(Foto retirada do NYT)
Aconteceu hoje um atentado terrorista gravissímo no metrô de Moscou. Dúzias de pessoas morreram e segundo os informes do momento, trataram-se de ataques suicidas com alvos bem direcionados: Estações próximas às sedes de núcleos do poder russo como a FSB (sucessora da KGB) e o Ministério do Interior - em suma, a poucos quilômetros de distância do Kremlin. As evidências e o modus operandi apotam para terroristas do Cáucaso. Trata-se de mais um capítulo sangrento da relação entre o poder central russo e as províncias não-eslavas do Cáucaso, o que acumula centenas de milhares de mortos desde o fim da União Soviética - e ocorre simultaneamente a grave crise que vive o país, o mais atingido pela crise mundial dentre os membros do BRIC e que, ainda por cima, vive uma crise de hegemonia profunda, na qual assiste a crescentes manifestações da oposição, fenômenos em relação aos quais, os atentados não estão totalmente alheios. Estamos a espera de mais informações e da reação de Moscou a isso.
Atualização de 30/03/2010: Por ora, a desinformação reina numa Rússia onde o Estado, mais e mais, volta a controlar os meios de comunicação; as evidências continuam a apontar para os guerrilheiros tchechenos, mas há quem teça teorias de que isso poderia ter o dedo do governo central. Seja como for, o que aconteceu, no mínimo, será um pretexto cômodo para a escalada de autoritarismo que Putin tem promovido na Rússia; se durante seus anos na Presidência, seu governo foi caracterizado por seguir uma vertente nacional-desenvolvimentista um tanto extemporânea - mas não extremista -, os anos que se seguem ao movimento bizarro onde ele trocou de lugar com o seu primeiro-ministro - que, constitucionalmente, teria menos poderes do que ele, mas que na prática não é isso que se vê agora - apontam para uma degeneração aguda das liberdades individuais e políticas, o que tem sido alvo de protestos de grupos que vão dos anarquistas aos ultranacionalistas, passando pelos comunistas e liberais.
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