O Brasil entrou em campo no seu esquema 4/2-3/1 que se transmutou para um 4/4/2 no decorrer da partida: Júlio César foi o goleiro, Maicon foi o lateral-direito, Lúcio pela direita e Juan pela esqurda formaram o miolo de zaga, Michel Bastos foi o lateral esquerda; no meio de campo, Gilberto Silva e Ramires atuaram como volantes e Kaká foi armador central - mais adiante, Daniel Alves foi um pseudo-ponta-direita que depois retraiu e virou aquilo que os espanhóis chamam de "exterior-direito" -; no ataque, Luís Fabiano jogou como centroavante e Robinho atuou pela ponta-esquerda, com alguma liberdade para se movimentar.
O Chile de Marcelo Bielsa entrou com ousadia em campo, jogando num invocado 4/3/3 para intimidar o Brasil: Bravo era o goleiro, enquanto Isla pela lateral-direita, Contreras e Jara pelo miolo de zaga e Fuentes na lateral-esquerda formavam a defesa para pegar os respectivos pontas e conter Luís Fabiano pelo centro; pelo meio de campo, Carmona e Vidal marcavam e Gozález armava; no ataque, da direita para esquerda, víamos Sánches, Suázo e Beusejour - Suázo como centroavante batendo de frente com os dois zagueiros brasileiros, enquanto os dois outros atuavam pelas pontas, jogando em cima dos laterais.
No início de jogo, o Chile fazia uma intensa marcação sob pressão, tentava lances e jogava o Brasil para trás, mas rapidamente, o esquema de marcação brasileiro reverteu o quadro: Maicon acabou com Beausejour pelo seu setor, Lúcio e Juan, em sua melhor partida, anularam Suázo, e Michel Bastos conseguiu marcar Sánchez, Gilberto Silva encaixou bem a marcação e Ramires conseguia fazer o que Felipe Melo não fez durante toda a Copa: Marcar e fazer a saída de bola.
O primeiro lance de ataque, um bom lançamento de Daniel Alves para Luís Fabiano frustrou-se por incompetência do avante brasileiro. Gilberto Silva logo depois experimentou de fora da área para bela defesa de Bravo. A partir dali, o Brasil tenha total domínio do jogo. Faltava encaixar uma jogada de ataque: Robinho parecia não estar bem fisicamente e o mesmo podia se dizer de Kaká. Em cobrança de falta perfeita de Maicon, Juan, em linda cabeçada, abriu o placar para o Brasil aos 34 minutos. O Chile se desesperou, foi para o ataque e tomou um contra-ataque fatal, lance de Robinho para Kaká que, molemente, enfiou para Luís Fabiano concluir com facilidade. Fim do primeiro tempo.
Na segunda etapa, o Brasil prosseguiu dominando absurdamente o jogo. Dunga mexeu no esquema e o time ficou definitivamente no 4/4/2, com um meio-de-campo onde Kaká estava aberto pela esquerda, Daniel Alves pela direita, os volantes pelo meio e Robinho e Luís Fabiano ficavam mais a frente. Marcelo Bielsa fez o óbvio ao tirar um zagueiro para pôr um meia e botar Valdivia no lugar do apagado González, passando seu time para um 3/4/3, mas os buracos na marcação eram abissais, o que é fatal contra o Brasil: Aos 14, Ramires, puxando belo contra-ataque, entregou para Robinho que, de chapa, mandou a jabulani para o fundo das redes no seu primeiro gol.
Com 3x0 no placar e o time chileno - que habitualmente joga duro, mas não é desleal - se comportando com dignidade em campo, o Brasil adminstrava. Teve a Seleção outras oportunidades, mas não aproveitou. Entraram ainda Nilmar no lugar de Luís Fabiano e depois Kléberson e Gilberto para segurar o jogo. Infelizmente, Ramires tomou outro cartão e está suspenso. Brasil vai para uma bela disputa contra a Holanda, em um jogo de onde eu suspeito que sairá um dos finalistas.
Atuações do Chile
Bravo: Sem culpa nos gols, defendeu o que pôde. 6,0
Isla: Perdeu o confronto para Robinho. 4,0
Millar: Pouco produziu. 5,0
Contreras: Não conseguiu antecipar Luís Fabiano nos lances cabais. 4,0
(Tello): Entrou para modificar o esquema, mas não melhorou a marcação no meio nem o jogo. 4,0
Jara: Igual á Contreras. 4,0
Fuentes: O mesmo que o resto da zaga. 4,0
Carmona: Não conseguiu encaixar a marcação, apesar do esforço. 5,0
Vidal: Esforçado na marcação, ainda tentou sair pro jogo. 5,5
Mark González: Não conseguiu armar a equipe. Não era pra ter entrado como titular. 3,5
(Valdivia): Deu mais vida à armação chilena, poderia ser titular. 6,0
Sánchez: Não soube aproveitar-se da fragilidade da marcação brasileira pela direita. 4,0
Suázo: O melhor do time chileno. Lutou bastante contra uma zaga adversária praticamente perfeita. 6,5
Beausejour: Foi anulado por Maicon. 5,0
Nota Média: 4,75
T. Marcelo Bielsa: Errou feio ao querer encarar uma equipe bem superior à sua com três atacantes, quando deveria ter privilegiado fortalecer o meio-de-campo. Valdivia poderia ter sido escalado para explorar a esquerda brasileira. 3,5
Atuações do Brasil
2. Maicon: O grande lateral-direito da Copa, bateu um escanteio perfeito no lance do primeiro gol e foi preciso na marcação. 8,0
3. Lúcio: Sua melhor partida na Copa, sem desatenções. 8,0
4. Juan: O mesmo que Lúcio, ainda fez um belo gol, 8,0
6. Michel Bastos: Demonstrou a velha fragilidade de sempre, mas se saiu relativamente bem. 6,0
8. Gilberto Silva: Fazendo dupla com um volante que complementa seu estilo de jogo, fez sua melhor partida na Copa. 6,5
18. Ramires: O melhor do Brasil hoje, correu, marcou, armou e ainda fez a assistência do terceiro gol. Infelizmente, está fora do jogo que vem por um cartão bobo. 8,5
13. Daniel Alves: Voluntarioso, hoje errou bem menos do que no jogo passado e ajudou na marcação. 6,0
10. Kaká: Coordenou e articulou o time bem, deu o passe para o segundo gol. 7,0
(20. Kleberson): Entrou para segurar o jogo. sem nota.
11. Robinho: Não estava muito bem fisicamente, mas deu a arrancada que originou o segundo gol e fez o terceiro. Foi sua melhor partida na Copa. 7,5
(16. Gilberto): Entrou no fim para segurar o jogo também. sem nota.
9. Luís Fabiano: Errou alguns lances bobos, mas fez o segundo gol. 7,0
(21. Nilmar): Entrou para correr e puxar contra-ataques, mas não obteve êxito. 5,0
Nota Média: 6,46
T. Dunga: Postou bem a equipe para se aproveitar do ofensivismo de Bielsa e deu um nó tático no técnico rival. Mexeu para segurar o jogo e poupar alguns jogadores. 7,5
A Rival: Não gostei da Holanda hoje contra a Eslováquia, como não gostei dela nos outros jogos da Copa. O time jogou num 4/2-3/1 - afinal, ela inventou essa joça -, onde os laterais ficavam presos e os volantes, sincronicamente, voltavam para marcar. Sneijder era o único meia, de um baita lançamento para Robben - de longe o melhor do time pela ponta-direita -, mas ficou só nisso. Ainda teve um belo lance de Kuyt, que pouco fez, que resultou no segundo gol. Não tenho dúvidas que eles vão crescer para cima do Brasil, mas como o próprio Robben admitiu, eles terão de jogar muito melhor - e como mais seriedade, acrescento.
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