(Lancenet)
Honestamente, achei uma escolha surpreendente. Pelo que se avizinhava, Mano Menezes era o favorito - desde o momento em que Felipão recusou a proposta. Muricy, seja pela postura independente ou por não estar no auge de sua carreira - embora ensaie uma recuperação nessa remontagem do Fluminense, ora líder do nacional - não me parecia o nome predileto da CBF pelos motivos errados e pelos certos. Sim, trata-se de um dos três técnicos mais vencedores do futebol nacional nos últimos dez anos, numa lista que tem, claro, Felipão e Luxemburgo, mas ainda assim não era meu palpite nem o meu nome favorito.
Depois de um começo ali pelo São Paulo nos anos 90, certas turbulências o fizeram ir para do Guarani, por onde passou em 97, para em seguida embarcar para a China. Votou treinando equipes do interior paulista até que em 2001 foi para o Náutico de Pernambuco, no ano do centenário daquele tradicional clube recifense, onde iniciou a guinada na sua carreira. Foi bicampeão pernambucano tirando o Náutico da lama, teve uma passagem boa pelo Figueirense no Brasileirão de 2002, livrando-o do rebaixamento certo, foi para o Inter em 2003, onde foi campeão gaúcho, mas pediu demissão por não emplacar uma boa campanha. No São Caetano em 2004, comandou uma recuperação inacreditável no Paulistão daquele ano e foi campeão - e ficou entre os oito melhores da Libertadores, mas acabou injustamente demitido. Voltou para o Inter no mesmo ano fazendo boas campanhas, ganhou o Gauchão em 2005 e só não levou o Brasileirão do mesmo ano por conta do famoso escândalo de arbitragem envolvendo Edílson Pereira de Carvalho, que fez vários jogos serem repetidos, prejudicando seu time.
Em 2006, assumiu o São Paulo campeão mundial no ano anterior, abrindo uma nova página na sua carreira. Perdeu um Paulistão - jogado em pontos corridos em turno único (?!) - pela ressaca que o time vinha, depois de ter levado o Mundial e, depois, perdeu a Libertadores, na final, em um épico duelo tático com Abel Braga. Muricy se recupera no Brasileirão daquele ano, mantendo a base tática herdada de 3/5/2, zaga bem postada, marcação, forte e jogadas rápidas pelas alas e foco na bola parada - foi um passeio. Em 2007, acabou eliminado do Paulistão pelo invocado - e surpreendente - São Caetano de Dorival Júnior e perdeu para o operário Grêmio de Mano Menezes nas oitavas da Libertadores - novamente, se redimiu no Brasileirão, mostrando que sabia jogar como ninguém um torneio longo, estilo maratona, com todas as peculiaridades que bem conhecemos, novo passeio e segundo título seguido pelo tricolor.2008, o filme se repete, eliminação no Paulistão para o Palmeiras/Traffic de Luxemburgo e derrota na Libertadores para outro time brasileiro, o Fluminense de Renato Gaúcho nas quartas, nova recuperação no Brasileirão e, contra tudo e contra todos, leva o nacional pela terceira vez. 2009, é eliminado do Paulista pelo Corinthians de Mano Menezes e é eliminado a Libertadores para o Cruzeiro de Adílson Baptista - desta vez, no entanto, é demitido pela diretoria são-paulina, pelos atritos com o presidente Juvenal Juvêncio e pela sua incapacidade de vencer torneios eliminatórios - ainda que eu discorde de sua demissão durante o Brasileirão do ano passado.
Depois da sua saída do São Paulo, Muricy, acaba recebendo proposta pública do Presidente do Palmeiras, recusa e, semanas mais tarde, acaba voltando atrás. Assume o time em primeiro lugar, mas algumas declarações anteriores - bem como sua recusa - fizeram-no assumir o time num clima ruim - num ambiente altamente delicado -, o que se agravou com sua postura distante dos jogadores: O Palmeiras perdeu o campeonato mais vencido de todos os tempos, não conseguindo, sequer, classificação para a Libertadores. Mesmo assim, permaneceu no cargo para 2010, mas acabou perdendo definitivamente o controle do elenco no Paulistão e caiu ainda no meio da Primeira fase. Meses depois, ele retorna a um clube brasileiro, promovendo uma reestruturação no Fluminense, sendo ainda eliminado da Copa do Brasil pelo Grêmio de Silas. Ainda assim, conseguiu o recuperar o time para o Brasileirão deste ano e, por ora, lidera o torneio.
Creio que o auge da carreira de Muricy foi em 2006, a partir dali, se seguiu uma estabilidade: Embora ele não tenha conseguido crescer mais - isto é, fazer sues times terem mais sangue em jogos eliminatórios ou saberem jogar atacando -, ele se manteve no mesmo nível. Sua passagem desastrosa pelo Palmeiras, apesar de todos os problemas do clube e o fracasso do bom time montado no começo do ano passado, também teve responsabilidade sua, admita ou não. Seu trabalho no Fluminense ainda é muito recente para qualquer avaliação. O melhor nome, ao meu pensar, era o de Mano Menezes, o melhor copeiro que apareceu no futebol nacional desde Felipão. Não foi. Ele terá um desafio muito grande pela frente, se a cobrança em cima de um treinador da Seleção já é absurda, o encarregado de conduzir o time para um Mundial em relação ao qual seremos sede terá de suportar a mesma pressão, no mínimo, dobrada. Não sei até que ponto Muricy pode funcionar nesse contexto.
Atualização das 17:30: Como Mauro Betting bem colocou, Muricy é o ex-novo técnico da Seleção Brasileira. E não, não foi um passa-moleque que a imprensa - ou o humilde blogueiro que vos escreve - tenha tomado, mas sim da fanfarronice de Ricardo Teixeira, o glorioso
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