De saída do poder, Álvaro Uribe voltou a jogar na ofensiva contra a Venezuela. Ainda é muito difícil avaliar o que acontecerá na Colômbia, nos pós-Uribe, mas o Presidente colombiano ainda em exercício gostaria de ser candidato a nova reeleição, mas foi - felizmente - impedido pelo Judiciário local. Ainda assim, ele fez sucessor, numa eleição que se supunha mais difícil do que foi - e que por isso acende temores de fraude. Suspeita-se, no entanto, que o presidente eleito Juan Manuel Santos possa distender as relações com os boa parte dos países do continente - de quem Uribe afastou nos últimos anos. As recentes acusações de Uribe contra Chávez contradizem isso: Ou Santos não passa de um títere que ousou demais em iniciar conversações com Chávez ou Uribe quer marcar território na cena política local - como supõe Bruno Altman. Pode ser, também, que a aproximação de Santos seja sua adulação tática em relação ao líder venezuelano. Seja como for, com as sete bases americanas em instalação no seu território, o histórico de ataque ao território equatoriano e de acusações sem provas contra inimigos, a Colômbia persiste sendo uma ponta de lança de certos interesses sediados em Washington e uma ameaça para a estabilidade e a segurança sul-americana. Agora há pouco recebi a notícia do rompimento da relações entre os dois países, decisão dura, mas não injutificada do Presidente venezuelano Hugo Chávez. Segue o vídeo:
Atualização das 19:09: Na análise de Altman são citadas fontes do Palácio de Miraflores surpresas com as declarações de Serra e, ao mesmo tempo, o recrusdecimento da política de Uribe. É uma questão complicada, mas eu não iria por essa hipótese, no entanto, a julgar pelas declarações do candidato tucano, sua política de relações exteriores, excetuando - talvez -, o militarismo, se alinharia com a essência da posição uribista. Duvido muito de declarações coordenadas, mas o alinhamento ideológico é fato - e destoa à direita, inclusive, da política de FHC para a Colômbia e para o continente, como coloquei aqui ontem.
Política internacional ou política de maternal?
ResponderExcluir"Você é amigo das FARC!"
"Não sou! Não brinco mais!"
Troque "FARC" por "Al-Qaeda" e temos o diálogo no Oriente Médio.
É, qualquer mentecapto *coff* *coff* Sarah Palin *coff* Índio da Costa *coff* *coff* pode fazer política com bichos-papões tão fáceis assim.
"...mas eu não iria por essa hipótese"
ResponderExcluirAcompanhando o modus operandi da campanha de Serra últimamente, eu não descartaria de pronto essa hipótese não.
Luis,
ResponderExcluirA chapa Serra/Índio é uma tragédia anunciada no cenário em que vivemos - muito mais do que se se anunciasse no horizonte há oito ou quatro anos atrás. O problema é que se ele perde, a tragédia é dele, se ele vence, a tragédia é nossa. Ainda assim, isso só é uma continuação de uma visão de política arrogante e estreita que Serra já demonstrou na campanha de 2002, quando defendia de sorriso amarelo a ALCA enquanto, contraditoriamente, dizia que o Mercosul "amarrava" o Brasil. Eleição perdida e Lula vitorioso, o petista pôs a política inversa em prática e foi esse enorme sucesso. Numa boa, por mais que a chapa McCain/Palin venha à mente pelas circunstâncias eleitorais, em termos de política internacional, a chapa do PSDB está mais para a direita mexicana do que qualquer outra coisa.
um abraço
Marola,
ResponderExcluirNão, eu não apenas não morreria do coração como não ficaria surpreso com isso. A minha afirmação se funda no fato de como foi Índio que disse isso - Serra só depois encampou -, a possibilidade dessa hipótese é baixa. No entanto, é evidente, que a visão de Serra para a política externa - principalmente no que concerne à América do Sul -, está muito mais para Uribe do que para FHC - como demonstrei na questão da Colômbia em específico anteontem.
um abraço
Hugo, a política externa do Serra é um desastre, vive de slogans batidos, o tempo todo regurgitando neocon lingo (em tempos de Obama) sem que se possa vislumbrar o menor resquício de integridade e autonomia intelectual no que êle diz. É saudável o Brasil não ter alinhamento automático com os EUA, e parece que só êle não vê isso. Talvez veja e não esteja nem aí. Possívelmente o debate político se deterioraria num eventual governo dêle. Serra nunca parece dizer a que veio, quando o faz, sempre desaponta. Irã, Chavez, Bolívia, Argentina, brigou com todo mundo e não acrescentou nada de construtivo ao debate em torno desses temas. Pensa as questões de política externa como se fossem peças de vestuário a serem ardilosamente escolhidas de acordo com a ocasião. Não há moral, só cálculo.
ResponderExcluirSabe aquêle papo de Serra se situar mais a esquerda no governo FHC, Serra versus Malan, lembra, soa familiar? Pois bem êle aguentou 8 longos anos sem dar um pio, como um bom soldado da causa, paying lip service incólume esses anos todos? Não me cheira bem.
Marola,
ResponderExcluirQuanto a política externa, concordo plenamente com a sua visão e nem vou acrescentar mais nada. Sobre o Serrismo, a suposta alternativa tucana ao malanismo, não sei até que ponto isso era só muxoxo. Luis Nassif que por muito tempo foi a viúva do serrismo, confessa que "hoje, ele sabe que isso [o serrismo] nunca existiu". Serra é um teórico confuso cercado de teóricos tecnicistas - vide Nakano. Não é a PUC-RIO, mas não é muito melhor. Politicamente, é autoritário e não tem nenhum tato, seria incapaz de governar um país como o Brasil, que exisge distensionadores natos.
aquele abraço
Nada como um comentário com cor local. ;)
ResponderExcluirPodia ser até um muxoxo, mas olha, rendeu.
Não foi o Nakano que trabalhou com o Delfim na época da ditadura? Bem, provávelmente vc nem era nascido nesse tempo.
Marola,
ResponderExcluirDesculpe a pressa na resposta de ontem, o meu comentário ficou pouco claro. Sobre esse comentário do Nassif ao qual me referi, ele se encontra aqui, trata-se do antológico "A Falta que FHC Faz" - com o qual, claro, não concordo integralmente, apesar de reconhecer que se trata uma análise bastante interessante sim, onde o nacional-desenvolvimentista Nassif admite, enfim, que Serra não só é um fracasso como também confessa ter errado, ao longo dos últimos anos, por tê-lo avaliado positivamente até ali: "Já que Serra abdicou do «serrismo» (que, agora sei, nunca existiu),[grifo nosso] seria a hora da oposição começar exercitar o contraponto, recuperar o discurso fernandista".
Sim, o "Serrismo", enquanto fato político rendeu até bem. Sobre o Nakano sei da sua atuação acadêmica e da sua atuação durante o Governo Mário Covas, mas desconhecia sua atuação com o Delfim - onde eu poderia informações a esse respeito?
abraços