sexta-feira, 23 de julho de 2010

Atualizado depois da Teixeirada --> Seleção: Muricy Ramalho é o técnico (ou não)





Honestamente, achei uma escolha surpreendente. Pelo que se avizinhava, Mano Menezes era o favorito - desde o momento em que Felipão recusou a proposta. Muricy, seja pela postura independente ou por não estar no auge de sua carreira  - embora ensaie uma recuperação nessa remontagem do Fluminense, ora líder do nacional - não me parecia o nome predileto da CBF pelos motivos errados e pelos certos. Sim, trata-se de um dos três técnicos mais vencedores do futebol nacional nos últimos dez anos, numa lista que tem, claro, Felipão e Luxemburgo, mas ainda assim não era meu palpite nem o meu nome favorito.


Depois de um começo ali pelo São Paulo nos anos 90, certas turbulências o fizeram ir para do Guarani, por onde passou em 97, para em seguida embarcar para a China. Votou treinando equipes do interior paulista até que em 2001 foi para o Náutico de Pernambuco, no ano do centenário daquele tradicional clube recifense, onde iniciou a guinada na sua carreira. Foi bicampeão pernambucano tirando o Náutico da lama, teve uma passagem boa pelo Figueirense no Brasileirão de 2002, livrando-o do rebaixamento certo, foi para o Inter em 2003, onde foi campeão gaúcho, mas pediu demissão por não emplacar uma boa campanha. No São Caetano em 2004, comandou uma recuperação inacreditável no Paulistão daquele ano e foi campeão - e ficou entre os oito melhores da Libertadores, mas acabou injustamente demitido. Voltou para o Inter no mesmo ano fazendo boas campanhas, ganhou o Gauchão em 2005 e só não levou o Brasileirão do mesmo ano por conta do famoso escândalo de arbitragem envolvendo Edílson Pereira de Carvalho, que fez vários jogos serem repetidos, prejudicando seu time.


Em 2006, assumiu o São Paulo campeão mundial no ano anterior, abrindo uma nova página na sua carreira. Perdeu um Paulistão - jogado em pontos corridos em turno único (?!) - pela ressaca que o time vinha, depois de ter levado o Mundial e, depois, perdeu a Libertadores, na final, em um épico duelo tático com Abel Braga. Muricy se recupera no Brasileirão daquele ano, mantendo a base tática herdada de 3/5/2, zaga bem postada, marcação, forte e jogadas rápidas pelas alas e foco na bola parada - foi um passeio. Em 2007, acabou eliminado do Paulistão pelo invocado - e surpreendente - São Caetano de Dorival Júnior e perdeu para o operário Grêmio de Mano Menezes nas oitavas da Libertadores - novamente, se redimiu no Brasileirão, mostrando que sabia jogar como ninguém um torneio longo, estilo maratona, com todas as peculiaridades que bem conhecemos, novo passeio e segundo título seguido pelo tricolor.2008, o filme se repete, eliminação no Paulistão para o Palmeiras/Traffic de Luxemburgo e derrota na Libertadores para outro time brasileiro, o Fluminense de Renato Gaúcho nas quartas, nova recuperação no Brasileirão e, contra tudo e contra todos, leva o nacional pela terceira vez. 2009, é eliminado do Paulista pelo Corinthians de Mano Menezes e é eliminado a Libertadores para o Cruzeiro de Adílson Baptista - desta vez, no entanto, é demitido pela diretoria são-paulina, pelos atritos com o presidente Juvenal Juvêncio e pela sua  incapacidade de vencer torneios eliminatórios - ainda que eu discorde de sua demissão durante o Brasileirão do ano passado.


Depois da sua saída do São Paulo, Muricy, acaba recebendo proposta pública do Presidente do Palmeiras, recusa e, semanas mais tarde, acaba voltando atrás. Assume o time em primeiro lugar, mas algumas declarações anteriores - bem como sua recusa - fizeram-no assumir o time num clima ruim - num ambiente altamente delicado -, o que se agravou com sua postura distante dos jogadores: O Palmeiras perdeu o campeonato mais vencido de todos os tempos, não conseguindo, sequer, classificação para a Libertadores. Mesmo assim, permaneceu no cargo para 2010, mas acabou perdendo definitivamente o controle do elenco no Paulistão e caiu ainda no meio da Primeira fase. Meses depois, ele retorna a um clube brasileiro, promovendo uma reestruturação no Fluminense, sendo ainda eliminado da Copa do Brasil pelo Grêmio de Silas. Ainda assim, conseguiu o recuperar o time para o Brasileirão deste ano e, por ora, lidera o torneio.


Creio que o auge da carreira de Muricy foi em 2006, a partir dali, se seguiu uma estabilidade: Embora ele não tenha conseguido crescer mais - isto é, fazer sues times terem mais sangue em jogos eliminatórios ou saberem jogar atacando -, ele se manteve no mesmo nível. Sua passagem desastrosa pelo Palmeiras, apesar de todos os problemas do clube e o fracasso do bom time montado no começo do ano passado, também teve responsabilidade sua, admita ou não. Seu trabalho no Fluminense ainda é muito recente para qualquer avaliação. O melhor nome, ao meu pensar, era o de Mano Menezes, o melhor copeiro que apareceu no futebol nacional desde Felipão. Não foi. Ele terá um desafio muito grande pela frente, se a cobrança em cima de um treinador da Seleção já é absurda, o encarregado de conduzir o time para um Mundial em relação ao qual seremos sede terá de suportar a mesma pressão, no mínimo, dobrada. Não sei até que ponto Muricy pode funcionar nesse contexto.


Atualização das 17:30: Como Mauro Betting bem colocou, Muricy é o ex-novo técnico da Seleção Brasileira. E não, não foi um passa-moleque que a imprensa - ou o humilde blogueiro que vos escreve - tenha tomado, mas sim da fanfarronice de Ricardo Teixeira, o glorioso ditador presidente da CBF que anunciou publicamente seu nome sem que Muricy tenha aceitado formalmente (?!). Depois de tudo o que aconteceu na Copa da África, nuvens turvas acenam no horizonte para a Copa do Mundo do Brasil. Aguardemos o desenrolar da novela. Muricy, claro, também tem suas responsabilidades nessa conversa toda, assim como no caso do Palmeiras ano passado. Ele só deveria ter negociado, caso tudo estivesse certo entre ele e o Fluminense.

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