sábado, 8 de maio de 2010

Spinoza e a Política

"Os filósofos concebem as emoções que se combatem entre si, como vícios em que os homens caem por erro próprio; é por isso que se habituaram a ridicularizá-los, deplorá-los, reprová-los ou, quando querem parecer mais morais, detestá-los. Julgam assim agir divinamente e elevar-se ao pedestal da sabedoria, prodigalizando-se toda espécie de louvores a uma natureza humana que em parte alguma existe, e atacando através dos seus discursos a que realmente existe. Concebem os homens, efetivamente, não tais como são, mas como eles próprios gostariam que fossem. Daí, por consequência, que quase todos, em vez de uma ética, hajam escrito uma sátira, e não tinham como sobre política vistas que possam ser postas em prática, devendo a política, tal como a concebem, ser tomada por quimera, ou como respeitando ao domínio da utopia da idade de ouro, isto é, um tempo em que nenhuma instituição era necessária."

Trecho do primeiro parágrafo do Tratado Político, obra inacabada de Spinoza, uma boa reflexão para o momento que vivemos.

3 comentários:

  1. Por que diabos levou 250 anos até a psicanálise levasse adiante o que Spinoza expressa nessa primeira sentença?

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  2. Meu caro, Luis, eu pensei exatamente a mesma coisa quando li isso pela primeira vez. Na verdade, Spinoza foi um autor maldito em seu tempo, nadou contra a corrente seja na sua produção filosófica quanto na sua própria atuação política e o que ele dizia, ao contrário daquilo que falava um certo senhor Descartes, não soava tão doce aos ouvidos daqueles, que já no século 17º, se armavam para tomar o controle do mundo. Evidentemente, à luz da psicanálise, vimos o trunfo de muitas das ideias spinozistas mesmo - notadamente em Lacan, Guattari e em Deleuze.

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