A primeira mesa de ontem, sobre arquitetura de bibliotecas físicas foi bacana - e o tema fazia um baita sentido lógico, pensar em soluções para as bibliotecas físicas dado que o livro físico (isto é, desde que o livro possa continuar existindo enquanto tal no meio digital) ainda nos acompanhará por algum tempo. O tema da nova biblioteca da USP que recepcionará o acervo de José Mindlin foi debatido nessa mesa também (que contava com Angelo Bucci, Eduardo de Almeida e Rodigo Loeb). A segunda mesa, tratando de novas formas e e-livros com a boa apresentação de Susanna Florissi, as inovações digitais apresentadas por Diego Andrade de Mello - sócio-diretor da empresa brasileira que produziu o primeiro leitor de e-books desenvolvido com software nacional - e, sobretudo, a fala de Matinas Suzuki, falando de sua experiência na Companhia das Letras em sua divisão de e-books acabou tocando em temas fundamentais como o futuro do jornalismo - até pela formação dele - e a questão da concentração da informação em meios privados - o ponto alto da fala de Matinas, a melhor de ontem, foi justamente quando num ponto incômodo: Ok, estamos digitalizando as nossas bibliotecas, o que é louvável, mas é necessário que nesse processo o espírito público das bibliotecas não seja perdido. Isso me remeteu automaticamente a um post do Cesar Shu (que, por sua vez, pescou no Hermenauta) que tratava do seguinte trecho de uma conversa entre Paul Krugman e Charlie Stross:
Krugman: Ainda não descobrimos a economia da disseminação fácil de informação. Embora a Internet seja um chapéu velho, ainda não vimos a economia do seu funcionamento. […][…]Stross: Ah sim. Por outro lado, com bens físicos, você precisará de massa e energia para montá-los. Enquanto para a propriedade intelectual, não é preciso tanta elaboração. Há muita gente se afligindo sobre pirataria e cópia de coisas na Internet, editores que estão muito, muito preocupados com toda a idéia de pirataria de ebooks. Gosto de ganhar um pouco de perspectiva sobre isso lembrando que antes da Internet surgir, tínhamos um termo muito especial para a pessoa que compra uma única cópia de um livro e daí permite que todos os seus amigos o leiam de graça. Nós os chamávamos de bibliotecários.
Via
A sacada de que o extremismo pró-direitos autorais seria capaz de criminalizar as bibliotecas se elas fossem inventadas hoje é genial. A fala do Matinas, no entanto, lança um outro olhar sobre a questão - e é como se no fundo ele dissesse: Abram o olho, ainda dá para fazer isso hoje. Sem espírito público, na prática, não há biblioteca e a rede é mais faca de dois gumes do que se pensa.
Hoje, a primeira fase tratou de Novos Olhares: Leitores e Bibliotecas Virtuais. Era a palestra do Idelber - numa excelente mesa com a simpatissíssima Maria Clara Paixão de Souza e o Roberto Taddei. Infelizmente, eu atrasei um pouco por conta do trânsito e perdi boa parte da fala do Taddei - que terminou bem, citando Borges e como ele nos remeteu em sua obra a ideia de biblioteca virtual. O nosso velho Idelber tratou da sua experiência de blogueiro, tocando alguns posts emblemáticos do Biscoito (e citou esse reles mortal que vos escreve). Depois, dei uma cutucadinha na hora das perguntas e levantei a bola do Plano Nacional de Banda Larga, suas possibilidades e seus riscos. Ambos devidamente debatidos. A última mesa tratou de direitos autorais e eu gostei bastante da fala do Samuel Barrichello, que trabalha no Ministério da Cultura na área de regulação de direitos autorais - uma fala bastante razoável, mostrando a política do governo que visa a resolver as contradições legais existentes entre o direito autoral e o direito à circulação de informação, o que foge bastante do legalismo de inclinação privatista (como vemos especialmente no nosso Judiciário) e porque eu voto pela continuidade desse projeto. Enfim, foi um belo ciclo de palestras e só me resta dar os parabéns à equipe do Projeto Brasiliana - só quem organizou um ciclo de palestras sabe como é duro isso.
A sacada de que o extremismo pró-direitos autorais seria capaz de criminalizar as bibliotecas se elas fossem inventadas hoje é genial. A fala do Matinas, no entanto, lança um outro olhar sobre a questão - e é como se no fundo ele dissesse: Abram o olho, ainda dá para fazer isso hoje. Sem espírito público, na prática, não há biblioteca e a rede é mais faca de dois gumes do que se pensa.
Hoje, a primeira fase tratou de Novos Olhares: Leitores e Bibliotecas Virtuais. Era a palestra do Idelber - numa excelente mesa com a simpatissíssima Maria Clara Paixão de Souza e o Roberto Taddei. Infelizmente, eu atrasei um pouco por conta do trânsito e perdi boa parte da fala do Taddei - que terminou bem, citando Borges e como ele nos remeteu em sua obra a ideia de biblioteca virtual. O nosso velho Idelber tratou da sua experiência de blogueiro, tocando alguns posts emblemáticos do Biscoito (e citou esse reles mortal que vos escreve). Depois, dei uma cutucadinha na hora das perguntas e levantei a bola do Plano Nacional de Banda Larga, suas possibilidades e seus riscos. Ambos devidamente debatidos. A última mesa tratou de direitos autorais e eu gostei bastante da fala do Samuel Barrichello, que trabalha no Ministério da Cultura na área de regulação de direitos autorais - uma fala bastante razoável, mostrando a política do governo que visa a resolver as contradições legais existentes entre o direito autoral e o direito à circulação de informação, o que foge bastante do legalismo de inclinação privatista (como vemos especialmente no nosso Judiciário) e porque eu voto pela continuidade desse projeto. Enfim, foi um belo ciclo de palestras e só me resta dar os parabéns à equipe do Projeto Brasiliana - só quem organizou um ciclo de palestras sabe como é duro isso.
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