quarta-feira, 16 de junho de 2010

Notas da Copa: Fim da Primeira Rodada e a Tragédia Sul-Africana


(Forlán, o carrasco de hoje - foto retirada daqui)

Hoje, terminou a primeira rodada da primeira fase da Copa e também tivemos o primeiro jogo da segunda rodada. O Chile de Marcelo Bielsa e Valdivia, como era de se esperar, bateu Honduras, mas ainda que tenha tido amplo domínio do jogo, não conseguiu fazer mais do que um gol sobre o adversário centro-americano - que, assim como boa parte das equipes desse torneio, se prestou apenas a ficar na defensiva arriscando um ou outro contra-ataque, ainda que tivesse um pouco de mobilidade. Fechando o Grupo H, aquilo que muitos consideravam impossível, aconteceu: A Espanha perdeu para a Suiça. O ponto é que os espanhóis são bons, leves, tocam bem a bola, mas lhes falta a figura do craque para romper sistemas defensivos funcionais. O ponto é que a Suiça aguenta tranco, ainda que não tenha um ataque dos sonhos - se tivesse, brigaria pelo título. Craque é o jogador que consegue fazer do imprevisível sua normalidade e só ele consegue furar esse tipo de retranca - o exemplo emblemático disso é o nosso Mané Garrincha contra a União Soviética na Copa de 58, não que eu espere um craque desse porte na Espanha, mas lhe falta um jogador capaz de superar esse tipo de defesa sim e é necessário um deles para levar a Copa. Desse jeito, a festejada Espanha acabou sucumbindo à marcação suiça e ainda tomou um gol no contra-ataque - por isso não falem besteira sobre a vitória apertada do Brasil na estreia, é para poucos furar as retrancas gloriosas dessa Copa. Terminada a primeira rodada, a Alemanha está uns degraus acima de todo o resto.

Tragédia mesmo ficou por conta da África do Sul de Parreira, cotada como provável desastre antes do mundial, a equipe teve um estreia interessante contra o México, onde só não ganhou por azar dos atacantes e uma infelicidade defensiva. A alegria da torcida, toda a animação, enfim, tudo foi por água abaixo frente ao disciplinado Uruguai de Forlán que lhe enfiou, agora há pouco, 3x0. Posicionado defensivamente da mesma maneira que esteve no jogo contra a França, o Uruguai abriu o placar com Forlán, chutando de fora da área ainda no primeiro tempo, aguentou a pressão desordenada da África do Sul, fez o segundo de pênalti e marcou o terceiro numa falha abissal da defesa adversária no fim do jogo. O placar praticamente qualifica o Uruguai para a outra fase e reforça três pontos centrais: (I)A boa campanha que o futebol da América do Sul realiza nesta Copa, refletindo o bom nível das eliminatórias locais, (II) A má campanha do futebol africano, haja vista que apenas Gana conseguiu vencer um jogo - ainda assim, jogando bisonhamente - e só a Costa do Marfim fez um jogo convincente e (III) as boas arbitragens, pois um ver um país-sede com poucas chances não ser ajudado não é pouca coisa - assim como o cômputo geral da coisa, onde os árbitros têm sido eficientes e corretos.

2 comentários:

  1. Que nada, Hugo, a Suíça é muito melhor que a Coréia do Norte... ela não conseguiu a 'proeza' de ser eliminada na copa passada sem tomar UM sequer?

    E o gol da Suíça foi bem, digamos, diarréico... uma baita zebra, mas acontece.

    Um abraço

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  2. Luís,

    O meu enfoque não é necessariamente a qualidade dos times, mas sim a força dos seus sistemas defensivos e as aptidões para furar sistemas do tipo - claro, o da Suíça também é melhor, além dela ter capacidade para puxar contra-ataques. Ainda assim, fazer dois gols contra um time retrancado como o da Coreia do Norte não é fácil, o que não quer dizer que o Brasil jogou maravilhosamente bem, mas que outras seleções no seu lugar teriam sim dificuldades para marcar um golzinho que fosse. Eu duvido que se a Coreia do Norte se fechar da mesma maneira que se fechou contra o Brasil, Portugal ou Costa do Marfim tenham facilidade contra ela. Por outro lado, a Espanha não teve mesmo capacidade de furar um bloqueio.

    um abraço

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