segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

O Paulistão de 2011 e Algumas Divagações



O Santos de Elano lidera...(Gazeta Press pelo R7)


...Mas o Palmeiras de Kléber vem na cola (Gazeta Press/R7)
Depois de quase terem sido extintos, os estaduais voltaram e, de pouco em pouco, cresceram novamente. Vejam vocês só, que este ano o Campeonato Paulista terá 23 datas. Quase um Brasileirão. Vinte clubes, primeira fase de turno único todos contra todos, passam os oito primeiros para as finais, sendo as quartas e as semi-finais em jogo único e a final em dois jogos - sem dúvida, um artifício para proteger os grandes que, não raro, não conseguiam se qualificar entre os quatro melhores (algo que só aconteceu no Paulistão de 2009) .  Quem sabe isso sirva também para dar um ânimo para algum time do interior. Em cinco rodadas já disputadas, o Santos lidera ao lado de um surpreende Palmeiras, levando vantagem apenas no saldo de gols - e se o Santos sobra mesmo jogando com time misto, assim como sobrará mais ainda quando Elano se juntar a Neymar e Ganso, talvez com um Keirrison em alta (apesar de quase sempre tão apático), mas que terá de tomar cuidado para não se afundar nas limitações de seu comandante, Adílson Batista, nem em eventuais ataques de estrelismo (como aquele de Neymar, ano passado, que custou o segundo semestre do time). O Santos, é bom lembrar, terá ainda uma Libertadores pela frente, o que poderá atrapalha-lo aqui. Já o Palmeiras é mesmo, a despeito de sua grandeza, a surpresa do torneio, depois de um segundo semestre de 2010 conturbadíssimo, um processo de sucessão de  presidencial tenso, ele manteve a base do elenco - que se não é a melhor do país, também não é ruim - que, debaixo do trabalho de Felipão, ganhou padrão de jogo e entrosamento - com a pequena ajuda do acerto de alguns meses de salário atrasado logo de cara - e o time tem jogado com raça, Kléber voltou à velha forma, Marcos Assunção e Tinga estão bem, Cicinho (não aquele, o do Santo André) foi uma contratação boa, sobram bons goleiros, embora ainda falte um lateral-esquerdo e um centroavante. Será que vai se manter? É difícil dizer, mas o começo saiu melhor do que encomenda e Felipão é Felipão. O Corinthians está em crise, terá de reverter um placar desfavorável no qualificatório para a Libertadores contra o fraco Tolima e seu time pouco convenceu este ano, seu futuro depende muito do que vai rolar na Libertadores. O São Paulo, apesar da estrutura e de um bom elenco, também está girando em falso, em grande parte por conta da gestão problemática de Juvenal Juvêncio, que cada vez mais lembra os maus momentos da segunda metade dos anos 90 - mas eu acho que o time cresce, apesar de ser duro ganhar um mata-mata com essa apatia toda. Americana (o ex-Guaratinguetá, clube-empresa que mudou de sede), Mirassol e Ponte parecem bons times, Portuguesa e Bragantino estão por ali. Enfim, os estaduais, ainda - mas já vi piores.

P.S.: Juca Kfouri comemora a escolha de Henrique Meirelles como Autoridade Pública Olímpica pela Presidenta da República. Além de dar uma "medalha" para Dilma, ele qualifica o ex-Presidente do Banco Central como "homem rico, independente e competente" - apesar de entendermos Juca em parte (de fato, havia opções piores), não sabíamos que ser rico era, por si só, uma qualidade e, quanto ao resto, só resta o velho "menos, menos". Ademais, finalizar com um "e até Lula, que não poderá criticar a escolha de quem presidiu o Banco Central para ele durante oito anos"  é o velho sofisma "Lula culpa est" (mais um produto da tecnologia brasileira do século 21º): É como se Lula quisesse atrapalhar (mas não pudesse) a escolha de um sujeito (ou de qualquer outra  indicação de Dilma) só porque ele mesmo o empossou, manteve debaixo de todas as (justas) críticas e até lhe deu (erroneamente) status de Ministro (e como se Dilma, em pessoa, não o tivesse defenestrado do BC dia desses). Ora, se chamar Meirelles é mérito de Dilma, é de Lula também. Não há contradição cara-pálida. Não existe "até Lula". Em suma, a obsessão com nosso ex-presidente é tanta, mas tanta, que qualquer crítica ao Governo sai distorcida (para não dizer invertida e até, por que não, divertida)*.


P.S.T.U.: Aliás, o João Villaverde escreveu um belo artigo sobre o futebol do Rio de Janeiro romântico da primeira metade do século 20º, quando o futebol se popularizava na esteira da inclusão dos negros nos times grandes: Nos tempos de Leônidas, Carvalho e Heleno. Vale realmente a pena dar uma olhada. 


* fiz uma pequena modificação no texto para ele ficar mais claro.

2 comentários:

  1. Juca Kfouri não é sério... Acho que o Palmeiras vai entrar forte nessa disputa. Já apostava nisso pra Sulamericana, tudo por conta do Felipão e sua sorte descomunal (claro que há méritos também). Mas ano passado, nem ele deu jeito, com tantos problemas. Agora, com o ambiente por lá mais ameno, ainda que sem grandes jogadores, vai dar trabalho.

    Santos só tropeça nas próprias pernas. O Adilson é bom técnico, o problema é que só trabalha com um estilo de jogo, de movimentação e correria extrema. Isso no começo dá esses resultados ótimos que temos vistos. Com o tempo o desgaste pode derrubar o elenco. Aconteceu isso com o elenco velho e podre do Corinthians. Só que o Santos tem um time mais jovem e mais completo.

    O São Paulo tem bons novos talentos (o que tá jogando o tal do Lucas no sulamericano sub-20 é brincadeira) e tem o Rivaldo ainda pra entrar no time. Mas tem o Carpa no banco, então...

    No Corinthians a questão é ver o que vai sobrar depois da provável "tragédia" de amanhã.

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  2. Ândi,

    Pois é, antes do Campeonato eu apostava no São Paulo para esse Paulistão: Tinha um bom elenco, boa estrutura e não tinha uma Libertadores para disputar, mas eu errei ao calcular o tamanho do ônus que representa ter um Carpa no comando técnico e, digo mais, um Juvenal na Presidência - ainda mais num campeonato mata-mata. Agora, o Santos, de fato, tem um baita time, se o mistão tá dando gosto de ver jogar, imagine só o time titular...embora tenha lá meus problemas com o Adílson. O Palmeiras pode brigar, mas depende muito de questões internas - pagamento de salários e fim das intrigas constantes - e, quem sabe, de duas contratações - mas é aí que está, para além de estrela, Felipão sabe como vencer um mata-mata, isso conta muito. O Corinthians, por sua vez, está com o futuro indefinido mesmo.

    Sobre o Juca, é o velho anti-Lulismo: O cara já saiu da Presidência, mas o Juca não saiu da Presidência do cara (como boa parte da imprensa). É uma obsessão tão bizarra que até a crítica sai toda errada, completamente caricatural. Eu só sublinhei esse post porque, bem ou mal, eu o considero um pouco mais relevante do que a média dos jornalistas e mesmo assim ele fala uma besteira desse porte.

    abraços

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