Como já tratei por aqui, o futebol nacional prossegue com uma tabela bagunçada. Tivemos sete rodadas completamente desnecessárias do Brasileirão entre o fim dos estaduais e o início da Copa, com a maioria das equipes em fase de ajustes ou recomeço de projetos. O Brasileirão começa mesmo agora em Julho, mas os pontos conquistados nessas sete rodadas podem fazer muita diferença mais adiante: Corinthians, Fluminense e Ceará deram um passo importante - os primeiros na disputa pelo título, o último na luta por, quem sabe, uma vaga na Copa Sul-Americana.
Ano passado, o Campeonato Nacional tinha tudo para subir alguns degraus na escala futebolística. Não subiu, embora tenha sido uma das melhores edições na era do pontos corridos: A crise no Projeto Europeu, por sua vez, provoca o fim da bolha futebolística, marcando o gradual retorno de atletas de qualidade. Certamente, daqui há quatro anos, estaremos num patamar próximo de 2002, quando a Seleção era meio brasileira, meio europeia - ainda que eu ache que Dunga exagerou na convocação de tão poucos jogadores em atuação no Brasil.
Por outro lado, também teremos a primeira Copa Sul-Americana valorizada, com a Conmembol fazendo aquilo que deveria ter sido feito há anos: Fazer com que o campeão do torneio dispute a Copa Libertadores do ano seguinte. Nunca me agradou o fim da antiga Copa Mercosul - e seu congênere, a Copa Merconorte -, o que deveria e poderia ter sido feito era criar critérios técnicos para a qualificação das equipes e dar vagas aos seus campeões para a Libertadores do ano seguinte. A Sul-Americana não foi uma boa ideia, mas passa a a exercer uma função que faz sentido.
De novidade nas equipes, os destaques ficam por conta da reconstrução do Palmeiras com o retorno de Felipão - ainda que a sombra da Seleção Brasileira paire sobre sua cabeça -, Kléber e provavelmente Valdivia e o tétrico caso Bruno: É no mínimo chocante que um dos goleiros mais promissores do país, campeão brasileiro no ano passado e um dos nomes cotados para a Seleção possa estar envolvido com o homicídio de sua amante - ainda mais nas condições que se deram. Não é questão de começar nenhum linchamento e procurar noticiar os fatos - o que, infelizmente, essa imprensa brasileira não faz nem o fará -, mas as provas que surgem não lhe são nada animadoras. Honestamente, é a primeira vez que eu ouvi falar em um jogador de futebol envolvido em um crime tão bizarro.
De aspectos técnicos, creio que a escolha do treinador da Seleção Brasileira será um ponto importante para o andamento do nacional; caso escolhido um treinador em atuação no Brasil, pode abortar um bom trabalho em algum grande clube e ter efeitos diretos sobre o Campeonato - de todas as equipes brasileiras, a que tem mais chances de dar uma guinada é o Palmeiras com o retorno de Luís Felipe Scolari ao comando técnico. Corinthians e Fluminense devem seguir na briga - mas seus técnicos também estão ameaçados - e o Santos deve crescer no torneio.
Dos demais, o Atlético-MG depois de um início de ano seguido de uma turbulência inesperada no fim do semestre, acabou por mexer bastante no elenco. Vanderlei Luxemburgo novamente põe o seu dedo e veremos no que dá - o que pode produzir rigorosamente qualquer coisa, como a classificação para a Libertadores em 2006-07 de times limitados do Santos e, em sentido contrário, no fracasso de times do Palmeiras que disputavam o título em 2008-09. As chegadas Fábio Costa e Diego Souza não ajudam muito a decifrar qual será o futuro do projeto atleticano: Ambos oscilaram muito ao longo de suas carreiras para que qualquer coisa seja dita, mas eu, pessoalmente, não apostaria em nenhum dele.
Grêmio, São Paulo e Inter devem, de algum modo, subir de produção. Enfim, temos um torneio que pelas peculiaridades do futebol brasileiro - seja o equilíbrio entre o grande número de equipes grandes ou o calendário bagunçado - mais parece um rali, onde os campeões são aqueles que souberam desviar melhor dos buracos e escapar às ribanceiras.
P.S.: Um bom jogo nessa pré-temporada, será Palmeiras x Boca, sexta às 17:30 com transmissão pela Record e pela Sportv. Será a despedida oficial do estádio Palestra Itália antes do seu fechamento e reconstrução.
Olha, eu nunca gostei do Bruno, e sou flamenguista. Prá mim, ele não tem tempo de bola o que pode ser visto, por exemplo, no medo que tem de sair quando lançamentos de bola pelas pontas. Sua grande envergadura lhe faz eficaz quando o atacante se aproxima de frente e bate a queima-roupa. Chutes em gol, no entanto, parece ser tomado por ele como oportunidade para fazer um belo vôo, e tirar a mão da bola na hora H - como o foi o gol da desclassificação na Libertadores.
ResponderExcluirAdriano,
ResponderExcluirNunca o achei um craque, mas o qualificava como um bom goleiro, ágil e bom em chutes à queima-roupa e de longa distância. Um dos Melhores da geração que tem aparecido; depois de um certo auge na formação de goleiros nos anos 90, quando rompemos com a sina de formar jogadores para o gol - o que nos permitiu levar três craques do gol como Marcos, Rogério Ceni e Dida para a Copa da Ásia -, sinto um certo declínio na área, ele era uma das esperanças. Agora, me surpreendo com tudo isso que aconteceu. Coisa horrível.
abração