sábado, 30 de outubro de 2010

Eleições 2010: É Amanhã

Amanhã é o desfecho da mais longa eleição presidencial da nossa história. De uma das mais sujas desde 1989. Trata-se de uma questão que transcende ao âmbito eleitoral, elas são a expressão eleitoral das profundas mudanças ocorridas nos últimos vinte e dois anos - as mais velozes já vistas, aliás -, que começam na emergência da necessidade de se construir uma democracia sobre os escombros do Estado Varguista - que o Golpe Militar de 64 transformou em simulacro até corrompê-lo em definitivo -, passam pela tentativa fracassada de liberalização em Collor, a experiência de FHC - privatizações, abertura econômica, estabilização econômica via monetarismo - e a polarização entre PSDB - e o projeto de modernização conservadora - e o PT - o projeto de modernização focada no desenvolvimento social. A violência desse embate - bem como a própria maneira como os efeitos dessas ações políticas afetavam e afetaram seus próprios autores - alteraram consideravelmente as duas agremiações. O embate que teremos amanhã, entre Dilma Rousseff e José Serra, diz respeito a continuação do projeto de desenvolvimento social fundado nos compromissos da Carta ao Povo Brasileiro e a oposição a isso, expresso no antipetismo serrista, que ao longo da campanha não pautou outra plataforma a não ser uma contrariedade confusa ao PT. Não deixaram de ocorrer golpes baixos e o debate eleitoral, a exemplo de 1989, saiu da esfera da racionalidade em vários momentos. Dilma entra na semana final com uma diferença considerável em relação ao seu oponente (tanto no Datafolha quanto no Ibope), diferença fixada pela maneira como ela pautou a campanha a partir do histórico debate do segundo turno da Bandeirantes. Serra não conseguiu reverter o quadro que lhe era desfavorável no Nordeste e no Norte e não virou no estado chave para qualquer disputa, Minas Gerais. É difícil confiar em pesquisas, existe o fator abstenção (que, por natureza, nunca é bem captado), mas as chances de Serra são realmente pequenas. O Segundo Turno, como vive dizendo o nosso NPTO, aconteceu por conta da candidata que não foi para ele, logo, seu clima não poderia ser diferente, mas ao contrário do que se diz, sempre pode ficar pior, e a campanha feita por Serra manchou sua biografia e inviabilizaria um eventual (porém improvável) governo seu. Do lado de cá, a tranquilidade e a convicção do voto em Dilma prosseguem inabaláveis assim como um profundo estresse por esse prolongado - e preocupante - pleito.


P.S. 1: Os posts sobre meu voto em Dilma e aquele sobre o meu não voto em Serra prosseguem como os mais visitados s comentados dos últimos trinta dias.


P.S. 2: Amanhã deve pintar algum texto por aqui, mas na segunda lançarei na análise do desfecho das eleições. Em seguida, lançarei análises conjunturais específicas sobre o Congresso e as regiões do país.

5 comentários:

  1. É meu caro Hugo,
    Amanhã e o grande dia
    Para Dilma, o reconhecimento das urnas
    Para Serra, a aposentadoria!

    Espero para amanhã um dia tranquilo e sem grandes surpresas(ou pelo menos sem surpresas desagradáveis). E sem chuva, de preferência. : )

    Sobre comentários, não sei se ocorreu o mesmo aqui n'O Descurvo, mas eu precisei desabilitar a opção para comentários anônimos no blog tamanha a quantidade de trolls.

    Abraço!

    ResponderExcluir
  2. De fato amanhã caminharemos para o fim deste fastidioso embate presidencial, o PT apenas se enquadrou ao jogo político vigente deixando de lado muitas bandeiras levantadas durante o período pré-2002.E nessa campanha manteve a mesma postura semelhante as duas ultimas campanhas eleitorais do Lula, um discurso mais consoante com a classe média sem ouvir as minorias, neste caso o alvo foi o lema "aborto"; e não somente isso, para se manter como qualquer partido está abrindo a mão destas minorias a começar por eventos pré-candidatura-Dilma, e mesmo assim ela terá meu voto amanhã.Muito mais pela identificação de sua persona e sua capacidade.Espero que ela ajude a desenvolver o pais, entretanto sem suprimir direito das minorias e movimentos sociais em face deste "progresso", minha esperança é de que conquistemos um pais mais livre e mais igual.Mesmo que seja só utopia, quero acreditar que haverão mudanças para melhor.
    Quanto ao PSDB, infelizmente conduziram sua campanha pelo medo, ignorância e desespero, com o apoio de muitos meios de comunicação.Felizmente para o Brasil seguir mudando, não valeu de nada.

    ResponderExcluir
  3. Edu,

    Sim, sim que seja um grande dia! Por aqui não rolaram problemas, mas estamos de olho.

    abração

    ResponderExcluir
  4. Mayara,

    Eu penso um pouquinho diferente disso. O PT de hoje faz menos discurso para a classe média do que fazia antes de 2002, basta ver onde - e como - ele é mais votado. Por outro lado, o partido às vezes insiste em ser mais realista do que o rei em pontos que já estão superados - tirando o debate da Band onde Dilma desconstruiu a falácia do aborto, ele se deixou pautar por tempo demais pelo PSDB neste sentido; aliás, quem rufou os tambores anti-direitos civis foi o PSDB, o erro do PT foi não ter elaborado saídas discursivas imediatas para isso, mas não vejo qualquer ameaça dele para o que está conquistado - e para alguns itens ainda a se conquistar.

    abraços

    ResponderExcluir
  5. Concordo quanto ao PSDB, que pretensionou e muito em ir contra direitos civis, no entanto não vejo que o PT tenha se distanciado tanto do discurso da classe média.Houvram evoluções sociais concordo, mas outros pontos deixaram e muito a desejar,vide a reforma do PNDH-3 por pressão de alguns setores conservadores, em que o aborto já havia sido levantado como proposta de debate social e político, para não dizer da lei de anistia, falta de reforma agrária....Enfim, diversos ponto podem ser levantados apesar de contrapartidas favoráveis.Que suponho e muito com o fato do Lula sair tão popular deste mandato, como o prouni, a geração de quase 15 milhões de empregos, e bolsas assistenciais que resultam em sua grande popularidade além do tipo politico carismático.Como disse acima, espero que as coisas melhorem e que se façam as reformas necessárias, maior transparência política e que consolidemos nossa democracia.

    Beijos

    ResponderExcluir