sábado, 3 de julho de 2010

Notas da Copa: Alemanha e Espanha


(Schweinsteiger e Villa vibram)







A América do Sul colocou quatro equipes nas quartas de final, mas terá apenas um time seu na semi-final. Os três europeus passaram adiante. O único resultado que fugiu à normalidade foi a vitória holandesa diante de um Brasil que apagou no Segundo Tempo e tomou a virada. De resto, hoje assistimos à Argentina tomar uma goleada da Alemanha (4x0) e o Paraguai, valente, sendo eliminado pelo placar mínimo frente à Espanha. Os placares mais parecem ter sido invertidos. De qualquer modo, assistiremos agora à repetição da final da Euro 08 com o jogaço entre Alemanha e Espanha enquanto a Holanda, precocemente eliminada naquela ocasião, pegará o improvável Uruguai - uma boa equipe, mas que necessitará que o espírito do Maracanaço se abata sobre essa Copa.

Pela manhã, prevaleceu a bola cantada: A Alemanha, cuja jogada forte é pelas pontas, pegou uma Argentina, cujo calcanhar-de-aquiles eram as laterais. O conflito pelo domínio do meio, que eu esperava ser mais disputado, resultou numa vitória alemã, com demasiada facilidade. Foi assim que surgiu o lance do primeiro gol. Falta em cima de um ponta Podolski, falta cobrada pelo segundo volante Schweinsteiger e gol do outro ponta, Müller. Tentativa de reação do time argentino durante todo o primeiro, mas a boa zaga alemã salvava, enquanto o quarteto Di Maria, Messi, Higuaín e Tévez abusava da individualidade. Segundo tempo. Ou a Argentina fazia o gol de empate ou tomava o segundo. A Alemanha contra-ataca e faz 2x0. Ali o jogo acabou. O resto foi o desequilíbrio da Argentina resultando em mais dois gols germânicos com Klose se aproveitando para passar Ronaldo na artilharia das Copas. 4x0. Tristeza de Maradona.

Depois, Espanha contra Paraguai. Gerardo Martino, um grande técnico, armou bem a retranca paraguaia, fez seu time marcar sob pressão a Espanha mostrando a deficiência da defesa espanhola em saber sair jogando, chances iguais no primeiro tempo e um gol mal-anulado do seu time. A Espanha parece se restringir a Villa. O resto do time joga bem, mas se o seu camisa 7 não decidir, nada feito. O Paraguai teve a bola do jogo com Cardozo, mas a estrela de Casillas brilhou e ele defendeu o pênalti. Em seguida, pênalti para a Espanha defendido por Justo Villar. As equipes não quiseram administrar para levar para a prorrogação e partiram para fazer o que, na prática, seria um gol de ouro: Num gol chorado, ele, Villa fechou o placar. Passadas chances desesperadas do Paraguai, não convertidas pela falta de categoria dos seus atacantes, acaba o jogo.

Repeteco da final europeia. Para mim, os espanhois precisaram jogar tudo que não jogaram até agora. Os alemães denotam uma certa dificuldade contra times que sabem encaixar a marcação e ter volume de jogo, mas não contra equipes que se lançam ao ataque e, ao meu ver, eles têm tudo para conseguirem a desforra. Do lado de lá, a brava celeste, sem Lugano e Suárez, terá um confronto quase impossível contra a Holanda. Dois germânicos contra dois latinos, três europeus e um intruso sul-americano. As três melhores equipes da Europa contra o mais improvável sul-americano.

6 comentários:

  1. Por que a Holanda ganhar do Brasil é anormal? São duas seleções de mesmo nível, pô! Como alguém disse no twitter, depois da síndrome de vira-latas o perigo agora é síndrome de pedigree. Anormal foi sim o Brasil jogar o primeiro tempo do jeito que jogou, e anormal seria uma derrota para Coreia do Norte. Não contra Holanda, Espanha, Portugal, e as seleções campeães do mundo (ok, talvez não o Uruguai).

    No mais, eu acredito sim na garra uruguaia. Torço para que provoquem o maior de todos os resultados improváveis vencendo a Alemanha na final da Copa.

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  2. Edu,

    Explico-me: Anormal em relação ao padrão que vinham desempenhando na Copa e que prevaleceu até o intervalo do jogo. Não acho que exista síndrome de pedigree. A própria dinâmica do futebol impede que isso aconteça. Eu também acredito na garra uruguaia, também na boa organização tática do time, mas será suficiente? Torcida por torcida, quero que o campeão saia de Holanda x Uruguai. De preferência da Cisplatina.

    abraço

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  3. Olha, torço pela Espanha. Me lembra a seleção de 82 mas sem a mesma incisividade. Ontem o Iniesta não jogou bem, caso fosse, o placar poderia ser maior. Méritos também pro Paraguai. Bela seleção. Soube defender e atacar com equilíbrio. Pena que insistia em chutões pro Valdez, na frente, e não na construção de jogadas desde detrás.

    A Argentina é uma grande seleção. Depois que tomaram 1 x 0 até meio do segundo tempo, estiveram perto de arrancar o empate e poderiam ter vencido. O problema é que pro futebol deles funcionar, eles tem que marcar primeiro.

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  4. Adriano,

    Sim, a Seleção Espanhola parece mesmo com Seleção Brasileira de 82 - ainda que seja bem inferior tecnicamente. Não é, no entanto, o meu estilo de jogo favorito. Falta um pouquinho de equilíbrio no esquema. Na Euro, Marcos Senna compensava isso. Por ora, deu certo porque a defesa foi pouco exigida, mas contra a Alemanha, a coisa muda - Contra o Chile, um time que não teve medo nem receio em atacar, lembro dos pontos sul-americanos criando bons problemas pelas laterais espanholas, os pontos alemães, inclusive, podem criar mais problemas. O Paraguai fez tudo certo defensiva e taticamente, no entanto, tal como numa repetição de 98, ele esbarrou na limitação dos seus atacantes. Uma pena.

    O placar da Argentina foi um desastre. Faltou equilíbrio psicológico para o time quando estava 2x0 - o que é complicado, porque feito o segundo gol, as chances de empatar eram quase impossíveis, daí, valeu a máxima do onde passa boi, passa boiada - e o time germânico é uma máquina de fazer isso com sua disposição e frieza únicos.

    um abraço

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  5. Oi Adriano,

    Concordo. É que a Alemanha é expert em roubar títulos de seleções memoráveis... hijos de p...!

    Aliás, o tetracampeonato da Alemanha não seria um cenário favorável para o governo aplicar medidas 'de choque' para 'enfrentar' a crise: aumento de impostos, congelamento de salários, corte dos gastos públicos... e olha a Merkel na torcida!

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  6. Luis,

    E tem o agravante da Alemanha querer muito esse mundial. O time está com uma Copa de desvantagem para a Itália - embora tenha um histórico melhor - e duas atrás do Brasil. Claro, os espanhóis querem muito, como os holandeses também, mas a obstinação germânica é particularmente efetiva. Sobre frau Merkel e suas maldades, no momento oportuno, explanarei mais sobre isso por aqui, mas não perca da vista isto e leia isto daqui se puder.

    abraço

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