A Relação Brasil-Cuba no Governo Dilma
por Hugo Albuquerque
Cuba e Brasil nutrem uma relação mais profunda do que se pode supor a uma primeira vista. A ilha caribenha, pela força de sua Revolução, foi e é fonte de inspiração para a esquerda latino-americana, inclusive para aquela que governa nosso país hoje – muito do que o PT é se deve à experiência cubana. Se hoje Cuba enfrenta uma grave crise e precisa desesperadamente negociar sua reinserção, em termos razoavelmente dignos, no sistema internacional – capitalista até a medula -, o que coloca o país na dependência especialmente de seus vizinhos latino-americanos (Brasil à frente), por outro lado, grande parte das mudanças ocorridas no continente nos últimos anos são tributárias da inspiração cubana. Não, as mudanças que aconteceram nos últimos anos na América Latina não deixariam de ter ocorrido, mas em um cenário imaginário no qual não tivesse ocorrido uma Revolução Cubana, certamente elas seriam bem diferentes, tanto menos na sua relação ao modelo de relacionamento entre instituições e a sociedade civil e tanto mais pela concepções de autonomia em relação aos países ricos e sua doutrina social. Cuba, portanto, não é um ferido que ficará sem socorro pela parte brasileira.
Tá ficando importante, hein?hahahahah
ResponderExcluirBom post, principalmente porque Cuba precisa repensar o quanto antes, na possivel, e eminente abertura econômica, e por conseguinte a leva cultural e política que se iniciarão e firmarão aquilo que vem crescendo ao longo dos ultimos anos.A derrocada do centralismo burocratico está cada vez mais a espreita.E sinceramente desejo que ocorra isso, não há vida sem liberdade, e infelizmente isso em Cuba a muito vem sendo cerceada de seus filhos...
Beijos
ps; Você é simpatizante do PT?Ou petista mesmo?
Mayara,
ResponderExcluirCoitado de mim, só tento dar as minhas humildes contribuições. Sim, eu desejo fortemente que o centralismo acabe em Cuba, mas que se erija algo melhor lá - diferente do que houve na Rússia, onde ficou o autoritarismo e foram-se as prioridades sociais, o que é o pior dos mundos.
beijos
P.S.: Olha, para evitar confusão eu diria que eu sou um "socialista-libertário" em vez de dizer que eu sou "comunista" - o que dá margens a inúmeras interpretações, muitas delas equivocadas. Naturalmente, concordo mais com os pensadores anarquistas do que com quem se apropriou do termo "comunista". Não, eu não sou petista, embora tenha apoiado sim o Partido no atual pleito e no jogo político-eleitoral - não sou filiado porque sou cético em relação ao sistema partidário como todo e por acreditar que o jogo político não se esgota nem em partidos, nem em eleições, aliás, hoje em dia muito pelo contrário.
Por duas décadas Cuba foi capaz de 'se virar' sem os subsídios econômicos da URSS sobrevivendo num estado de economia de guerra. Sou um pouco mais otimista em relação às mudanças que ocorrem em Cuba - mesmo com a queda do preço do níquel e do turismo decorrentes da crise mundial, acredito que a ilha caribenha seguirá seu próprio modelo ao invés de apostar numa 'terapia de choque' tal qual passaram Rússia e China.
ResponderExcluirLuis Henrique,
ResponderExcluirSim, o sistema cubano, apesar dos seus problemas congênitos, sobreviveu bem a momentos duros, a saber, a crise dos anos 60, quando o embargo americano produziu um impacto devastador sobre sua economia - ao mesmo tempo em que Washington levou a cabo inúmeras tentativas de derruba-lo - e a crise causada pelo colapso do bloco socialista - que foi superada ainda em meados da década de 90, embora muita coisa tenha sido empurrada com a barriga e varrida por debaixo do tapete, vindo à tona com essa crise atual. Uma delas, é o modo de gerenciamento do mercado pelo Estado, especialmente no que toca a certas espécies de negociação e de venda de produtos, ao invés, de legalizar uma série de transações privadas - e de certas mercadorias -, preferiu-se fazer vista grossa para o mercado negro, supondo que com a recuperação da Ilha, ele fosse desaparecer. Ledo engano. O mercado negro se tornou uma verdadeira (e crescente) zona de anomia dos anos 90 para cá, onde as relações econômicas se tornam mais e mais selvagens. A crise mundial dos alimentos e o impacto da Crise Mundial fizeram com que isso se agravasse, por exemplo.
As decisões de Raúl Castro e seu grupo, que contradizem em grande parte as decisões de Fídel nos anos 90, são mais contestáveis ainda. Eles não calcularam o impacto do custo econômico, social e político de demitir tanta gente e isso é um problema grave como eu procurei demonstrar ao longo do meu artigo. Eu creio que a reforma é necessária, mas eu não sei se dentre as várias decisões que poderiam ser tomadas, se essa foi a melhor.
abraços
P.S.: Em tempo, a Rússia fez uma terapia de choque, mas eu não entendo que as reformas chinesas promovidas pelo grupo de Deng Xiaoping nos fins do anos dos anos 70 podem ser classificadas no grupo. Na verdade, creio que não. Foi apenas uma forma do sistema socialista burocrático sobreviver enxertando cada vez mais instrumentos da teoria econômica capitalista não-mercadista.