha análise quanto ao papel americano, mas reitero e desenvolvo: Há sinais conflitantes sendo enviados de Washington para a América Latina desde que Obama assumiu e eu, do meu meu humilde ponto de vista, creio que isso não é estratégico; há sim um conflito de interesses entre a Presidência dos EUA e a sua Secretaria de Estado nos assuntos que dizem respeito ao nosso continente - Obama assumiu com uma proposta de distensão bastante clara e, no caso hondurenho, apesar das manifestações de primeira hora condenando o golpe, as pegadas de Hugo Llorens começaram a surgir: Se queriam o golpe, por que não defender que não foi, se não queriam, por que assumir essas posições. Em suma, haveria uma coerência que nos permite falar em "eles"? Essa é a hipótese da qual eu parto, as contradições da ação americana em relação a Honduras.
O problema das eleições, ao meu ver, é que elas se deram com aquele que deveria ser o presidente em exercício deposto, o exército nas ruas e inúmeras denúncias de violações aos direitos humanos. O governo atual, se não avançou mais na sua sanha foi pela pressão de fora - por isso os parabéns que eu dou à diplomacia brasileira nesse caso.
Aliás, é uma honra receber uma visita do ilustre Professor e filho da PUC.
abraços puquianos