domingo, 17 de outubro de 2010
Porque Eu Não Voto em José Serra
Como é sabido, eu declarei meu voto aqui no Primeiro Turno, portanto, não é o caso de fazê-lo novamente. No entanto, eu creio que é necessário pontuar algumas coisas aqui em relação ao candidato oposicionista, José Serra, especialmente o porque votar nele não passou na minha cabeça em momento algum dessa campanha. Em um primeiro momento, não, continuo não achando José Serra, o José Serra indivíduo político, como o pior quadro do PSDB, meu ponto é outro: A questão aqui, ao contrário do que é posto pelos marqueteiros, é que candidato não se mede por si, mas pelo que motiva grupos econômicos e políticos a o apoiarem - e construírem sua candidatura - bem como as relações que o envolvem.
Por exemplo, antes de pensar em votar em alguém, pensemos no seguinte: Qual o motivo de sua candidatura existir? Acaso seria um nanico folclórico propondo trens voadores? Um aventureiro? Relações humanas medem-se pelos seus fins como bem diz Bandeira de Mello. Sendo mais específico: Por que lançar uma candidatura contra a continuidade de um Governo que fortaleceu o Trabalho, aumentando a renda e o número de empregos - ainda construindo o embrião de uma rede de proteção social para o pessoal que está em situação de miséria? Dizer que é para continua-lo mantendo o que é bom e melhorando o que não é tão bom é falso. Se reconhecesse isso e José Serra teria se filiado ao PT no ínterim do Governo Lula, mas não, enquanto foi Prefeito e depois Governador de São Paulo, o candidato, aliás, estreitou seus laços com grupos - em especial com a mídia corporativa - que não se cansam de demonizar medidas como o bolsa-família - uma pequena remuneração de cunho humanitário voltada para impedir que pessoas morram de fome. Se duvida disso, me responda por que Maria Rita Kehl, ao escrever um artigo no Estadão contra os preconceitos sobre o Bolsa Família acabou demitida de lá?
A cândida candidatura Serra diz respeito ao grande debate político dos anos 90. De um lado, os petistas defendendo um democratização fundada no paradigma público e no combate firme às mazelas históricas da nossa sociedade, enquanto do outro o PSDB propõe - como continua propondo - privatizações não só das estatais, mas do espaço público, sob os auspícios de uma razão administrativa maior que só os iniciados entendem, cujo fim é uma eficiência abstrata e vazia - o que no fim se expressou da maneira mais brutal possível nos anos FHC com a mais brutal geração de desemprego da nossa história, queda da massa salarial e algo que eu julgo particularmente perturbador: Um saldo que implicava na manutenção de algo acima de 10% da nossa população economicamente ativa fora do mercado de trabalho, como um exército de reserva pronto a servir como elemento de dissuasão de reivindicações trabalhistas das mais elementares (o velho "do que você está reclamando, já viu o tamanho da fila lá fora?"), com projetos sociais insuficientes para protegê-los. Se você acha minhas preocupações sobre queda do poder aquisitivo e desemprego infundadas, me explique por que Abílio Diniz, um dos maiores empresários da área varejista, está apoiando Dilma?
Muitos amigos meus tucanos argumentam que com Serra seria diferente do que foi com FHC. O ponto é que isso é uma afirmação que não encontra vínculo com a realidade. Ora, em que momento o PSDB, ou uma ala sua, fez autocrítica pública dos erros cometidos nos anos 90 durante o Governo FHC? Ao contrário, vemos argumentos esquizofrênicos que começam com "o Governo Lula foi um horror", depois afirma-se que ele só deu certo porque continuou o Governo FHC e, por fim, que agora é começo do zero e Serra é "o mais preparado" para arcar com o legado do pós-Lula. Vamos por partes:
1. Os aliados do PSDB - e por vezes os próprios tucanos - mentem ao dizerem que o Governo Lula foi um horror, ora, não é isso que os números provam - seja dos seus resultados ou da opinião popular -;
2. Se o Governo Lula continuou o Governo FHC, o que não é verdade, por que ser contra ele então? Isso é estranho, principalmente se levarmos em conta que as medidas tomadas em prol de renda, emprego e proteção social foram diferentes e com Lula os resultados foram bem melhores? ;
3. Serra não é mais preparado para dar continuidade ao legado de Lula do que uma ministra do próprio Governo Lula, especialmente, se pensarmos no que foi sua atuação como Governador, onde ele não apenas não negociou com os variados setores, protagonizando cenas de confronto como na invasão da USP, guerra de polícias e agressão aos professores, como realizou projetos fracassados como a Via 4, substitutivo falso do metrô que não apenas só resultou até agora num buraco imenso como também deu numa linha que liga nada a lugar nenhum.
Existe um ponto, entretanto, que me preocupa particularmente, é um ponto que Serra pode ser pior do que FHC foi e ele remete automaticamente à política externa: Se FHC não avançou numa política Sul-Sul nem trabalhou firmemente por uma política de integração da América do Sul, por outro lado, sua política externa foi favorável à democracia e à paz no continente como se viu nos casos da Colômbia, onde o Brasil não encampou uma aventura bélica como propunha Clinton, ou no caso venezuelano, no qual o Brasil não deu sustentação ao golpe contra Chávez. Serra, ao contrário, faz declarações absurdas a todo momento nesse plano. E se retórica demagógica é algo indesejado em matéria de política interna, em termos de política externa é algo que não deve ser admitido, consistindo num verdadeiro atestado de irresponsabilidade.
E assim segue a campanha do senhor Serra, baseada em baixarias inacreditáveis como eu pensava já não ser mais possível depois dos anos 90, se escorando em fundamentalistas religiosos que não respeitam a laicidade do Estado - e que ele julga ter controle, mas não terá -, com uma base parlamentar enfraquecida - que lhe obrigará a depender muito mais do fisiologismo do Congresso do que Dilma - e com promessas demagógicas que escondem o essencial dos próximos anos: Com quem e como será distribuída a riqueza do petróleo do Pré-Sal e como será estruturado o Plano Nacional de Banda Larga. Eu voto convicto e Dilma por conta do projeto que ela representa, mas mesmo que você discorde dele, reflita antes de mais nada sobre os riscos claros e iminentes de votar em Serra agora: É jogar pela janela a prosperidade que a duras penas conseguimos nos últimos anos e, pior, o que nos levará a passar bons anos tentando recupera-la, se conseguirmos, claro.
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Excelente texto! Perfeito. O segundo melhor texto, na minha opinião, logo atrás desse (recomendo): http://www.amalgama.blog.br/10/2010/para-voce-que-nao-votou-na-dilma/
ResponderExcluirJá tinha lido esse, Anônimo é um baita texto mesmo.
ResponderExcluirComo bem disse o Anônimo, acima, excelente texto, Hugo!
ResponderExcluirTenho muitos motivos para não votar em Serra e alguns deles você expos aqui de forma brilhante. Serra representa a única oportunidade que os velhos grupos que sempre influenciaram os destinos do Brasil têm para interromper a atual marcha, iniciada com o governo Lula, rumo à consolidação dos direitos sociais, de crescimento econômico com diminuição das desigualdades sociais.
São eles a Imprensa, o agronegócio _ em sua parcela mais atrasada _ , o mercado de capitais (especuladores), e uma decadente elite tradicional do Centro Sul, assombrada com o desenvolvimento do Nordeste. Todos ávidos para recuperar as rédias do Estado.
Se voltarem ao poder com Serra, tentaram de tudo para descontruir as estruturas que a mantém as forças progressistas atuando, criando mecanismos para que as engrenagens não voltem a funcionar. O caminho para isso? Criminalizar os movimentos sociais e aumentar o controle sobre as novas mídias, especialmente a internet, talvez até com algum patrulhamento e perseguição ideológica (o que já vem ocorrendo). O governo Lula deve ser desconstruído, tijolo por tijolo. Já estou imaginando as manchetes da imprensa sobre as contas do governo Lula e sobre contratos cancelados por suspeitas de corrupção. O governo Serra será denominado como o da “reconstrução”, depois de oito anos de desmando petista.
Estou exagerando? A verdade é que o Serra se cercou do que há de pior na sociedade brasileira e este apoio não vai lhe sair de graça. Para nós, brasileiros, pode sair caro de mais.
Como diria meu sobrinho: Serra é a treva!
Um forte abraço!
Edu,
ResponderExcluirEu não duvido. Se Serra fez algo parecido até com os projetos de Alckmin no estado de São Paulo, com o que temos no governo federal, então, será pior. Não sei se blogar como blogamos agora será possível. Isso, claro, se dará num contexto de turbulências e inquietações internas e externas sem tamanho. O Brasil é muito mais complexo do que São Paulo - que é bem grande, mas é muito mais homogêneo do que muitos estados bem menores do país, imagine só do resto da Federação. Teremos jogado a primeira oportunidade que tivemos mesmo nas mãos pela janela - depois de ver tantas que estavam ali tão próximas não serem aproveitadas como nos anos 90, por exemplo. Vivemos a emergência de uma época na qual a própria possibilidade de viver em grupo está em xeque. É inadmissível que deixemos as conquistas dos últimos caírem por terra sem luta.
abraços
Acho que o programa do PT apresenta grandes problemas e contradições por si só.Mas admiro a Dilma e sua luta política, até hoje.E além disso votar no Serra é votar para um retrocesso social, além das suas coligações nefastas, vide as histórias do DEM, sua baixeza tratando a Dilma como uma besta política e humana e o ápice de tudo isto.O "pastor" Silas Malafaia em seu programa televisivo.Isso seria por si só suficiente para que eu não votasse neste candidato.
ResponderExcluirEu também vou por mais ou menos por aí, Mayara. O PT às vezes tem alas que querem ser mais realistas do que o rei, embora o realismo, em si, seja um valor a se cultivar em matéria de política. O ponto é que isso ainda está no plano da racionalidade, diferentemente do que o PSDB está fazendo. Uma anticampanha. Algo que cuja senha já foi dada no ano passado no editorial da Ditabranda na Folha, mas que piora durante essa eleição com uma nova rearticulação dessas forças.
ResponderExcluirFalou e disse, de maneira fundamentada e articulada. Assino embaixo.
ResponderExcluirObrigado, C..
ResponderExcluirOi Hugo! Como vc disse no começo do texto, um candidato não faz um governo. Agrupam-se ao seu redor muitos interesses e muitas pressões. Nessa campanha Serra trouxe para junto de si toda escória que provoca agora, inclusive, um risco de radicalização que havia sido visto pela última vez em 1964. Contra todos que fizeram aquele momento, e esse agora, digo: Serra Nunca!
ResponderExcluirAdriano,
ResponderExcluirEu diria que essa rearticulação conservadora se operou em duas fases, uma, no começo do ano passado cuja senha foi o editorial da ditabranda da Folha e depois com aquele manifesto bizarro que o Hélio Bicudo teve a audácia de assinar. Serra, na sua paranoia eleitoreira, abriu uma caixa de pandora que ele jamais conseguiria controlar no poder.
abraços
Bom post Hugo, especialmente o 3° parágrafo. Nunca comprei essa do Serra ser o mais preparado e lamento que os responsáveis pela campanha da Dilma não batam mais duro nele e nessa falácia que se construiu em torno da figura dele.
ResponderExcluirObrigado, Marola. Sim, esse clichê do Serra como candidato mais preparado é uma grande besteira que poderia - e deveria - ser mais bem explorado mesmo. As atuações de Serra como ministro são inferiores às de Dilma - por uma questão que é técnica-formal, mas é sobretudo material e diz respeito aos projetos que cada um encampa. Então, sim Dilma não é de jeito nenhum inferior a Serra no campo técnico e ainda existe a questão da diferenciação do projeto político (que só está sendo feita agora com atos como o de ontem no Rio). Acho, no entanto, que a campanha de Dilma melhorou bastante quanto ao segundo ponto do debate da Band do segundo turno para cá.
ResponderExcluirabraços
Me refiro principalmente ao programa eleitoral na TV. Nadando contra a corrente, detestei aquele estilo apoteótico a la Brasil Grande entremeados com aquelas expressões sempre sorridentes dos apresentadores e da própria Dilma nos programas do 1° turno. Não que exibir as realizações do governo Lula fosse errado, o problema é que enfatizaram SÓ esse aspecto, o combate político às propostas dos adversários foi sonegado aos potenciais eleitores.
ResponderExcluirP.S.: assisti ao vídeo da falação do Leonardo Boff no encontro promovido com a classe artística aqui no Rio. Comovente, e sem cair no lugar comum e já caindo: rolou uma energia muito positiva. Só aquela frase do Chico Buarque que disse não querer um governo que fale fino com Washington e grosso com a Bolívia valeu mais do que quantos artigos Caetano Veloso possa escrever dissimulando o seu apoio velado a Serra. Bravo Chico! Mandou pouco, mas mandou super bem.
Você pode ter sua opinião política clara e definida, mas um texto desses... haha convenhamos. Voce nao conseguiu provar nada com isso. Parece um xérox da cartilha do PT, com parcialidade extrema e interpretações tendenciosas de dados e números. Mas se vc é um petista radical nem há o que discutir, pois com radicais não há discussão. Se para vc PSDB é a pior coisa do mundo e PT é a perfeição, sua alienação te impede de escrever qualquer coisa a respeito. Passar bem.
ResponderExcluirLeonardo,
ResponderExcluirTenha a bondade de vir aqui com argumentos decentes. Aponte os trechos nos quais você julga que eu estou errado e prove o contrário, discuta, coloque o que você pensa. Aqui não é um espaço para a opinião - mas sim para conhecimento - e é sim parcial - tanto quanto você é - com o agravante de que as interpretações vêm acompanhadas de dados e da narração de dados históricos, o que falta claramente no seu comentário, um monte de frases soltas que recorre, ainda, a sofismas ad hominem que me retratam como algum radical com o qual não é possível discutir - o que é curioso, haja vista que esta caixa de comentários é aberta e me disponho a conversar com todos.
Em nenhum momento do meu post, no entanto, eu disse que o PSDB é a encarnação do mal - e seria importante que você apontasse em qual trecho eu fiz isso -, mas sim que enquanto projeto, o partido está redondamente enganado - e isso sequer tem a ver com as pessoas em si, mas com o projeto e as relações que as envolvem. Disse mais, elogiei pontos da política externa de FHC para apontar os erros que Serra está cometendo nessa ponto. Se você não quer admitir isso e não pode me provar o contrário, fica complicado vir aqui unicamente para me acusar e repetir o que está sendo feito na lamentável candidatura Serra.
abraços
Dizer que o Serra pode ser ainda pior que o FHC não me parece um grande elogio. Eu fico surpreso como os petistas batem nas mesmas teclas falsas como embasamento de um conceito onde quer se provar no fundo que Lula > FHC. E como voce tocou em quase todas elas digo que soou como o comercial da Dilma, que, assim como o do Serra, busca atingir as massas imbecis (que são no fim das contas quem elegem os políticos - vide o caso Tiririca). Agora apresentar esses mesmos pontos em um texto supostamente embasado e justificado fica muito aquém de uma discussão mais produtiva.
ResponderExcluirUm dos principais é a demonização das privatizações pelo PT, visto que foi uma marcante ação do governo FHC. Isso sem mencionar falácias do tipo "eles vao vender a Petrobrás!!". Espero que voce não levante Marx para justificar a nacionalização dos setores da economia. FHC fez o que era necessário para tranformar por exemplo uma telefonia de terceiro mundo para uma de primeiro em 8 anos, num cenário mundial de recessão e ausência completa de possibilidade do investimento interno necessário para modernizar a estatal. Voce estaria na fila ainda esperando sua linha de telefone se não fosse por isso.
Não tiro os méritos do Lula em velejar bem com ventos favoráveis, mas não aceito, sinceramente, comparação de números de empregos e salários para provar sua superioridade, um dado totalmente dependente do cenário econômico do mundo como um todo e, digo mais construído na sólida economia e moeda estabilizadas com excelência pelo melhor plano econômico do Brasil até hoje.
Se a teoria dos que votam em dilma vendo um Lula por trás é a de que em time que está ganhando não se mexe, eu digo que o Brasil pode estar ganhando, mas poderia ganhar muito mais, poderia ter crescido muito mais que as economias vizinhas neste bom período que passou, e eu não quero mais quatro anos de atraso.
Leonardo,
ResponderExcluirMeu caro, eu não disse que um eventual governo Serra pode ser pior do que FHC, eu disse que ele será pior. Basta ver com quem e como ele se aliou e o que ele está propondo. Pesquise as campanhas de ambos. Em 1994, FHC propunha uma modernização conservadora - ele até podia estar aliado, é verdade, com a velha direita, mas não era uma candidatura que se propunha, naquele horizonte histórico, a fazer um remake do que foi a ditadura. Isso é muito diferente de Serra em 2010. Ele se manteve aliado com essa gente e, pior, nem ele nem seu partido fizeram autocrítica nenhuma de tudo que deu errado no Governo FHC insistindo nas falácias óbvias acima - sem dizer que se escoraram a todo momento numa radicalização da mídia que chegou ao ponto de chamar a ditadura de ditabranda.
Quanto a dizer que eu demonizei as privatizações, trata-se de um engano. As únicas pessoas que estão recorrendo a esse expediente nesta campanha é o PSDB e seus eleitores/apoiadores. Se está discordando de mim, ao invés de me desqualificar por discordar da via única, poderia me apresentar alguma documento que provasse que (I) As privatizações não aumentaram brutalmente a dívida externa porque emprestamos dinheiro para o pessoal "comparar" nossas estatais (com eles pagando juros bem menores do que aquele que nós tomamos) ; (II)Que os serviços prestados além de ruins são extremamente caros.
Sobre a Telefonia brasileira, por favor, pare de brincadeira. Pagamos dos mais caros serviços da face da terra e ele ainda é ruim. Não existe "telefonia de primeiro mundo" no Brasil e você sabe muito bem disso. O Estado brasileiro pagou emprestou dinheiro barato para essa gente comprar as estatais de telefonia - tarefa para a qual tomou empréstimos caríssimos no exterior - e agora a sociedade brasileira paga serviços caríssimos para ter essa droga - o que impacta diretamente num péssimo serviço de internet. Dizer que esse era o "único caminho" é bem típico dessa ideologia que gira em torno do PSDB.
Por fim, Lula enfrentou a maior crise econômica desde 1929, meu caro. Tem mais, desde o PAC, estamos crescendo acima da média mundial. Crises muito menores do que essa quebraram o Brasil nos anos 90. Eu voto em Dilma porque ela foi uma das principais construtoras do melhor governo da história desse país, que conjugou desenvolvimento econômico com desenvolvimento social preservando a liberdade. Poderia ter sido melhor? Poderia, mas não existem opções partidárias capazes de fazê-lo. A campanha Serra só trouxe de novo ao cenário nacional o fundamentalismo religioso. Nada mais. E, lamento, mas esse certamente não é o caminho fazer o Brasil poder mais qualquer coisa.
abraços
Bom, baseado no que voce apresentou:
ResponderExcluirAchei curiosa sua certeza em dizer que Serra será pior que FHC, analisando suas alianças e seu plano de governo. Ditadura? Poxa, aí voce mesmo soa como um radicalista do PT, e não tem consciência do que diz. Se o problema é autocrítica me mostre a autocrítica do progama da Dilma, que só menciona como tudo foi tão perfeito em 8 anos de Lula e tudo foi um desastre no período FHC. Sem hipocrisia aqui por favor.
Sobre telefonia, você não sabe do que está falando. Está interpretando parcialmente para desmerecer a privatização. A realidade é que: O acesso ao telefone é praticamente universal, da classe A à E, e é de qualidade sim (não me lembro de ficar sem telefone) e é do mesmo nível da europa. Sobre o preço culpe os impostos que o seu governo Lula não reduziu. O importante é a situação de livre concorrencia e de altos investimentos atuais.
Sobre as privatizações, quem tem que me provar é voce: 1)Que os serviços estatais seriam melhores (impossível que voce discorra que uma estatal plena apresente maior eficiência de investimento sem concorrência e apenas pela boa vontade dos companheiros na presidencia) - e Petrobras nao é exemplo amigo, dado que é empresa mista e totalmente ligada ao dinamismo internacional. 2)Com que base voce qualifica os serviços privatizados como ruins e caros? Voce não tem ideia da qualidade e do preço na mesma situação se ele fosse estatal, apesar de que a experiencia mundial ainda mostre o contrário onde as estatais apresentam altos índices de ineficiência e corrupção. Sugiro uma leitura para voce, para ver que o PT não pode falar nada sobre privatização (e ao contrario do que voce diz, só fala nisso sim - voce nao ve os debates e propagandas???) http://3.bp.blogspot.com/_2HFE9v9JMGY/TMQXd7gzO0I/AAAAAAAALI0/cclCXyvluZk/s1600/Merval.jpg
Finalizando, grande economia a do Lula, que já que voce gosta de dados, em 2000 tinha 1,7% da produção industrial mundial e em 2009 1,8%, grande desempenho de 0,1% em 9 anos, onde índia e china cresceram 100% no mesmo periodo. Entre as economias em desenvolvimento, o Brasil tinha 10% da produção industrial desses paísem em 2000 e hoje apenas 7,2%. Ah, estes numeros são da ONU, não do PSDB.
Por fim, um texto de como o PT administra as estatais remanecentes colocando companheiros ao invés de profissionais no comando destas levando a já se sabe qual resultado... http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100920/not_imp612373,0.php
Leonardo,
ResponderExcluirBicho, radicalismo, na minha perspectiva, é estar aliado à TFP e a Opus Dei. Quer autocrítica? Pegue a Carta ao Povo Brasileiro assinada pelo PT, o que marcou a fundação do consenso que governa o Brasil há oito anos - e provavelmente continuará governando por mais quatro. Isso é autocrítica possível - e aqui necessária - de ser feita em matéria da grande política.
Sobre os serviços de telefonia brasileiros, a conta é cara, a manutenção é pífia e o serviço é ruim. Sim, esse é um desafio que o futuro Governo Dilma terá de lidar, mas ele não nasce em Lula - como não nasce também a questão da alta carga tributária, a diferença é que se nos anos 90 pagávamos para financiar quem "comprava" nossas estatais, hoje, pelo menos, pagamos para que nossos concidadãos não morram de fome.
Sobre a questão das privatizações, meu caro, não adianta tentar pautar isso pelo binarismo privado-estatal, é possível sim construir espaços e serviços verdadeiramente públicos. E o que está em questão aqui é que se "vendeu" monopólios estatais para empresas privadas - com dinheiro emprestado por nosso BNDES, por sua vez, financiado com empréstimos externos em relação aos quais pagávamos, na prática, ágio, tanto que a dívida explodiu -, o que desembocou em grandes conglomerados privados que, se num primeiro momento expandiram os serviços, em um segundo momento se acomodaram prestando serviços ruins e caros. Sobre este ponto, só o retome aqui com algum dado provando que a dívida pública não explodiu o com gráficos comparativos da qualidade desses serviços.
O modelo de Telefonia que o Brasil tinha até os anos 90 era disfuncional, mas isso não quer dizer que isso seja uma bifurcação, entre o velho modelo e o que FHC implementou. Isso, aliás, é completamente falacioso.
O Brasil, meu querido, está crescendo acima da média mundial desde o segundo mandato de Lula. Se com FHC a economia do mundo crescíamos num ritmo de 66% do crescimento mundial, com Lula, estamos crescendo no mesmo nível e neste segundo mandato crescemos mais do que a média mundial, como provam os resultados de 2008 e deste ano.
A indústria brasileira cresce, mas outros setores numa velocidade maior, indústria, meu caro, ao contrário do século 19% é só mais um rumo, não a forla motriz do desenvolvimento econômico por si só - aliás, você poderia apresentar os números da indústria durante o Governo FHC para mostrar o quanto o país foi bem ali...
Essa história de companheiros em estatais é brincadeira. Eu bem que gostaria de colocar apenas no colo PT eventuais problemas de falta de senso republicano no Brasil: Pesquise sobre o funcionamento das subprefeituras em São Paulo Capital ou da Secretaria de Educação Pública no estado de São Paulo e venha me contar história.